O Ensino dos Trouxas



Capítulo 40: O Ensino dos Trouxas


Karen ainda refletia sobre os acontecimentos da noite anterior. De como a tia adorava lembrá-los, durante o jantar, de suas inúmeras histórias dos tempos de jovem, o que poderia ter sido há muito tempo atrás. Assim como também, sentia falta de toda sua família, de sua irmã, sua tia e, mesmo com uma pontinha de relutância, da sua tia-avó Margô. Mas sentia falta de alguém em especial, que até então, não havia dado sinal de vida. O café já começava a esfriar na sua mão, quando Harry entrou na cozinha acordando-a de seus pensamentos. Ele se dirigiu a ela dando lhe um beijo de bom dia.
-O que houve?
-Nada. Só tava pensando. – sussurrou tomando um gole de café.
Harry se servia, olhando meio torto pra ela.
-As visitas já acordaram?
-Acho que não. – respondeu ela, olhando um ponto fixo na mesa.
-Recebi uma carta do ministério esta manhã. Rony disse que preciso ir pro trabalho logo. Você não está pronta?
Apenas balançou a cabeça negativamente, parecia triste.
-Ta acontecendo alguma coisa?
Karen o encarou nos olhos pela primeira vez naquela manhã.
-Não! Acho que, por enquanto, não.
Ele olhou-a mais atentamente.
-Tem certeza?
Não respondeu.
-Harry, porque a Pâmela não mandou nenhuma carta, hein?
-Vai vê ela...
-Ela prometeu que me mandaria uma carta quando chegasse. Olha, demorei muito pra lê-la e... – entregando lhe o pedaço de pergaminho que Pâmela havia lhe dado antes de partir. - Harry! Estou com medo.
Então começou a lê-la em voz alta:


Precisava lhe contar a verdade. Toda a história que lhe contei sobre ser transferida. Bom, era mentira! Na verdade, eu e Cleber estamos fugindo. Acho que queremos ter nossos filhos num lugar mais calmo. Sei que por aí uma grande guerra irá ser formada, quero dizer, já está formada e de um jeito ou de outro, teríamos que fugir. Prometa que vai me escrever e que não irá me odiar por mentir pra você. Você tem meu endereço. Em breve conversaremos de novo.
Boa sorte!


Harry não disse nada depois da leitura do recado. Ficou pensando se tudo aquilo era uma burrice ou não.
-Concordo plenamente com você. Fugir? Ela ta correndo perigo. – fez-se um longo silêncio até que uma coruja pousou no joelho de Karen.
-Carta? – perguntou olhando para Harry depois para a coruja.
Pegou a carta do pico da coruja e a leu.


Sra. Potter!

Exijo a sua presença no Ministério da Magia. AGORA!

Ministro da Magia.


-Como é que é? O Ministro está de volta? – perguntou Harry surpreso às suas costas.
-Parece que sim. – respondeu fracamente. – Vou até lá.
-Eu vou com você. Não quero que o Ministro...
-Harry! Eu sei que você está pressentindo o mesmo que eu.
-E o que você está pressentindo? Que o Ministro possa te expulsar do ministério?
-Talvez. – respondeu preocupada, se levantando.
-Não! Ele não pode fazer isso.
-Vamos logo! – disse ela rispidamente.


