Preparativos e preparações
Quando Harry chegou à sala precisa, a reunião da Armada de Defesa já havia se encerrado. No entanto, todos ainda o aguardavam, conversando ansiosos sobre o que poderia ter acontecido para tamanha demora. De certa forma, os integrantes da AD estavam também incomodados com a possibilidade de deixarem o lugar sem uma idéia, ainda que vaga, de tudo que ocorreu naquela manhã no salão principal. Assim que o garoto virou a maçaneta da porta, olhares recaíram instantaneamente sobre ele.
― Desculpem-me pela demora - Potter falou constrangido ao notar que todos o observavam curiosos.
― Está tudo bem? – Perguntou Fred, que notou, logo em seguida, a face de Hermione.
― Vocês que vão me dizer... Como foi a reunião? Todos conseguiram aprender a usar os novos produtos da loja de gemialidades? – questionou Harry, evitando responder a pergunta de Fred.
― Houve um pouco de dificuldade no começo – explicou o ruivo. – Mas acredito que todos aprenderam o suficiente para, numa situação de necessidade, usar esses novos inventos.
― Alguns são muito complicados – assumiu Lilá. – Um deles até me fez recordar daquela detenção que eu e Rony pagamos com o professor Snape.
O semblante de Ronald se contraiu involuntariamente com aquela lembrança. Talvez Jorge ainda estivesse entre eles se Severo houvesse informado à Ordem da Fênix dos planos de Voldemort.
― Aquele traidor... Deveria ter envenenado a água dele enquanto cumpria aquela detenção – foi só o que o Weasley conseguiu falar antes que Hermione lhe lançasse um sutil olhar de reprovação.
― Olha, Rony, acho que isso não resolveria as coisas – falou Longbottom. – Acredito que se os planos de Você-Sabe-Quem eram esses, ele os realizaria com ou sem a ajuda do professor Snape.
― Apesar de detestar Snape e pensar exatamente como você, Rony, também sou obrigado a concordar, mais uma vez, com Neville. Voldemort chegaria ao lugar que planejava independentemente do que fizéssemos – confessou Harry um pouco aturdido.
― Bem, mas o que você sugere que façamos agora, Harry? Estávamos aguardando você, pois sabíamos que haveria alguma missão – disse Dino, enquanto limpava com as costas da mão o pouco de fuligem que ainda restava no rosto de Gina.
― Não haverá nenhuma missão - admitiu Potter calmamente.
― Nenhuma missão? Como nenhuma missão? – Gina falava incrédula. – Treinamos a tarde inteira imaginando que você teria algum plano para ajudar o Jorge e você me diz, com toda essa tranqüilidade, que simplesmente não haverá nada a fazer?
― Digo que não haverá nenhuma missão, Gina. Não disse que não haverá nada para fazer! Olha, sei o que você está sentindo por causa do Jorge, mas não se esqueça nunca de que ele também é um irmão para mim, está bem? Preciso que todos se mantenham unidos e a última coisa que desejo agora é uma discussão! – Harry falou com firmeza, no entanto foi visível que se esforçou para tudo aquilo não soar como uma bronca. Ainda assim, a garota corou de vergonha.
― Desculpa – a ruiva falou timidamente.
Potter fez um gesto negativo com a cabeça, indicando que não existia motivo para desculpá-la. O moreno compreendia perfeitamente as razões do nervosismo de Gina. A menina sabia como era estar sobre o domínio de Voldemort e, por isso mesmo, tinha um temor grande pelo irmão.
― Mi, como vocês aproveitaram o tempo aqui hoje? – o garoto indagou com uma voz carinhosa, como se a houvesse deixado por último apenas para ter mais tempo de escutá-la.
― Foi tudo bem na reunião – respondeu Mione, que já havia notado a pequena jóia no pescoço de Harry. - Treinamos os principais feitiços de defesa e ataque. Ao menos, os mais importantes que você ensinou. Corrigimos as falhas e ainda aprendemos a usar os inventos de Fred e Jorge, que são realmente muito bons.
O ruivo soltou um sorriso ao escutar que Hermione os havia aprovado. A morena então prosseguiu: – São muito bons e bastante perigosos também. Diria até que o Ministério os julgaria ilegais - logo a risada do gêmeo foi substituída por uma falsa expressão ofendida e angelical, que fez todos e a própria Hermione sorrir também.
― O Ministério da Magia julga qualquer coisa ilegal mesmo – justificou-se Fred –, principalmente pensar...
― Ótimo, penso que será pior para aqueles contra quem as gemialidades forem usadas – disse Rony sombriamente.
