O falso fantasma
Os dois garotos se dirigiram ao Ministério da Magia. Harry andava atrás de Rony, encoberto pela capa. Muitos trouxas olhavam para Rony, que conversava com uma pessoa invisível, como se ele fosse louco.
Eles chegaram na cabine telefônica enguiçada, Rony discou um número pediu para falar com Percy Weasley, no Departamento de Mistérios.
_ Motivo da visita – perguntou a voz feminina.
_ Entregar uma profecia sobre a Ministra Umbridge – mentiu o rapaz.
Dois crachás saíram pelo aparelho. Em um estava escrito Rony Weasley – Departamento de Mistérios – Profecia e no outro estava escrito VINI.
Rony examinou bem e viu que em letras quase microscópicas estava escrito Visitante Invisível Não Identificado.
_ Espero que a Umbridge não seja tão esperta quanto essa máquina – falou Rony.
Eles desceram pelo elevador e chegaram até a recepção. Não havia mais revistas na porta nem sequer um porteiro. Rony se orientou eplas placas que flutuavam próximas as paredes.
Ao ver o irmão mais novo, Percy quase teve um ataque. Por sorte estava sozinho em sua sala.
_ Rony, o que está fazendo aqui? Ah, ainda bem que você não foi seqüestrado! Mas o que aconteceu.
O rapaz explicou em poucas palavras a saída deles do colégio e a confusão que fizeram achando que tinham sido seqüestrados. Percy ria feliz enquanto ouvia.
_ Você não tem idéia da confusão que criaram. O pessoal dele está por toda parte querendo saber quem foi o traidor que os seqüestrou e não entregou a ele. Pelo menos quatro, dos comensais que fugiram do ataque ao castelo foram mortos quando voltaram para o lugar que ele está. Harry vai gostar de saber disso!
_ Já gostei – falou uma voz atrás de Percy.
Harry tirou a capa e Percy quase desmaiou de susto.
_ Coloque isso de volta. Se acharem Rony aqui posso inventar uma desculpa, mas você... Vão me acusar de traidor ou descobrir meu disfarce.
Harry obedeceu.
_ Muito bem, o que vocês querem saber de mim?
_ O que foi que roubaram daqui do Ministério? Você sabe, quando Screamgeour foi morto.
_ Roubaram o portal. Aquele portal em que seu padrinho caiu Harry.
Aquilo não fazia sentido. Como alguém ia conseguir chegar perto daquele portal e ainda por cima, carregá-lo?
_ O que querem com ele, Percy? – perguntou o rapaz invisível.
_ Não consegui descobrir. Nem a Umbridge sabe.
Mais uma pista falsa. Eles acreditavam que o que havia sido roubado só poderia ser um dos horcruxes, mas não era.
_ E agora? – perguntou Rony.
_ Vamos executar a segunda parte do plano – disse Harry que deveria estar em algum lugar perto da janela.
_ Mas antes, Percy, a gente precisa saber de uma coisa – disse Rony – a Umbridge leu o Profeta Diário?
_ Não, ela diz que não se importa com as bobagens que saem escritas porque sabe das informações verdadeiras. Por quê?
_ Porque ela acredita de verdade que me matou na Floresta Proibida de Hogwarts.
Percy fez cara de desentendido e eles explicaram rapidamente o que aconteceu no dia que descobriram a identidade da ministra. Depois disseram o que pretendiam fazer. Percy aprovou a idéia na hora. Seria a sua vingança contra aquela bruxa asquerosa.
Harry ficou escondido no Departamento de Mistérios, enquanto Percy ia até a sala de Umbridge, seguido de perto por Rony, que agora usava a capa da invisibilidade.
Percy bateu suavemente na porta
_ Com licença, Excelência – pediu.
_ Toda, Weasley. Você sabe que eu adoro quando me chama assim – respondeu a mulher que usava um vestido longo, preto, com um bolero peludo, cor de sangue e uma fita, também vermelha, presa em laço nos cabelos.
O estômago de Percy revirou. A cada dia ficava mais difícil suportar aquela bruxa velha. Fingir que estava encantado por ela era pior ainda. Ele engoliu a vontade de esbofeteá-la, entrou na sala e sorriu:
_ Ora, mas a senhora merece muito mais que ser chamada de excelência. Já lhe disse inúmeras vezes que o título que lhe cabe melhor é majestade.
