As Aparências Enganam



Capítulo 31: As Aparências Enganam


No sábado por volta das 20horas, Harry, já vestido com o seu smoking, rumou até a nova casa de Karen. Tocou a campainha duas vezes e esperou. Passados alguns minutos a porta se abriu.
-Você está elegante, pai! – elogiou Carolyn.
-E a sua mãe?
-Ta terminando de se arrumar. Pediu para esperar.
-CAROLYN! QUEM É? – gritou Karen do andar de cima no momento em que Harry entrou fechando a porta.
-É O PAPAI! – gritou ela em resposta. Carolyn voltou para o sofá, onde brincava com uma boneca de pano.
-O que está fazendo? – perguntou Harry curioso.
-Brincando com a minha amiga Daphne – respondeu sorridente.
Harry sorriu, pensava em como a filha podia ser tão fascinada por uma só boneca, se haviam outras em seu quarto. Achava que talvez fosse, porque era um presente de seu avô, Alan.
-Quem vai vim cuidar de você?
-Pâmela. Só que ela não apareceu ainda, está atrasada.
Ele balançou a cabeça. Seus olhos se voltaram automaticamente para a escada, onde Karen descia delicadamente, vestindo um lindo vestido verde limão, brilhante, estilo tomara-que-caia, justo até a cintura e rodado na parte da saia. Os cabelos cacheados, pela primeira vez que Harry vira, estavam soltos no que a deixava mais linda. Ela não esperou nenhum elogio, muito menos ele.
-Oi! – disse Karen forçando um sorriso.
-Oi! – disse em resposta, forçando outro sorriso.
-Teremos que esperar a Pâmela chegar. Está atrasada como sempre. - disse ela séria, vestindo longas luvas da mesma cor que o vestido.
-Não será preciso, já estou aqui. – Pâmela aparatou logo em seguida. – Nosaaaa! Vocês estão... Elegantes!
-Menos, Pâmela. Carolyn!
Carolyn correu até ela, dando um longo beijo em sua bochecha.
-Quero que esteja na cama quando eu voltar. Nada de doces, cafeína ou refrigerantes. Aconteça o que acontecer, Mamãe ama você, ta legal?
Ela balançou a cabeça ouvindo atentamente o que Karen lhe dizia.
-Karen! Ela não tem idade para decorar uma lista de exigências. Parece o seu pai me dizem à hora que devíamos voltar para casa.
Karen fingiu não ter escutado.
-Não se preocupe em fazer tudo que a sua mãe pediu. Ela é meio paranóica. – disse fazendo movimentos circulares, com o dedo, em volta da orelha direita. – Venha me dê um abraço.
-Isso não tem graça, Harry. Querida, não ouça o seu pai. O problema dele é que ele nunca respeitou regras.
-Karen! Sempre respeitei as regras! – disse indignado depois que abraçou a filha, olhou para Karen.
-Você NUNCA respeitou nenhuma regra, Harry Potter! E só porque você NUNCA respeitou nenhuma regra, não quer dizer que a MINHA FILHA tenha que ser igual a você.
-SUA FILHA? MINHA FILHA! Fala como se eu não tivesse uma participação nisso tudo.
-Preferia que não tivesse.
-JÁ CHEGA! – gritou Pâmela.
-Prometam que não vão brigar? – disse Carolyn que odiava ver os pais discutindo por qualquer coisa.
Eles forçaram se olharem por alguns instantes.
-Prometemos! – responderam os dois zangados um com o outro.
-Vamos logo. Até mais! - disse Karen sorrindo para filha, mas, ao ver Harry se curvar para Carolyn o sorriso sumiu.
-Deixe isso para depois. – sussurrou ele no ouvido dela, enquanto colocava um sapo de chocolate no bolso de Carolyn, escondido.
A garotinha sorriu em agradecimento.
-Cuidem-se! E não façam o que eu não faria. – disse Pâmela.
-Pode deixar! – disseram os dois.
Harry correu para abrir a porta do carro. Depois de dar a partida, Harry se voltou para Karen, sério.
-Então... Qual é o plano?
-Bom, temos que fingir sermos casados. Vigiar os suspeitos e qualquer sinal de movimento suspeito... Prendemos os dois no ato.
-Que ótimo! Grande plano. – disse indiferente.
-Se é pra ficar reclamando, faça melhor então.
-Nada de brigas, lembra?
-Foi você que começou.
-Vamos parar! Isso é idiotice! Somos maiores de idade e parecemos duas crianças.
-Que diferença faz? Nos odiamos.
-Eu não te odeio.
-Mas, eu te odeio.
Harry respirou fundo.
-Vamos respeitar pelo menos o pedido da nossa filha. Pelo menos essa noite.
-Tudo bem!