Potter julgou por bem ignorar o comentário do amigo e continuou:
― Bom, todos estão cansados, portanto, serei breve. Como disse, não haverá uma missão. Não agora. Porém, quero que se mantenham alertas esses dias e estejam prontos para reagirem a qualquer coisa estranha que aconteça. Tenho motivos para acreditar que Hogwarts não estará tão segura como costumamos sempre vê-la. Aliás, acredito que podemos mantê-la menos insegura nesses dias se agirmos cuidadosamente e com discrição.
― Como assim? – Fred não conseguiu evitar a pergunta.
― Infelizmente, não posso dizer mais do que isso, Fred, e vocês terão de confiar em mim – Harry pediu com um ar extremamente tenso. – Professor Dumbledore me informou que não haverá passeio a Hogsmeade amanhã. Os estudantes ficarão todos no castelo em suas respectivas casas. Algo me diz que vocês devem se manter juntos, entendem? Todos vocês com varinha e sempre apostos. Era apenas isso que eu precisava falar... Gostaria, agora, só de mais alguns minutos com Fred, Luna e Mi.
O grupo concordou com a cabeça antes de deixar a sala. Todos saíram sem maiores questionamentos, exceto aqueles que Harry pedira para ficar. Luna fitava Potter intrigada com tudo aquilo. A menina se perguntava interiormente sobre uma sombra que notou no olhar do garoto, no mesmo instante em que ele entrou na sala. Percebendo de maneira imediata que o namorado precisava falar com Fred a sós, Hermione chamou Lovegood para o canto oposto e pôde ver que Harry agradeceu com o olhar essa atitude.
― Fred, você pode continuar em meu quarto. Será necessário que eu resolva algumas coisas esses dias. Não voltarei lá até a semana que vem – afirmou o rapaz.
― Tudo bem, Harry. Agradeço, e esteja tranqüilo que ninguém saberá sobre isso. Tenho certeza de que todos entenderam que não é o instante certo para perguntas – Fred abraçou Harry, dando-lhe dois leves tapas nas costas, despediu-se das garotas e rumou para a casa Grifinória.
― Sobramos nós – constatou Potter, aproximando-se de Luna e Hermione. - Luna, eu queria que, essa semana, você dormisse no quarto de Hermione. Não convém que você fique longe da AD.
― Se Hermione não se importar... – Lovegood olhou de esguelha para a namorada de Harry como se pedisse permissão para falar mais alguma coisa.
― Pode ficar sim. O tempo que for preciso – concordou a morena sinceramente.
― Se é assim, será ótimo! – confessou Luna. – Estarei mais perto dos meus amigos e nunca tive amigos, sabe? Só a Gina. Ficarei próxima dela também. Obrigada, Hermione – concluiu Lovegood.
― Então, estamos combinados! A senha para você passar é “Ouro de Leprechauns” – informou o garoto.
A menina de olhos azuis pareceu fixar mentalmente o nome da senha e já ia saindo, contudo, deteve-se de modo repentino à porta, observando Harry e Hermione. Ela se concentrou alguns segundos no pescoço do garoto, reparando também na jóia, e falou:
― Você parece realmente triste, Harry. Parece comigo sempre que sinto muita falta de minha mãe. Eu não era muito grande quando tudo aconteceu, mas lembro que ela sempre usava uma jóia mágica, parecida com essa que você tem agora. Tinha a foto de uma amiga que ela gostava muito. Mamãe contava uma história engraçada. Sempre me dizia que era impossível se esquecer o que era importante na amizade se tivesse com o colar por perto. – Luna fitou um ponto no nada, por alguns minutos, e permaneceu absorta em seus pensamentos, enquanto Harry levou involuntariamente a mão ao camafeu, questionando-se “como ela havia percebido”. – Não vou atrapalhar mais – disse a menina de olhos profundos e azuis. - Vejo vocês amanhã, talvez – concluiu ela, antes de sair da sala, sem oferecer tempo para que as dúvidas de Harry virassem palavras.
Hermione segurou as mãos do namorado amorosamente e o fez se sentar em uma das poltronas.
― Luna está certa, Harry. Por alguma razão você está triste e não foi nem a carta, nem o Pacto de Nornas.
― Mi, encontrei isso na sala do professor Dumbledore, estava numa espécie de cofre. Foi guardada junto com a Poção da Felicidade. – O garoto entregou o camafeu para Hermione. A morena abriu a jóia cuidadosamente enquanto refletia por breves segundos se deveria ou não repreender o namorado por pegar algo na sala de Dumbledore sem o avisar. No entanto, ao ver um belo e constrangido sorriso de Lílian na fotografia, que agora acenava para ela, foi incapaz de não se deixar invadir por uma profunda compreensão. Sabia, afinal, o que Harry estava sentindo. – Simplesmente não consegui deixar isso lá, Mi – completou o rapaz, pouco a vontade.
