Estranha cumplicidade





Tinha acabado de chegar com Zairus ao castelo d’Loryen com uma chave de portal. Estava no campo de quadribol, o único lugar em toda a propriedade em que se podia usar uma chave de portal era ali, aparatar nem pensar.

Era estranho sentir os primeiros raios de sol da manhã baterem em seu rosto, respirar aquele ar e não sentir mais aquela costumeira pressão na sua cabeça... estava de volta ao seu mundo.

O treinamento o havia mudado muito estava mais forte e isso era visível, sua postura impunha respeito, os olhos verdes haviam ganhado algo mais, algo misterioso que os óculos só acentuavam dando lhe além de tudo isso um ar inteligente e maduro.

Mal tinha dado dois passos e tinha no mínimo três varinhas apontadas pra ele...

-Quem é você?_ a pergunta vinha em forma de um rosnado raivoso, que antes do treinamento o faria recuar.

-Calma Moody, me mandaram um garoto e eu trouxe um homem..._ Zairus tinha tomado a frente ficando cara a cara com Moody.

A incredulidade era total. Mas o moreno não pode nem respirar depois disso, um certo furacão chamado Ania o manteve ocupado o resto do dia, mostrando o castelo onde passaria o resto das férias.



No dia seguinte Harry acordou com um trovão rasgando o céu. Olhou no relógio.

Seis da manhã, não conseguiria voltar a dormir, seu sono havia sido perturbado do começo ao fim com pesadelos dos quais não se lembrava.

O tempo estava horrível embora ainda não chovesse o céu estava carregado, quase negro. Estava perturbado, angustiado, sentia-se...Não sabia como se sentia, sufocado era o mínimo que se podia dizer...

-Esse dia promete._ disse pegando a espada de Griffyndor e sua varinha.

Planejava treinar um pouco nos jardins antes que todos acordassem.

Mas quando chegou as escadas viu que não era o único acordado.

-Ania?

Ela estava sentada na escada com a cabeça apoiada no corrimão, uma figura desolada.
Quando ouviu o barulho de passos, foi acordada de seu devaneio, se virou pra ele.

-Ah...olá Harry, também não consegue dormir?

-Aquele trovão de agora à pouco me acordou, e você?

-Nada não, só falta de sono.

-E a que se deve isso?_ disse ele se sentando ao lado dela.

-Preocupação.

-Com o que?

-Tudo, apesar de estarem tentando nos poupar, eu sei que o coisa-ruim está cada vez mais forte, e a Sam ‘ta lá fora._ completou desanimada.

-Mas se ela se meter em uma encrenca muito grande não tem como ela... se comunicar?_ exitou no fim da pergunta... não sabia nem de quem ela falava.

-Tem, o Jack e uma chave de portal que aparece no campo de quadribol, e nos leva pra onde quer que ela esteja, mas só se ela quiser.

-Então não há problema.

-Você não conhece a Sam.

Nesse mesmo instante um magnífico falcão que Harry vira de relance por uma janela em seu primeiro dia no castelo d’Loryen entrou por uma janela como um louco puxando Ania como podia.

-Jack o que foi?_ ela estava desesperada.

Em resposta ele soltou um som ameaçador. Apesar da situação Harry ainda teve tempo de parar pra admirar a plumagem negra e prateada da ave...devia ser rara.

-Problemas, a chave de portal deve estar no campo_ e ela estava mais branca que papel.

-Vou chamar Dumbledore_ disse Harry se virando pra subir, mas foi impedido pelo falcão que entrou na sua frente e por ela que o segurou.

-Não há tempo_ ela implorou com urgência na voz.

Ambos correram até o campo de quadribol.




-Tem certeza?_ disse Harry.

-Tenho, no três...Um

-Dois...

-Três...

Os dois pegaram a espada que estava jogada no meio do campo de quadribol.

Imediatamente estavam sendo puxados por um gancho, e em um segundo estavam perante uma cena nada agradável...

Uma garota toda vestida de branco, roupas ensangüentadas, com um vampiro em seu pescoço, mais precisamente com os caninos cravados nele, sugando seu sangue. A reação de Harry foi instantânea.

-Lumus solen!_ gritou com a varinha apontada para o vampiro.

Uma luz insuportável saiu de sua varinha cegando todos os presentes, principalmente o vampiro que atacava a garota soltando-a imediatamente.

Ela caiu no chão fraca e Harry atacou o vampiro com um único golpe da espada que fora um portal, matando-o.

