O esconderijo perfeito
Rony, Hermione e Gina seguiram Harry em silêncio. O garoto parecia estar em transe e eles ficaram receosos de perguntar alguma coisa. Só um tempo depois, quando viram Harry se agachar no chão é que entenderam onde ele queria ir. E concordaram. Aquele seria um esconderijo perfeito.
Eles fizeram a mesma coisa e se arrastaram pelo chão até encontrar o buraco aos pés da enorme árvore que há alguns anos quase matou Harry e Rony. Caminharam um pouco por baixo da terra e logo estavam na famosa casa mal-assombrada do povoado de Hogsmeade, a Casa dos Gritos.
Ali era um lugar segura para passar a noite. A casa estava abandonada desde que Sirius a usou para chegar perto de Rabicho. Mesmo assim, as pessoas do povoado ficavam bem longe daquele lugar.
_ Acho bom a gente descansar um pouco. – sugeriu Rony – Essa correria toda acabou comigo.
Eles abriram os sacos de dormir. Gina deitou junto de Harry e Rony se zangou:
_ Ei, vocês dois, isso aqui não é uma viagem romântica de lua-de-mel, ta?
_ Por que você não para de implicar com a gente e abraça a sua namorada. Tenho certeza que isso vai fazer muito bem para você – retrucou Gina.
Rony se calou. Ficou olhando os dois abraçados. Harry já estava quase dormindo. A cena era aconchegante e Rony acabou aceitando a idéia da irmã. Pegou seu saco de dormir e foi para perto de Hermione.
Eles acordaram antes do sol nascer. Arrumaram os sacos de dormir e foram pegar alguma coisa para comer. Quando harry pôs a mão em sua mochila encontrou algo que não estava lá antes. Mais um cartão de Dumbledore.
O cartão era uma foto em movimento de Dumbledore voando em uma vassoura sobre uma cachoeira muito alta. A legenda da foto falava alguma coisa sobre a América Latina. Atrás uma pequena inscrição:
Sem charadas desta vez. Não se esqueça, ele nunca pôde lhe tocar.
Harry ficou intrigado. Aquilo devia ser importante, mas para quê? Os outros também não entenderam do que se tratava a mensagem. Eles sabiam que Voldemort não conseguiu tocar Harry por causa do amor da mãe do garoto. Mas qual nova pista aquela informação poderia trazer para o grupo.
Eles resolveram que pensariam no cartão depois. Precisavam organizar o plano de busca. E era hora de decidir se seguiriam o plano de Harry, ou não.
_ A gente não tem escolha – falou o rapaz – se não nos guiarmos pelo meu sonho, vamos nos guiar pelo quê?
Era verdade. Se não fosse aquele sonho, eles estariam completamente sem direção.
Hermione conjurou um quadro-negro e começou a fazer anotações nele com a varinha.
_ Então – disse – segundo o seu sonho, Voldemort tem a Taça da Corvinal, o anel e a varinha de Andriax, que ele guarda tão bem quanto a sua própria varinha.
_ Isso – confirmou Harry.
Hermione andou mais um pouco até a janela, olhou para o céu e ficou em silêncio. Eles estavam amarrados.
_ Harry – disse ela por fim – lembra o seu outro sonho, aquele em que você reviu a cena do cemitério?
_ Lembro, lógico que lembro.
_ Se não me engano você contou que quando a sua varinha se uniu a de Voldemort, ele deixou transparecer um fio de medo.
_ Um fio não, ele pareceu apavorado. Mas o que isso tem haver com a nossa busca?
_ Pense um pouco, Harry – exasperou-se Mione – Por que um bruxo tão poderoso que já mostrou desprezo por muita coisa ia se preocupar tanto com uma simples varinha?
A pergunta caiu como uma bofetada na cara do garoto. Era isso mesmo. A varinha só podia ser um Horcruxe.
Hermione voltou para o quadro e o dividiu em duas colunas: Horcruxes inteiras e Horcruxes destruídas. Na primeira anotou a Taça e a varinha. Na segunda escreveu o diário, o anel e o medalhão.
_ Bom, só nos faltam um para completarmos a lista – concluiu Hermione.
_ A varinha da Corvinal a gente sabe que ele não pegou – assomou Rony.
_ Esperem, Dumbledore me falou de uma suspeita dele. A cobra Nagini. Ele disse que as atitudes da cobra eram muito estranhas. Pode anotar aí, Mione. Descobrimos os seis horcruxes.
