Remédios para todos os males
Harry acordou cedo no dia seguinte. Trocou de roupa e estava decidido a terminar de desvendar a história dos horcruxes o mais rápido possível. Falaria com os amigos e eles sairiam imediatamente atrás da Fortaleza. A idéia de que Voldemort pudesse ter feito um horcruxe arcádio os deixava sem saber onde estaria a sétima parte da alma dele.
Abriu a porta do quarto e deu de cara com o Sr° Weasley parado no corredor.
_ Ah, Harry, que bom que acordou! Estava mesmo esperando por você – disse Arthur.
_ Bom dia! Me esperando para quê?
_ É que há dois dias uma pessoa me procurou e disse que havia recebido um convite seu. Eu disse que ia averiguar e depois daria resposta. Mas ontem foi complicado falar com você e eu achei melhor falar agora.
_ Que pessoa?
_ A Madame Pomfrey. Disse que a avó do Longbottom a procurou em seu nome.
_ Ah, é verdade, quase me esqueci disso! Eu pedi que ela viesse nos ajudar com os feridos.
_ É, mas você precisa falar com ela. Senão ela não vai conseguir encontrar a casa.
_ Pode deixar, Sr° Weasley. Traga ela aqui antes do almoço. Eu estarei lá fora esperando por vocês.
Arthur Weasley saiu para se encontrar com Madame Pomfrey, a responsável pela enfermaria de Hogwarts. Agora que a escola estava fechada, ela não tinha trabalho.
A idéia de trabalhar com Potter para curar algumas pessoas era interessante. Com certeza Potter estaria lutando contra a força das trevas e ela faria qualquer coisa para ajudá-lo a vencer essa guerra.
Pouco antes do almoço, Harry se agasalhou e foi para a porta da frente. Andou alguns passos e parou à espera do Sr° Weasley. Aquela pequena pracinha o fez lembrar da vez em que Sirius o acompanhou até a estação de Kings Cross. O grande cachorro preto corria atrás de passarinhos, pulava, fingia querer morder o próprio rabo. Foi naquele mesmo dia que Sirius deu a Harry o espelho, que serviria para eles se comunicarem.
O espelho – pensou Harry – ele ainda tinha o espelho que ganhou do padrinho. E o outro espelho deveria estar na casa. Talvez fosse útil agora. Mais tarde ele o procuraria. Teria que revistar o “quarto” que fora do Monstro e o sótão da casa.
Harry olhou para a esquina e avistou o homem de cabelos vermelhos, acompanhado de uma senhora, que trajava um vestido roxo rendado, um chapéu pontudo cinza chumbo e sapatos verde-musgo. A reconheceu imediatamente.
_ Madame Pomfrey! – exclamou o garoto.
_ Potter, que bom revê-lo, e inteiro! – respondeu a bruxa – Espero que todos também estejam bem, especialmente Minerva.
O comentário fez Harry engolir em seco. A diretora de Hogwarts havia sumido durante a festa de Dia das Bruxas e eles não se preocuparam em procurar por ela.
_ Infelizmente – interveio o Sr° Weasley – Minerva não está conosco. Há um grupo de aurores procurando por ela, mas ainda não tivemos nenhum sinal. Mas deixemos as novidades para depois. Agora Harry precisa lhe explicar como chegar ao nosso quartel-general.
Harry imediatamente deus as instruções e Madame Pomfrey ficou encantada ao ver a casa n° 12 do Largo Grimmauld surgir em sua frente.
_ Sempre soube desses feitiços, mas devo confessar – disse a bruxa ainda admirada – que esta é a primeira vez que vejo um de verdade.
Eles entraram e logo todos da casa vieram cumprimentar Madame Pomfrey. Arthur tratou de deixá-la a par de tudo que estava acontecendo na casa.
_ Bem, acho que tenho muito trabalho aqui. Preciso de um lugar para deixar minhas coisas, tomar um banho e me trocar. Não posso cuidar de ninguém depois de quase três horas de viagem numa vassoura. O ar desse país está cada vez mais sujo.
Molly indicou um quarto para Madame Pomfrey e em menos de meia hora ela já estava de volta, trajando seu uniforme branco.
_ Não quer fazer um lanche primeiro? – perguntou Mione.
_ Não minha cara, primeiro preciso ver os doentes e ver como vocês estão tratando deles. Se o Longbottom puder me acompanhar será melhor, soube que ele tem adiantado o meu serviço para mim.
Neville seguiu a bruxa em todas as visitas. Ela ficou impressionada com o tratamento que ele aplicou a Draco Malfoy.