― Meu amor, é sua mãe! Não havia como deixar... apenas isso – afirmou Hermione numa voz extremamente afetuosa.
― Nunca vi minha mãe desse modo numa foto. Quer dizer, eu realmente não tenho tantas fotografias, mas ela me parece um pouco incomodada aqui.
― Harry, o que o está preocupando? – perguntou a morena, ao observar ainda mais detidamente a jóia e perceber a inscrição da letra “P” nela.
― Bem, não sei a quem pertencia, entende? Acabei de falar com o professor Lupin e ele disse que nunca a viu com meu pai.
― Professor Lupin? – Mione não conteve a interrogação.
― Sim, ele está no castelo. Acredito que tenha vindo visitar o senhor Arthur e ajudar a encontrar Jorge – explicou Harry que, em seguida, prosseguiu: – Mi, não consigo ver meu pai possuindo algo que não mostraria aos amigos...
― Ah, Harry, poderia ser algo verdadeiramente muito especial para seu pai. Tem um “P” de Potter aqui e você sabe... há segredos que não contamos nem aos amigos. Eu não revelei tudo que houve entre nós a Gina. Existem momentos que são somente nossos e lembranças que permanecerão assim... apenas você e eu.
Potter respirou de modo profundo, todavia, pela primeira vez, aliviado. As palavras de Hermione tinham soado como um conforto calmo e suave aos seus ouvidos. Ela o observou mais um pouco com atenção, fechou o camafeu e o devolveu ao pescoço do namorado sem perceber a forma como este a fitava naquele instante. Passaram-se alguns minutos silenciosos entre eles. Breves instantes em que apenas o olhar foi o único meio de comunicação encontrado para refletir o carinho e amor que ambos sentiam reciprocamente.
― Só você conseguiria isso... – admitiu Potter com o ensaio de um sorriso na face.
― Conseguir? O que apenas eu conseguiria? – questionou Mione, enquanto encarava o namorado que, pouco a pouco, levantava-se da poltrona e ia envolvendo-a nos braços.
― Só você me daria o chão, mesmo que não houvesse sobrado mais terra para pisar e só você me levaria ao céu, ainda que eu estivesse preso ao solo.
― No sei o porquê, mas tenho a impressão de que dormiremos aqui hoje – notou Hermione entre um dos beijos que se seguiram àquelas palavras.
― Uhum – concordou Harry. - Fred está no meu lugar no dormitório e Luna no seu. Acho que é a única solução sensata.
― É uma solução sim. Talvez não a mais sensata, mas a que queremos dar! – sorriu a morena enquanto se deixava arrastar para um dos cantos da sala da AD, que estava repleto de travesseiros, antes usados em algumas das demonstrações de Fred e suas gemialidades. Tinham sido as últimas coisas que se permitiram dizer naquela noite. Tudo o mais foi o encontro de pele, cheiro, o envolvimento de lábios cúmplices e conhecidos, seguido de um adormecer completamente em paz.
Justamente pela forma como foram embalados para o descanso, não se saberia explicar como algo tão escuro invadiu a tranqüilidade do sono de Harry. Parecia uma realidade distante, ou uma impressão ruim.
Potter caminhava sobressaltado entre vielas e reentrâncias de um lugar assustador. Seus pés afundavam entre folhas úmidas, caídas ao chão, e ele sentia seu coração pular acelerado pelo simples som de vozes cada vez mais próximas.
― Tudo está saindo como planejei – uma fala fria ecoou em júbilo da boca de um dos vultos que Harry visualizava em parte.
― Não há falhas no pacto. Ele não poderá falar, nem descumprir – assegurou com firmeza outra voz que Potter conhecia muito bem.
― Também não poderei – riu ironicamente aquele que primeiro se pronunciara. – Mas é o destino, por isso convém prepararmos o rapaz... teremos de fazer a entrega. No entanto, não é ele quem me importa... Ninguém mais me importa... Isso tem de se encerrar!
― Todos os outros já foram avisados e estão prontos para fazer o necessário. Com a sua ordem, entrarão – ponderou o homem que agora revelava uma parte dos cabelos escuros pelo reflexo da claridade que se irradiava de um ponto central.
― Anos aguardando isso... Se eu estiver certo, e acredito não haver falhas dessa vez, eliminarei mais de um entrave no mesmo dia. Somente você e o mensageiro ficarão comigo. Quero todos os demais concentrados nas outras ordens que já dei... matar todos e todos que estiverem no caminho do que planejo.
