A Câmara Secreta
Depois de dois meses de aula, um aluno trouxa foi petrificado. Ninguém soube explicar como, mas ninguém se preocupou. Pelo menos, não muito. Então, três semanas depois uma garota do primeiro ano, também trouxa, também foi atacada. Agora todos estavam ficando em alerta.
Tempos depois, houve três petrificados em uma única semana. Todos entraram em pânico, os alunos iam acompanhados de professores a todo lugar, inclusive ao banheiro, onde eles esperavam do lado de fora. Mas não adiantava nada, os alunos trouxas continuavam sendo petrificados, com ainda mais freqüência. Estava falando em fechar a escola.
- Willow, pense! – exclamei, enquanto conversávamos, juntamente com Sam e Rúbeo, no Salão Comunal – Quem está fazendo isso não se importa se a escola for fechada!
- Nem com os nascidos trouxas – acrescentou Rúbeo.
- Ha! Está na cara que é alguém da Sonserina! Nenhum deles foi atacado ainda.
- Mas que poderia...? – começou Willow, mas sua voz foi sumindo aos poucos, e ela se calou. Era quem estava mais apavorada com a situação. Eu também estaria se estivesse no lugar dela, afinal, ela é nascida trouxa. Rúbeo também estava correndo perigo, mas não parecia muito preocupado, e vivia sumindo entre uma aula e outra ou durante a noite. Eu e Sam éramos puros-sangues, então não corríamos perigo.
Como uma boa detetive, fui atrás das gêmeas. Se alguém da Sonserina estava fazendo aquilo, elas saberiam.
- Oi, Brenda! – disse sentando-me ao seu lado na aula de poções. Estávamos em nível de N.I.E.Ms agora, e ela havia passado, mas não Cíntia.
- O que você quer?
- Saber quem está por trás desses ataques.
- E você acha que eu vou te dizer qualquer coisa sobre isso? – perguntou com ar de desdém.
- Bom, não – eu sabia que teria que apelar para o ponto fraco dela – Mas eu soube que Heather foi pega por um professor com um garoto ontem à noite, na torre de astronomia.
- Jura? – os olhos dela brilharam – Mesmo? Que garoto?
- E você acha que eu vou te dizer qualquer coisa sobre isso? – perguntei imitando-a. Ela amarrou a cara.
- Oh, tá legal. Eu te conto. Depois da aula na biblioteca.
Depois da aula consegui escapar com Brenda até a biblioteca, e nos escondemos atrás de uma estante.
- E então, o que você sabe sobre as petrificações?
- Bem... – começou ela, fazendo suspense.
- Vai, fala logo!
- Tá legal! Estão dizendo por aí que... esses sangues-ruins estão sendo petrificados por que... por que a Câmara Secreta foi aberta.
- A Câmara Secreta? – é eu teria que ficar um bom tempo na biblioteca, hoje.
- Aham – ela assentiu, balançando os cabelos loiros – E então? Quem estava com Heather? Quem a pegou? O que aconteceu com eles?
- Com o Simon.
- O ex namorado da Jesse?
- Sei lá quem ele namorava antes! O professor Slughorn os pegou, e perderam vinte pontos cada.
- Ai meu Deus! E...?
Ela ia esticar o assunto, mas eu não ia deixar. Se dependesse dela ficaríamos ali o dia todo, e ela ia querer saber T-U-D-O, desde há quanto tempo eles estavam saindo, até a meia que a garota estava usando.
- Escuta, quem você acha que abriu a Câmara? – perguntei interrompendo-a enquanto ela começava a perguntar se eu achava que ele estava traindo Jesse, saindo com Heather antes do namoro com a outra acabar.
- Hã? – ela piscou os olhos, confusa – O quê?
- Você tem uma dica de quem esteja abrindo a Câmara?
- Bom, só quem pode abri-la é um legítimo herdeiro de Salazar Slytherin. Mas este é o problema – ela fez cara de preocupada – O único herdeiro de quem se tem conhecimento é um homem que acabou de sair de Azkaban e todos dizem que está totalmente louco! Perdeu o juízo, com certeza. E é bem nojento – ela fez uma careta – Não está em condições de vir a Hogwarts matar trouxas.
- Então você acha que há outro? Outro herdeiro de Slytherin? Que está aqui na escola? – eu sabia que não adiantava muito perguntar essas coisas para Brenda, mas ela era minha única fonte de informações.
- É claro que não – ela riu, como se a idéia fosse uma completa loucura – Pelo amor de Deus, garota! O último herdeiro é louco, e até acho que ele tinha uma irmã, a tal que desonrou a família, mas ela já morreu. E se quer saber, o marido provavelmente a matou quando se deu conta do monstro com que havia se casado! Já viu as fotos? Ela era horrível! – disse rindo.
E então saiu correndo para contar sobre Heather e Simon para possivelmente a escola inteira.
Depois de um tempo consultando metade da biblioteca, consegui boas informações sobre a câmara secreta, inclusive sobre a lenda que diz que dentro dela há um monstro que somente alguém cujo sangue de Slytherin corra nas veias é capaz de controlar. Então agora eu tinha que ler sobre o fundador da Sonserina, para conseguir alguma pista sobre o monstro da câmara.
Levou algum tempo para que eu chegasse à conclusão de que o que tinha lá dentro era uma cobra. Provas: ele era ofidioglota e louco por serpentes. Era conhecido, inclusive, como Língua de Cobra. Mas... como uma cobra poderia petrificar pessoas?
Contei aos meus amigos o que havia descoberto. Eles ficaram realmente surpresos. Rúbeo não estava presente, havia sumido novamente e ninguém sabia para onde.
- Mas esse tal Morfino... ele é realmente louco, não é? – perguntou Willow, tentando analisar os fatos.
- Claro que é.
- Então não vejo como... você tem certeza de que não há outro herdeiro? A mulher pode ter tido um filho.
- Acho que não. O trouxa fugiu poucos meses depois e a mulher nunca voltou. Morreu, com certeza.
- Mas Clear... é uma possibilidade. Ele talvez esteja em Hogwarts agora mesmo.
- E obviamente na Sonserina – disse Sam.
- Então estamos procurando um garoto órfão...
- Ou garota! – acrescentou Willow.
- Certo, ou garota, que seja mestiço, possivelmente ofidioglota, e, é claro, sonserino. Eu não conheço ninguém assim, e vocês?
Sam me olhou com uma expressão estranha. Mas com certeza não era nada bom.
- Não? E que tal Tom Riddle?
- O santo? Ah, por favor! Ele não ia querer que a escola fechasse, ele é... – eu me calei. Tom era órfão. E mestiço, mas mesmo assim fora para Sonserina. E se Sam estivesse certo? E se Tom tivesse mesmo...?
- Não acredito que você está defendendo ele!
Nessa hora, Willow, que tinha entendido o recado, saiu. Eu deitei a cabeça no ombro de Sam.
- É claro que não – murmurei – Não estou defendendo Riddle. Você está bravo comigo, agora? Eu não fiz nada que...
- Ok.
- Não, não está ok! Você está bravo por algo que eu não fiz!
- Não estou.
- Está sim! Está com ciúmes do santo Tom, e eu nem sei por que! Você sabe o que eu acho dele, é só um metido, que se acha o máximo.
Ele olhou bem nos meus olhos e saiu, para o dormitório dos garotos. O que estava acontecendo agora?
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