Capítulo - IV
Capítulo – IV
QUE CARA MAIS FOLGADO! IDIOTA! IMBECIL! RIDÍCULO ! DE ONDE ELE TIROU A IDÉIA MAIS ABSURDA DESSE MUNDO? EU? ME CASAR COM ELE? HÁ HÁ HÁ ! MUITO RIDÍCULO! SÓ PODIA SER COISA DESSE INTRAGÁVEL DO MALFOY! E AINDA POR CIMA INTERESSEIRO! POR NADA É QUE ELE NÃO IA QUERER SE CASAR COMIGO! O QUE SERÁ QUE ELE VAI GANHAR COM ISSO?
Desde que Malfoy saíra de sua casa, após aquela proposta imensamente absurda que Gina não conseguia de parar de pensar nela! Simplesmente não conseguia! Mal conseguira dormir! Sua cama parecia Ter espinhos! E o pior seu dia também não havia sido dos melhores. Uma completa perda de tempo. Ela ia a um leilão no Beco Diagonal, mas infelizmente todos os bruxos apreciadores de antiguidades e com muito mais galeões que ela resolveram aparecer. Gina não conseguira comprar nada pelo qual havia se interessado. O tempo havia mudado completamente, caía uma chuva fria. E, para piorar tudo... Ela não conseguia tirar o inescrupuloso do Malfoy da cabeça e naquela sua maldita proposta.
Para ele simplesmente chegar e propor um casamento de fachada a ela! Uma Weasley Pobretona? Devia estar maluco.. ou muito interessado! Mais em que? Eu não tenho nada que ele realmente queira! Ou tenho? Ah, vamos Gina! Ele é lindo, riquíssimo, inteligente... por que ele estaria interessado em você? Ele deve Ter falado isso só para te zombar! Esquece o idiota do Malfoy!
Se pelo menos parasse de pensar nele, naquela proposta estranha, na forma como ele havia falado e sumido, deixando ela de cabeça cheia de perguntas.
Ela não tinha a menor intenção de aceitá-la, mesmo que ele tivesse falado sério. Então porque não conseguia parar de pensar?
– Gina... – a voz baixa, masculina, parecia irritada.
Gina levantou a cabeça. Praguejou algo inaudível. Harry. Era só o que faltava...
Harry vinha da outra ponta da viela e, mesmo na obscuridade da tarde chuvosa, dava para ver que estava tenso e aflito, o que quase comprometia seus traços de astro hollywdiano... Ele parecia estar tão contente quanto ela. E, se tivesse vindo pedir explicações sobre a noite da festa, ia esperar bastante.
Gina estava mais perto da loja e chegou primeiro à cobertura da porta de entrada. Esperou, mãos nos quadris, como um guerreiro guardando seu reino. Mas Harry devia estar mais irritado com a chuva que com os muitos problemas que ela lhe causava, porque adotou um tom extremamente conciliatório ao olhar nos coléricos olhos dela.
– Vim fazer as pazes, menina.
– O que fiz para merecer tamanha consideração? – Gina resmungou, querendo livrar-se dele logo. Tudo o que ela desejava agora era um banho quente, uma xícara de chá e poder ficar sozinha. Mas o sarcasmo foi inútil, porque Harry se aproximou, sorrindo.
– Não fique assim, linda. Você não foi a única culpada da briga de sábado. Admito que também tive certa culpa. Vamos esquecer o assunto, tudo bem? – Lá estava aquele sorriso cinematográfico outra vez, comprometido apenas pela gota de chuva. – Reservei uma mesa para dois no Fabulous. Tentei falar com você antes, mas você não respondeu às minhas corujas. Passei por aqui pensando em talvez encontrar você por acaso.
– Eu não...
– Não vou entrar agora – Harry interrompeu, como se tivesse sido convidado. – Estou com pressa. Mas pego você às oito.
– Não.
Gina conhecia aquela cara. Indicava que ele estava prestes a agraciá-la com um de seus beijos inesquecíveis. Afastou-se e bateu na porta da loja.
– Você não desiste mesmo, hein? Não vou jantar com você, nem hoje nem nunca. Por que não vai para casa de mamãe dizer ela não se meter mais em minha vida? Deixar de planejar meu futuro perfeito ao seu lado? Não vou me casar com você! Não quero! E, se pensar um pouco, você vai descobrir que também não quer.