― Como desejar – foi somente o que escutou aquela conhecida e vigorosa voz dizer antes de desaparecer, com os cabelos escuros e pesados, em meio à densa escuridão da noite.
Logo após o sumiço de um dos vultos, Harry pôde ainda ouvir, quase que ao mesmo tempo, o som de uma risada maligna e cruel entrecortado por gritos agudos de dor.
Potter acordou com a borda do short que usava molhada de suor e o próprio peito desnudo, sobre o qual repousava Hermione, igualmente ensopado. A garota ainda se mantinha desfalecida e aparentava, ao contrário de Harry, estar tendo um sonho encantador. Cautelosamente, o moreno ajeitou um grande travesseiro em seu lugar, sem acordar Mione, e se levantou, evitando fazer qualquer barulho. Tentou ver o próprio reflexo num espelho de inimigos que havia na sala, mas tudo que visualizou foram manchas enegrecidas e disformes. A cabeça de Harry latejava dolorosamente e a lembrança do grito fez com que se sentisse ainda pior. “O que significava aquilo?” A pergunta emergia indecifrável enquanto o moreno sentia o cérebro se comprimir e se liquefazer instantaneamente.
― Aquele... – murmurou alguma coisa para si mesmo, tentando se convencer de que tudo aquilo não era verdade. Não estava acontecendo. No entanto, o seu interior entendia com perfeição o significado de tudo o que vira e percebia, sem surpresa, o sentido também de tudo que ouvira. Harry caminhou até as suas roupas, vestindo-as. Apanhou os óculos, que estavam perto de Hermione, assim como a varinha. Olhou para a namorada por alguns minutos, admirando os cabelos encaracolados dela cobrirem graciosamente parte do belo rosto. Sorriu, ao se pegar pensando no futuro, e saiu da sala para caminhar entre o breu daqueles corredores que conhecia tão bem.
Potter precisava de ar. Tinha noção de que algo sério estava prestes a acontecer e se via obrigado a permanecer em silêncio sobre muito do que já sabia. Ao menos encontrou um jeito de manter os amigos e o castelo em alerta. Aquilo de certo modo o confortava. Havia a certeza de que eles ficariam bem. Existia a convicção de que os preparativos já estavam prontos. Sem notar, Harry havia caminhado até o interior da cozinha do castelo. Os elfos o recepcionaram imediata e calorosamente, oferecendo-lhe toda a sorte de bolinhos, doces, biscoitos e chás.
― Oh, não. Realmente obrigado, mas não estou com fome – disse Potter após o quinto bolinho que um elfo engraçado e sorridente lhe serviu.
― Harry Potter, meu senhor, não deveria estar andando pelo castelo à noite, e dormir fora do quarto – Uma criaturinha de voz esganiçada apontou na porta preocupada.
― Dobby, perdi o sono. Resolvi caminhar um pouco... Mas, espera aí?! Como você sabe que não estou no dormitório? – inquiriu o moreno, imaginando se não estaria sendo seguido. O elfo pareceu se atrapalhar com a pergunta e logo tentou atirar contra si mesmo a chaleira ainda contendo água fervente. Contudo, Harry o impediu e desistiu de tentar obter qualquer resposta.
― Deixa para lá – resignou-se o garoto, que logo em seguida teve uma idéia improvável. – Dobby, acho que você poderia me ajudar em uma coisa... Está muito ocupado agora?
― Não, Harry Potter, meu senhor! O Dobby nunca está ocupado para fazer o que Harry Potter pedir. - A criaturinha deu alguns guinchos de felicidade, demonstrando como se sentia honrado em auxiliar o garoto, e passou a executar o plano que incluía o transporte de uma pequena remessa de comida para a sala precisa.
Poucos minutos depois, e graças ao eficiente apoio do elfo, Harry não só havia arrumado silenciosamente uma farta mesa de café da manhã na sala precisa como também conseguiu que Dobby trouxesse algumas roupas limpas para Hermione e ele, além da capa de invisibilidade e do mapa do maroto. O moreno agradeceu o auxílio de Dobby enquanto olhava ternamente para uma Hermione ainda adormecida sobre os travesseiros.
― Harry Potter, meu senhor, o senhor realmente gosta muito da menina, não é?
― Amo, Dobby. Na verdade, amo - assumiu o garoto. – Uma pena que a manhã tenha vindo tão fria. Queria levá-la para um passeio...
― Mas, meu senhor, pensei que o professor Dumbledore houvesse proibido a saída de alunos nesse sábado.
― Realmente proibiu, Dobby, mas sinto que deveria fazer isso assim mesmo – confessou Potter com um ar levemente preocupado.
― Bem, por que o Harry Potter não leva a sua senhora ao salão do tempo, que fica no 6° andar e meio?
