Ameaça
Sam não olhava mais na minha cara, Willow estava com Matt, e Rúbeo ocupado com outro dever de casa. Por isso resolvi procurar mais sobre a Câmara Secreta, sozinha. Ainda era só quinta feira e eu estava louca para que o fim de semana chegasse. A aula de Herbologia daquele dia fora cancelada por causa da chuva, e achei que não havia perigo para mim em sair do Salão Comunal.
Estava a meio caminho quando alguém esbarrou em mim. Uma garota, que eu só conhecia de vista, que achava que era do quinto ano. Ela chorava de soluçar e eu tentei acalma-la.
- Ei, o que houve?
- Ela... ela...
- Ela, quem?
- Murta – soluçou ela – Eu tinha rido dela por causa dos óculos... ela correu para... chorando... mas agora... o professor Dippet... não sei o quê fizeram...
- Tudo bem, tudo bem – tentei acalma-la – Vai ficar tudo bem.
Eu fui até o corredor do banheiro, e Olívia Hornby – como ela se apresentou, entre soluços – me seguiu, ainda chorando. Vi Riddle andando depressa por aquele corredor, mas não prestei atenção a ele, estava por demais ocupada no momento.
- Fique aqui – disse a ela.
Eu entrei. O banheiro estava silencioso e tudo parecia em ordem, a não ser... olhei para o chão. O corpo de uma garota estava lá e o fantasma da mesma flutuava por sobre ele, olhando para tudo, abismado.
- Meu Deus! – murmurei.
- É mesmo, não é? – choramingou a fantasma – E pode dizer a Olívia que a culpa é toda dela! Estou... estou...morta! – ela caiu no choro.
- Você é a Murta?
- Sou... – fungou ela – Ou melhor... era.
- O que aconteceu? Quem atacou você?
- Eu não sei – gritou estridentemente – Um garoto entrou aqui e disse algo esquisito! Eu quis mandá-lo embora, mas então... Então eu...
- Você morreu?
Ela deu um grito tão alto que me assustou e então saiu voando para um boxe próximo e se escondeu nele. Eu saí do banheiro e corri até Olívia. Ela ainda não havia parado de chorar, e vi de relance Riddle correndo para lá, com professor Dumbledore em seus calcanhares e acompanhado de mais alguém... o diretor Dippet.
- O que aconteceu? – perguntou Dumbledore com a voz grave, enquanto o diretor entrava no banheiro e ia verificar se aquilo era mesmo verdade.
Olívia ia dizer algo, mas não conseguiu, então eu disse a Dumbledore que Murta estava morta e o que ela me contara. Dumbledore lançou um olhar rápido a Riddle quando mencionei que quem quer fosse havia dito algo estranho, que ela não havia compreendido.
- Entendo... Muito bem, Sr. Riddle, leve a Srta. Hornby para a Ala Hospitalar. Pode ir junto, Srta. Manchester.
Assim nós seguimos para a Ala Hospitalar, Olívia ainda chorando de soluçar ao meu lado. Chegamos lá e a enfermeira fez questão de dar a todos nós poções calmantes. Então, quando estávamos saindo – eu e Tom, Olívia ia passar a noite lá – Willow entrou seguida por Sam e Rúbeo.
- Clear! – ela se jogou em mim, me abraçando – Clear, é verdade? Os boatos, eu não pude acreditar! Murta está mesmo morta? Você viu o corpo? Você está bem? Viu quem fez isso?
- É, é vi o corpo. Mas não havia mais ninguém lá... – disse em voz baixa, indicando Riddle.
Mas espere, disse uma voz metida na minha cabeça, Riddle estava lá, lembra? Ele estava no corredor onde a garota foi morta, esqueceu? E se for ele? E se ele estiver atacando toda essa gente?
- É melhor conversarmos em outro lugar – sussurrei, e nós fomos todos para o Salão Comunal.
- Hoje a noite, temos que investigar – disse Sam – Os alunos estarão todos nos salões comunais, e os professores estarão ocupados cuidando de todos, mas se sairmos um pouco antes, poderemos escapar.
- Certo – concordei – Mas Willow terá que ficar.
- Ei! – ela me olhou indignada.
- Murta morreu, Willow, e você pode ser a próxima. Fique aqui e nos encoberte se alguém perguntar onde estamos.
- Certo, eu fico. – disse mal-humorada – E, pessoal? Boa sorte.