****


-Você não, Potter! Apenas a Karen! – avisou Bexter, uma veia pulsava na sua têmpora. Fechou a porta quando Karen entrou.
-Então, Sr. Como...?
-Fudge conseguiu fugir e está furioso com você por que apenas uns tempos fora deixaram o Ministério da pior maneira possível.
-Senhor, todos os nossos aurores estavam à procura dele! Ficamos dias e noites na esperança de encontrá-lo.
-Talvez até estivessem. Só que não encontraram. Sinto muito em dizer mais uma vez que... Está despedida, Sra. Potter. Não sei se lembra da última vez que nos vimos... Deixei bem claro que qualquer deslize seu, eu voltaria para o cargo. Está vendo, Sra. Potter. A justiça foi feita. Retire logo suas coisas do seu antigo escritório.
Karen ficou parada. Sentia seu rosto ficar quente de raiva. Queria muito estraçalhar o homem na sua frente a pancadas. A porta se escancarou e Harry entrou revoltado.
-O que pensa que está fazendo, Bexter? Karen fez o que podia para cuidar do ministro e é assim que ele retribuiu?
Bexter sorriu triunfante.
-Escutando atrás da porta, Potter? Não tenho culpa se sua esposa não se comportou bem e teve que ser despedida. Todos os jornais falando dela foram parar nas mãos do ministro e ele teve certeza que não queria alguém como ela no cargo. – respondeu calmamente. – Agora se me dão licença...
-Seu... - Harry segurou a gola das vestes de Bexter.
-Se eu fosse você não faria isso, Potter. Sou seu novo chefe e se ousar fazer o que ia fazer... Estará no olho da rua como sua mulher. – disse mais calmo que antes.
Harry bufou e o solto e este sorriu, indo a direção da porta.
-Retire logo suas coisas, Karen. – disse saindo.
Karen continuava parada. Harry percebeu seu estado de choque e correu para abraçá-la.
-De novo! – murmurou ela no ouvido dele.
-Esquece isso. Vamos pra casa.


****


A Volta de Fudge


Era a manchete do profeta na manhã seguinte e logo em abaixo.


Ministério promove baile de Boas Vindas ao Ministro.
Fontes confirmam que apenas funcionários participaram do banquete