****


-Hora de ir pra cama, Carolyn. – disse Pâmela acordando dos seus sonhos malucos de encontrar o cara perfeito.
-Mas... Ainda é cedo! – exclamou indignada.
-Ouviu sua mãe. Espero que esteja dormindo quando voltar, querida filha. – disse Pâmela fazendo cócegas em Carolyn.
-Ta bom! To indo! To indo! – disse risonha, subindo as escadas correndo.
A campainha tocou ensurdecedora. Pâmela puxou a varinha, escondendo-a atrás de si e abriu a porta. Cleber Houston se encontrava escorado a porta.
-Ah! É você. – disse ela sem emoção, guardando a varinha.
-O que quer dizer com... É você? – perguntou zangado.
-Nada!
-Bom, eu não vim aqui atrás de você, não. Vim atrás da Karen.
-Ela saiu. Não faz muito tempo.
-Droga!
-Por quê? O que aconteceu?
-Comunicado urgente!
-É mesmo? Qual?
-Não interessa. Saberia se fosse uma auror.
-Ah! Que pena. – respondeu sarcástica.
Cleber sorriu malicioso.
-Ta sozinha?
-Lógico que não. To cuidando da Carolyn.
-Viro babá agora?
Pâmela sorriu sem graça.
-Só para a minha melhor amiga poder sair com o ex-marido dela.
-É uma pena. Uma grande pena. – disse devorando Pâmela com os olhos. - O que? KAREN SAIU COM O HARRY? – perguntou repentinamente.
-Cala a boca!– disse Pâmela fechando a porta atrás dela. – Na verdade. Eles estão a trabalho... Num baile.
-Ah bom!
-Afinal, o que você quer hein? Acho que ta meio cedo para alguém como você estar sozinho sábado à noite. Ainda mais, como este. Olhe as estrelas. – disse sonhadora.
Ele riu fracamente.
-Queria sair comigo, é?
-Não! – respondeu rapidamente. – Só achei que...
-O trabalho não me deixa pensar em outra pessoa. Quero dizer... Em outra pessoa que não seja você.
-Quer tomar um café?
-Na casa da Karen? – perguntou surpreso.
-Qual é? Eu não posso sair daqui hoje à noite.
-Ta legal, vamos lá.
Carolyn escutava a conversa dos dois do pé da escada, correndo logo em seguida para o quarto ao ver os dois entrar.
-Fique a vontade. Vou dar uma olhada na Carolyn. – disse Pâmela sorrindo.
A garotinha já se encontrava no quarto dormindo. Não quis abrir mais a porta para não acorda-la, então desceu para o encontro de Cleber. Carolyn esperou a porta se fechar para abrir os olhos. Pensava se ficaria ouvindo o dois, mas achou melhor não. Abriu a gaveta da cômoda, onde ela guardara em segurança, os sapos de chocolate, que seu pai sempre lhe dava de presente. Mordeu a cabeça de um e cansada de observar a luz do luar, que entrava na janela fechada, seus olhinhos se voltaram para a foto da sua cômoda. Onde havia uma família feliz, o pick-nick na casa do seu vô Alan. Quando tinha três anos, parecia muito agradável, era pequena e não lembrava direito, mas, pelo menos, eles nunca brigavam na sua frente. O último dia que Harry tinha visitado ela no Brasil. A única coisa que pedia todas as noites, era que os pais voltassem a ficarem juntos. Carolyn nunca gostou de magia, mesmo sabendo que era puro sangue. Tinha medo, um medo que nunca soube o porquê, talvez seja por ter uma enorme responsabilidade, desde pequena, que deveria herdar todos os poderes da sua mãe e do seu pai. Estava tão obcecada pela foto dos pais, que acabara esquecendo de Pâmela e Cleber lá em baixo. Antes que pudesse colocar a foto de volta na cômoda, ela adormeceu.