_ Melhor seria se a gente descobrisse qual é o Horcruxe principal. Aí o destruiríamos de uma vez – empolgou Gina.
_ Vamos deixar os sonhos para depois – falou Hermione assumindo a frente da discussão de novo – agora, pra onde vamos?
_ Eu sugiro Hogsmeade – falou Rony – por vários motivos: está mais perto, a gente pode fingir que ta de folga da escola e ainda podemos comprar a vassoura pra Mione.
Estava decidido. Eles iriam para Hogsmeade. Deixaram os sacos de dormir na casa para não levantar suspeita e foram até o povoado.
O medo dos constantes ataques de comensais deixou as ruas do local muito vazias. As pessoas tinham medo de sair de casa e qualquer estranho era visto com maus olhos.
Eles procuraram uma loja e conseguiram encontrar uma vassoura razoável para Hermione, uma Cleanswip nova. Harry pagou, mas a garota jurou que depois lhe devolveria o dinheiro.
Não havia nada de estranho na cidade e Harry achou que podiam se separar. Ele sugeriu que ele e Gina fossem para um lado, e Mione e Rony para outro. Mas Rony pediu para ficar com a irmã, para descontentamento de Hermione.
_ O que aconteceu com ele? – perguntou Harry.
_ Não faço idéia! Acho que ficou meio neurótico com o que vocês fizeram aquele dia – respondeu ficando corada.
Eles andaram mais um pouco e resolveram entrar no Três Vassouras. Pediram uma cerveja amanteigada e ficaram conversando. Pela janela, Harry viu quatro homens suspeitos se aproximando do bar. Puxou Mione para baixo da mesa, tirou a capa da mochila e cobriu os dois, que ficaram ali, agachados.
_ As garrafas! – sussurrou Mione.
Harry esticou o braço e puxou as garrafas no exato instante em que um dos homens abriu a porta.
O dono do Três Vassouras ficou bem irritado com a presença dos comensais.
_ Vocês sabem que não são bem vindos – berrou.
_ As suas boas vindas não me interessam – respondeu uma voz arrastada bem conhecida de Harry e Mione.
_ Traga-nos uma bebida forte – ordenou o outro que vinha logo atrás.
Eles sentaram-se à mesa em frente a que Harry e Mione estavam escondidos, e conversavam sobre uma encomenda. A um certo momento, Lucius Malfoy falou:
_ Vocês já sabem, assim que ela chegar, saiam e nos deixem a sós. Fiquem do lado de fora, de tocaia. Se ela fizer qualquer coisa para me atacar, já sabem o que fazer.
O garçom serviu uma bebida de cor esverdeada. Devia ser forte, pois um dele fez uma careta quando bebeu.
_ É bom que isso não seja veneno – falou para o dono do bar.
A porta abriu novamente, mas Harry não conseguiu ver quem havia entrado. Torceu para que não fossem os amigos.
Passos delicados se dirigiram à mesa da frente. Era a tal mulher que Lucius esperava. Os três homens que o acompanhavam saíram do bar e ele pode cumprimentá-la:
_ Bella, é um alívio ver você!
_ É bom saber que está vivo, Lucius. Depois do pequeno Draco quase falhar...
_ Você já soube?
_ Meu querido, eu sou a preferida do Lorde. Como acha que eu não ficaria sabendo?
_ Então você também sabe que nós não temos mais nada, não é mesmo?
O rosto de Belatriz permaneceu impassível. Um olhar quase sem brilho algum.
_ Foi um belo gesto, doar tudo o que possui para a causa do Lorde – comentou a mulher.
_ Bella, você sabe que não foi uma boa ação. Ele ameaçou tirar a vida de Draco.
_ Era o que seu filho merecia depois de quase destruir anos e anos de planejamento.
Aquela resposta foi um soco no estômago de Malfoy.
_ Ele é seu sobrinho, Bella! E está preso sabe-se lá onde e sofrendo que tipo de tortura. Eu já fiz tudo o que pude! Dei tudo o que tinha! Não tenho mais nada agora! Só quero o Draco de volta.
A voz do homem, antes tão arrogante, era uma súplica sentida. Ele estava sendo sincero. Mas a mulher ali na frente não parecia comovida.
_ Eu sei onde Draco está, Lucius. Mas não vou lhe dizer.
_ Não, não faça isso, Bella. Por favor, eu imploro!
A mulher estudou o rosto de seu interlocutor e comentou, divertida:
_ Ia ser hilário ver você, Lucius Malfoy, implorando. Mas esse prazer eu guardo para o Lorde. Agora me diga, onde você a escondeu?
