Amor e Morte
Capítulo 3 – Amor e Morte
“I fought You for so long
I should have let You in
Oh how we regret those things we do
And all I was trying to do was save my own skin
But so were You”
Be My Scape - Relient K
- E também estou confiscando isso sr. Malfoy, por tempo indeterminado! - Disse Madame Pince fechando a porta da biblioteca na cara de Draco e pegando a autorização dele para pesquisar na seção restrita.
Draco não se importou. Estava concentrado demais para isso.
Havia acabado de descobrir um modo de destruir a maldição, mas envolvia muitos riscos e conseqüências não muito animadoras. Não tinha certeza se ela concordaria e bem no seu íntimo não queria realmente que ela concordasse. O livro onde havia encontrado todas as respostas ficara na biblioteca, mas não importava, ele já tinha tudo anotado em vários pergaminhos. Agora era só organizar tudo, mostrar para ela e torcer para que não achasse muita loucura.
Correu todo o colégio atrás de Hermione, mas não a encontrou. Decidiu esperar pela noite. Ao menos teriam mais privacidade para discutir o assunto.
~*~
Rony descansou a pena e se inclinou no espaldar da cadeira. Harry continuava pensativo sentado do lado esquerdo. Ainda faltavam dois metros de pergaminho para ele escrever, porém mais nenhuma idéia lhe vinha a cabeça. Tentou olhar algo no pergaminho de Hermione que estava do lado direito de Rony, mas desistiu, pois se ela percebesse seria pior, acabaria ficando com raiva e deixando os dois terminarem sozinhos. Olhou para o pergaminho de Rony e viu que ele ainda estava na quinta linha, mas não parecia muito interessado em terminar logo.
- Pára, Rony! Faz cócegas... - Disse Hermione levantando a cabeça para olhá-lo sorrindo. Ele havia afastado seus cabelos com cuidado e tocado seu pescoço com a ponta dos dedos frios.
Ao voltar a cabeça para frente ela passou os olhos pela janela e percebeu que já era quase noite. Guardou suas coisas na mochila e se despediu apesar dos protestos dos amigos dando um beijo na bochecha de cada.
Correu até o jardim. Não sabia porque, mas sentia que se fizesse isso passariam mais tempo juntos e apesar de estarem levemente agastados um com o outro ela ainda gostava da companhia dele. Draco antes implicava com ela quase o tempo todo, mas agora raramente o fazia, apesar de nunca perder o ar arrogante e sarcástico. Ele estava melhorando, e mesmo não se falando direito ela gostava sempre de lembrá-lo das "palavrinhas mágicas", "por favor", "obrigado" e "com licença", apesar de deixá-lo com raiva muitas vezes tinha a certeza de que absorvia tudo. Ele não era mal educado, longe disso, as vezes tinha classe até demais, mas não sabia tratar as pessoas.
Parou ao pisar na grama e recuperou o fôlego se recompondo. Ela podia correr, mas ele não podia saber disso. Caminhou até a oliveira onde se encontravam todas as noites antes de seguirem para a casa dos gritos. Ele milagrosamente já a esperava sentado na grama e olhando o horizonte parecendo muito concentrado em algo.
- Oi, Draco!
Ele olhou para ela parecendo um pouco surpreso com sua presença, mas logo abaixou a cabeça e voltou a observar o horizonte. O sol terminando de se pôr. Ela se irritou um pouco, mas sentou na grama ao seu lado. Será que ficaria com raiva para sempre?!
- Precisamos conversar. - Disse sério sem encará-la. - Descobri como destruir a maldição.
Foi como se dessem uma pancada na cabeça dela, a frase ficou ecoando na sua cabeça até que entendesse o sentido completo. Mas antes que começasse a comemorar percebeu que Draco estava sério demais e sentiu que dessa vez era algo importante.
- O que há de errado?! - Perguntou tentando conter a euforia que queria tomar conta de si.
Era hora de contar a história.
- Procurei mais coisas, detalhes sobre Charrière e bem... O poeta era o homem certo. Ele tem uma única obra publicada que foi muito famosa em sua época, chamada Sangue e Sucesso. É um livro de poemas comuns e belos sobre uma dama muito bonita e misteriosa que sofria com uma terrível maldição. Charrière promete a essa dama livrá-la de seu tormento e então busca incessantemente a cura e a encontra, mas isso envolve um contraste de perdas e ganhos, assim mesmo ele se arrisca e sofre as conseqüências. - Fez uma pausa pegando um pergaminho e o abrindo. - Como se sabe, na verdade ele transformou a própria esposa em busca do sucesso e depois a curou. O ritual necessário para a cura é todo descrito com detalhes no próprio livro de poemas.