****


A loira de cabelos longos e desgrenhados que iam até a cintura, sobrancelhas pálidas e olhos protuberantes que davam uma aparência de estar sempre surpresa. Que usava um colar de rolhas de cervejas amanteigadas, não era mais a mesma.
Luna Lovegood continuava loira, é claro, sonhadora, como sempre. Mas, uma pessoa excepcionalmente vaidosa. Ficara mais bonita, é claro, e descobrira uma forma melhor de se achar bonita do que usando rolhas de cervejas amanteigadas no pescoço. Namorando Neville Longbotton há alguns anos a deixava feliz. Estava quase pronta para o baile onde Rony, Hermione, Karen e Harry também estariam. Claro que Harry e Karen não sabem que estarão lá. Neville aparatou alguns centímetros dela, um pouco desastrado.
-Já está pronta?
-Sim! Cadê a poção? – perguntou sorridente.
-Com a Hermione. Estão esperando lá em baixo. Vamos!
-Só imagino a cara dos dois, quando chegarmos ao baile.
Os riram baixinho e aparataram.


****


Karen e Harry chegaram ao baile, normais, sem demonstrar que estavam em uma missão bruxa. Harry entrelaçou seus dedos com os dela, com firmeza, guiando-a até uma mesa próxima.
-Algum sinal? Está vendo algum deles? – sussurrou Karen observando o local.
-Não! – murmurou ele, fazendo sinal a um garçom próximo. -Por favor! Pode nos ver... Um drink?
-Mas, é claro que sim. O que gostariam de beber?
Harry olhou para Karen.
-Vinho. – disse.
-É... Vinho. – disse Harry sorrindo.
-Espero que tenha dinheiro pra pagar isso depois.
-É claro que tenho. Olha! São eles. – disse Harry observando a porta de entrada.
Karen mal se virou para porta, mas, mesmo assim, conseguiu distinguir o casal, que parecia estar acompanhado de outro. Um moreno alto e bonito acompanhava uma linda mulher morena. O outro casal que os acompanhava, era um casal de ruivos, que lembravam nada mais nada menos que o Sr. e a Sra. Weasley.
-Quem é o outro casal?
-Não tenho idéia. – disse Harry disfarçando rapidamente, enquanto o garçom servia duas taças de vinho.
-Harry! – exclamou Karen preocupada.
-O que... Foi? – perguntou assustado, quase derramou vinho na roupa toda.
-Sua cicatriz.
-O que tem minha cicatriz? Ah! Minha cicatriz. – disse caindo à ficha alguns segundos depois. – O baile está cheio, eles não vão se preocupar com a minha...
-Claro que vão. Francamente, Harry. Você é um auror ou não? – tomando um gole de vinho.
O baile transcorria muitíssimo bem. Algumas pessoas conversavam animadas, enquanto outras dançavam músicas pouco movimentadas na pista de dança. Algumas vezes, Karen esquecia de que aquilo tudo era uma missão, quando Harry mexia no cabelo pensativo ou conversava com ela assuntos que quase nunca conversavam, por culpa das brigas, durante o jantar.
-Quer... Quer dançar? – perguntou de repente.
-O que? Ah! Dançar? Claro!
Harry levantou e tocou suavemente seus lábios na mão dela. Ele a guiou até a pista, onde tocava uma música lenta.


à esquerda
à esquerda

à esquerda
Tudo o que é seu bote na caixa à esquerda
No armário, são as minhas coisas
Se eu comprei, por favor não toque.

Você continua falando besteira, tudo bem
Você pode andar e falar, ao mesmo tempo ?
E é o meu nome que está naquela bolsa
então vá arrumar as suas malas, deixe-me chamar um
táxi pra você
Parado no jardim, me dizendo
Como eu sou uma boba, falando
que eu nunca vou achar um homem como você


-Preciso falar sobre a Carolyn. – disse Karen preocupada.
-Karen... Eu não quero falar sobre ela no trabalho. Temos todo o tempo do mundo para falar sobre ela. Acho que aqui é meio arriscado.
-Você tem razão.
O silencio reinou entre eles.


