..:: CAP III ::..
A poucos metros acima dali, em cima de uma vassoura, um bruxo vestido de negro observava a mansão com binóculos, algo trouxa, mas muito útil. Ele parou alguns segundos no ar e ficou observando o escritório, viu Hermione e Potter juntos e apertou com força a vassoura.
Harry e Hermione se olhavam, mas não diziam nada, cada um estava perdido com as próprias lembranças.
- Você ainda...ainda...Esquece – disse Harry
- Não! Pergunte. – disse Hermione
- Você nem por um instante parou para pensar como teria sido se...se aquilo não tivesse acontecido? – perguntou Harry - Por que eu penso nisso todos os dias. Eu jamais vou conseguir esquecer tudo o que houve entre a gente.
- Eu acho que também não vou esquecer – Hermione disse baixinho, logo depois desviou os olhos e fitou o chão. Harry segurou o queixo dela obrigando-a a fitá-lo. Percebeu lágrimas nos olhos dela e a soltou. Ela voltou a olhar para o chão deixando as lágrimas rolarem por seu rosto. Harry levantou-se e foi em direção à porta, segurou a maçaneta e suspirou, virando-se para trás:
- Embora você não acredite. Aqueles poucos meses foram os melhores da minha vida. – Então saiu.
Hermione olhou para a porta fechada e respirou fundo limpando as lágrimas. Há anos ela prometeu que nunca mais choraria, mas era só Harry reaparecer que sua vida voltava a ser o velho caos de sempre.
- Por que o passado sempre volta para nos atormentar? – perguntou para si mesma
- Talvez por que não seja passado. - disse a pequena Wink aparecendo na sala
- Wink! Você quer me matar de susto! – disse Hermione respirando com dificuldade e com a mão sobre o peito que disparara
- Perdão senhora! Wink má! Wink muito má! – disse a elfa batendo um vaso na cabeça
- Não! - gritou Hermione. Tarde demais, a elfa já quebrara o vaso.
- Wink má! – disse a elfa já se aproximando de um peso de papel
- Para! – gritou Hermione. A elfa que já estava levando o peso até a cabeça, parou instantaneamente.
- Perdão senhora.
- Wink! Quantas vezes eu já lhe disse que não tem que se castigar?
- Muitas, senhora.
- E por que você continua com isso? Wink, eu gosto muito de você, não quero que se machuque – A elfa teve uma crise de choro, chorava compulsivamente e muito alto debruçada no colo de Hermione.
- A senhora é muito boa, ninguém foi tão boa para Wink, ninguém – disse a elfa entre os soluços
- Pare de chorar. – disse Hermione ternamente. A elfa parou e olhou para ela
- Vejo que quem andou chorando foi à senhora. – disse a elfa
- Não foi nada. – disse Hermione desconversando
Harry andava pelo corredor sem prestar atenção em nada. Enviou uma coruja urgente para o ministério e pegou sua vassoura decidido a voltar ao pior lugar de sua vida: Ruas do Alfeneiros, 4.
Harry chegou à casa dos tios e ficou parado à porta por alguns minutos. Depois respirou fundo e tocou a campainha. Uma senhora com cara de cavalo e cabelos grisalhos atendeu.
- O que deseja?
Harry se deu conta de quantos anos se passara desde a última vez que viu a tia. Ele devia ter uns 17 anos e agora quase dez anos depois era natural que ela não o reconhecesse.
- Perdão, senhora Dursley?
- Potter?
- Sim.
- O que você faz aqui, garoto?
- Eu...eu....queria...falar com senhora.
- Entre. Mas deixe isso ai fora! – disse ela apontando para a vassoura
Harry entrou na casa em que crescera, tudo parecia exatamente igual. Ele sorriu. Por mais lembranças ruins que aquela casa lhe trouxesse era bom voltar àquele lugar.
- Sente-se. Quer chá? - perguntou Petúnia
Harry notou a dificuldade que ela tinha para caminhar agora
- O tio...o Senhor Dursley não está???