-Harry eu não vou! – disse Karen com todas as letras lendo o jornal no café da manhã.
-Qual é Karen! Você é minha esposa.
-Eu acabei de ser despedida e não pretendo colocar os pés no Ministério tão cedo.
-Você precisa parar com isso! Fudge precisa perceber o quanto você fará falta na Sessão e vai acabar te chamando. É só uma questão de tempo. Espere só pra ver.
-Acontece que eu não estou a fim de usar um vestido nessa época do ano.
-Só que como minha esposa eu a proíbo de andar pelada pela rua.
-Muito engraçado, Potter. Você anda a cada dia mais idiota com essas suas gracinhas.
-Só achei que ia te animar. Ah vai! Vamos! Eu estava mesmo precisando de uma festinha.
-Em breve é... Natal.
-Mas eu estou me referindo a outro tipo de festa, tipo essa que...
-É quase o mesmo tipo de festa.
-Só que eu quero ir a uma festa completamente diferente do natal! Além do mais, falta muito tempo para o Natal!
-Harry, você ta parecendo uma criança, sabia? Você já ta me irritando!
Carolyn entrou na cozinha esfregando os olhos.
-Querida! Peça para a sua mãe parar de ser cabeça dura!
-Harry! – exclamou Karen indignada. - Não dê ouvido ao seu pai, Carolyn.
-Vocês estão brigando? – perguntou Carolyn sonolenta.
-Não, querida. Apenas estou convencendo a sua mãe a ir comigo ao banquete. – disse Harry, roubando o jornal de Karen para ler.
Karen lançou um olhar ameaçador a Harry, indo preparar o cereal de Carolyn.
-Mas parece que estão brigando.
-Não estamos! Mas em breve vamos estar se seu pai não parar com isso.
-Qual é Karen? Eu compro um vestido novinho pra você, te dou flores, faço o que você quiser, mas, por favor, vá comigo ao baile. – pediu Harry agarrando os pés dela, tentando em vão beijá-los.
-Harry, pára! – tentando se desvencilhar dele. Carolyn assistia a cena rindo. – Se não me largar agora, eu te estuporo sem piedade!
Harry a largou imediatamente, voltando a se sentar.
-Ótimo! Então eu vou sozinho. Espero que encontre uma... - Harry olhou para Carolyn que comia tranqüilamente o seu cereal.
-O que vai encontrar Harry Potter? – perguntou furiosa.
-Alguém! – respondeu por fim.
Karen sabia que ele estava tentando faze-la ficar com ciúmes e conseguiu.
-Ta bom... Eu vou com você. – sussurrou ela. - Preciso esquecer que estou sem emprego mesmo.
-Eu sabia que você iria. – disse sorrindo dando um beijo dela.
Carolyn fingiu um acesso de tosses. Harry e Karen logo pararam de se beijar, pois a coisa estava realmente esquentando e já tinham se esquecido da presença da filha. Ela riu baixinho.
-Ah! Quase ia me esquecendo de comunicá-los. – disse Karen se desvencilhando de Harry.
-Sobre o que? – perguntou Harry voltando a ler o jornal.
-Matriculei Carolyn numa escola trouxa! – disse excitada. Harry quase caiu da cadeira.
-O QUE?! E SÓ AGORA COMUNICA A GENTE? VOCÊ BEBEU? - Perguntou apavorado.
-Harry! Calma! Carolyn precisa fazer novas amizades e ela já tem idade de aprender alguma coisa. – disse Karen calmamente.
-Ta, eu sei disso. Só que uma escola trouxa não seria o ideal. A Sra. Weasley poderia ensiná-la, como fez com todos os filhos dela.
-Agora eu acho que você bebeu. Foi por isso mesmo que a matriculei numa escola. A Sra. Weasley não pode continuar cuidando da Carolyn o tempo todo, ela já se preocupa demais com o Andrew.
-Ela já disse que não se importa...
-Harry! Sinceramente...
-Hey! – chamou Carolyn que os observava ainda comendo. – Querem parar de discutir! Mamãe tem razão pai, talvez possa dar certo. Quando começa? – perguntou dando uma colherada no cereal.