― Salão do tempo? 6° andar e meio? Do que você está falando, Dobby?
― Ah, Harry Potter, meu senhor... – o elfo pareceu praticamente cochichar o que se seguiu –, é um dos segredos de Hogwarts, meu senhor. O salão do tempo certamente é um segredo...
― Segredo? O que exatamente esse salão faz? – questionou o garoto curioso.
O elfo olhou para todos os cantos da sala como se tivesse um olho capaz de enxergar criaturas invisíveis, baixou as orelhas de maneira um pouco intimidada pelo que estava prestes a contar, e prosseguiu quase num sussurro inaudível.
― Harry Potter, meu senhor, o salão do tempo é o único lugar onde é possível reviver um tempo que se foi e antecipar as sensações de uma época que virá... Dizem que a própria Rowena Ravenclaw o desenvolveu com uma magia muito poderosa, após anos de estudos, mas ninguém sabe ao certo.
― Você quer me dizer que esse salão faz voltar ao passado ou ver o futuro? – inquiriu o moreno ainda incrédulo.
― Não, meu senhor, o salão do tempo apenas antecipa sensações do futuro ou faz reviver algumas do passado. Só que não há escolha do que se vai sentir, o salão mostra aquilo que a pessoa precisa ver. Portanto, não se escolhe o tempo...
― Mas por que você acha que devo levar a Mione lá?
― Porque, por vezes, tomamos melhor algumas decisões quando algo que passou fica mais claro, ou quando algo que virá fica tão mais próximo que quase podemos tocar o futuro – Dobby explicou num tom pesaroso e sombrio.
Harry fitou o elfo de forma enigmática e, no mesmo instante, percebeu que Hermione começava a despertar.
― Harry Potter, meu senhor, eu terei de ir, mas antes que sua senhora acorde, saiba que para chegar ao 6º andar e meio é preciso somente esperar no degrau certo da escadaria que separa o 6º andar do 7º... O degrau está marcado. Basta aguardar imaginando um tempo... o salão não o levará exatamente a ele, mas ao que precisa saber – tão logo encerrou as instruções, Dobby simplesmente desapareceu.
Apesar de um pouco confuso com o que acabara de escutar, Potter caminhou rapidamente até Hermione, ainda em tempo de vê-la dar um último bocejo antes de abrir vagarosa e preguiçosamente os olhos. A garota tinha, de fato, dormido muito bem e agora acordava de um modo ainda melhor. Harry tinha iniciado uma batalha de beijos lentos e suaves pelo seu corpo, dirigindo-se ao pescoço e seguindo para a face, enquanto deixava um rastro de ardor e arrepio por onde passava.
― Hum, acho que alguém quer me manter na cama por um bom tempo ainda – falou a garota sonolenta, no entanto com os sentidos já bem despertos.
― Se eu estiver nela e você se mantiver bem, vejamos, assim – sorriu o garoto -, acredito que não sentiria o menor desejo em sair daqui também.
Os dois riram de si próprios e Harry se levantou, oferecendo a mão a Hermione.
― Não acredito, Harry, você não dever ter dormido nada para arrumar tudo isso – admirou a morena estupefata.
― Dormi sim – riu o garoto. – Contei com a ajuda importante de um amigo. Ah, as suas roupas já estão no banheiro e se achar melhor pode tomar um banho antes de...
― Antes de...? – repetiu a garota.
― Antes de me dar o maior prazer que já tive simplesmente por você se permitir estar comigo? – perguntou Potter no que mais soaria como uma afirmação.
― Posso fazer muito mais - provocou a morena de modo demasiadamente convincente e pouco antes de seguir direto para um banheiro situado em um dos pontos da sala precisa.
Harry usou aqueles breves minutos de solidão, em que o único barulho ouvido era o som da água quente, para refletir sobre aquilo que Dobby propusera. Seria uma possibilidade. Quando Hermione saiu do banho, o garoto a recepcionou do lado de fora da pequena porta com um beijo na boca intenso e calmo.
― Espionando-me? – inquiriu Mione aparentemente brincando.
― Não sou eu quem tem esse hábito – lembrou Harry, fazendo a namorada corar. – Calma, Mi, ainda não estava espionando e eu realmente amo quando a vejo me olhar assim.
― Assim como?
― Você sabe... do jeito que você me olhou antes de ir para o banho... do modo como você me olhou na sua casa enquanto eu estava no quarto... do modo com você vai me olhar ainda muitas vezes... só para que eu tenha certeza do quanto posso ver você do mesmo modo, sem me sentir culpado por isso.
A morena retribuiu as palavras com outro longo beijo, antes de se sentarem à mesa para aquele delicioso café da manhã.