- Valter morreu há alguns anos....- disse ela com pesar
- Eu sinto muito – era estranho, mas Harry realmente sentia a morte do tio. Por mais que ele lhe tratasse mal, era seu tio.
- Senhora Dursley, alguém veio aqui perguntar algo sobre mim?
- Por que alguém perguntaria sobre você, Potter?
- Eu quis dizer...nenhum bruxo veio aqui?
Ela parecia fazer um esforço para se lembrar
- Sim....há alguns meses uma mulher veio aqui....acho que se chamava Wesasleo....não Weasley!
- Que?
- Ela veio e me perguntou sobre você, como eu disse que não sabia de nada ela logo foi embora.
- E como era essa mulher?
- Era...era...Eu não me lembro direito.
- Era ruiva?
- Não! Acho que tinha cabelos castanhos.
- Tem certeza? – perguntou Harry desconfiado
- Claro! Afinal, por que está me perguntando isso? – disse ríspida
- Por nada, tia. Bom, muito obrigado, acho que já vou.
Harry caminhou por alguns metros até uma praça que ficava lá perto e depois apartou a quilômetros da casa do ministro, montou em sua vassoura e se dirigiu até lá. Harry entrou na casa sem encontrar dificuldade alguma e achou isso muito estranho. Apressado correu até a porta principal onde deveria encontrar dois seguranças, mas não tinha ninguém lá. Abriu a porta e não encontrou ninguém no andar de baixo. Com o coração disparado subiu as escadas em direção ao quarto de Hermione.
Abriu a porta violentamente e a encontrou deitada na cama com os braços caídos para o lado.
- Mione? – chamou, notando que o nervosismo o fez usar o apelido de infância. Voltou a chamá-la
- Hermione? – ele entrou vagarosamente no quarto. Olhando para o chão ao lado da cama viu Wink caída, se aproximou da elfa constatando que ela estava apenas desacordada. Respirou fundo e se aproximou da cama. Hermione estava pálida e Harry não conseguia controlar o tremor em sua mão ao tocá-la. Ao perceber que ela também só estava desacordada um alívio se apossou dele. Abaixando-se ao lado da cama Harry traçou o contorno do rosto dela com as pontas dos dedos.
- Se alguma coisa acontecer a você, eu morro – disse ele baixinho.
Notando uma carta na mão dela, ele a retirou e leu.
MEU ANJO...DURMA E SONHE COMIGO. PARA SEMPRE!!!
- Maldito! – disse Harry levantando-se. Ele beijo-lhe na testa e acariciou mais uma vez seu rosto. Descendo as escadas constatou que quase todos os empregados da casa também haviam adormecido e recobravam a consciência aos poucos.
Harry se aproximou do mordomo ajudando-o a se levantar
- O senhor está bem?
- Sim...- disse o senhor com a voz vacilante
- O senhor se lembra do que aconteceu?
- Ah...sim....Não.- o mordomo levou a mão à cabeça – E a patroa? Ela está bem? – perguntou preocupado
- Acho que sim. – disse Harry - Chame um curandeiro por favor.
- Claro, senhor!
Harry verificou os outros empregados dando ordens rapidamente para que os seguranças vasculhassem a área e redobrassem a atenção nas patrulhas. Cansado depois de percorrer o terreno da casa ele voltou para dentro e enviou uma coruja para o ministério avisando ao ministro sobre o que havia acontecido. Depois de conferir novamente os feitiços de proteção da casa subiu novamente para o quarto de Hermione.
Hermione estava deitada e ainda não recobrara a consciência, o curandeiro que a havia examinado levou amostras para analisar no St. Mungs e outras para o ministério.
O curandeiro disse que era normal que ela demorasse pelo menos duas horas até acordar, pela analise imediata ela havia inalado uma poção gasosa do sono que fora enviada na carta e os empregados provavelmente foram atingidos por um potente e antigo feitiço usado na Idade Media conhecido com “ Bella Noche”, que tinha o poder de adormecer uma grande quantidade de pessoas a distância. Esse feitiço era estritamente controlado pelo ministério e para usá-lo era necessária autorização que só era concedida a treinadores de dragão da Romênia ou controladores de Gigantes.