_ Realmente, Sr° Malfoy – disse ao pai do garoto – Eu não poderia ter feito melhor. A minha única contribuição será uma poção que deve ser misturada a água para que Draco volte a ficar consciente.
Com os outros pacientes não foi diferente. Ela demorou um bom tempo com Quim Shackebolt. O auror havia sido atingido por vários feitiços e, apesar de estar acordado e consciente, não conseguia falar. Ela ministrou algumas poções que tinha levado de casa e logo alguns sons saíram da boca de Quim.
_ Ainda vamos precisar de mais alguns remédios que o jovem Longbottom vai me ajudar a preparar, Shackelbolt, mas tenho certeza que até amanhã, na hora do almoço, você vai conseguir falar. E esses ossos também estarão inteiros.
Mas a parte mais dolorosa sem dúvida foi cuidar do jovem Percy. Foi preciso tirar Molly do quarto para aplicar a primeira dose do remédio.
Percy gemia alto, e se sua boca não estivesse tão deformada ele teria gritado. Sua pele começava a encolher, os ossos tentavam voltar para seus devidos lugares e isso parecia muito assustador.
Madame Pomfrey disse que foi uma sorte Harry ter lido o prontuário e informado a poção que ele estava tomando. O tratamento seria muito violento e Percy com certeza sentiria muita dor.
_ Vai ser preciso que ele tome duas doses da poção. A dose de amanhã vai ser mais forte e assim que fizer o efeito ele já poderá se levantar e fazer tudo normalmente. Ainda bem que Neville fez a poção para a pele amaciar. Se ela continuasse rígida, as dores seriam muito piores.
Aquela era uma verdade incontestável, Neville se mostrava cada dia mais habilidoso com os doentes e os preparados de remédios. Mas o que mais espantava a todos era a dedicação especial que ele prestava aos Malfoy. Todos sabiam que Neville e Draco nunca se entenderam na escola, e o menino loiro fazia questão de provocar Neville fazendo insinuações maldosas sobre as baixas aptidões mágicas e sobre o estado de saúde dos pais do garoto.
Foi Gina quem decidiu conversar com o jovem bruxo a respeito do assunto, aproveitando aquela tarde de pouco movimento na casa.
_ E então, Neville? Tem notícias da Luna? – perguntou para puxar conversa.
_ Sim, ela me escreveu dizendo que ia fazer uma viagem com o pai até um lugar de nome esquisito, não lembro direito. Deve voltar na próxima semana.
_ Ah, e vocês estão bem?
_ Muito bem, a Luna me entende, sabe? E me ajuda muito com várias coisas – disse pensativo.
_ Você está diferente, Neville. Sua postura, seu jeito... – disse Gina.
_ É por causa do Malfoy que você está dizendo isso?
_ É, é sim. Todos têm comentado o quanto você amadureceu.
O jovem a olhou por um instante e por fim respondeu:
_ Os dois últimos anos foram decisivos pra mim, Gina. Eu parei de ter vergonha dos meus pais, ou de quem eu era. Percebi que foi essa vergonha que fez Você-sabe-quem ser o que é hoje. E fez Snape ser o que é.
_ Foi Luna quem lhe mostrou isso? – perguntou incrédula.
_ Em parte. Uma pouco ela, outro tanto Dumbledore e mais uma parte vocês. Hoje eu tenho orgulho de ver que meus pais estão do jeito que estão por lutaram pelo que acharam certo.
_ E quanto aos Malfoy? Por que tudo isso, toda essa atenção?
_ Não sei. A princípio eu pensei em me vingar. Depois quando vi Draco daquele jeito, quase morto, e o pai quase enlouquecendo... Eu pensei que Draco não tinha mais ninguém. E precisava do pai firme, ao lado dele. Eu tive minha avó pra cuidar de mim, né?
Gina olhou com muita admiração para aquele rapaz ali. Um verdadeiro bruxo, pensou.
_ Você vai ser um ótimo medibruxo, Neville.
_ É o que eu espero – respondeu com um sorriso tranqüilo.
Enquanto os dois continuavam a conversar na sala, Harry aproveitou que Mione tinha ido fazer companhia a Rony no quarto de Percy e arrombou a portinhola que dava para o antigo “quarto” de Monstro.
O lugar estava sujo e cheio de teias de aranhas e outros insetos. Havia muitas quinquilharias. O rapaz pegou um enorme saco de lixo preto e começou a tirar tudo dali. Nem perdeu tempo olhando as coisas guardadas. Apenas colocava tudo no saco. Depois, com calma e ajuda dos amigos ia ver o que Monstro considerava importante.