Mas Harry ainda sorria, como se ela fosse uma criança mal-comportada que não sabia o que estava dizendo. Também não parava de avançar. E Gina não tinha para onde correr, a não ser para refúgio seguro do interior da loja. Já procurava a maçaneta quando a porta abriu atrás dela, derrubando-a num vigoroso par de braços. Outra espécie de refúgio.
– Oh, é sempre tão bom Ter você nos braços, meu anjo. – O tom ligeiramente sarcástico, da voz de Malfoy a acalmava, seus braços a aqueciam. Harry estava ultrajado. Gina fechou os olhos, porque não queria ver a cara dele, e recostou a cabeça naquele ombro largo e reconfortante.
– Podemos ajudá-lo em alguma coisa? – Malfoy perguntou a Harry, num tom, como se fosse a coisa mais normal do mundo, ele, ninguém menos que Draco Malfoy se dirigir a Harry Potter na porta da loja de Gina . – A loja já vai fechar e minha noiva precisa tirar essa roupa molhada...
Gina arregalou os olhos outra vez, sentindo o coração parar. Não pelo que Malfoy acabara de dizer, pois ela sabia que era só provocação, mas sim pela cara de Harry ao ouvir que ela estava noiva de ninguém menos que Malfoy.
Agora é que to frita! Mamãe com certeza me mandará um berrador hoje mesmo!
Se acreditasse mesmo que ela estava noiva de Malfoy, ele com certeza desistiria, pois nunca a perdoaria por casar-se com outro e esse outro ser logicamente seu pior inimigo.
Pode dar certo! Pode mesmo! E, se der, agradeço a Malfoy com champanhe e tudo!
Mas a sorte não estava do lado dela.
– Como você mesma disse, Gina – Harry falou, com um semblante hostil e uma confiança tal que ela nunca havia visto antes –, não desisto. Você vai acabar se casando comigo – prosseguiu com uma ferocidade da qual ela não o julgava capaz. – Pode acreditar nisso ... vocês dois. – Voltou-se e foi embora.
– Oh, meu Merlin! – Gina escondeu o rosto no ombro de Malfoy. E teria ficado ali para sempre se ele não a afastasse delicadamente, começando a limpar a água de sua jaqueta de couro.
– Ele parece mesmo decido – disse, examinando seus cabelos, capa e botas totalmente encharcadas. – É melhor você subir e tirar essa roupa. – Virou a tabuleta de “ABERTA” para “FECHADA” e trancou a porta da loja.
– Como foi o leilão? – Fred vinha lá dos fundos, interessados nos tesouros que ela talvez tivesse encontrado. Mas hoje...
– Péssimo. – Gina sacudiu a cabeça.
– Tudo bem. Se você pusesse mais uma xícara nessa loja, não sobraria espaço para os clientes. – Malfoy observou em seguida, passando por ela e teatralizando o gesto como para provar o que dizia.
– Tire esta roupa molhada e tome um banho quente enquanto faço um café. Vamos fechar, Fred.
Que mandão, Gina pensou, enquanto Malfoy subia pela escada de caracol nos fundos da loja. Mas sem ressentimento, apenas com uma vontade incomum de deixar alguém cuidar de tudo por ela. Alguém? Assustou-se... ou Ele? Isso estava ficando realmente estranho!
– Este cara sabe conseguir o que quer – Fred falou, também sem nenhum ressentimento.
Na verdade, Gina notou, Fred parecia estar de pleno acordo com ele. E perguntou:
– Faz tempo que ele esta aqui?
– O suficiente para por tudo em ordem. – Fred já pegava seu velho casaco de couro. – Ele acha que você devia mudar daqui e ampliar a loja lá para cima. Esqueça a idéia de comprar o prédio vizinho. Para fazer um só seria preciso mexer nas estruturas e isso descaracterizaria os dos prédios. Concordo com ele.
– É mesmo? – Ela estava pasma enquanto seu fiel braço direito vesti o casaco. Desde quando souberam que o prédio vizinho estaria à venda ambos pensavam em como comprá-lo, e agora só porque aquele repugnante ser denominado Draco Malfoy tinha surgido por ali, Fred queria expulsá-la de seu lar? Onde iria morar? Nem morta!
Gina ia lembrá-lo que aquela era sua loja, e ela que decidia o que fazer, mas ele já havia aparatado deixando-a sozinha e mais confusa ainda.
Calma, foi um dia ruim, só isso. E o idiota do Harry havia sido ainda pior, aquele ridículo, quem ele pensava que era? Aii .. que ódio! Tudo que eu preciso é de um banho... e uma bebida bem quente. E se Malfoy queria fazer o café, problema dele. Ela que não ia se opor!