Harry se aproximou da cama e ficou olhando-a dormir por um bom tempo. Ouvindo uma discussão no salão principal desceu para ver o que era. Pimbols, o mordomo, tentava acalmar os jornalistas enquanto o ministro passava por uma chuva de fleches. Mark subiu as escadas apressado só parando para lançar um olhar furioso para Harry.
- Falo com você depois, Potter. - rosnou o ministro seguindo para o quarto da esposa.
Harry respirou fundo e desceu a escada, olhando pra o mar de repórteres a sua frente revirou os olhos.
- Por favor, se retirem imediatamente da propriedade. - disse Harry impaciente.
Uma chuva de perguntas foi disparada ao mesmo tempo:
- Senhor Potter, por favor, uma declaração!
- A esposa do ministro esta bem?
- Quem são os responsáveis?
Harry olhou para os três seguranças que se esforçavam para manter um cordão de isolamento impedindo que os reportes invadissem o jardim.
Harry se dirigiu novamente aos jornalistas:
- Senhores, eu peço por favor que se retirem!
- Por favor, senhor....
Harry perdeu a pouca paciência que lhe restava.
- Senhores! Isto é invasão de domicilio e vocês serão processados se não se retirarem imediatamente! – gritou Harry
- Mas quando seremos informados? – perguntou um jornalista impaciente
- A coletiva é amanhã. Agora, por favor, se retirem!
Harry subiu as escadas e se dirigiu ao quarto de Hermione, mas foi barrado na porta pelo segurança particular de Mark.
- O senhor não pode passar.
- Deixe-me falar com o ministro.
- Ele me deu ordens para que ninguém passe daqui!
- Deixe-me passar. – pediu Harry impaciente
- Não!
Harry tirou a varinha do bolso e apontou para o segurança que vacilou, mas não saiu da frente.
- Saia. – disse Harry irritado.
O homem não saiu. Harry não sabia se por obrigação ou por que o medo o paralisou.
- Petrificus Totalis!
O segurança caiu imobilizado e Harry abriu porta do quarto. O ministro se encontrava parado ao lado da cama e olhou assustado para a porta.
- Eu não permiti a entrada de ninguém! Saia, Potter!
- Senhor eu...
- Eu disse para sair! – gritou o ministro
- Mas, senhor eu...
Mark retirou a varinha do bolso e azarou Harry que caiu. Voltando a ficar de pé Harry lançou um olhar furioso para o ministro.
- Eu peço demissão!
- Ótimo, por que eu ia demitir você de qualquer jeito!
- Não. – disse Hermione que a acabava de acordar
- Harry...Vem cá. – disse ela com a voz fraca
Harry deu um passo em direção a cama, mas Mark o impediu de se aproximar.
- Você não tem mais nada o que fazer aqui! – disse o ministro
Hermione fez um pouco de esforço para se sentar e foi amparada por Mark, irritada ela afastou o marido que tentava ajudá-la, mas só estava atrapalhando.
- Harry, vem cá – repetiu com o braço estendido para o auror.
Harry se aproximou da cama a segurou a mão dela.
- A poção era desfalecencia e provavelmente o feitiço Bella Noche.
Ela ainda parecia fraca.
- Não se esforce, nós já sabemos. Descanse – disse Harry afagando a mão dela
O ministro observava a cena curioso. Como sua esposa preferia um desconhecido a ele? Eles conversavam com tanta intimidade. Era como se eles se conhecessem há anos. Mas como?
- Potter, saia! Deixe minha esposa descansar.
Harry soltou a mão dela e virou-se em direção a porta, Hermione segurou a manga de sua camisa.
- Fica aqui. – ela pediu
Mark parecia que não acreditava no que ouvia. Hermione relutara tanto em ter um guarda-costas e agora já estava cheia de intimidades com ele. Isso era absurdo! Ainda mais um guarda-costas inútil que não era capaz de protegê-la.
- Meu amor, o Potter tem trabalho a fazer! - disse Mark
- Saia, por favor! – disse o ministro para o Auror
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