_ Escondi o quê?
_ Não se faça de desentendido, Lucius. Por muito menos já matei várias pessoas. Eu quero a jóia.
_ De que jóia você está falando, Bella?
_ Da nossa Andriax. A Jóia de família.
Foi a vez de Malfoy rir na cara da comensal.
_ Você acha mesmo que nós temos uma Andriax, Bella? Será que você é tão ridícula a ponto de acreditar que uma jóia desse porte pertence a uma família como a nossa?
_ Lógico que só pode estar na nossa família. Nós somos puro-sangues, Lucius. Eu sei disso.
O homem riu mais uma vez, aparentemente feliz com o desespero que agora mudava de lado.
_ Bella, Bella, Bella... Olhe bem para nós. Olhe bem para nossa família e tudo o que nós já fizemos. Uma Andriax nunca caiu nas mãos de alguém da Sonserina, sua tola. Nossa família veio da mesma ralé que a família do Lorde, nós somos a escória Bella. Somos descendentes dos malditos. Nós já nascemos com a alma vendida para o diabo, por causa de uma estúpida vingança de uma ancestral ridícula que não agüentou ficar sem o papai. E você ainda acha que temos uma Andriax?
Malfoy estava vingado. Jogou na cara de Belatriz toda sua revolta pela conduta da cunhada em relação ao seu problema. E adorou vê-la apavorada.
_ Não pode ser, o Lorde depende de mim, só eu posso ajudá-lo. Eu preciso da jóia pra ele. Eu falei pra ele... – a mulher continuou sussurrando frases desconexas.
_ Por que está tão perturbada, Bella? Ah, deixe-me imaginar. Você deve ter falado ao seu senhor que possuía a jóia e por isso goza da confiança dele, não é mesmo? Bem, acho que você precisa se preparar para sentir o quanto Voldemort sabe ser cruel.
_ Não pronuncie o nome dele, você não é digno!
_ Não venha me falar de dignidade sua criatura maldita. Se for preciso, eu mesmo vou até ele e conto a sua mentira. E vou rir ao vê-lo torturar você. Mesmo que depois disso ele me mate também.
Belatriz saiu desnorteada. Os três homens voltaram até a mesa e Malfoy ordenou:
_ Paguem o homem. Ela não trouxe o que eu pedi. Mas levou uma coisa muito pior com ela. Agora vamos, não temos mais nada para fazer nessa cidade inútil.
Os quatro deixaram o bar sem pressa ou correria. Não havia o que fazer por ali. Harry e Hermione saíram de baixo da mesa e voltaram para os seus lugares. O garçom olhou para eles e comentou:
_ Também tenho vontade de me esconder quando eles aparecem.
Hermione aproveitou a deixa para puxar conversa com ele:
_ Eles vêm muito aqui?
_ Ah, já vieram. Era quase todo dia. Se reuniam aqui como eles mesmos diziam “no fim do expediente”. Bebiam e faziam a maior algazarra. Nem queriam saber quem entrava no bar, iam logo torturando. Mas desde ontem a noite que o movimento diminuiu. Acho que só sobraram esses aí na cidade.
O assunto morreu. O garçom voltou para a cozinha e os dois jovens ficaram em silêncio. A porta se abriu novamente e Gina e Rony entraram correndo na direção dos amigos.
_ O que aconteceu? – perguntou a garota ansiosa enquanto abraçava Harry.
_ Calma, não aconteceu nada – falou o rapaz.
_ Nós vimos quando os quatro entraram e depois apareceu mais um – explicou Rony.
_ Mais uma, você quer dizer – corrigiu Hermione enquanto contava o que eles haviam ouvido.
Eles ficaram quietos por algum tempo. Mione pediu cerveja para os dois. O garçom trouxe.
_ Foi verdade – comentou Harry, como se estivesse pensando alto.
_ Verdade o quê? – disse gina colocando as mãos no ombro do garoto.
_ O meu sonho. Vocês lembram, eu contei que ele falava alguma coisa sobre pegar a terceira Andriax com a Lestrange. E agora essa conversa confirmou tudo!
_ Ainda bem que a gente decidiu seguir seu sonho mesmo sem saber se era realmente verdade. – brincou Rony.
_ É, mas agora Lucius Malfoy pode por tudo a perder. Se ele contar a Voldemort que Lestrange não tem a jóia, nós corremos um sério risco.