Nós resolvemos nos separar por que assim teríamos menos chances de sermos pegos. Eu fui direto para o banheiro do segundo andar. O fantasma de Murta não estava por perto. Mas quando me aproximei da porta, ouvi um som estranho, um sibilo irreconhecível... seria língua de cobra? Parei com a mão na maçaneta. Vi a porta se abrindo e que alguém estava saindo dali... Tom Riddle?
- Clear? – a cor se esvaiu de seu rosto, ele parecia muito preocupado.
- O que... o que está fazendo aqui, Tom? – a pergunta não saiu com a desconfiança que eu queria, saiu trêmula e cheia de medo – Es...este é um banheiro feminino.
Havia barulho atrás dele. Eu fiquei na ponta dos pés para ver o que era. Algo enorme parecia estar deslizando pelo chão. Era uma cobra. Ela ergueu a cabeça... Tom tapou meus olhos com a mão – “O quê...?” comecei a perguntar, mas então eu ouvi algo que me deixou em choque – um sibilar rouco sair de seus lábios. Então depois de um tempo ouvindo o deslizar áspero do animal com o chão, o barulho cessou.
O chão pareceu se abrir embaixo dos meus pés. Tom. Tom, o herdeiro de Slytherin... ele havia petrificado aqueles alunos, havia matado Murta... era ele o responsável pelos ataques aos trouxas.
Senti que estava andando, ele inclusive já tinha descoberto meus olhos, mas eu estava em outro mundo. Não conseguia raciocinar direito. Por Merlim! Eu sabia que ele era mau, que era metido e não gostava de alunos trouxas, mas... Matá-los? Ele era um assassino.
- Você vai esquecer o que viu – disse ele, me empurrando contra a parede de uma sala de aula, em que havíamos entrado, as mãos firmes em meus ombros.
- Não... – sussurrei, amedrontada com o olhar frio que perfurava os meus olhos – Não, Tom, o quê...? Por que a Murta?
- Ela se meteu no meu caminho! – disse sem aparentar arrependimento – Se não tivesse saído para xeretar ainda estaria viva – falou ainda me encarando – Não teria tido o fim que teve.
- E os outros...nascidos trouxas? Tom...? – supliquei com a leve esperança de que não tivesse sido ele, mesmo sabendo que era impossível, que era óbvio que fora ele todas as outras vezes.
- Eles mereceram aquilo. Não deviam estar aqui. Apenas os bruxos puros-sangues devem ter acesso à magia. E é meu dever como herdeiro de Slytherin purificar a raça bruxa, e acabar com eles... com todos eles.
Eu estava prestes a chorar, sem saber mesmo o porquê, mas eu estava tão abalada... Tom tinha matado alguém e pretendera matar tantos outros... E eu... eu gostava dele. Que bela hora para admitir que estava apaixonada por ele! Então voltei a olhar em seus olhos, negros e frios.
- Você não tem direito de dizer isso – sussurrei – Um mestiço não tem o direito de chamar os outros de sangues-ruins! – exclamei com raiva.
Ele não respondeu. E de repente, outra pergunta me veio à cabeça.
- Por que não deixou que a cobra me matasse? – perguntei em voz baixa e lenta.
Ele me encarou por mais um segundo, e respondeu devagar, sem tirar os olhos dos meus.
- Eu não podia matar você...
- Por que não?
- Por que... Por que você... você tem sangue-puro, afinal – disse se afastando bruscamente, como se somente agora tivesse se dado conta do quão perto estávamos, e do quão longe ele fora.
Eu fiquei quase decepcionada com a resposta. Mas tinha mais com que me preocupar, e de repente percebi que estava chorando. Sequer me importava que ele me visse chorar, sequer me importava com coisa alguma. Teria que contar ao professor Dumbledore. Ou ao diretor. Senti a mão dele erguendo meu rosto e secando as lágrimas. Droga, porque agora ele estava sendo tão delicado?
- Não vou deixar que a escola feche. Isso seria prejudicial para mim também.
Eu olhei para ele incrédula.
- Será que você só pensa em si mesmo? – gritei, empurrando-o para longe.
- Não posso me preocupar com os outros. Tornaria-me fraco e vulnerável. Seria traído algum dia...
- Poupe as palavras, Tom. Vai precisar delas quando eu contar a todos...
- Você não vai contar a ninguém.
- Ah, não? – perguntei sarcástica – E por que não?
- Porque se contar – ele sorriu de um jeito tão frio que fez os pêlos da minha nuca se arrepiarem – terei que matar você.
N/A: Desculpa a demora,prometo que vou postar os capitulos mais rapido!
Continuem deixando comentarios....bjoss
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