― Senti falta de tudo isso – comentou Hermione, enquanto colocava na boca de Harry um pequeno e avermelhado morango.
― Eu também... – falou o moreno após mastigar o último pedaço da frutinha suculenta. – É diferente quando estamos a sós.
― É sim. São momentos nossos – concordou Mione realmente feliz.
― Você está preocupada com o que vai acontecer? – Potter tentou fazer com que o questionamento saísse desprendido de qualquer nota dramática.
― Sinceramente? Não estou receosa por mim, mas ansiosa por você. Gostaria de poder dividir o fardo que carrega como nas outras vezes, e sei que agora não poderemos. Há algo que me conforta, no entanto...
― Posso saber o quê?
― Harry, você não é mais um garoto. Dessa vez, eles estarão lidando com um homem... com um grande homem; eu acrescentaria.
― Mi, você já ouviu falar no salão do tempo?
― Salão do tempo? Na verdade, não – a garota apertou os olhos como se buscasse aquela informação em algum compartimento da mente, entretanto, mesmo assim, nada pareceu vir.
― Poderíamos ir lá se você quisesse. Segundo Dobby, é uma sala secreta aqui em Hogwarts que nos faz sentir sensações do passado ou do futuro. Basta que se pense em um tempo quando estiver na entrada dela... ela o levará para a sensação que precisa ver, mesmo não sendo no tempo em que pensou.
Os olhos de Hermione brilharam de maneira intensa. Ela se perguntava se Harry teria tido o mesmo sonho que a acompanhava desde que eles estiveram juntos em sua casa.
― Acho que nós poderíamos ir sim. Não sairemos do castelo hoje com essa chuva e pode nos auxiliar de algum modo – encorajou Hermione, que ainda não sabia se realmente desejava ir. Foi a certeza de que isso ajudaria Harry, de certa maneira, que a fez aceitar sem demonstrar temor. Mal sabia ela que aquela visita ao salão do tempo afetaria bem mais que pontos de vista. Modificaria o próprio modo de atuar em algumas coisas.
Continua...
Arwen Undómiel Potter
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Fanfic escrita por Arwen Undómiel Potter
Capítulo revisado pela beta-reader Andy “Oito Dedos”
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Agradecimentos:
Meus queridos,
Maravilhoso estar novamente entre vocês!!! Retornar aqui sempre me faz bem e espero que se sintam igualmente dessa forma, pois me esforço ao máximo para sempre melhorar um pouco mais para vocês. Acho interessante (faltando poucos capítulos para encerrar essa fic) relembrar como ela começou. Isso ajuda a entender o porquê de, aos poucos, ela ir evoluindo como vocês generosamente disseram. Quando comecei a escrever “A Poção da Felicidade” (minha primeira ficção), ainda não havia encerrado sequer o terceiro livro da série (é verdade que li a série toda em menos de um mês/rs) e fui inserindo nos capítulos iniciais pequenas alterações, advindas dos novos fatos que ia absorvendo ao longo da minha prazerosa leitura de JK. Fatos esses que reacenderam minha imaginação e inventividade para aquilo que desejava fazer (voltar a escrever).
Na verdade, fui arrebatada por Harry Potter de uma maneira avassaladora. Há muito não escrevia contos e minha narração estava enferrujada pelo pó de 5 anos dedicados à produção jurídica (que amo). Mas, os leitores dessa fic acreditaram nela, mesmo com um começo tão simples, e foram pedindo capítulos cada vez maiores (daí a desproporção entre eles que terei de arrumar em breve). Resultado? A fic cresceu.
Acho que vejo a diferença do 1° capítulo para o capítulo 29. A diferença foi cada um de vocês e serei eternamente grata pelo que me proporcionam a cada dia. Alonguei-me demais, aqui e no capítulo, mas precisava falar tudo isso. Agora, vamos aos agradecimentos dos meus amados comentadores:
IORRAM_POTTER, saiba que adorei o seu nick e devo admitir que, mesmo “novo”, você não imagina o quanto seu comentário me deixou feliz, querido!!! Agradeço mesmo o seu carinho pela fic e pelo meu modo de escrever!!!! Saiba que foi realmente gratificante ver a sua dedicação em ler essa história (prefiro história a estória) e esteja certo que continuarei me esforçando para continuar a escrever!!!!!! Acredito que essa fic não chegue ao capítulo 40 (ela já está chegando ao fim...), contudo, escrever é uma necessidade e não tornarei a abandonar a escrita. Assim sendo, haverá outras ficções. Sentirei imenso prazer em te encontrar seja por aqui, ou no orkut!!!!! Olha, muito obrigada pela sua presença, pelo seu carinho e pelo desejo tão significativo de que eu continue!!!!! Beijos grandes, querido!!!!!