_ E se a gente deixasse a jóia no Gringotes? – sugeriu Hermione.
_ É muito arriscado. Quatro alunos de Hogwarts vão sozinhos até o Beco Diagonal depositar alguma coisa. As pessoas quase não estão saindo de casa, você se esqueceu? – argumentou Gina.
_ Mas nós também não podemos nos arriscar a andar com esse colar – disse Rony olhando para o pescoço da irmã, enquanto ela passava a mão sobre a blusa.
Eles pagaram a conta e saíram do bar ainda discutindo qual seria a melhor coisa a se fazer. Andaram mais um pouco e avistaram uma banca de jornal. Harry se dirigiu até lá e pediu um exemplar do Profeta Diário.
Como ele imaginava, a edição falava sobre o ataque a Hogwarts. Mas as conseqüências desse ataque foram, sem dúvida positivos:
COMENSAIS ATACAM HOGWARTS, MINISTÉRIO FECHA A ESCOLA
A falta de segurança na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts fez com que a Ministra da Magia, Srª Dolores Umbridge, assinasse um decreto que autoriza o fechamento da escola.
Na noite passada, mais de 30 comensais, acompanhados de outros tipos de criaturas como dementadores e lobisomens invadiram a escola provocando pânico nos alunos que saíram desesperados pelos corredores, atropelando os próprios colegas.
O saldo desse ataque foi péssimo. A professora Ada Goldrisch está internada no St. Mungus, na ala especial para os atingidos pelo feitiço Inversucorpus, a nova arma de tortura, usada pelos comensais. Os aurores Phillip Wells e Elizabeth Willian foram gravemente feridos, mas já se recuperam em casa.
A diretora McGonagal, que assumiu a direção após o brutal assassinato de Alvo Dumbledore no final do ano letivo anterior, está desaparecida. Todos apostam em seqüestro.
Os ataques só pararam quando um gigante apareceu e atacou os comensais. Muitos fugiram, mas os professores e aurores que guardavam o colégio conseguiram deter 9 comensais, espantar 15 dementadores e o “Gigante Misterioso” esmagou, literalmente, 3 lobisomens. Além disso, arremessou dois comensais às paredes de uma torre do castelo, que caiu. Os dois ainda não foram retirados dos escombros.
Alguns alunos tiveram que ser atendidos na enfermaria do colégio por fraturas e lesões resultantes da correria desesperada. A única notícia realmente preocupante é o sumiço de quatro alunos bem conhecidos do público: Harry James Potter, Hermione Granger e Rony e Gina Weasley.
É bem provável que tenham sido levados junto com a diretora do Colégio.
_ Perfeito! – exultou Harry.
Hermione se mostrou escandalizada, mas ele nem deixou que ela dissesse nada.
_ Olha, ninguém morreu, não é mesmo? E todos pensam que fomos seqüestrados. Isso é perfeito! Se a escola fechasse, teríamos que voltar para casa. Agora teremos um monte de gente vigiando todos os movimentos dos comensais na tentativa de nos libertar. Poderemos agir com mais tranqüilidade. Vamos voltar para o esconderijo.
Eles voltaram rapidamente para a Casa dos Gritos e resolveram repassar o plano.
_ Agora não tem porquê ficar aqui. Não há mais nenhum comensal – falou Rony.
_ Para onde vamos? – quis saber Gina.
_ Para o lugar mais seguro do mundo – disse Harry – vamos para a casa de Sirius. Assim que escurecer, a gente levanta vôo e segue para o Largo Grimmauld.
O dia passou arrastado, lento. Eles tentaram fazer alguma coisa para se divertir, mas a idéia de que a cada hora o perigo estava mais perto tirava o ânimo dos jovens.
Assim que o Sol se pôs, eles pegaram as mochilas, sacos de dormir e começaram a voar. Rony ficou mais atrás para ajudar a namorada que não tinha muita prática com vassouras.
Voaram cerca de duas horas, quando Mione pediu para descansar. Era fácil para os três, jogadores de quadribol, ficar tanto tempo no ar. Mas para ela, era exaustivo.
Eles desceram em uma clareira, num arvoredo afastado da estrada, para que nenhum trouxa os visse.
Aproveitaram a pausa para comer alguma coisa e beber um pouco de água. Quando Hermione sentiu que tinha condições de prosseguir, eles continuaram. Voaram por mais algum tempo até que avistaram a pequena praça em frente ao esconderijo.