_ Harry? – chamou Mione.
O rapaz levou um susto e bateu com a cabeça na parede.
_ Mione, que susto! Isso é jeito de chegar?
_ O que você está fazendo aí?
_ Eu não encontrei o espelho do Sirius no quarto dele. Então vim ver se estão com as coisas do Monstro.
_ Você não devia...
_ Devia sim! Essas coisas não são dele e agora ele está bem longe, ainda em Hogwarts eu espero!
A moça não respondeu. Suspirou aborrecida e continuou olhando para Harry.
_ Pronto, terminei! Agora se quiser me ajudar, vou gostar muito!
_ Ajudar em quê? – perguntou ainda contrariada.
_ Eu vou lá pro sótão, onde Bicuço ficava escondido, dar uma olhada com calma nessas coisas. Se quiser vir...
Ela pensou um pouco e por fim disse:
_ Está bem, mas só se você me prometer que depois de olhar e separar o que é importante vai colocar o resto no mesmo lugar.
_ Eu prometo, Mione. Agora vá chamar Rony, Gina e Neville pra mim, por favor!
Em cinco minutos os amigos estavam reunidos no sótão. Havia mais uns dois sacos grandes cheios de coisas velhas.
_ Foi da faxina que nós fizemos, lembram? Sirius não teve tempo de... de tirar tudo daqui.
Eles começaram a revistar os sacos com cuidado. Hermione lembrou que eles separaram muitas peças de cristal e vidro que poderiam se quebrar.
Aos poucos os cinco jovens bruxos começaram a formar uma pilha de talheres velhos, pentes de prata, pergaminhos rabiscados. Foi Rony que achou um objeto que valia a pena.
_ Olha isso, cara – falou Rony para Harry.
Harry largou o que estava fazendo e pegou um caderno muito velho das mãos do amigo. Era um diário.
_ Está em branco? – perguntou Gina, que ainda sofria com as lembranças do diário de Tom.
_ Não, tem muita coisa escrita. Parece que é de alguém bem jovem, mas essa não é a letra do Sirius.
_ Deve ser daquele irmão dele. Aquele que Tom matou pessoalmente – argumentou Mione.
_ Vamos ler – sugeriu Gina.
Harry se sentou do jeito mais confortável que conseguiria naquele lugar e começou a ler em voz alta para os amigos.
No diário havia passagens do jovem Régulos em Hogwarts, como era viver na Sonserina, enquanto seu irmão estava na Grifinória. Ele revelava ter inveja da determinação de Sirius, da capacidade que ele tinha para desafiar os pais. Ele assumia ser fraco demais para ir contra sua família. Se esforçava ao máximo para ser admirado pelos seus, já que no colégio o brilho de Sirius o ofuscava. Apesar de tudo isso, ele ainda admirava a postura do irmão. Especialmente quando ele saiu de casa.
Harry continuava a leitura enquanto os amigos prestavam cada vez mais atenção. Eles repararam como o estilo da narrativa mudava. Tão submissa no começo, agora assumia um caráter violento e revoltado. Régulos não mencionava nomes, apenas dizia que ia tomar uma atitude. Que ia surpreender a todos. E que ele ia se arrepender.
_ De quem será que ele está falando, Harry? – perguntou Gina.
_ Será que é de Sirius? – sugeriu Rony.
_ Não sei... pelas fotos que já vi, parece que eles se davam bem. Pelo menos até Sirius sair de casa.
_ Continue – pediu Neville.
Harry concordou e retomou a leitura. Parecia que lia a mesma página diversas vezes, tão repetitiva eram as palavras. Até que chegou numa parte realmente interessante.
“Até agora não sei como consegui! Minha mãe ficou uma fera quando soube. Me proibiu de sair de casa, como se fosse adiantar alguma coisa. Escondeu aquele negócio em um lugar que nem eu sei onde é, mas tenho certeza que foi por causa disso que ela passou a tarde inteira lançando feitiços nas paredes e nos objetos.
Nunca vou esquecer a cara que ela fez quando eu cheguei em casa e mostrei o meu troféu! Agora o que Sirius faz deixou de ter importância. Eu escrevi uma carta para ele contando. Acho que isso vai ser o tipo de coisa que vai deixá-lo orgulhoso e provar que ele estava errado quando conversamos pela última vez. Amanhã mando uma coruja para ele.”