Umbridge riu deliciada com a bajulação. Se havia duas coisas que ela gostava na vida era poder e bajulação. Em terceiro lugar entrava torturar alguém de vez em quando.
_ Mas diga, meu querido, o que veio fazer aqui?
_ Apenas vim ter a certeza de que não precisa de nada. Sabe como não confio nos seus novos ajudantes. Duvido que a tratem com o zelo que merece.
_ Você é um amor, Weasley. Mas não se preocupe, quando eu precisar de alguém que realmente cuide de mim, pode ter certeza que irei chamá-lo.
_ Faça isso – respondeu Percy ainda com um sorriso falso nos lábios – então, se me dá licença, vou voltar aos meus afazeres.
Enquanto Percy conversava com Umbridge, Rony entrou sorrateiro e se posicionou atrás de um cabide de chapéus no canto da sala.
Quando estavam sozinhos, ele deu início ao plano:
_ Umbridge... Umbridge... – sussurrou.
_ Quem está aí? – perguntou a mulher.
Como ninguém respondeu, ela continuou verificando um documento.
_ Umbridge – tornou Rony um pouco mais alto – não reconhece a minha voz?
A velha bruxa se levantou da cadeira olhando para todos os cantos da sala.
_ Que brincadeira é essa? – gritou.
_ Não é brincadeira, Umbridge. Você me matou, não se lembra? Na floresta de Hogwarts, depois que eu lhe contei a profecia.
A ministra foi perdendo a cor, pegou a varinha em cima de mesa e apontou para o nada.
_ Não adianta, seus feitiços não podem atingir os mortos.
_ O que você quer aqui? Fale logo e vá embora.
_ Eu tenho todo o tempo do mundo para seguir você. Mas não vou fazer isso, pode ficar sossegada. Não seria uma tarefa interessante ficar atrás de uma bruxa velha e encarquilhada como você.
Umbridge ficava cada vez mais apavorada.
_ Você me matou antes da hora, sabia? Eu tinha mais coisas a revelar a você.
_ Mais coisas? Quais coisas? Por favor, fale... – a voz da mulher agora era uma súplica.
_ Eu não estou muito certo, os astros falam em código. Primeiro me responda, qual é o plano do Lorde?
Ao ouvir o tratamento que só os comensais dão a Voldemort, aliado ao medo que estava sentindo fez Dolores revelar o que seria feito.
_ Na próxima Lua Cheia o Lorde vai até o Altar dos Portais para ampliar seus poderes.
_ Eles roubaram o portal para ele, não foi?
_ Exato, ele pretende usar as três jóias para retirar todo o poder dos bruxos que já caíram naquele portal e assim se tornar o bruxo mais poderoso de todo o mundo.
_ E você sabe que é Lestrange que irá ajudá-lo, não sabe?
_ Sei – respondeu amarga.
_ Mas você, Umbridge, você pode mudar essa história.
_ Do que você está falando?
_ Já imaginou, ser a senhora de todas as bruxas? Subir ao poder junto com o Lorde? Porque eu vi, Umbridge, que o Lorde não vai subir sozinho. Ele vai escolher uma companheira para ajudá-lo a governar. E você já tem experiência. Já é ministra. Por que deixar que Lestrange assuma o poder ao lado dele. Ainda mais sabendo que ela é uma mentirosa.
_ Mentirosa?
_ Mentirosa, sim... Ela disse ao lorde que é dona de uma coisa que não lhe pertence. Ela o está enganando. E só você pode mostrar isso a ele.
Umbridge estava muito afetada. Andava por todo escritório e Rony teve que se desviar antes que ela esbarrasse nele. Como da outra vez, dizia coisas que só ela mesma entendia.
Rony pensou o quanto era fácil manipular alguém sedento pelo poder.
_ Diga, o que eu preciso fazer?
_ Você não acha que eu já ajudei você demais apesar do que você me fez?
_ Oh, eu não sabia, eu juro que não sabia... Eram as minhas ordens. Eu precisava cumpri-las.
_ Vamos fazer um trato, então. Eu lhe digo o que fazer, se me ajudar também. Existe uma certa pessoa com que preciso acertar contas. Agora que estou morto adoraria assustar o Draco Malfoy.
_ Eu sei, eu sei onde ele está! – berrou ela – procure um armazém abandonado, próximo ao Queen’s Park, em Londres. Ele está preso em uma sala no segundo andar. O único guarda que fica é um projeto mal-feito de dementador mestiço.
