Capitulo 01
Capitulo 01
Na Rua dos Alfeneiros n° 4, um garoto magricela, de cabelos negros e olhos incrivelmente verdes tinha um sono conturbado deitado sobre uma cama antiga em meio a um quarto completamente bagunçado, ao contrário do resto da casa, que era absurdamente limpa e organizada. Seu sono conturbado devia-se às lembranças perturbadoras que lhe percorriam a mente em meio à quase depressão qual se encontrava. Durante mais um verão esteve só. Trancado na casa dos Dursley, longe de seus amigos e da garota que amava, abalado por mais uma morte, uma morte que ele presenciou e não fez nada. Tais pensamentos fervilhavam-lhe a cabeça, tiravam-lhe o sono e entristeciam seus dias de isolamento.
Esse garoto era Harry Potter, “o menino que sobreviveu”. Agora já sentado sobre a cama ele desejou novamente ser Harry, “ SÓ Harry ”. Quantas coisas poderiam ter sido evitadas, quantos sofrimentos ele e os que rodeiam teriam deixado de passar. Mas isso teria um fim, nem que isso lhe custasse a vida.
***
N’A Toca, estava dormindo um garoto de alto, de cabelos ruivos e olhos azuis . Ele dormia tranqüilamente, com um leve sorriso lhe pairando a face, parecia tomado de contentamento; quem o visse diria que estava tendo um sonho bom.
Não demorou muito, seu sono foi interrompido por uma ruiva de cabelos longos e lisos e um jeito maroto no olhar. Ela aproximou-se do garoto o mais silenciosamente possível e lhe sussurrou ao ouvido:
- Hum... o que você está sonhando para estar com esse sorriso estampado na cara? – disse com uma voz suave enquanto continha uma risada.
- Gina?! – falou Ron pulando da cama assustado. – O que...? Do que você está falando? – respondeu sonolento.
- Desse sorriso que está estampado na sua cara, Roniquinho – este gemeu raivosamente com a pronúncia do apelido. – Estava sonhando com o que?
Rony, recuperando-se do susto, deu-se conta que não lembrava com o que sonhara, mas lamentava ter sido acordado pois sentia que tinha sido com algo bom.
- Eu... eu não lembro. – respondeu ainda confuso.
- Ah! Se não quer contar não conte, não precisa mentir. – respondeu a garota irritada. – Mamãe mandou te acordar pra tomar café.
Enquanto desciam às escadas ouviram uma campainha soar.
- Rony! Gina! Desçam logo! – ouviram a Sra. Weasley chamar.
- Quê? – perguntou Rony irritadiço, ainda chateado por ter sido acordado durante seu sonho.
Parou no último degrau surpreso, com um sorriso muito mal disfarçado na face.
Hermione o recebera com um lindo sorriso, porém não se moveu a seu encontro, então Rony foi atropelado por Gina que correu ao encontro de Mione e abraçou-a.
- O que tá fazendo aí parado? - perguntou Gina olhando para o Ron que ainda estava imóvel na escada perdido em pensamentos.
- Eu? Nada. – falou aproximando-se da amiga que lhe deu um longo abraço. Novamente Rony soube como era tê-la envolta em seus braços, gostava da sensação de estar protegendo-a, sentia-se mais seguro quando ela parecia uma garota indefesa que procurava refúgio em seus braços, como no funeral de Dumbledore.
***
A Sra. Weasley ordenou a Rony que ajudasse Hermione a se acomodar enquanto ela e Gina preparavam a mesa para o café.
- Obrigado. – Falou Mione logo que terminaram de acomodar o pesado malão ao lado da cama onde sempre dormia no quarto de Gina.
Ele sorriu em resposta.
- Er... Ron?
- Hum?
- Como vão as coisas? – perguntou Hermione com um olhar apreensivo.
- Como assim?
- Bem... er... a caçada a Voldemortt? – perguntou ela temerosa. – Tenho lido o Profeta, mas sei que o ministério sempre mantém tudo “por debaixo dos panos” como dizem os trouxas.
Rony arrepiou-se a pronúncia do nome.
- Bem a Ordem tem feito o possível, mas você sabe...
- Cada vez tenho visto mais mortes, tanto bruxos quanto trouxas. – Ela fechou os olhos por um instante enquanto falava, procurando transformar em palavras a confusão que se passava em sua mente e em seu coração. – Porquê? – O brilho de seus olhos denunciava as lágrimas que haviam ali se formado. Abaixou a cabeça.
Rony levantou o rosto, viu que Hermione não mais continha as lágrimas em seus olhos. Por alguns segundo,s Hermione o encarou enquanto ele tinha as mãos sob o queixo.
- Aconteça o que acontecer, - a mão de Rony tremia levemente – você sabe que estarei sempre aqui. Harry e eu estaremos sempre com você, como os melhores amigos que somos.
- Nunca duvidei disso. – ela esboçou um sorriso limpando as lágrimas de seu rosto. “Como ela ficava linda quando sorria”, pensou Rony. - Mas, e meus pais Rony? Eles não podem se defender. Quantos inocentes terão que morrer pra tudo isso terminar?