Você me deixou confusa

Você deve me esquecer
Você deve me esquecer
Eu poderia arrumar outro como você num minuto
Na verdade, ele estará aqui num minuto, baby

Você deve me esquecer
Você deve me esquecer
Eu posso ter outro como você para amanhã
então, você, nem por um segundo, pense
que você é insubstituível

então vá em frente e cresça
Ligue para aquela garota e vê se ela está em casa
Ops, eu aposto que você achava que eu não sabia
Por quê você acha que eu te mandei pra fora ?
Porque você foi mentiroso
Andando por aí com o carro que eu comprei pra você


-Então... Onde eles estão?
-Conversando. Parece que não vão sair dali muito cedo.
-Tem certeza?
-Absoluta.
Karen se aproximou mais dele. Deitou suavemente sua cabeça em seu peito, pois Harry era um pouco mais alto que ela. Harry surpreendeu-se ao vê-la fazendo uma coisa daquelas, minutos antes estavam brigando e agora ela estava ali abraçada a ele.
Pensava se ia falar alguma coisa a ela. Ainda sentia uma forte atração por ela, só não sabia se ela sentia a mesma coisa. Mas, esquecer de tudo que já passaram juntos é um pouco difícil. Ficou pensando por longos minutos sobre o que ela estaria pensando, até que ela quebrou o silêncio.


Baby, largue as chaves aí
Ande logo, antes que o seu táxi vá embora

Parado no jardim, me dizendo
Como eu sou uma boba, falando
que eu nunca vou achar um homem como você

Você me deixou confusa

Você deve me esquecer
Você deve me esquecer
Eu poderia arrumar outro como você num minuto
Na verdade, ele estará aqui num minuto, baby


-Bem que a gente podia dar... Um passeio com a Carolyn um dia desses... Não é? Desde que chegamos, ela reclama de não ter nada pra fazer. Nesses próximos dias eu... Ando um pouco ocupada. Mas... Na semana que vem... Eu to livre.
Harry imaginou por alguns instantes, se Karen estaria usando Carolyn para chamá-lo para sair, talvez fosse só sua impressão. Carolyn é sua filha e um dia os dois teriam que sair com ela.
-É... Uma ótima idéia. - respondeu confuso.
Na verdade Karen não pensava sobre nada disso. Só lhe vieram à mente os tempos em que passavam junto com Carolyn, a única pessoa que costuma juntar-los.
-Jantar fora? – perguntou Harry acordando-a de seus devaneios.
-É! Pode ser. Afinal, Carolyn AMA jantar fora.
-Ela sempre diz isso. – disse sorrindo ao lembrar do rostinho alegre da filha.
-Ela gosta muito de você.
-Assim como ela também ama você. O que Carolyn fala sobre... Sermos separados? Afinal... Quando ela nasceu, já não estávamos mais juntos.
Karen pensou bem na pergunta que ele lhe fez.
-Ela discorda. Não acha muito legal...
Não conseguiu terminar de responder. Seus lábios já estavam quase próximos dos de Harry. Logo depois estavam envolvidos por longos beijos. Era o primeiro beijo que trocavam, após seis anos separados. Claro que em vários momentos já caíram em tentação, mas, sempre nos momentos errados.
Parecia ter passados várias horas até que se separaram. Karen o soltou o mais rápido que pôde, quase esquecendo de que havia várias pessoas olhando. Voltou a abraçar Harry com relutância.
-Desculpa. – murmurou. – Eu não devia ter feito isso.
-Você não tem culpa. Foi um deslize. Só um deslize. – disse mentindo a si mesmo.
Houve uma pausa entre eles.


Você deve me esquecer
Você deve me esquecer
Eu posso ter outro como você para amanhã
então, você, nem por um segundo, pense
que você é insubstituível

Então uma vez que eu não sou seu "tudo"
Que tal eu não ser nada ? Nada demais pra você
Baby, eu não vou derrubar nenhuma lágrima por você
Eu não vou perder o meu sono
Porque a verdade é
Substituir você é muito fácil

à esquerda
à esquerda

à esquerda
à esquerda

mmm...

à esquerda
Tudo o que é seu bote na caixa à esquerda

à esquerda
à esquerda

então, você, nem por um segundo, pense
que você é insubstituível


-Droga! – exclamou Harry surpreso.
-O que foi?
-Eles... Os suspeitos. Eles fugiram. Sumiram da mesa.
-O que? – perguntou se viram rapidamente. Realmente, eles tinham sumido.
Eles procuraram os quatro por todos os lados. Karen correu até o carro, sem dar nenhuma palavra. Harry pagou ao garçom e correu atrás dela. Estava parada junto ao carro, sentindo frio.
-Tome. – disse ele colocando o casaco sobre seus ombros.
-Acabou. Vamos ser expulsos da Ordem da Fênix. – disse ela quando Harry deu a partida no carro. – E a culpa é toda SUA!
-Minha culpa? – perguntou surpreso.
-SUA! Se você não tivesse me beijado...
-Eu? Eu não beijei você. O que aconteceu com o – sua voz ficou mais fina para tentar imita-la. - Desculpa. Eu não deveria ter feito isso, hein?
-Muito engraçado, mas, VOCÊ disse que foi um deslize.
-E não foi?
O clima romântico, entre os dois, tinha acabado no momento em que os Horlaff tinham sumido e o clima zangado, o de brigas, voltou.