Se abaixou pra ver como a garota estava, mas antes que pudesse falar qualquer coisa ela disse com a voz fraca tentando, se levantar apoiando-se em suas vestes:

-A pedra do fogo, incrustada na parede pega ela._ sua voz demonstrava desespero.

Harry olhou para a parede que ela indicava, não tinha nada na parede lisa além de um pequeno orifício, mas não tinha tempo pra pedras, a garota estava muito fraca se não tomasse a poção certa rápido se transformaria em uma vampira.

Enquanto isso do outro lado do salão, Ania tentava se livrar de dois vampiros ao mesmo tempo, quando pisou em algo, era uma pedra pequena vermelha e cristalina, com uma runa gravada no centro e enquanto ela pegava a pedra, Harry decapitou os vampiros que se aproximavam dela.

Silêncio, os corpos de uns quinze vampiros estavam espalhados pelo chão.

-Vamos embora_ disse Harry.

-Eu não vou embora sem ela_ disse a garota se apoiando na parede pra se manter em pé, ela estava tão pálida que podia ser confundida com um cadáver.

-Sinto muito, mas vamos embora agora, você acabou de matar uns doze vampiros e ser mordida por um precisa de cuidados_ disse Harry em um tom irredutível que lembrava Hermione.

-Quem..._ ela já não tinha firmeza na voz, se sentia fraca, as forças pra se manter em pé e lúcida já não existiam mais. Desmaiou.

-Sam!_ disse Ania enquanto garota desmaiava e só não se esborrachava no chão porque Harry agora a segurava.

-Sabe fazer uma chave de portal pra nos levar de volta?_ perguntou Harry.

Aquela garota estava mal, se não agissem rápido ou ela morreria ou se transformaria em uma vampira.

-Sei._ disse Ania já com a espada que os trouxera na mão.

-Um._ Harry segurava a garota pela cintura com um braço e com a mão livre segurava a ponta da espada.

-Dois.

-Três.

Nem Harry nem Ania sabiam se era por seus nervosismos ou porque a chave “sabia” que era necessária rapidez, o caso é que instantaneamente eles estavam no centro do campo de quadribol do castelo rodeados por umas dez pessoas, inclusive Dumbledore e um falcão que voava aparentemente desesperado sobre suas cabeças, ele devia ter acordado o castelo todo.

Todos olharam pra garota, que estava nos braços de Harry, horrorizados. Sua aparência era lastimável. Apesar do capuz via-se o cabelo acaju desgrenhado, a pele mais branca que uma nuvem; e as roupas sujas, rasgadas e ensangüentadas. Dumbledore foi o primeiro a reagir.

-O que aconteceu?

-Vampiros_ disse Harry simplesmente, indicando o pescoço.

-Leve-a pro quarto, Ania vá com ele. Onde estão Jade e Zairus? Vou precisar da ajuda deles! E Harry, cuida dela, por favor, se ela acordar não a deixe sair da cama em nenhuma hipótese.

-Pode deixar._ acentiu ainda sem saber como alguém naquele estado poderia querer se levantar.




O quarto ao qual foi levado era em uma torre distante, não teve que subir muitas escadas por causa das passagens secretas... Era um aposento simples e confortável, todo branco, com uma enorme cama de dossel ao centro, ao lado da porta pela qual entraram havia uma estante de livros e em frente uma outra porta... o quarto não tinha janelas e sim um parede de vidro colocada estrategicamente em frente aonde deveria nascer o sol e perto da cama uma confortável poltrona....

-Obrigada Harry.

-Como?_ não tinha notado o capuz da garota sendo retirado...

-Se não fosse você, não quero nem imaginar o que teria acontecido com a minha prima.

A porta se abriu e por ela entraram Dumbledore e uma outra bruxa, tinha os cabelos castanhos claro meio bagunçados e o rosto vermelho... Notou como ela era seria bonita se não parecesse tão desesperada. Harry saiu da frente pra que eles cuidassem da garota. Ela devia ser a tal bruxa que Dumbledore chamava, Jade.

-Meu Merlin Samantha o que você fez dessa vez!_ exclamou ela ao notar a péssima aparência da garota.

-Acalme-se Jade... Contem como tudo aconteceu._ disse Dumbledore seriamente.

Ania estava muito concentrada em ajudar a bruxa a fazer a prima beber o líquido de um cálice fumegante, então Harry se encarregou de contar a história.