– O jantar sai em meia hora – ele comunicou, quase sorrindo. – Pode vir assim mesmo, não é preciso se vestir.
Não é preciso se vestir? Será que por acaso ele está pensando que eu sou o jantar? Não seja boba, ele já deixou bem claro que não quer nada com você.. não te deseja.. Se não me deseja, não me ama, por que quer se casar comigo? Ah, não quero pensar mais isso.. preciso de um tempo para descansar!
Irritada com o próprio comportamento, Gina abriu o chuveiro, relaxando sob o reconfortante jato de água quente. Chegou a pensar em fazer como ele havia dito, jantar de robe mesmo. Mas depois pensou melhor e vestiu uma calça jeans desbotada e um blusão de malha preto que parecia enfatizar a palidez de sua pele, as linhas delicadas de seu rosto triangular e a naturalidade de seus cabelos ruivos ainda molhados.
O que será que ele tinha preparado? Ela sabia que a despensa estava vazia. Ultimamente ela andara muito ocupada para pensar em compras.
Portanto, o aroma de carne grelhada que vinha da cozinha era uma surpresa, tão grande como ver Draco Malfoy com um pano de prato amarrado na cintura, concentrado em manobrar dois bifes sobre a grelha.
A concentração virou um sorriso cordial quando ele pôs uma xícara de café quente nas mãos dela.
– Vá se aquecer perto do fogo. – Segurando seus ombros, girou-a e empurrou-a delicadamente na direção da lareira.
Ele realmente não parece aquele tipo que está prestes a me agarrar! Mas se bem que lá naquela hora da loja ele caprichou no abraço mas na mesma hora ele me largou.. Acho que era só pra o Harry acreditar na história do noivado.. se não.. creio que ele nem teria me tocado! Ora vamos, GINA! Você está falando de Malfoy um dos maiores canalhas de Hogwarts! Ué, mas naquela época ele só era um adolescente mimado! E ele parece o que agora? Ahh, ele está me deixando louca. Mas é uma pena o Harry não ter acreditado no noivado...
De repente reparou que a mesa estava toda posta, para dois. Ele provavelmente estivera trabalhando enquanto ele tomava banho, E quando ele surgiu com a travessa com dois bifes entre alfaces frescos e uma garrafa de vinho debaixo do braço, Gina sorriu languidamente na poltrona perto da lareira.
Era bom ser paparicada pra variar um pouco. Desde que seu pai falecera ninguém a tinha paparicado, importando-se com ela, com sua vontade. Ninguém a tratara como se ela fosse importante, especial. Nem mesmo a mãe. Que a única coisa com que se importava realmente era quando ela ia decidir casar com Harry.
O estouro da rolha fez Gina lembrar-se do jantar de comemoração que tinha pensado em oferecer a Malfoy, caso Harry a deixasse em paz.. Com um sorriso sutil sentou à mesa e estendeu o guardanapo sobre o colo.
– Obrigada pela ajuda lá embaixo. Pena que Harry não acreditou. Mas você pôde ver a encrenca em que estou metida.
Draco serviu a comida e estendeu-lhe uma das taças.
– Ele tem mais determinação do que aparenta, mas não vejo nenhum problema nisso. Agora coma.
– Desde à época de Hogwarts a minha mãe e meus irmãos torciam para nos ver casados. Papai não. Ele nunca me induzira a nada que eu não quisesse fazer. – A perda, que ainda machucava nove anos depois, transparecia nos olhos dela.
– Seu pai significava muito para você, não é? – Malfoy comentou. Como se soubesse tudo sobre a proximidade que havia entre eles.
Ela não corrigiu, cortando outro pedaço do bife.
– Mamãe e Rony estavam sempre empurrando a gente um para o outro. Festas, almoços, você pode imaginar. Depois que ele foi morar com Hermione, mamãe e Harry continuaram insistindo na idéia. Harry foi muito bem instruído, tudo que ele acha que está certo, tem que estar certo e pronto. Daí a insistência. Eu já lhe disse mil vezes que eu não vou me casar com ele, mas ele pensa que é só mal-criação minha e que vou acabar cedendo.
– Isso mesmo. – Malfoy pousou os talheres no prato vazio e recostou-se na cadeira. – E você? Também foi bem instruída?
Gina sorriu, como era fácil conversar com Malfoy. Ele parecia sempre tão interessado no que ela tinha a dizer.