Você deve me esquecer
Você deve me esquecer
Eu poderia arrumar outro como você num minuto
Na verdade, ele estará aqui num minuto, baby

Você deve me esquecer
Você deve me esquecer
Eu posso ter outro como você para amanhã
então, você, nem por um segundo, pense (babe)


-O que vamos dizer ao Profº Dumbledore agora?
-Sei lá!
Karen escondeu o rosto com as mãos.
-Droga, Harry! Você podia ajudar de vez em quando. Tenho que pensar numa forma de contar a ele.
-Relaxa Karen! Ele não vai se zangar com a gente. Vai mandar outra pessoa.
-Tem razão.
-Direi que tivemos um pequeno deslize e...
-Perdemos os comensais. Em toda a minha carreira nunca pensei que eu Karen Mitzel, fosse perder comensais, assim – disse estrelando os dedos. - num passe de mágica.
-Não faz drama, Karen. Além disso, nunca pensei que fosse uma mulher que pensasse em colunas sociais.
-Mudei tempos atrás.
Depois disso os dois não trocaram mais nenhuma palavra. Karen gritava por dentro de tanta raiva. Harry parou o carro em frente a casa dela e esperou ela descer. As luzes estavam acesas até àquela hora da manhã, mas, nenhum sinal de movimento.
-Karen, desculpe-me ter falado aquelas idiotices pra você antes. Eu...
-Esquece isso, Harry. Você sempre tem toda a razão. Mesmo quando fala idiotices. – disse ela fechando a porta. – Ah! – retirou o casaco e jogou-o a ele, pela janela do carro. – Valeu pelo casaco.
Harry notou que Karen estava realmente muito zangada, por uma coisa que pode acontecer com qualquer pessoa que estivesse na situação que eles estavam. Mas, pela forma que ela lhe beijou, sentiu que ainda tinha um grande sentimento entre eles, que ainda não se acabara. Queria sentir mais, só não sabia como, daí veio à idéia.
-Karen! – chamou ele, descendo do carro rapidamente, pois Karen já estava próxima da porta.
-O que é? – se virando com um ar zangado.
Ele não disse nada apenas a beijou. Segurou firme em sua cintura. Ela nem ao menos o tocou, estava surpresa demais por ganhar mais um beijo dele naquela noite. Quando se separaram, Harry se quer sorriu.


Você deve me esquecer
Você deve me esquecer
Eu poderia arrumar outro como você num minuto
Na verdade, ele estará aqui num minuto, baby

Você pode pegar todas as suas coisas, nós terminamos
Porque você fez a sua cama, agora deite
Eu posso ter outro como você para amanhã
então, você, nem por um segundo, pense
que você é insubstituível