- Onde está o livro?! Quero vê-lo!
- Infelizmente fui expulso da biblioteca e não pude trazê-lo comigo. - Hermione já abria a boca para reclamar, mas ele não lhe deu tempo e continuou. - Mas tive bastante tempo de anotar tudo. - E então lhe entregou um pergaminho muito longo.
Ela o estava abrindo quando Draco puxou seu pulso e disse com cara de quem sabia de um grande mistério apontando a pulseira:
- Sabe por que essas continhas de vidro são vermelhas? Isso é sangue de basilisco. E essa pena é de fênix.
Olhando-o com curiosidade perguntou:
- E o que tem dentro das continhas?
- Bom... Ainda não tenho certeza, mas esse fio que liga as bolinhas é crina de unicórnio.
Hermione ficou olhando para a pulseira hipnotizada e boquiaberta pensando que dali em diante tomaria ainda mais cuidado com ela. Mal sabia Hermione o que estava por vir.
Suas mãos tremiam quando terminou de ler e os olhos ardiam muito, tudo aquilo era tão... não queria. Sem conseguir mais se conter deixou que as lágrimas escorressem pelo seu rosto enquanto soluçava baixinho. Draco a olhou com um sorriso triste, estava surpreso, pois não esperava aquela reação, mas entendeu como ela se sentia, ele também estava com o coração apertado, o coração que ela o havia feito perceber que tinha.
- Não quero... não posso... - Murmurava ela entre um soluço e outro.
- Que é isso? Não é nada tão difícil assim, e pense que quando tudo isso acabar nós finalmente estaremos livres um do outro. - Ela soluçou mais alto ao ouvir essas últimas palavras dele. - Para com isso, não é algo tão ruim quebrar uma pulseira!
- Você não entende! - Começou, se levantando e olhando consternada. - Uma pessoa como você jamais poderia entender o que eu estou sentindo! Não é pela pulseira, por mim eu a quebraria agora mesmo se fosse só isso, mas é mais! É esquecer! Esquecer você! Esquecer tudo o que passamos juntos nas últimas semanas... Esquecer o que estou sentindo...
Draco ficou de pé e a abraçou entendendo o que ela queria dizer. Também não queria que ela o esquecesse, não queria passar tanto tempo longe dela, mas era necessário para vê-la livre de todo aquele sofrimento. Já imaginava que ela não fosse aceitar e alguma coisa em seu interior se animava com essa confirmação, mas sabia que mesmo ela não aceitando, mesmo se negando a seguir o que o poema dizia era preciso quebrar a pulseira e livrá-la da maldição.
- Não se preocupe, não vamos fazer nada que você não queira... - Falou passando a mão sobre os cabelos macios dela. - Não precisa chorar, encontraremos outro modo.
Foi obrigado a mentir. Ela, por enquanto, só precisava se acalmar e acreditar que tudo ficaria bem. Enxugou as lágrimas em seu rosto e a apoiou até a casa dos monstros.
No dia seguinte...
Era um fim de tarde de domingo e Hermione lia um livro sossegada em seu quarto(,) quando uma coruja negra com penas cinzentas e olhos verdes entrou pela janela trazendo consigo um envelope preto e uma caixinha. Pousou educadamente no criado mudo ao lado da garota e esperou que ela abrisse o envelope. Hermione o pegou curiosa, lembrando que tipo de pessoa teria uma coruja como aquela e imediatamente a imagem de um loiro de olhos azuis acinzentados veio a sua mente. Tirou a carta pequena e não muito esclarecedora que havia dentro leu.
"Hermione,
Adoraria ter o prazer da sua companhia essa noite em um jantar no mesmo lugar de sempre. Sim, isto é um convite.
Por favor responda o mais rápido possível, pois estarei esperando ansiosamente.
D.M."
Hermione não conseguiu imaginar Draco esperando ansiosamente por sua resposta, mas teve de concordar que ele sabia ser bastante galanteador. Respondeu com uma única palavra de três letras e saiu do quarto atrás de Gina esquecendo da caixinha que a coruja também trouxera consigo.
- Você está perfeita! - Disse Gina enquanto dava voltas ao redor da amiga batendo palmas de excitação. - Linda! Linda! Linda!
Colocando uma mecha solta do cabelo atrás da orelha, Hermione respondeu encabulada:
- Não é pra tanto, Gina! E eu acho que esse seu vestido ficou um pouco apertado em mim...