– Difícil responder. Mamãe tentou fazer o melhor. Mas papai nunca se interessou muito pela maneira que eu me vestia, falava, pelas crianças que eu me dava. Ele estava mais interessado na maneira como eu pensava. Foi ele quem me ensinou a ser independente, a fazer perguntas, a descobrir o que estava acontecendo entre os bruxos, trouxas e etc. Coisa que muitos bruxos abominam. – Gina deu um olhar significativo a Malfoy, sabia que seu pai era um desses. – Começou a me levar a Londres na parte trouxa, a teatros. Nunca vou esquecer dos nossos fins de semanas em Londres. Ele me ensinou tanto. Foi ele que me ensinou tudo que sei sobre artefatos antigos. Nossa vida na TOCA, era maravilhosa, ano após ano. Quando morreu, mamãe vendeu a casa e tudo que havia nela. Tudo. Fiquei muito brava. Ela pertencia a família de papai há gerações. Segundo mamãe perder papai e a TOCA num golpe só me fez ficar indomável... – A irritação era visível nos seus olhos.
Pronto, lá estava falando demais outra vez, contando coisas que só interessavam a ela.
– Uma coisa que seu pai não lhe ensinou foi controlar esse geniozinho. – Malfoy comentou, observando sua expressão confusa, os lábios contraídos. – Acho que não tem remédio como os cabelos ruivos.
Que vontade de atirar essa faca nesse Malfoy idiota, arrancar desse rosto essa expressão superior.
– Quer mais vinho: - Malfoy voltou a encher a taça dela, trazendo-a de volta ao presente e sugerindo: - Por que não discutimos minha proposta? Um simples noivado não vai afastar Potter, ele já deixou isso bem claro. A única maneira de você se livrar dele é casar-se comigo. E, como eu já disse, seria uma mera formalidade. Claro que – sorriu- teríamos que viver juntos, aparecer em público juntos de vez em quando. Eu teria de comprar uma casa por aqui. Este lugar – sacudiu os ombros, menosprezando o apartamento que ela tanto gostava. – é pequeno demais para nós dois., inadequado para receber pessoas que eu precisaria por causa do meu trabalho se ficasse por aqui algum tempo.
– O olhar de Gina fuzilava. Ela tinha esquecido a proposta. O vinho, a comida, a sensação de estar sendo paparicada, tudo aquilo a fizera esquecer completamente a proposta.
Mas, na verdade, ele não a estava paparicando, fazendo-a sentir especial. Tudo havia sido calculado. Para amolecê-la, persuadir-la a aceitar aquela proposta estúpida. Gina estava tão desapontada que não conseguia dizer nada. Apenas rangia os dentes, fuzilando-o com o olhar.
– E vivermos juntos não implicaria sexo. Para ser bem franco, você não me atrai. E, desde que você fosse discreta, eu não faria objeção a ... você ter outra pessoa se quisesse. Claro q eu esperaria a mesma liberdade em troca. – Malfoy prosseguiu.
– Vá para o inferno. – Gina finalmente disse, levantando-se da cadeira e derrubando a taça de vinho que rolou para o chão. Apoiando as mãos na mesa, pálida, inclinou-se para frente, olhos nos olhos, fitando aqueles traços espetaculares, que só mostravam divertimento. Então ela não despertava nele o menor interesse sexual, pare ele era um grande bagulho? Não iria para a cama com ela nem que fosse a última mulher do mundo. Mas casaria com ela e teria uma dúzia de amantes, discretamente, claro, e ela poderia fazer o mesmo que ele não ligaria mínima. – e leve sua proposta idiota com você. E.. e...- Impossível, ela não sabia mais o que dizer nem o que pensar.
– Você precisa de mais tempo para decidir. Amanhã? – Malfoy sorriu. E Gina, apesar da raiva que sentia, achou uma certa satisfação na voz dele.
– Este acordo seria bom para nós dois. – Malfoy levantou-se, com aquela elegância negligente que começava a enfurecê-la. Apanhou a jaqueta de couro que tinha deixado sobre o sofá. – Você sabe onde me encontrar. Pense com calma e me manda uma coruja amanhã.
Malfoy já ia em direção à porta. Gina o observava sobre a mesa, sentindo um inexplicável vazio. Não sentia mais raiva, apenas uma certa desolação. O fogo na lareira também já ia se extinguindo e uma estranha sensação de solidão tomava conta de seu coração. Embora não quisesse mantê-lo ali nem mais um segundo, perguntou:
– O que ganharia com isso? Você nem gosta de mim. Por que esse acordo seria interessante para você?