-...quando chegamos um vampiro estava mordendo ela, me livrei dele e fui ver como ela estava ela disse..

-Não, ele é inocente_ Samantha estava delirando_ pára, pára...

-Não se preocupem, ela vive falando essas coisas durante o sono..._ explicou Ania.

-Ania espere lá fora._ interrompeu Jade num tom de quem não admitia conversa.

-Tô indo_ disse lançando um último olhar à prima, meio contrariada.

Quando ela saiu:

-Continue Harry_ disse Dumbledore, que agora via a jovem se debater na cama, ainda preocupado.

-Ela disse pra pegar uma tal pedra do fogo que estava presa na parede, mas não tinha nada parede, ela estava muito fraca, me livrei de mais uns dois vampiros e quando falei pra irmos embora ela tentou discordar, falou que não sairia de lá sem a pedra, mas desmaiou, então a trouxemos pra cá.

-Teimosa como sempre_ resmungou Jade.

-NÃO..._ gritou Samantha enquanto se sentava de um pulo, molhada de suor.

-Calma, calma_ Jade tentava deitá-la novamente_ está tudo bem, você está em casa.

-E a pedra do fogo?_ foi tudo o que ela perguntou.

-Não tinha pedra nenhuma Samantha._ explicou Dumbledore.

Não era possível, ela mesma tinha visto, e tinha certeza que não enxergara coisas, foi então que notou Harry.

-Você por acaso se deu ao trabalho de procurar?_ perguntou estreitando os olhos, ainda fraca.

Ela tinha se voltado pra ele com uma expressão perigosa.

-Não tinha pedra nenhuma_ respondeu com convicção.

-Você nem procurou direito!_ o perigo era eminente.

-Se não te tirasse de lá logo você morreria...

-MORRERIA FELIZ SE AQUELA PEDRA AGORA ESTIVESSE NAS MÃOS CERTAS!_ gritou explodindo de um vez...sua voz ecoando pela torre.

-Chega agora você vai descansar e da próxima vez que disser algo parecido não respondo por mim!

-Tia...

-Chega Samantha descanse._ agora era Dumbledore quem perdia a calma.

-Padrinho por favor..._ ela tentava se apoiar nos braços pra se sentar na cama, sem muito êxito_ eu descanso a qualquer hora do dia, preciso falar com você... agora... é importante...._ sua voz enfraquecia e parecia que uma veia no pescoço dela, ainda exposto, iria explodir.

-Por favor digo eu menina_ interrompeu Jade novamente com uma preocupação maternal explicita na voz e nas lágrimas que estavam voltando a cair_ você precisa dormir e tomar as poções...Jurei a seu pai que cuidaria de você e olha o que você faz...desaparece por dias sem dar notícias, se envolve diretamente numa guerra que não tem nada a ver com você, se você se olhasse no espelho se assustaria com o próprio estado deplorável! E ainda tenho que ouvir que se meteu com vampiros!

-Uma guerra que povoa os meus pesadelos desde os meus nove anos tia_ a voz dela estava fraca agora, parecia se conter e se agarrar a consciência sem muito êxito_ como pode dizer pra mim esperar que ela bata na minha porta ou que as mais pessoas morram, ver tudo isso...calada...e ainda lembrar da cabeça do meu pai caindo todos os dias...

Aquela conversa estava ficando muito pessoal...

-Harry pode se retirar?_ perguntou Dumbledore constrangido, mas ao mesmo tempo impassível.

-Sim professor...

Lançou um último olhar a garota na cama...Ela não tinha tirado os olhos da tia...nenhum sinal de lágrimas...

Talvez soubesse como ela se sentia... Talvez não estivesse tão sozinho...




A porta se fechou atrás de si...

Ania estava logo a sua frente, apoiada na parede, ainda de pé...

-Ela acordou...

-Eu ouvi... parece que você acabou de ter uma pequena mostra do gênio difícil da minha prima... você deu sorte se ela estivesse em condições teria te estuporado...

Deu um pequeno sorriso em compreensão...

Era estranho o ar daquele lugar parecia mais calmo agora...

Ficaram ali naquele corredor...se fitando em silêncio...até que na hora do almoço
Dumbledore saiu do quarto...sendo Ania obrigada a aceitar um simples

-Ela vai ficar bem...deu trabalho mas voltou a dormir..._ e quando ela ia entrar_ Deixe pra vê-la amanhã Ania.






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