- Não, não! Está perfeito, define bem as formas do seu corpo. Agora deixe-me ver... está faltando algo.
Foi mais ou menos enquanto Gina dizia isso e a olhava pensativa que Hermione notou a caixinha esquecida perto do envelope com a carta. Andou até ela com a amiga em seus calcanhares. Quando pegou a caixinha na mão ela perguntou curiosa:
- O que tem ai?
- Ainda não sei
- E o que você esta esperando para abrir?!
Hermione levantou a tampa da caixinha lentamente prendendo a respiração. Quando viu o conteúdo caiu sentada em sua cama maravilhada. Um anel. Lindo, o mais lindo que já vira. Gina na sua frente soltou um gritinho quando o viu. Uma esmeralda e um rubi cravados em dois anéis prateados que unidos formavam um só.
- Meu Deus!
- Ah Merlin! Mi, ele te ama!
- Ai meu Deus! - Repetiu ainda atônita.
- Que foi?
- Não posso aceitar...
- Claro que pode! Agora o coloque no dedo ou vai se atrasar!
"Onde ela estava?" Era o que Draco se perguntava a cada dez segundos enquanto verificava se tudo estava perfeito, se não tinha esquecido de nada. Foi enquanto ele verificava o espelho no bolso da camisa de linho manga longa que ela chegou e ele acompanhou-lhe cada movimento.
Depois de tirar o casaco e o deixar em um lugar perto da entrada, Hermione parou e olhou o ambiente ao seu redor. Levou a mão direita à boca para abafar uma exclamação de surpresa e Draco pode perceber que ela usava o anel. Estava tudo diferente. O ar tinha um aroma suave de hortelã, ao lado da cama velha estava uma mesa redonda de madeira belamente posta para dois, coberta com uma toalha branca de linho ricamente bordada. Dois castiçais de prata com velas vermelhas acesas ficavam nas extremidades e um vaso de cristal fino com uma única rosa vermelha, no centro. A lareira estava acesa emanando um calor agradável. Draco estava na frente dela ainda hipnotizado com a beleza da garota que usava um vestido rosa claro, estampado com pequenas flores multicoloridas, na altura dos joelhos. O colo convidativo estava todo a mostra adornado com um colar prateado de pingente pequeno na forma de estrela.
Voltando a realidade Draco se aproximou de Hermione, fazendo uma reverência tomou uma mão dela na sua e beijou-a, arrancando um suspiro da garota. Levantou a cabeça e sussurrou, fazendo seu hálito quente queimar as costas da mão dela.
- Você está linda!
Corando levemente Hermione soltou um suspiro. Draco sorriu convencido e indicou a mesa próxima aos dois. Puxou a cadeira para que ela se sentasse, tomou seu lugar e os dois jantaram falando pouco, como se tivessem medo de estragar o momento.
Terminaram quase ao mesmo tempo. Os copos de vinho estavam vazios e os de água pela metade quando Draco propôs:
- Quer dançar?
Um segundo depois de aceitar Hermione pensou que seria difícil dançar ali sem música e sem espaço, mas ele já estava de pé ao seu lado lhe estendendo a mão.
Aceitou-a e se levantou. Draco tirou a varinha do bolso, com um movimento rápido fez desaparecer a mesa e as cadeiras e começou a tocar uma bela música. Hermione reconheceu o som de um piano.
Colocando sua mão na cintura de Hermione, Draco a puxou mais para si com firmeza e a conduziu, acompanhando o ritmo da música, pelo espaço que tinham. Decorridos alguns minutos, Hermione começou a se sentir um pouco zonza, não soube ao certo se era efeito da maldição ou do vinho, mas pediu para que Draco fosse mais devagar. Ele diminuiu o ritmo e passou as duas mãos em volta da cintura dela enquanto a sentia relaxar a cabeça em seu ombro e passar os braços pelo seu pescoço.
- Obrigada pelo o anel, é realmente maravilhoso. - Ela sussurrou no ouvido dele alguns minutos depois, fazendo-o despertar para o que tinha de fazer.
Draco inspirou profundamente o perfume doce que emanava do pescoço delicado dela e o beijou levemente. Esse simples contato entre sua pele e os lábios dele fez com que ela sentisse uma explosão de novas sensações dentro de si. Draco a puxou para que o encarasse e falou com a voz rouca:
- Para que você tenha uma lembrança.
Ela não entendeu. "Lembrança de quê?" Mas por mais que quisesse perguntar não pôde, pois no segundo seguinte ele a beijou.