_ Perfeito, Umbridge, perfeito! Agora eu vou lhe dizer o que fazer. Você precisa atrasar o Lorde. Precisa impedir que ele vá até o Altar. Porque se ele fizer isso, vai acontecer uma tragédia. Ele fará o ritual pela metade e isso pode gerar o efeito contrário.
_ Sim, eu farei isso! – respondeu a bruxa atordoada.
Ela ficou ali, em pé, imóvel. Parecia ter perdido a noção de todas as coisas. Rony queria sair da sala e não via como. Até que teve uma idéia.
_ Umbridge, mais uma coisa, o meu irmão, Percy.
Ela despertou do transe:
_ O que tem ele?
_ Ele merece ser bem tratado. Afinal eu só vim falar com você em consideração ao que fez por ele. Então, por que não manda alguém chamá-lo para tomar um chá com você. Ele adora sua companhia.
Ela assentiu com a cabeça e saiu da sala para chamar um estagiário e Rony aproveitou para sair da sala.
Caminhou próximo a parede para ter certeza que não ia esbarrar em ninguém. E quando chegou a sala de Percy, este estava bufando de raiva.
_ Você, aposto que foi idéia sua! – disse quase jogando um livro no irmão.
_ Eu precisava sair de lá, ok? – respondeu Rony enquanto devolvia a capa para Harry.
_ Mas deu certo? – perguntou o dono da capa.
_ Deu. Ela está atordoada e me passou o endereço de onde prenderam Malfoy.
_ Ótimo! Agora precisamos fazer contato com Lucius.
_ Isso não vai ser problema – falou Percy um pouco mais calmo – Lucius vem ao Ministério todos os dias. Se quiserem, amanhã eu dou um jeito de marcar um encontro com ele.
Eles prepararam um bilhete anônimo, com os seguintes dizeres:
Sabemos tudo sobre seu filho. Se estiver disposto a fazer qualquer acordo, apareça no endereço abaixo.
Não se preocupe, não queremos dinheiro!
Percy ainda informou aos garotos onde poderiam almoçar e as lojas bruxas que tinha por ali. Na volta para o esconderijo, eles passaram em alguns lugares e compraram comida e doces para levar para Mione e Gina.
Rony ainda quis comprar um presente para Mione e escolheu um livro antigo, intitulado Runas Numéricas e Aritmancia – a ligação entre as duas ciências mágicas. Harry também pensou em levar alguma coisa para Gina.
Entrou em uma joalheria. Não havia muita coisa em exposição. Tempos difíceis, foi a explicação do vendedor para o estado de total abandono da loja. Harry achou um anel de ouro branco, com um pequeno rubi em foram de estrela. Era o que ele levaria.
Rony ficou sem graça com o fato do amigo poder dar uma jóia de presente enquanto ele só podia comprar um livro.
_ Eu adoraria que a Gina gostasse tanto de ler quanto a Hermione, mas ela não gosta. Tenho certeza que Hermione vai amar o seu presente.
_ Ninguém gosta tanto de ler quanto ela. Isso é óbvio. Mas, por favor, não entregue esse presente na frente de Mione, está bem?
Harry concordou. Ele não queria se exibir quando comprou o anel. Mas Gina teria que abrir mão do colar de Andriax. E aquele era o símbolo do que eles tinham feito. Achou que o anel poderia remediar a situação, até que eles pudessem reaver o colar.
Chegaram em casa animados e mostraram as compras para as garotas. Foi quando repararam que a casa estava mais limpa e organizada.
_ A gente não ia passar o dia à toa, não é mesmo? – informou Mione.
Eles comeram algumas das coisas que os rapazes compraram e foram para a sala descansar.
_ Podem começar a contar tudo. Todos os detalhes – pediu Gina.
Rony narrou tudo, desde a cara de espanto dos trouxas até o apavoramento de Umbridge acreditando estar sendo assombrada pelo espírito dele. As duas quase choravam de rir com a história.
Quando Rony terminou, Mione, ainda rindo, comentou:
_ Pelo menos atrasamos um pouco as coisas para Tom, não é mesmo? E temos algo para barganhar com Malfoy.
_ É, Percy foi incrível! Mamãe e papai ficariam orgulhosos – disse Gina.
Eles ficaram em silêncio. Tinham esquecido de como os Weasley ficariam preocupados com o sumiço deles. Mas não poderiam avisar ninguém. Seria colocar mais gente em perigo.
_ Talvez Percy os avise de que estamos bem – ponderou Harry.
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