Ninguém falou nada. Só os passos no andar debaixo é que se faziam ouvir.
_ Qual é mesmo a data? – perguntou Mione, quebrando o silêncio, enquanto tirava o caderno das mãos de Harry.
Assim que olhou a anotação no cabeçalho, comentou em voz baixa:
_ Isso foi na véspera da morte dele.
Todos olharam imediatamente para o rosto da garota.
_ Como você sabe isso? – quis saber Harry.
_ Foi na faxina, encontramos um livro que registrava a história de cada membro da família, já que a tapeçaria só apresentava os nomes e não as datas de nascimento ou morte.
_ Onde está esse livro? Vocês jogaram fora?
_ Não, ficou lá na sala, na estante próxima a lareira.
Antes que alguém pudesse fazer alguma coisa, Harry saiu correndo do sótão. Desceu até a sala e abriu a estante para procurar o livro. Sua obstinação era tão grande que nem reparou no bicho-papão que saiu do móvel. Harry apenas empunhou a varinha e falou Ridikulus, e o bicho correu a se esconder em outro canto escuro da casa.
Não foi difícil encontrar o livro, já que havia pouquíssimos na estante. Em seguida voltou ao sótão e encontrou os amigos ainda perplexos com a atitude do rapaz.
_ Vamos ver isso direito – disse procurando pelo nome de Régulos.
Eles repararam que os Black não eram muito originais. Havia mais de 6 Régulos na família. Finalmente, eles encontraram o certo pela data da morte. Hermione estava certa. A última página do diário foi escrita um dia antes dele ser assassinado por Voldemort.
_ O que você acha? – perguntou Rony.
_ É óbvio, não é mesmo? Olha o nome dele: Régulos Arcthurus Black. R.A.B. Só pode ser. Ele fez alguma coisa que desagradou imensamente Voldemort. Ele diz isso no diário, chama alguma coisa de troféu. Alguma coisa realmente perigosa, para fazer aquela bruxa azeda da mãe esconder e lançar feitiços na casa inteira.
_ Mas parece que ela não gostou muito do que ele fez. Olha o que está escrito aqui ao lado do nome dele:
Régulos Archthurus Black assassinado por trair suas raízes. Teve justa punição.
_ Ta explicado porque seu padrinho odiava essa família – disse Rony.
Mas Harry já não prestava mais atenção. Vasculhava o resto das coisas com pressa. Queria o espelho do padrinho e depois procuraria um jeito de encontrar o que a mãe de Sirius escondeu e confirmar se foi mesmo Régulos quem encontrou o horcruxe antes dele e de Dumbledore.
Não adiantou muito procurar, pois o espelho não estava ali. Será que Monstro o destruiu? Não seria possível. Se ele destruísse qualquer coisa de seu senhor teria que se punir severamente e Harry não se lembrava de Monstro ter se machucado.
_ Acho melhor a gente descer para comer e depois continuamos a procurar – sugeriu Neville.
Todos concordaram, mas Harry disse:
_ Podem ir na frente. Eu vou em seguida.
Harry pegou o diário novamente e voltou a ler. Não que suspeitasse de alguma coisa, mas havia passagens sobre seu padrinho e assim ele sentia Sirius por perto outra vez. Ficou ainda meia hora no sótão, quando reparou em um trecho engraçado:
Ele sempre faz dessas coisas. Outra vez conseguiu deixar a mamãe irritada e, como sempre, eu fui para o castigo junto com ele. Ele tem o dom de provocar confusão. Não precisa derrubar uma bandeja inteira com torta caramelada em cima do vestido da Srª Hallter. Foi engraçado, mas foi a gota d’água pra ela. Vamos passar o resto da semana sem sair do quarto e sem comer (pelo menos ela acha que vai deixar a gente sem comer).
Desde o último castigo que ele deixou tudo guardado no alçapão. Só espero que ela não descubra.
Alçapão... Será que existia um alçapão no quarto dos garotos? Harry desceu e foi procurar, mas não encontrou nada parecido com isso.
Totalmente frustrado, foi até cozinha onde quase todos estavam à mesa jantando. Percy havia levantado e o ar na cozinha era de comemoração. Apenas Lucius, Draco e Quim ainda estavam de cama.
A Srª Weasley caprichou no jantar e serviu presunto com molho de abacaxi, frango recheado, arroz de forno e torta de legumes. A sobremesa foi founde de chocolate com frutas e bolos e todos foram para a sala da lareira para saborear a iguaria.
Harry chamou Mione a um canto e perguntou:
_ Você conhece algum feitiço para revelar alçapões ou passagens secretas?