MRS. RADCLIFFE, com ou sem nick conseguiria saber que era você, querida!!!! Agradeço a sua presença e fico muito feliz que tenha gostado do capítulo 28, apesar do medo. Logo saberemos o que vai acontecer... Ah, o camafeu que o Harry encontrou é realmente muito lindo e justamente por isso não encontrei nenhum que fizesse jus a tamanha beleza para disponibilizar a imagem aqui (continuarei procurando, embora ache que a sua imaginação já o fez exatamente como ele é!!!). Acho importante se manter confiante sobre o Harry e a Mi. Temos de torcer por eles, não é? Como você, estou fazendo o mesmo... Um grande beijo para ti!!!!
OTAVIO BACH, você é um anjo!!!! Um leitor realmente especial!!! Deixa-me alegre saber que a notícia do novo capítulo foi bem recebida por você. Agradeço também o seu carinho tão especial comigo, com essa fic e o fato de achá-la tão original e criativa. A Poção da Felicidade só amadureceu porque encontrou os leitores certos!!!!! O mérito é nosso (jamais seria somente meu!!!!). Quero também agradecer o reiterado pedido de casamento... acredito que somos muito jovens ainda (risos)... mas, você é efetivamente um garoto especial!!!! Espero encontrar você quando estiver on line também!!! Um beijão.
MARCIA SILVA, ainda bem que os minutinhos se encerraram um pouco antes, não foi? Postei o capítulo 29 tão logo o encerrei. Obrigada por continuar presente e me estimulando a continuar!!!!! Beijos para ti, linda!!!!
ALINE BRAGA, sua entrada aqui será sempre querida!!!! Obrigada pelo elogio quanto à redação (risos). Sempre que releio a fic acho algum erro que não tinha visto (risos), mas é natural... muito tempo em contato com o texto, por vezes, deixa-nos um pouco cegas para o que ainda poderia ser revisado... Agradeço a generosidade sempre doce dos seus comentários e afirmo que esse sábado apenas começou... Obrigada por ser tão compreensiva com meus atrasos (de fato, esforço-me ao máximo para que eles sejam menores...) e contar com a sua solidariedade me fortifica!!!! Também desejo que você tenha um excelente começo de ano (na verdade, oro para que o 2007 todo seja especial para você!!!!). Um beijão e fica com Deus.
DIANA GILMORE, obrigada pela visita, querida!!!!! Pode deixar que assim que puder visitarei a sua (estou em débito com muitos autores que amo e outros que desejo conhecer/ a Proserpine é uma delas). Essa fic está perto de acabar e isso me deixará mais tranqüila para voltar a visitar (passarei em O ENTENDIMENTO DO ÓBVIO esteja certa disso). Beijos e, mais uma vez, obrigada!!!
JULIA_GRANGER_POTTER, obrigada por continuar sempre presente, minha linda!!!! Fico muito alegre por saber que os novos capítulos a agradam. Peço sinceras desculpas pela demora, mas não foi possível ser mais rápida (infelizmente, querida). Beijão e fica com Deus.
LADY.MALFOY, deixa-me imensamente feliz saber que se sentiu tocada em muitos momentos por essa ficção!!!! Tenho certeza de que a evolução da escrita é resultado do carinho de leitoras especiais como você!!!!! Pode deixar que continuarei a escrever (faço isso sempre que posso e, por vezes, quando não posso também/risos). Obrigada pela sua presença e pelo valioso comentário!!!! Gostei muito mesmo!!!!! Beijos para você.
Minha querida EDILMA MORAIS, estou bastante contente por você ter apreciado a idéia do pacto, as runas e tudo o mais do capítulo 28. Também fiquei triste por ter demorado em postá-lo e saiba que a lentidão para o 29 também não me apeteceu (envergonha-me a demora). Contudo, foi impossível fazer o impossível dessa vez e só posso pedir a sua compreensão. O sábado, a sós, de Harry e Mi será intenso... e já começou. Adorei quando você se disse dividida entre “suspiros românticos e arrepios maliciosos”... Veremos o que ainda está por vir... Realmente pretendo colher impressões para as próximas ficções e as suas são importantes para mim (claro!!!). Não me esqueceria de você nos comentários (nem poderia!!!!). Haverá outras HH escritas por mim sim, como haverá de outros shippers também... Um beijo enorme para você e até breve!!