Como Hermione passava da bruxa corajosa, forte e determinada, para aquela garotinha frágil e delicada? Ele não sabia, mas isso lhe parecia encantador nela. Como ele queria ter as respostas daquelas perguntas. Como ele queria poder responder “não haverá mais sofrimento”. Mas ele não podia, não podia mentir de tal maneira. Não para ela.
Hermione o encarava, como se as resposta das questões universais estivessem ali. Naqueles olhos azuis , profundos como o oceano, cheios de mistérios. Sabia que, se tratando de Ronald Weasley, nunca obteria todas as respostas. Não sabendo o que dizer à amiga Rony simplesmente lhe devolvia o olhar, um olhar cheio de fidelidade, coragem e dedicação.
- Acho melhor eu trocar de roupa antes de descer. – disse Hermione, com um sorriso angustiado.
- É melhor, você deve estar cansada. – concordou Rony parado próximo a ela.
- Ron... – Hermione agora tinha um leve sorriso, nos quais as últimas lágrimas perambulavam.
- Quê?
- Eu disse que vou trocar de roupa – e empurrou Rony lentamente para fora do quarto. Eles então passaram pela porta e Rony a puxou pelo corredor até dar de costas na parede. Por que de repente sentiam-se tão bobos ali sorrindo, tão próximos que sentiam um a respiração do outro?
Hermione olhava firmemente Ron como se estivesse procurando nele algo que ainda não conhecesse. Ele a olhava perguntando-se por que ela agora o fazia sentir-se tão... diferente.
- Melhor eu descer - disse Ron – você ainda tem que trocar de roupa. – Falou o ruivo, afastando uma mecha de cabelo colada no rosto de Hermione pelas lágrimas.
Hermione estremeceu levemente com o toque. Concordando silenciosamente com a cabeça, ela entrou no quarto fechando a porta atrás de si. Escorando-se nela, a garota deixou-se descer até o chão, e por alguns instantes permaneceu olhando o nada, enquanto pensamentos lhe fritavam os neurônios.
***
- Por que demorou tanto? – perguntou Gina.
- Nada! – Rony disse quase como num protesto enquanto sentia seu rosto corar e suas orelhas ficarem vermelhas.
- E Hermione?
- Trocando de roupa, eu acho – respondeu para a irmã.
Então Hermione desceu as escadas em direção à cozinha onde todos comiam.
- Finalmente! Pensei que tivesse se perdido! – zombou Gina. - O que aconteceu pra deixar meu irmão com essa cara?
Foi a vez de Mione corar.
- Nada.
- Pensamos que não viria mais, Hermione. – falou gentilmente a Sra. Weasley. - Coma devagar Rony! – Falou a senhora olhando de forma reprovadora para o filho, que corou irritado. – E depois escreva ao Harry dizendo que logo Arthur e Tonks irão buscá-lo.
Rony apenas concordou com a cabeça, enquanto Gina ouvia calada, absorta em pensamentos.
***
Era manhã e os primeiros raios de sol adentravam o quarto de Harry quando ele finalmente conseguiu adormecer novamente. Com a claridade sobre o rosto, escondeu-se atrás do travesseiro. De repente, ele ouviu leves batidas na vidraça da janela. Edwiges havia voltado da sua caçada noturna com um pergaminho e o jornal Profeta Diário como fazia todos os dias. Harry, ao notá-la, levantou-se rapidamente e pegou as correspondências logo após acariciar a coruja branca .
Oi cara! Como os trouxas estão te tratando por aí? Se quiser eu vou até aí dar mais alguns doces inofensivos ao seu querido primo...
Pichi está doente, então usei Edwiges, ela e Errol se estranharam um pouco, ele queria lhe levar a carta, mas preferi não arriscar essa coruja velha morrer no meio do caminho.
Mamãe mandou que escrevesse para dizer que estão indo aí te buscar, papai e uma amiga. Deixe tudo pronto, o.k.? Nossa amiga já está aqui, está me controlando por sinal. Ela manda beijos. Todos aqui mandam abraços e o esperam logo.
Até mais!
Então Arthur iria buscá-lo. Com alguns membros da Ordem talvez. Precisava preparar seu malão. Olhando seu quarto, perguntava-se como não notara tamanha bagunça; roupas, livros, jornais e restos de comida estavam espalhados por todos os lados. Recolheu seus livros e suas roupas, colocando-os de qualquer jeito dentro do malão, havia restos de comida entre os jornais, roupa suja misturada à roupa limpa, penas brancas por todos os cantos...
Depois de tudo guardado, checou novamente se tudo do quarto encontrava-se em ordem dentro da mala. Deitou-se na cama novamente, olhando fixamente o teto lembrou-se de sua ruiva temperamental, com aquele belo sorriso e olhar tão confiante; decidido. Sua ruiva? Ele já não tinha mais certeza disso, abrira mão do seu amor pela segurança dela, a amava demais para vê-la sofrer novamente nas mãos de Voldemort. Será que ela estava magoada com ele? Será que tinha raiva dele pelo que ele havia feito? Ela era uma garota forte, ele sabia disso. Não sabia o que sentiria quando a visse novamente, naquele mesmo dia, n’A Toca.
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