-Hum... - Karen encarou Harry, que voltara a se sentar. – Em setembro.
Carolyn balançou a cabeça, sorriu para a mãe esfregando o olho.
-Vou acordar o Bil, ele deve estar com fome.
-Carolyn! Seria bom se fosse se vestir, Bil já comeu hoje! – disse observando a filha sair da cozinha.
-Satisfeita? – perguntou Harry atrás do jornal, parecia mal humorado.
-Qual é o problema, Harry? Ela gostou da idéia. O que você não está suportando é a idéia de que eu venci de novo. – disse Karen sorrindo.
-O que? Isso é sério, Karen! Não é questão de vencer, é questão de sobrevivência. Como quer que ela consiga se defender contra qualquer comensal da morte longe de um bruxo qualificado? – disse baixando a voz para Carolyn não ouvir. – Ela só tem cinco anos!
-Depois sou eu a paranóica! Sei que pensa isso, mas duvido que um comensal consiga pegá-la. Ela é uma bruxa, sabe se defender, mesmo não tendo demonstrado nenhum poder mágico... Até agora. Está assim, porque não gostava de estudar em uma escola trouxa quando criança.
Harry não respondeu. Seus pensamentos vagaram até os Dursley. O que estariam fazendo? Nunca mais os vira desde que saíra da casa deles com 17 anos para passar o restante das férias na casa de Rony.
-Não vai acontecer nada com ela. Eu garanto! – disse pegando na mão solta dele sobre a mesa. Harry continuou calado.
-Depois não diga que eu não a avisei se Carolyn não gostar da escola.
-Prefiro sustentar a pontinha de esperança de que ela vai se divertir muito. Agora vem cá! – disse ela puxando sua mão. Ele baixou o jornal, curvou o corpo pra ela e tocou seus lábios.
-Você venceu! – sussurrou. - Mas, não se esqueça que agora não tem nenhum auror cuidando dela.
-Sei disso. Vai ficar tudo bem, tenho certeza! – Karen sentou no colo de Harry naquele momento acariciando seu cabelo, até que um pigarro fez Karen pular longe dele um metro.
-Jovens! – era Margô.
-E então tia... hum... Dormiu bem? – perguntou Karen ignorando as caretas de Harry.
-Ah! É óbvio que sim. – respondeu ela fria e seca.
Harry e Karen se olharam.
-Amanhã vou voltar pra casa. Meus gatos precisam de mim. – disse se sentando.
-Achei que ficaria mais algumas semanas.
-Mudança de planos. Vou dar uma volta pela cidade logo depois.
-Acho que não é uma boa idéia, tia. Sabe... Comensais devem estar rondando por aí.
-O que é isso, Karen. Sei me cuidar. Não preciso de guarda costas, querida.
Os dois perceberam algo diferente em Margô, mas não ousaram falar nada.
-Mãeeeeeeeeeeee!! – Carolyn apareceu ofegante na porta.
Margô fez uma careta de desdém.
-Cadê o Billy? – perguntou ela chorosa.
-Não sei querida. Não estava no quarto com você?
-Karen! Se ela ta perguntando por ele é porque não tava no quarto dela.
Karen mostrou a língua para ele e este, deu-lhe uma piscadela.
-Pai, é serio! Eu quero o Billy de volta!
-Calma! A gente vai conseguir encontrá-lo. Ele teve ta escondido por aí.
Carolyn pareceu mais triste ao ouvir isso. Correu os olhos pela cozinha a procura do animal, desistindo ao encontrar os olhos da mãe.
-Sobe Carolyn. Seu pai vai procurá-lo e você...
-Eu? Karen, eu tenho que trabalhar.
-Fudge espera.
A garota olhou com tristeza para a mãe dando meia volta pra sala. Margô levantou da mesa limpando o canto da boca com delicadeza no guardanapo.
-Vou arrumar minhas coisas. – e saiu.
-Sua tia ta estranha. –Disse Harry baixinho.
-Pois é. Tinha a leve impressão de que ela sabe onde anda o Bil.