Como não havia ninguém por perto, eles pousaram e memorizando o número da casa, andaram em linha reta até que a porta apareceu. Harry tirou a chave de dentro da mochila e destrancou a fechadura.
Eles entraram. Estava tudo muito escuro e abandonado. Harry pensou, assim que tudo terminasse, ia dar um jeito naquele lugar.
Hermione falou Lumus e sua varinha se acendeu, clareando o hall e uma parte da escada. Eles decidiram andar pela casa e ver como estavam as coisas. A luz da varinha de Mione acordou o retrato da mãe de Sirius, que assim que avistou os meninos começou a gritar:
_ Impuros, traidores, saiam da minha casa. Principalmente você menina imunda de sangue-ruim!
Harry puxou sua varinha colocou bem na altura dos olhos do retrato e gritou com a mulher:
_ Imunda e impura é você! Cansei da sua gritaria. Essa casa agora é minha e você tem que me respeitar e respeitar os meus convidados. Agora, se quiser manter esse retrato horroroso inteiro é bom calar a boca! E nada de ficar atiçando os outros quadros da casa ou de qualquer parente seu, está me ouvindo?
O retrato se virou, ofendido, mas passou o resto da noite em silêncio. Por mais algazarra que eles fizessem.
_ Nossa, até eu fiquei com medo de você – brincou Rony.
Harry sorriu para o amigo.
_ Faz tempo que queria dar uma bronca nessa velha.
Os dois riram alto e foram ver o antigo quarto que ocuparam na época da Ordem da Fênix.
_ E aí? Vamos ficar aqui de novo? – perguntou Rony.
_ Se você não se importar, Ron, eu preferia ficar no quarto do meu padrinho.
_ Ah, tudo bem. Sem problemas. A Gina vai ficar com você, eu suponho.
Harry não respondeu. Apenas olhou para ele.
_ Vou falar com a Mione, ok? – disse Rony e saiu do quarto.
Harry levou suas coisas até o quarto do padrinho. Acendeu uma vela que ainda tinha por lá e se sentou na cama.
_ Não quero pensar em nada por enquanto – falou sozinho.
Na sala Rony dizia a Gina que Harry esperava por ela lá em cima.
_ Eu vou daqui a pouco. Veja, Mione e eu encontramos algumas latas de comida. Tem sopa e salsichas. Acho que ainda estão boas. Eu vou pra cozinha tentar esquentar para nós.
Rony se sentou junto da namorada e perguntou:
_ Mione, o que você quer fazer? Digo, você se importaria de.. de dividir o quarto comigo?
Ela baixou a cabeça e pensou por um instante. Depois respondeu:
_ Não, não me importo. Mas tem uma condição!
_ Qual? – perguntou Rony ansioso.
_ A gente precisa tomar banho primeiro, eu estou imunda!
Rony deu uma risada tão alta que Gina veio ver qual era graça. Quando soube que Mione queria um banho, ela concordou.
_ Nós estamos andando sem parar desde que amanheceu. Todos precisamos de um bom banho, uma sopa quentinha e cama. Vou subir para falar com Harry.
Ela subiu correndo as escadas e encontrou o jovem deitado na cama do padrinho.
_ Harry – chamou baixinho.
_ Oi – respondeu o rapaz – pode entrar.
_ Vim ver se você está bem!
_ Estou sim. Só um pouco cansado!
_ A Hermione teve uma idéia incrível: banho! O que você acha?
Ele sorriu. Era realmente uma idéia bem vinda. Quem sabe um banho fosse capaz de tirar o cansaço de cima dele.
_ Vou preparar as coisas, aqui tem um banheiro. – respondeu à namorada – Bom, acho que estamos com sorte. Tem uns sabonetes velhos aqui.
_ Não precisa de sabonete velho, eu trouxe novos comigo. Estão na minha mochila. Onde você a colocou?
Harry apontou para o armário. Ela foi até lá e tirou dois sabonetes de uma bolsinha. _ Vou colocá-los no banheiro. Tem água quente, ou a gente vai ter que improvisar?
Eles tiveram que improvisar. Enchiam baldes de água fria e esquentavam com feitiços. Assim foi até que todos estavam limpos.
_ Hora da sopa – chamou Gina – não tem muito, mas é melhor que comer carne defumada o tempo todo.
_ E as salsichas? – perguntou Rony.
_ Deixei para fritar amanhã, para o café – respondeu a menina.
Acabaram de comer e foram dormir. No dia seguinte vasculhariam a casa em busca de um local seguro para guardar o colar.