Provavelmente porque casado ele poderia ter quantos casos quisesse, e nenhuma de suas mulheres poderia pretender qualquer coisa mais séria. Claro, tinha de ser isso. Gina já estava convencida, preparada para ouvi-lo confirmar essa suspeita. Mas o que ele respondeu, tranqüilamente, foi ainda muito pior:
– Para receber uma herança. Meu tio-avô tem uma grande propriedade numa ilha grega, uma vila lindíssima, alem de negócios espalhados por todo o mundo. Ele está no fim da vida, bem perto do fim. E ameaçou me deserdar, a menos que eu me casasse com uma bruxa puro-sangue. Toso seu patrimônio ficara para seus empregados se eu não me casar até o mês que vem. – Malfoy já segurava a varinha – Recebi uma carta faz dois meses, informando sobre essa armadilha. No começo, eu estava disposto a abrir mão de tudo. Ao contrário de meu avô, não vejo nenhum atrativo no casamento. Só de pensar em te ruma esposa e uma penca de filhos já começo a passar mal. Mas um casamento como o nosso, que duraria apenas o necessário, seria tolerável.
Malfoy abriu a porta. Agora estava mesmo quase aparatando. Gina apenas o observava com desprezo. Patife. Como se toda a herança que o pai havia lhe deixado e ainda sua empresa que lhe rende milhares de galeões por ano não significava ouro e poder o bastante. Mas ele queria mais. Não importava como.
Draco se voltou, impassível, e sorriu de modo devastador.
– Eu disse que você não me atraí, Weasley. Não disse que não gostava de você. Você é uma mulher e tanto.
E aparatou.
Gina não sabia se gritava, se esperneava ou o quê. Não decidiu finalmente. Melhor manter a majestade. Mesmo que tivesse a ponto de explodir. E majestosamente juntou as cinzas da lareira, lavou os pratos, arrumou tudo e foi a cama bem rápido. Estava boa em pequenos feitiços domésticos, se sua mãe visse... não poderia pensar em Molly agora.. não depois de tudo ... Apenas tentou dormir.
– Volto em uma hora, Fred. – Gina disse ao sair da loja no meio de expediente do dia seguinte. Ela precisava pensar e sabia onde tinha de ir para poder pensar melhor. Pegou sua vassoura e voou por quinze minutos dali até a TOCA, como se já soubesse o caminho de cor.
Ela havia virado e revirado na cama a noite toda, brigando com a consciência, tentando tirar da cabeça aquela proposta de casamento. Mas seu cérebro insistia em lembra-la de como fora difícil rechaçar Harry Potter nos últimos sabe-se lá quantos anos. Sem falar nos problemas com a mãe. E tudo aquilo acabaria se ela se casasse com outro homem. Será que um casamento de fachada era assim tão ruim? Teriam de viver sob o mesmo teto, claro, mas não teria de abrir mão da própria individualidade. Aparecerem juntos de vez em quando também não seria tão difícil assim. Ela podia suporta, não podia? E seria ele a enganar o tio-avô, o que não pesaria na consciência dela. Alem disso, um homem que estipulara uma cláusula tão dogmática em seu testamento devia estar doido varrido. E provavelmente merecia ser enganado. Malfoy e o tio-avô não morriam de amores um pelo outro.
A placa VENDE-SE estava meio desbotada seis meses depois de ter sido espetada no jardim da frente. Ver a casa vazia era detestável, mas pensar em outras pessoas morando por lá, também era. Ah se pudesse compra-la. Se pudesse. A loja ia bem, era verdade. Mas isso não significava que ela pudesse ter a TOCA de volta...
Gina andou um pouco pelo quintal da casa onde brincara tão feliz quando criança, quando aquela adorável casa era sua, quando seu pai estava sempre por perto para lhe dar conselhos e carinho. Sentou-se..
Que conselhos seu pai lhe daria agora? Mas o pai não estava ali... Ela teria de decidir sozinha... Fechou os olhos... Chorou..
Voltou a loja uma hora depois... Fred estava ocupado com um cliente. Gina não disse nada, apenas sorriu e subiu para seu apartamento. Chamou Duffy, sua coruja, fez um afago em sua cabeça... e lhe entregou um pergaminho muito pequenininho onde havia escrito apenas uma palavra.. disse baixinho..
– Entregue a Malfoy sem demora...
Apenas uma única palavra estava decidindo.. seu futuro.. e ela nem mesmo sabia.. qual o significado que tinha naquelas seis letras..
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