-Boa noite! – disse sério, já correndo em direção ao carro para estacioná-lo em sua casa.
Karen ainda perplexa ficou parada um bom tempo em frente a sua casa. Seu coração batia muito forte, como se fosse pular pela boca. Achando aquela situação extremamente idiota, pois ainda sentia muita raiva dele, entrou em casa.
Pâmela dormia tranqüilamente no sofá, abraçada a almofada.
-Pâmela! – chamou Karen baixinho.
Ela não se mexeu.
-Pâmela! – falou num tom de voz mais alto, sacudindo-a.
-Cleber! – disse Pâmela acordando rapidamente. – Ah! Karen! É você. – falou esfregando os olhos.
-Claro que sou eu. Não venha me dizer que Cleber esteve aqui? – perguntou preocupada.
-Esteve.
-O que? E a Carolyn?
-Calma! Não fizemos nada. Só ficamos aqui... Conversando e... Tomando café. – disse levantando duas xícaras em cima da mesa de centro. – Carolyn adormeceu logo depois que saíram.
-Mas... O que ele queria? Como soube que estava aqui em casa? Contou a ele? Desde quando está saindo com o Cleber? Sobre o que conversaram?
-Calma metralhadora de perguntas. EU que deveria estar fazendo pergunta.
-Ta bom, desculpa. Responda as minhas primeiro, depois se você tiver perguntas...você pergunta. Agora responde!
-Quando você e o Harry saíram, eu mandei Carolyn ir dormir, por que você disse que ela deveria dormir. Cleber chegou aqui perguntando por você, queria falar algo importante, eu não sei o que é, está bem? – acrescentou rapidamente, Karen balançou a cabeça. – Bom, convidei-o para tomar café, ele aceitou. Enquanto tomávamos café, conversamos sobre... Trabalho. Depois, tomei café demais e... Bem, você me encontrou aqui. Não estou saindo com ele.
-Café tira o sono e NÃO te deixa com sono. – acrescentou Karen desconfiada.
-Bebemos um pouco de uísque de fogo. Também não importa o que bebemos. O que importa é que... Cleber é muito chato.
Karen começou a rir e seguiu até a cozinha.
-O que foi? É verdade. Cleber é completamente parado, não tem assunto nenhum, que não seja trabalho. Não temos nada em comum. – disse ela seguindo Karen.
-Acontece que, quanto mais você diz que vocês não têm nada em comum, é por que vocês têm. – disse abrindo a geladeira para beber água.
-Ridículo Karen! Vamos esquecer isso, ta bom. – recostando-se na porta. – Como foi à noite? Prendeu os Horlaff?
-Não! Eles escaparam. – respondeu pensativa. – Mas, não é hora de falar sobre isso. Estou super cansada e amanhã precisamos trabalhar, mesmo sendo domingo. Ridículo!
-Nunca fale as palavras amanhã e trabalho na mesma frase. Com certeza o hospital vai estar cheio amanhã. Também não precisa mudar de assunto, quando não quer falar sobre ele. Boa noite! Ah! Dê um beijo em Carolyn... Por mim.
-Tudo bem! Boa noite! – disse ela sorrindo, no que Pâmela aparatou.
Karen respirou fundo, pousou o copo sobre a pia e aparatou em frente à porta de Carolyn. A garotinha dormia profundamente. Karen se aproximou da cama, percebendo o porta retrato fora do lugar. Sorriu fracamente ao ver a foto dos três, colocou novamente na cômoda. Ela lembrou, por poucos minutos, o beijo que Harry acabara de lhe dar. O que estaria fazendo agora? Balançou a cabeça, tentado tirar as idéias de uma garota de treze anos, que acabara de receber um beijo de um garoto. Era assim que sempre se perguntava depois que a beijaram, pela primeira vez na vida, com treze anos de idade. Foram bons momentos, momentos que nunca esquecera, mas Harry era diferente, ele era o homem da sua vida.
Deu um beijo em Carolyn, cobriu-a melhor e sem fazer barulho saiu do quarto indo em direção ao seu.
Não sabia se conseguiria dormir naquela noite. Mas, assim que deitou seus ossos cansados, adormeceu.


****


Harry não conseguia parar de pensar nos beijos que trocara com Karen. Estava tão feliz, que não parava de se contorcer em sua cama. Gostaria de poder dividir essa alegria com alguém, Rony e Hermione talvez, eram seus amigos, os únicos que se sentiriam felizes como ele. Algum tempo atrás, costumava ficar em casa, parecendo um fracassado em dias de folga. Nem o consumo exagerado de chocolate, deixava-o feliz. Os dois faziam vários planos para que Harry saísse com eles, mas, as respostas eram sempre, não.
Era muito tarde e não acharia muito legal, mandar uma carta altas horas da noite dizendo:

“Rony e Hermione.
Estou mandando esta carta, para lhes dizer que foi a melhor noite da minha vida. Eu e Karen nos beijamos várias vezes, dependendo dela, amanhã eles se tornem mais freqüentes e assim, voltarmos novamente a ser uma família. Sei que é meio tarde para mandar esta carta. Mas, a euforia me fez escrevê-la... Blábláblá...”
Realmente, mandar uma carta não seria uma boa, teria que esperar o dia amanhecer. O jeito mesmo era dividir sua alegria consigo mesmo.
As horas passavam cada vez mais rápidas. Não via a hora de ver Karen novamente, sair com Carolyn e talvez, beijar Karen de novo, só dependia do momento.
Um bocejo lhe informara que já estava cansado e resolveu dormir.

Obs: Letra da Música: Beyoncé - Irreplaceable

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