Um beijo suave ao qual ela não conseguiu nem ao menos pensar em resistir. Logo estavam se beijando avidamente como se dependessem disso para sobreviver. Uma das mãos dele segurava firmemente as costas dela enquanto a outra lhe acariciava a nuca fazendo-a sentir arrepios por todo o corpo. Subiu-a mais um pouco e soltou o coque que Gina fizera com tanto cuidado. Afastou-se durante dois segundos para admirar o quão belo era o rosto dela, e percebeu nos olhos amendoados a última coisa que desejava ver naquela noite, amor. Teve certeza que ela o amava, não sabia como e nem porquê, mas aquele sentimento estava estampado ali. Já suspeitava disto, mas ter a certeza era diferente, e isso o fez hesitar no que planejava. Mas foi o sentimento que sabia que ela também já havia percebido bem antes nele que o fez continuar. Seu amor por ela.
Beijou-a novamente com mais desespero. Seus dentes se bateram uma vez, riram nervosos e continuaram a se beijar, explorando o corpo um do outro com as mãos por cima das roupas, apalpando, pegando, apertando. Hermione já havia perdido o controle sobre suas ações há algum tempo, o que dirá sobre seus pensamentos. Nunca tinha perdido o controle sobre seus pensamentos antes, mas achou muito bom não estar conseguindo pensar naquele momento, pois isso fazia com que sentisse muito mais. E como era bom sentir as mãos dele tocando-a, os lábios molhados e a língua quente em sua boca.
Afastando-a em direção a cama Draco a fez sentar-se nela. Subiu ficando com os joelhos dela entre os dele. A deitou aos poucos sem parar de beijá-la em nenhum momento. Tirou a língua da boca dela e começou a descer os lábios macios e molhados passando pelo queixo dela, descendo para o pescoço e seguindo para o colo, também ruborizado, enquanto Hermione deixava escapar suspiros e gemidos.
Ao senti-lo chegar em seu colo tentou impedi-lo de prosseguir, mas Draco foi mais rápido e segurou seu pulso e entrelaçou seus dedos com os dela deitando novamente o braço na cama acima da cabeça de Hermione, descendo a mão para o pulso quente e vibrante, sentiu lá o seu objetivo. Começou a empurrar devagar a pulseira, tentando fazer com que ela não percebesse, mas não conseguiu, Hermione notou, assim que sentiu a mão de Draco em seu pulso, o que procurava e tentou impedi-lo, mas não conseguiu. Draco estava com todo peso de seu corpo sobre o dela e segurava firmemente o braço.
- Não, por favor, não! - Implorava com os olhos cheios de lágrimas.
- É preciso. - Respondeu dando-lhe um último beijo antes de tirar completamente a pulseira.
Depois disso, tudo aconteceu rápido demais, o próprio Draco não se lembrava de muita coisa, os fatos para ele ficaram separados em antes de tirar a pulseira e depois de quebrar o espelho.
Uma força invisível arremessou Draco na parede oposta a cama fazendo-o bater a cabeça na parede e escorregar ao chão ficando um pouco zonzo por alguns minutos. Foi o suficiente para que Hermione estivesse completamente transformada. Quando sua cabeça passou de girar, Draco viu Hermione se aproximar. Esta o levantou pelo pescoço tomando-lhe a pulseira. Olhou-o mais atentamente e com desprezo disse:
- É só um garoto, mas vai ter de servir!
- Hermione! É você!? Por favor me escuta! - Gritou desesperado, ela precisava ouvi-lo, ela sabia que era necessário. - Eu não vou te esquecer! Vou esperar por você o tempo que for preciso! - Ela virou o pescoço de Draco e preparou as pressas. - Sejam sete anos, sejam vinte, seja uma vida! - Mordeu sem piedade sentindo o sangue quente escorrer por sua boca. - Porque eu te amo... - Concluiu perdendo as forças.
Ela parou bruscamente e o soltou se afastando. Parecia travar uma luta consigo mesma. Sem perder tempo Draco se levantou pegando a varinha, passou pelo pescoço murmurando um feitiço simples que fechou o ferimento e gritou apontando-a para frente:
- Accio Pulseira!
A pulseira voou da mão da vampira para a de Draco e ele jogou-a no chão quebrando-a em vários pedaços. Ela gritou aterrorizada enquanto ele tirava rápido um pequeno espelho do bolso.