Harry teve a impressão que dormiu antes mesmo de deitar na cama. O calor de Gina ali, do seu lado, fazia tudo ficar mais aconchegante. Ele dormiu bem, um sono sem sonhos. Acordou bem disposto e humorado.
Gina também havia dormido bem. Uma cama é sempre melhor que um saco de dormir.
Os dois desceram para a sala e ficaram conversando sobre o que iriam fazer com a jóia e como seria o futuro quando Voldemort fosse destruído.
_ A gente precisa de um lugar que mesmo que alguém consiga entrar na casa, não encontre a jóia – falou a menina.
_ Que tal uma tábua solta? A gente pode descolar uma e recolocar depois – sugeriu Harry.
_ É uma boa idéia, mas vamos esperar os dois pombinhos acordarem para resolver isso – falou Gina.
Eles foram para a cozinha preparar o café e continuaram a conversa.
_ E depois, Harry?
_ Depois? O quê?
_ Se a gente conseguir resolver esse problema, se a gente destruir... Ele. O que vamos fazer?
Era uma pergunta difícil. Ele ainda não tinha parado pra pensar naquilo.
_ Não sei, acho que vamos voltar para a escola e terminar as coisas de um jeito normal, pelo menos uma vez na vida.
_ Você ainda vai querer ser auror?
_ Não sei, acho que não. Tenho outra coisa em mente. Mas é um segredo! E não adianta fazer essa carinha que eu não vou contar!
Eles ainda conversaram um tempo e quando iam começar a comer Hermione apareceu na cozinha.
_ Bom dia – disse Gina – onde está o Ron?
_ Lá em cima, trocando de roupa.
Harry achou melhor deixar as duas conversarem. Deu uma desculpa qualquer e subiu para falar com o amigo.
Rony estava calçando os sapatos quando Harry entrou.
_ E aí, cara? Dormiu bem? – perguntou sentando-se na cama.
Rony entendeu a pergunta e limitou-se a responder:
_ Dormi, muito bem!
_ Ah, qual é Rony? Vai esconder o jogo?
_ Você não me contou nada, contou?
_ Eu achei que você não ia querer saber, afinal ela é sua irmã.
_ É, não quero saber mesmo. Mas também não quero contar!
_ Tudo bem – blefou Harry – depois eu pergunto pra Gina.
_ Como assim? – falou Rony atordoado.
_ É que quando eu saí da cozinha a deixei conversando com Mione sobre o que tinha acontecido.
Rony empalideceu e Harry achou que o amigo ia desmaiar.
_ Eu não acredito que ela vai fazer isso!
_ Mas não tem nada demais, a Gina também contou tudo pra Mione.
_ É que desta vez não tem um “tudo” pra contar, Harry.
Foi a vez de Harry ficar abismado:
_ Como assim?
_ Olha, eu sou tradicional, tá? Eu quero casar primeiro! A gente passou a noite inteira conversando. Foi só isso! Agora a Gina vai passar o resto da vida no meu pé.
Harry se divertiu com o problema do amigo. Naquele momento eles estavam ali, preocupados com problemas de jovens. Como Dumbledore queria.
_ Eu prometo que não vou deixar a Gina zoar você! Agora vamos descer que elas estão nos esperando para resolver o que fazer com o colar.
Eles desceram e depois de uma breve discussão decidiram que procurariam uma tábua solta na sala para deixar o colar. Não foi difícil já que a casa era antiga.
Era quase hora do almoço e ninguém mais queria comer carne defumada. Eles combinaram que logo iriam almoçar em algum lugar, mas não conheciam nenhum restaurante bruxo nas redondezas.
_ E se procurássemos Percy – sugeriu Gina.
_ Sem chances, o nosso disfarce de seqüestrados ia por água abaixo – contestou Harry.
_ Rony, e se fizéssemos aquilo? – questionou Hermione.
_ Aquilo o quê? – adiantou-se Harry.
_ É que Rony teve uma idéia ontem. E eu acho que pode funcionar.
_ Esquece, Mione. Ela não ia cair nessa.
_ Para com isso vocês dois e contem logo para gente o que é – ordenou Gina.
Rony contou a idéia que teve. Era algo bem simples, mas que ia deixá-los praticamente cara-a-cara com o inimigo.
_ É brilhante, Rony – animou Harry – Vamos hoje mesmo.
_ Já? – assustou o rapaz.
_ Lógico, não podemos perder tempo. Só vou buscar minha capa. E vocês duas, não saiam por aí, OK?
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