PROSERPINE GRANGER MODINGER, minha grande investigadora!!!! Tenho certeza de que você entendeu muitas coisas por aqui... A história das Nornes que você contou se relaciona com as runas do modo como foram descritas nessa fic. Na verdade, as senhoras do destino (citadas por ti) restam representadas em runas e por isso a ponte que você fez foi perfeita e adequada!!! Eu diria que foi irretocável... Na verdade, reitero que seu raciocínio é bastante apurado e as pontes criadas por você sempre a levam a algum lugar (antecipando, inclusive, coisas que acontecerão aqui...). Mas, como eu também estou presa a um pacto de nornas, não poderei responder todos os seus questionamentos, amor... Uma pena (contudo, lembra-se de que nem Dumbledore responde a todas as perguntas e, mesmo assim, Harry chega às respostas...). Tenho certeza de que seus pensamentos são seu melhor norte... Ah, fico absolutamente lisonjeada por você amar tanto o Dumbledore daqui, como o da série (isso é uma honra sem limites!!!). Respondo uma pergunta sua, para que eu não seja injusta (essa não está no pacto que assinei e, portanto, posso falar)... Severo voltará no momento certo sim (você está correta quanto a isso...). Também desejo falar com você e tenho certeza de que será um prazer!!!! Sua admiração é o melhor presente que uma pessoa poderia receber!!!! Fico sem palavras para precisar o que sinto pela forma como se referiu a mim!!!! Obrigada de coração, meu anjo!!!! Continue a monopolizar sempre que quiser (não está repetitivo, porque você não se faz igual nunca!!!!!). Muitos beijos para ti e espero que tenha gostado do capítulo 29 (estamos chegando onde você quer...).
ANA LÍVIA, você é uma das melhores fãs do mundo (não o contrário!!!!). Sempre fico alegre quando aprecia um novo capítulo e não aceito as suas desculpas, porque não há o que desculpar (está bem?). Prazer ter você aqui sempre que você puder!!!!!! Demorei a postar, mas aí está o 29!!!! Beijos.
SUELEN GRANGER, obrigada pelo movimento de “atualiza”, querida!!!! Desculpa-me por não ter conseguido atendê-lo a contento (infelizmente não foi possível). Ao menos, as coisas começam a se desenrolar um pouco mais no capítulo 29... Veremos o que acontece, não é? Beijos, querida!!!!
Querida BRUNA S. C., tinha certeza de que o capítulo 28 traria peças muito importantes para a montagem do seu quebra-cabeça (aposto que já se vê uma figura nítida nele, afinal, nada escapa aos seus olhos atentos). É verdade, Harry não deve falar nada sobre a carta, mas acho que ele tem consciência disso... (espero que tenha...). Nossa, que bom que ficou extremamente concentrada na leitura (tenho certeza de que para atrair sua atenção tem que merecer e isso me deixa muitíssimo feliz!!!!!!). Sinto-me assim, quando leio um novo capítulo de Cold Feelings (por que será?). Os diálogos permanecerão (não conseguiria ficar sem eles!!!!!). Grande beijo!!
DANIELA PAIVA, estou muito feliz que tenha gostado da pesquisa, querida (muito mesmo!!!!). Obrigada por esperar, apesar da ansiedade (também estava ansiosa para postar logo!!!!). Um beijo e fica com Deus.
RHAISSA (RAAH) BLACK, você é uma gracinha de leitora!!!! Sempre atenta, atenciosa e presente!!!! Obrigada pelo carinho que tem com essa fic!!!!! Alegra-me saber que gostou da pesquisa sobre as runas... Por enquanto, ainda não tivemos o Lord e Harry ... Como você, também achei linda a comoção de Harry com o retrato da mãe (bom saber que também sentiu isso ao ler, pois foi assim que me senti enquanto escrevia essa parte!!!!!). Beijos grandes para ti, querida, e até o próximo encontro!!!!
Querida CAROLINE MARQUES, o grande encontro está marcado... logo chegaremos a ele e veremos como ocorre. Ainda bem que Dumbledore se antecipa no contra ataque. Também fiquei feliz em ver o amadurecimento de Harry e a admiração de Dumbledore pelo homem que esse Harry está se tornando (você notou algo que será fundamental daqui para frente...). Agradeço imensamente a sua compreensão com a minha terrível demora... Continuarei me esforçando ainda mais, pois me deixou feliz saber que você gostou do capítulo 28. Até o nosso próximo encontro, um grande beijo e fica com Deus, querida!!!
Desde já, agradeço o carinho enorme de TODOS e o apoio tão sincero e fiel de cada um de vocês! Continuarei lutando arduamente para escrever e voltar aqui o mais rápido possível, porque adoro a companhia tão agradável que me proporcionam!
Um beijo grande, fiquem com Deus e até o capítulo 30.
Arwen Undómiel Potter.
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