****


A rua estava movimentada de crianças e adolescentes em frente à escola. O prédio grande e bem cuidado aparentava proteção. Muitos adolescentes que ali passavam com mochilas, olhavam com desprezo para a escola. Quando Carolyn desceu do carro, aquela manhã, sentiu que ali não era um bom lugar, muitas crianças que passavam de mãos dadas com os pais pareciam tranqüilas, menos ela.
-Vem Carolyn! – chamou Harry.
-Não tem nada demais lá dentro. – encorajou Karen, segurando sua mochila.
Carolyn olhou para o carro depois para seus pais a sua frente e resolveu ir. A mãe estava certa, não havia nada a temer.
-Karen, você não me disse que havia adolescentes nessa escola. – disse Harry encarando um garoto que não parava de olhar para Karen.
-É uma escola, o que esperava?
Um ajuntamento de crianças num canto mais distante do pátio atraiu a atenção dos três. O sinal tocou a distância.
-Bom dia! Meu nome é Denise Bulstrode. Sou a nova professora do...
-Com Licença, todos já devem me conhecer. Sou a diretora deste estabelecimento de ensino Alice Sulivan. Espero que não tenham reclamações sobre nossa escola ao longo do ano. Mas qualquer sugestão ou reclamação, teremos o prazer de ouvi-los. – interrompeu a velha senhora forçando um sorriso.
Karen percebeu pelo tom de voz de Alice que não lhe agradava nenhum pouco ficar em volta de várias crianças. Perguntava-se porque alguém, que talvez não gostasse delas, viraria diretora de uma escola. Teve a nítida impressão de que Harry havia piscado para a professora que sem querer soltou um leve sorriso para ele, mas quis pensar que era só impressão.
-Bom, acho melhor irmos para a sala, não é crianças? Hm... Vamos?
Aquelas criaturinhas que a seguiam pareciam zumbis, nervosas demais para se dirigir a sala. A idéia de ser o primeiro dia de aula delas as enjoava. Algumas não queriam deixar os pais.
-Carolyn! – chamou Karen.
Carolyn olhou para trás correndo ao encontro da mãe logo em seguida.
-Faça qualquer coisa, mas... Não conte a ninguém sobre... Sobre aquilo que conversamos ontem.
Ela balançou a cabeça freneticamente, enquanto o pai acariciava seus cabelos e a mãe lhe dava um beijo na bochecha.
-Aaah! Parabéns de novo! Sete anos... Acho que estou ficando velha.
-Karen! – repreendeu Harry sorrindo.
-Vá logo, querida!
-Boa Sorte! – sussurrou Harry para ela.
Karen o beliscou de leve.
-Só quero que ela não se assuste.
-E dizendo isso está ajudando muito. – contrapôs Karen.
Carolyn deixou os pais discutindo e se voltou para a escola novamente.