_ Conheço, um bem fácil. Por quê?
_ Porque eu acredito que tenha um no quarto do... no meu quarto.
A garota pegou sua varinha e começou a lançar feitiços. Mas nada aconteceu.
Os outros três vieram ver o que estava acontecendo. Mione explicou e todos tentaram ajudar. Mas definitivamente não existia nenhum alçapão ou passagem secreta naquele quarto.
Quando decidiram descer para conversar com os outros e ver se ainda restava um pouco de founde, Neville esbarrou no guarda-roupa e derrubou um dos livros de escola de Harry, que estava jogado de qualquer jeito sobre o móvel.
O livro caiu e fez um baque surdo. Neville ia se desculpar, mas os outros quatro mandaram ele se calar.
Rony se ajoelhou e começou a dar pancadinhas no assoalho. Logo encontrou o ponto exato e pediu alguma coisa fina ou afiada como uma faca. Eles procuraram entre as coisas e Harry encontrou seu canivete e entregou ao amigo que começou a trabalhar.
Ele cutucou por volta de toda madeira, raspando a poeira acumulada entre as tábuas. Pouco depois, a tábua rangeu e Rony achou. O alçapão era apenas uma tábua solta, usada pelos irmãos Black para esconder suas coisas.
Harry se ajoelhou perto do buraco e começou a tirar coisas de dentro. Tirou um pedaço de brinquedo, um resto de bolo embolorado e duro, algumas revistas em quadrinho bruxas e finalmente uma caixinha preta.
Colocou a caixinha sobre a cama e abriu. Havia um pergaminho bem velho e um objeto embrulhado em pano preto e puído. Harry olhou os amigos e desembrulhou, cuidadosamente, o objeto.
Ali, sobre a cama, os cinco jovens bruxos puderam contemplar o verdadeiro Medalhão de Slytherin. Estava trincado ao meio, mas ainda revelava a serpente em sua superfície.
Ninguém teve coragem de colocar as mãos no medalhão e Harry tornou a envolvê-lo com o pano. Com um sorriso e quem cumpre uma parte da missão, pegou o pergaminho e ia começar a ler, quando foram interrompidos pelo Sr° Weasley que trazia um recado de Percy. Ele queria falar com Harry, a sós.
Percy e Harry foram conversar no quarto que o primeiro ocupava. Ainda com um pouco de dificuldade, Percy sentou na cama e pediu que Harry se sentasse ali perto. Depois que estavam acomodados, o jovem Weasley começou:
_ Acho que você precisa saber por quê a Umbridge fez isso comigo.
Harry não respondeu. Era melhor que Percy falasse tudo de uma vez, sem interrupções.
_ Foi no dia seguinte ao que você e Rony estiveram no Ministério. Um grupo de Comensais invadiu a sala dela e começou a pedir explicações. Parece que ela se desentendeu com Belatriz Lestrange, acusou-a de mentir para o Você-sabe-quem, gritou que o “fantasma do menino Weasley” tinha avisado para ela que Belatriz não era digna da posição que ocupava.
Harry queria rir, mas aquele não era o momento apropriado.
_ Então – continuou Percy – um dos comensais começou a rir na cara dela. Disse que estava ficando louca, que nenhum dos Weasley tinha morrido. Ela não acreditou, disse que tinha matado o Rony, a mando Daquele-que-não-deve-ser-nomeado. Então mostraram a nota do Profeta que falava do suposto seqüestro de vocês. Ela viu a data do jornal, somou dois mais dois e veio para cima de mim.
Harry reparou que o jovem tremia ao se lembrar dos acontecimentos.
_ Escute – disse para Percy – se não quiser falar disso agora...
_ Não, eu preciso – interrompeu-o Percy – eu preciso te contar outras coisas. Ela veio para cima de mim. Eu estava no corredor, já estava quase de saída do Ministério quando senti uma dor alucinante e percebi que ela estava me torturando com uma das maldições imperdoáveis. Ela berrava de ódio e eu de dor. Ainda consegui ouvir quando ela falou qualquer coisa sobre ter Minerva como trunfo, presa em algum lugar de sua casa. Mas logo um grupo de aurores chegou e começou o verdadeiro tumulto. Assim que ela foi desarmada eu desmaiei.
_ E você se lembra de como foi parar lá no laboratório?
_ Não... suponho que o número de comensais era maior que o de aurores e um deles me levou a mando dela. O que sei é que ela está com a professora McGonagal, Harry.
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