Epílogo



Epílogo

“A pior maneira de sentir saudades de alguém é estar bem perto dele e saber que não pode tê-lo”
Autor Desconhecido

O céu estava escuro, cheio de nuvens cinzentas e carregadas. Trovões disputavam com a voz de um homem de cabelos ruivos a atenção das pessoas. O chão verde-vivo contrastava com todo o resto do local que parecia cinzento e morto. Olhou ao seu redor e viu vários rostos desconhecidos, algumas cabeças ruivas e outras que tinha uma leve lembrança, provavelmente da guerra.
A guerra. Não podia dizer que estava terminada. Ninguém jamais poderia. Os danos que ela causara atingiram muitas pessoas e sinceramente ele considerava sortudos os que não sobreviveram. O mundo de caos e destruição que surge de repente depois de uma guerra é algo horrível, ele sabia disso agora que trabalhava para que tudo voltasse ao normal, mas demoraria ainda muitos anos. E havia também as pessoas. Elas não podiam ser mudadas, reprogramadas para esquecer de toda dor, de todo sofrimento, de todos os traumas. Tinham que viver com isso no mínimo até a morte. Lembrou de uma mulher que conhecera dois dias atrás, teve dificuldade para lidar com ela porque além de se assustar até mesmo com a própria sombra não acreditava que ele estava ali para ajudar e saiu no meio da rua gritando aos quatro ventos que tinha um comensal na sua casa. E no final tinha alguma razão ali, mas ele nunca chegara realmente a ser um comensal da morte. Tinha preferido agir nas sombras protegendo aqueles que amava.
Seu pai estava morto, mas conseguira salvar sua mãe e para isso fora obrigado a lutar com alguns aurores, mas depois de Voldemort ser derrotado conseguiu converter uma boa temporada em Azkaban em muitas horas de serviço comunitário à sociedade bruxa. Esperava fazer o mesmo com as acusações contra sua mãe, mas por enquanto era preferível que ela passasse umas férias na casa de campo da família.
Também conseguira manter a mulher que amava longe de perigo. Havia muitos ao redor dela querendo protegê-la, e alguém com quem nunca esperara contar lhe foi de grande ajuda informando as posições dela nas batalhas. Não podia dizer que Harry Potter havia se tornado um amigo, isso com certeza era algo impossível, mas agora nutriam um respeito mútuo.
Era por ela que estava ali. A mulher de cabelos castanhos claros ondulados. Havia tanto tempo, mas ele ainda se lembrava das últimas palavras que ela lhe dirigira antes de adormecer. “Não esqueça.” “Não te esqueci, Hermione” Pensou tentando acalmar seu coração. Não sabia se era uma boa hora, ela estava afinal chorando por outro homem. Fazia sete anos. Sete anos que não se viam, sete anos contados desde o dia em que ele destruíra a maldição.
Potter estava envolvendo carinhosamente sua esposa ruiva, que chorava em silêncio, com um braço, enquanto com a outra mão acariciava a cabeça da castanha tentando passar um pouco de conforto as duas. Ele não chorava, a vida o havia tornado forte pelos que precisavam. O garoto que sobreviveu continuava sobrevivendo.
O sr. Weasley terminou o discurso. As pessoas depositaram suas flores sobre o caixão, esperaram mais um pouco, cada um fazendo suas orações, antes de começarem a se dispersar. A família do falecido se despediu chorando. Só restaram ele, Harry, Gina e ela.
- Vamos embora? – Chamou Harry.
Gina se desenlaçou do seu abraço e depositou suas flores sobre o túmulo. Voltou para os braços de seu marido dizendo que esperariam por Hermione na entrada do cemitério. Ela assentiu com a cabeça, enxugou o rosto com um lenço, respirou fundo e se aproximou da lápide tentando sorrir. Depositou suas flores no chão e agachada passou a mão carinhosamente pela pedra fria onde era possível ler: “Rony Weasley / 1980~2003 / Amado Filho e Amigo.”
Levantou após alguns minutos e encarou o homem a sua frente.
- Bom dia, Malfoy.
Sentiu-se mal por ouvi-la chamá-lo pelo sobrenome, mas teria que se acostumar, pelo menos por enquanto.
- Bom dia.
- O que você faz aqui? – Perguntou sem nenhuma emoção.
- Apenas trabalhando. – Respondeu com simplicidade, uma simplicidade que ela não sabia que ele possuía. Fez que não entendeu e ele continuou. – Meu trabalho é cuidar das conseqüências da guerra.
Mordeu o lábio inferior contendo algumas lágrimas. Quem ele pensava que era?
- Rony não é uma conseqüência. – Falou séria. Ele já esperava por aquele tipo de resposta, mas não pôde evitar sentir uma pontada de raiva. Durante a guerra uma das coisas que mais o amedrontava era que o ruivo tomasse coragem para se declarar, quando o fez, Draco quase abandonou suas esperanças, mas a promessa que ela o havia obrigado a fazer não o tinha deixado desistir. Observou de longe o namoro dos dois e ficou satisfeito ao perceber que eram mais amigos do que amantes. Sempre seriam.
- Eu não disse isso. – A conseqüência na verdade era ela. – Você quer tomar um café?
Pareceu surpresa por um momento.
- Por que eu tomaria um café com você?
Gotas finas de chuva começaram a cair nos rostos e nas mãos dos dois. Ao longe já podiam ouvir a chuva de verdade se aproximando. Ele abaixou a cabeça e olhou para os próprios pés pensativo.
- Não sei. – Levantou a cabeça e a encarou. Ainda não o tinha feito realmente e ela sentiu que havia algo mais profundo naquele olhar, algo que já conhecia, mas estranhamente não lembrava, mas teve a certeza de que era importante e sentiu a necessidade de aceitar o convite. – Talvez porque um café seria bom, com essa chuva...
Sorriu. Não lembrava de tê-lo visto antes assim, sem arrogância, sem sarcasmo, quase com humildade.
- É... seria bom.
- Vamos então?
Hermione piscou um pouco confusa.
- Ah, Claro! Só me deixe avisar o Harry.
Quando ela se virou e começou a correr sob a chuva Draco vislumbrou um brilho em sua mão e sorriu consigo mesmo. Afinal ela ainda usava o anel. Mesmo sem saber, ela ainda o amava. A prova estava ali.
~*~FIM~*~

N.A.: Perdoem os erros, quando criar coragem mando para uma Beta. Quanto ao chall tirei 3º lugar. Obrigada por ler e *\COMENTEM/*

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Comentários (1)

  • Ninah

    Lindo ! muito lindo! Merecia uma continuação com eles dois ,você escreve muuuito bem.

    2012-12-02
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