****


Quando passou o sétimo aniversário de Carolyn, o ano em que a magia começaria a surgir dentro dela, já fazia semanas que as aulas haviam começado. Todos na turma já tinham seus grupinhos formados, já se conheciam e já eram amigos. O que tinham bastante em comum era a impressão que tinham da garota estranha de cabelos crespos, de ar intelectual (é claro que não sabiam o que significava essa palavra), ou seja, inteligente, que gostava de se “excluir” do restante da turma e que ninguém se atrevia falar. Tinham medo de chegar perto, mas não sabiam quase nada sobre ela, para ter essa impressão de ato. O que sabiam era que se chamava Carolyn. No fundo, era a garota meiga de que todos gostariam de ter como amiga, porém, ninguém sabia disso.
-Coloquei seu lanche na mochila. – avisou Karen guardando um saco plástico contendo dois sanduíches. Carolyn observava as pessoas chegando à escola com um olhar vago. – O que houve?
-Nada. – respondeu fracamente. Virando-se para olhar a mãe.
-Seu pai não encheu a sua cabeça com asneiras sobre a escola trouxa, não é?
Ela balançou a cabeça negativamente em resposta.
-Ótimo! – exclamou no momento que o sinal tocou.
Carolyn pegou a mochila já abrindo a porta do carro para sair.
-Hey! Não esqueceu nada?
Ela forçou um sorriso dando um beijo na mãe.
Quando abriu a porta da sala, todos os olhares se voltaram para ela, menos o da diretora que se encontrava em frente ao quadro negro. Dirigiu-se a carteira vazia mais próxima.
-A professora de vocês não pode vir à aula hoje. Vou substituí-la enquanto ela trata de alguns assuntos pessoais. Abram seus cadernos, quero que escrevam a tabuada do número 2. AGORA!
A sala resmungou alguma coisa inaudível.
-Ainda não aprendemos isso! – gritou alguém do fundo.
-Vocês não têm livros? PROCUREM! PESQUISEM!
Depois disso, dava voltas pela sala observando-os atentamente. Carolyn achava aquilo tudo ridículo. Seu pai tinha plena razão, não era necessário tudo aquilo.
-Hey! – chamou alguém. – Hey!
Ela virou-se para trás, uma garota ruiva a olhava com grandes olhos azuis.
- Você já acabou?
Como resposta balançou a cabeça.
-Poderia me emprestar? É rápido!
No momento que a garota lhe devolvia o caderno. As duas ouviram um pigarro ao lado.
-Dê-me o caderno, Srta. Potter.
-Diretora... Senhora... Eu...
Nem lhe deu tempo de se explicar. Alice lhe tomou o caderno de suas mãos e uma explosão de risinhos abafados invadiu o local. A garota ruiva fazia o mesmo que os outros. Carolyn teve certeza de que aquele pedido de ajuda era armação para que pensassem que Carolyn estivesse copiando dela.
Alice vasculhou todo o caderno dela, enquanto Carolyn torcia para que ela não encontrasse suas anotações.
Ela foi até a porta cochichou algo com a disciplinadora, que logo entrou na sala.
-Srta. Potter venha comigo!
Teve tempo apenas de ouvir novamente os risinhos abafados e um terrível baque que a mão da disciplinadora causou ao pousar sobre a mesa, cessando todos os murmúrios. Imaginou se ela não teria sentido dor, na mão direita, minutos depois que fez aquele gesto.
Acompanhou a diretora até a sua sala, em que esta pegou o telefone discando rapidamente um número anotado em uma agenda encardenada em couro. Fez sinal para que Carolyn se sentasse na cadeira em frente.
-Sra. Potter? Aqui é a diretora Alice Sulivan, Olá!... Não, apenas gostaria que comparecesse aqui na escola, no presente momento. Tem algo sobre sua filha que precisamos conversar... Ficarei aguardando. – e voltou a ler o caderno de Carolyn.
Em questão de minutos, ou talvez segundos, foi o que pareceu para Carolyn que teve certeza de que a mãe havia aparatado alguns metros dali, aflita, ela entrou como um furacão na sala, provavelmente achando que a garota havia sofrido um acidente. Ao vê-la sentada ali respirou aliviada.
-Aconteceu alguma coisa, diretora?
-Ah! Olá Sra. Potter! – desviando sua atenção do caderno para Karen.
Karen olhou intrigada para Carolyn que deu com os ombros.
-Oi! – forçou um sorriso.
-Carolyn, pode nos dar licença um instante? Eu e sua mãe precisamos conversar.