- Almas dos homens traídos e dos poetas mortos aprisionadas nessa pulseira... – Começou vendo espectros prateados subirem do chão, onde a pulseira havia sido quebrada. - ... pelo meu sangue puro vós me deveis obediência e gratidão, mas também mereceis vingança e eu lha vos dou! Aprisioneis a que vos assassinou nesse espelho!
Um clarão envolveu a Leanan-Sidhe, todos os espectros se uniram a ele e a luz foi diminuindo até se tornar apenas um ponto acima da cabeça de Hermione, partiu então com uma velocidade impressionante em direção ao espelho. Draco que o segurava firme bateu novamente na parede, mas dessa vez permaneceu bem consciente. Arremessou o espelho na lareira. Ao verem a vampira agonizando no fogo os espectros se dissolveram no ar.
- Draco... - Chamou Hermione com a voz fraca. - Draco...
Ele se virou e a viu caída no chão, correu para ajudá-la a se levantar e pegando-a no colo a deitou na cama com cuidado.
- Draco...
- Shh... Não diga nada, você esta muito fraca.
- Mas você...? – Preocupou-se.
- Eu estou bem, olhe! – Disse se afastando um pouco para que ela o visse por inteiro.
- Seu pescoço...? – Fitou-o procurando.
- Não foi nada, já usei um feitiço cicatrizante. Você quer alguma coisa!? Água!? – Ela assentiu com a cabeça. – Aguamenti! – Disse depois de conjurar um copo. - Tome. – Segurou o copo com uma mão enquanto com a outra apoiava a cabeça dela.
- Se sente melhor? – Perguntou depois que ela tinha bebido.
- Sim... Draco, obrigada. – Duas lágrimas escorreram de seus olhos ao dizer isso, ele abaixou-se e beijou cada um.
Hermione já começava a se sentir sonolenta, mas não queria dormir. Era sua última noite com ele e queria que ela durasse o máximo possível. Draco sentou na cama colocando a cabeça dela em seu colo e se recostando no estrado.
- Draco? – Chamou.
- Sim?
- Você parece um mandacaru.
- E o que é isso? – Perguntou fingidamente desconfiado.
- É um tipo de cacto existente no Brasil. Li sobre ele em um livro trouxa de geografia. – Falou com o sorriso sabe-tudo de sempre no rosto. Ah como ele sentiria falta daquele sorriso!
- E o que ele tem de especial para parecer comigo, Hermione?
Era tão raro ouvi-lo chamá-la pelo primeiro nome que ela se sentiu preenchida por um sentimento quente e aconchegante. Desejou que fosse assim para sempre, sem sobrenomes, sem rótulos, sem um mundo que os diferenciasse. Mas sabia que era um desejo impossível. Na manhã seguinte tudo voltaria a ser como era antes de se conhecerem melhor e a culpa nem ao menos seria dele.
- Como qualquer outro cacto, ele é cheio de espinhos, mas se tivermos paciência para esperar e prestar atenção, à noite ele desabrocha lindas e grandes flores brancas. – Concluiu pegando a mão dele na sua.
Ninguém mexia com ele como ela. Ninguém mais era capaz de levá-lo do inferno ao céu em tão pouco tempo. De chegar tão perto de seu coração sem se afastar com medo. De amá-lo daquela forma.
- Draco? – Chamou novamente.
- Você precisa descansar! – Censurou-a
- Me promete uma coisa? – Perguntou hesitante.
- Prometo. – Assim, sem ao menos perguntar o que era. Ele confiava nela. Era algo que o tinha ensinado, a ter fé nas pessoas. Todos sempre desconfiavam, talvez por isso mesmo ela acreditasse.
- Que nunca vai esquecer?
- Mesmo que você não saiba, vou estar sempre ao seu lado. É uma promessa.
Levantando um pouco o corpo, Hermione o encarou por um momento. Não via mais frieza nos olhos azuis acinzentados dele, na verdade era justamente o contrário. Sentia uma onda de calor e ternura preenchê-la ao encará-lo. Eles a abraçavam sem tocá-la, era perfeito. Ele a beijou, com carinho, com cuidado, com amor. Sentimentos que nunca pensara e nem quisera sentir antes, mas que agora precisava na mesma medida que o ar.
Depois do beijo ela descansou novamente a cabeça no colo dele sentindo-se incrivelmente sonolenta. Fechou os olhos e suspirou.
- Em nome do nosso amor, não me esqueça... – Sussurrou antes de adormecer.
- Não vou.
Na manhã seguinte, quando Draco a levou de volta para o castelo enquanto ela ainda dormia, nevava.
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