Ela levantou da cadeira e saiu sem dizer nada. Karen sentou na cadeira desocupada esperando por explicações.
-Tem visto o caderno de sua filha ultimamente?
-Claro que tenho! – mentiu.
-Bom, quero que leia isto. Ia lhe passando o caderno.
Karen olhou-a duvidosa e depois leu.
Havia fórmulas e mais fórmulas químicas e matemáticas, Karen respirou aliviada por um momento, achou que fosse algo relacionado à bruxaria. Mas, assustou-se ao ver nos cantos das páginas feitiços.
-Fiz faculdade há alguns anos. – disse apontando orgulhosa os diplomas nas paredes. – Tive uma boa noção sobre isso e posso ter certeza de que isso está certo. Percebi que sua filha, além disso, escreve em latim e sabe até mesmo, matérias difíceis como álgebra, física e outras mais. Posso ter certeza que, aqui, ela não aprendeu tudo isso, seus coleguinhas não sabem nem a tabuada do 2. Sua filha estudava em outra escola ou copiou isso dos livros? O que eu acho que a última hipótese pode ser descartada.
Karen ficou sem palavras o que poderia dizer. Carolyn estava demonstrando cada vez mais o dom de Corvinal.
-Carolyn não copiou dos livros, tenho certeza... Tenho ajudado ela, pois... Ela tem... Tem tido interesse em aprender esses assuntos desde pequena.
Alice demonstrou divertimento na voz a partir daí.
-Está explicado. Parabéns, Sra. Potter, deve ser fantástico ter uma filha tão inteligente. Mas, não seria muito avançado para uma garotinha da idade dela?
-Carolyn gosta de aprender, não vejo problema nisso.
-Tudo bem. – houve uma pausa para ela voltar a olhar os diplomas na parede. - Andei pensando se... Talvez, pudéssemos passá-la para o 2º grau ou até mesmo, para a faculdade, o que acha?
-Acho melhor não, Carolyn é muito nova. Como à senhora antes mencionou. Isso seria um nível muito avançado para ela.
-É claro que sim, mas... Ela é muito inteligente e ninguém se importaria com isso.
-É claro que se importariam... Quero dizer, deixe tudo como está. Só peço que... Ninguém mais saiba apenas a professora dela. Também gostaria de conversar com ela sobre o assunto.
-Talvez outro dia, a professora Denise tem tido problemas pessoais para resolver e não pôde vir dar aula hoje.
-Ah! Tudo bem então, venho outro dia. Conversarei com o meu marido e com Carolyn quando chegar em casa, mas por enquanto deixe tudo como está.
-Está bem! Isso fica só entre nós.
-Bom... Se me permite...
-Sim, claro! Tenha um bom dia, Sra. Potter. – e sorriu.
Karen retribuiu o sorriso e saiu encontrando Carolyn sentada no chão, que se levantou rapidamente ao ver a porta se abrir e a mão sair com o seu caderno seguro na mão.
-Conversamos quando chegar em casa. Venho buscá-la mais tarde. Vá pra sala, agora! – disse beijando-a.
Carolyn saiu cabisbaixa carregando o caderno que a mãe lhe devolvera.
Finalmente Carolyn sentou-se na carteira no mesmo momento que o sinal para o recreio tocou. Resmungou algo em descrença.
-Vai ser expulsa Potter?
Carolyn viu a garota ruiva a olhando com desdém. Achou a garota burra e ingênua demais.
-O que é isso? – perguntou com nojo.
Ela olhou para a sua mão segurando os sanduíches do lanche.
-Meu lanche. – respondeu simplesmente.
Ela deu um tapa em sua mão deixando cair os sanduíches de Carolyn no chão. Fez menção de falar algo.
-Você não queria isso. – disse pisando em cima deixando-os em migalhas. Era seu sanduíche preferido e Carolyn não deixaria tão barato. -Você é muito estranha. De onde veio? Do manicômio? – e riu da piada sem graça.
A raiva subiu sobre o seu corpo em questão de segundos, apenas teve tempo de ver a garota coçando a bochecha e sem desviar o olhar desejou que seu rosto se enchesse de furúnculos. No mesmo momento, o primeiro aparecia seguido de vários outros, a disciplinadora entrou, encontrando apenas as duas na sala. A ruiva gritava passando a mão no rosto.
-O que você fez? – perguntou a disciplinadora à Carolyn.
-Nada!
-Claro que fez! Você viu, não tinha ninguém aqui, só ela! – gritava a garota desesperada.
A disciplinadora olhava com nojo para a garota que correu para a enfermaria, depois de gritar:
-SUA BRUXA!
Carolyn sorriu triunfante. Sim, ela era. A mulher ao seu lado percebeu.
-Diretoria Potter!


****


-Rachel! Ela não poderia ter feito nada, é só uma criança.
-Posso jurar que vi a garota olhando a outra e... Coisas crescerem no rosto dela. – disse fazendo gestos largos.
-O que acha? Que foi tudo magia?- disse a diretora rindo. – Por Favor! Avise-me quando tiver algo realmente importante. Pode sair Carolyn! Rachel! Traga água, por favor! - Carolyn sorriu e saiu feliz pela primeira vez desde que chegou naquela escola. Tinha certeza que aquele sorriso sumiria, quando chegasse em casa, naquele mesmo dia. Mas precisava contar aos pais.


****


A notícia de que Carolyn havia criado furúnculos no rosto de Sofia, se espalhou rápido pela escola. Só que, se antes ninguém prestava atenção na garota estranha da 1ª série, agora a acham mais estranha ainda e qualquer contado físico poderia lhe causar furúnculos pelo corpo todo. Mas, pelo menos, Sofia não se aproximava dela.
Karen estacionou o carro em frente à escola e ficou observando por alguns minutos a filha sentada sozinha em um banco próximo. Ninguém a olhava ou dizia algo, apenas passavam, mas Carolyn parecia triste por isso. Saiu do carro e foi até ela.
-Carolyn! Vamos?
Ao ver a mãe ela pegou suas coisas e seguiu-a para o carro. Nenhuma das duas falou nada o trajeto todo.
Carolyn subiu para o quarto correndo no momento que pôs os pés em casa e só voltou quando ouviu a porta bater e o pai atirar-se no sofá. Correu para abraçá-lo e beija-lo.
-Cadê a sua mãe?
-Deve estar na cozinha. Pai! Você achou o Bil?
Harry abriu a boca para dizer que não, mas Karen entrou na sala.
-Carolyn preciso conversar com seu pai.
Deu outro beijo no pai e subiu correndo as escadas.
-O que houve?
-Fui chamada na escola hoje.
-E...?
-Acham que Carolyn é superdotada. É muito inteligente para a idade dela.
-Tinha por quem herdar. Olha pra você! Não vejo problema nenhum nisso. – e foi para a cozinha.
-Acontece que querem passá-la para séries mais avançadas.
-E o que disse?
-Que não, é claro! Ela é muito nova. Chamaria muita atenção.
-Então você já resolveu tudo? Não é realmente isso que quer me falar, não é?
-Não! Andei observando ela na escola.
-Karen! Disse que não ia fazer isso!
-Eu sei! Mas, era necessário. Carolyn tem problemas para se relacionar com as outras crianças.
-Eu disse que não era uma boa idéia coloca-la naquela escola.
-É preciso, Harry! Tenho pena dela por isso. O que faremos?
-A retiramos de lá.
-Não! Quero que Carolyn aprenda o ensino trouxa.
-Aprender o que? Ela já sabe tudo.
-Já discutimos isso antes, Harry! Mesmo que Carolyn já saiba, ela precisa aprender que os trouxas não são inimigos nossos. Não quero que ela seja uma puro sangue com ódio de sangues ruins.
-Karen, não viaja! Carolyn não é assim e não precisa de uma escola trouxa pra aprender isso.
-Harry, não quero discutir isso com você!
-Também não quero discutir!
Houve uma pausa, enquanto os dois tentavam voltar à respiração normal.
-Não queria que os coleguinhas da Carolyn a excluíssem. Sabe... Até a deixaria ir para séries mais avançadas, mas... Chamaria muita atenção. Alguém pode deixar vazar que Carolyn é inteligente para William, não acha?
Harry balançou a cabeça concordando.
-Não se preocupe, Carolyn vai conseguir sair dessa. – disse a abraçando. – Mas ainda acho que Carolyn ficaria mais protegida em casa.
Karen não respondeu apenas se desvencilhou dele.
-Carolyn almoço!
Carolyn estava ouvindo tudo e arrumaria um meio de persuadir o pai para sair daquela escola.
-Como foi seu dia, pai?
-Bom, foi normal! Parece que as coisas estão normais, por enquanto, no mundo da magia.
-O que fez na escola, Carolyn? – perguntou Karen.
-Fiz furúnculos crescerem no rosto de uma garota chata da escola. – disse normalmente, tomando um gole de suco. Harry se engasgou.
-O que? – perguntou Karen. –Sabe que não pode...
-Papai disse que fazia magia quando pequeno e que você também.
Karen olhou para Harry com fúria.
-O que anda dizendo a ela?
-Qual é Karen?! Você nunca fez magia quando estava nervosa, com raiva ou triste na infância? Claro que já fez. Tenho certeza que Carolyn fez isso sem querer, não é?
-Bom... Na verdade, sim e não. Estava com raiva. Quando vi, apareceu.
-Diga que ninguém viu além dela! – falou Karen parecendo que teria um enfarte.
-A disciplinadora viu, mas ninguém acreditou nela.
Karen não falou mais nada. Baixou a cabeça e continuou o almoço. Carolyn e Harry se olharam sem entender, porém, também não falaram nada.


****
-Fico feliz que tenha parado com essa loucura de que Carolyn não pode usar magia. Podíamos ensiná-la alguns feitiços, já que pode precisar para se defender. – disse Harry empolgado naquela noite.
-Harry! Sobre isso é melhor não falarmos mais nada. Carolyn quase expôs o nosso mundo, já pensou no inquérito que iria enfrentar?
-Isso não seria problema, afinal o ministério não anda se importando muito com isso.
-Violação do Estatuto de uso Indevido de Magia por menores, não é problema? O que está acontecendo?
-Você vai ver no banquete. Talvez tudo seja mais explicado. O ministro anda meio louco.



N/A: OOI! Caraça consegui! \õ/ Finalmente capítulo 40, betado.  Fico feliz que estejam gostando da fic, apesar da autora escrever muito mal =P Havia me esquecido completamente que havia escrito uma fic. Por isso a demora pra posta tudo. Na verdade, a fic já ta finalizada, mas ainda precisa se betada. Obrigado por tudo e continuem comentando. Beeeijos:***

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