Capitulo 02



Capitulo 02

Na sala Rony olhava do tabuleiro para Hermione e Gina, a amiga estava escondida sob um pesado livro e Gina parecia pensativa, distante.

- Hum... Gina? – falou o ruivo, receoso de que ela não estivesse disposta a uma conversa.

- Ah? – respondeu ela olhando o irmão.

- Joga comigo? – perguntou ele com um sorriso esperançoso, fazendo cara de coitado. – Estou entediado.

- Ah Rony... – falou a ruiva – Não estou com vontade agora, por que você não joga com a Mione?

Ele lançou um olhar esperançoso à amiga. Ela abaixou o livro de forma que apenas seus olhos ficaram a vista.

- Er... Você sabe que eu não gosto de xadrez, ainda mais que... Estou lendo.

Rony não disfarçava mais seu aborrecimento quando a Sra. Weasley veio chamá-los para ajudarem na limpeza da casa.

- Mas mãe! – resmungou Rony.

- Não estava entediado, maninho? – provocou Gina sorrindo. Rony mandou-lhe um olhar fuzilante.

- Não comecem vocês dois! – falou severa a Sra. Weasley. A casa tem que estar impecável para o casamento. Por hoje vamos começar a limpar tudo. Hermione você não precisa ajudar se não quiser...

- Não tem problema Sra. Weasley, não me importo em ajudar. – disse a garota fechando o livro e sorrindo para a senhora. – Por onde começo?

- Bem, querida, ajude o Rony a organizar os quartos, já que receberemos visitas durante o casamento. Gina pode me ajudar com a cozinha e a sala.

Hermione e Ron mexeram a cabeça em concordância.

- Não acredito que Gui vai mesmo se casar com a Fleur. – falou Gina logo que a Sra. Weasley saiu do cômodo, sem se incomodar em disfarçar sua irritação e o desgosto em sua voz.

- Não há nada que possamos fazer maninha. Se Fleur não se importou em casar com Gui mesmo ele estando assim, quem somos nós para nos intrometermos? Nunca entendi a razão dessa implicância que vocês têm com a Fleur. - disse ele sacudindo os ombros.

- Claro que não, né, Roniquinho? – Respondeu Gina zombeteira – Afinal não fomos nós que a convidamos para o baile...

Rony corou bravamente ao lembrar de seu fiasco do Baile de Inverno. Hermione sabia qual era a implicância de Gina, tinha ciúmes de Gui... E de Harry também. Ela também não tinha muita simpatia pela garota, mas agora as coisas haviam mudado. Sempre pensou em Fleur como uma princesinha fútil e mimada e bem... Agora ela sabia que ela era mais que isso.

- Ela o ama, Gina. – Hermione falou com simplicidade. – Como Gui está?

- Gui agora tem algumas cicatrizes pelo rosto... Anda com um apetite excepcional para carnes, mesmo para um Weasley. – Ela esboçou um sorriso fraco olhando o irmão. – Mas ainda não se sabe o que pode haver.

- Mas por precaução o casamento não foi marcado na lua cheia. – Falou Rony, saindo em direção à escada, acompanhado por Hermione.



***

Arthur, Tonks e Lupin aparataram em frente à casa dos Dursley. O Sr. Weasley tocou então a campainha. Harry de seu quarto ouviu o soar. A Sra. Dursley foi até a porta atender e com grande espanto viu aqueles “anormais” em sua porta. Uma garota com cabelos rosa-choque, um senhor maltrapilho, porém jovem, de aparência maltratada. Ao observá-lo a Senhora Pensou que mais lembrava um mendigo, e o outro, bem, do outro ela lembrava. Era o senhor que havia invadido sua lareira com grande quantidade de garotos ruivos que haviam enfeitiçado seu pobre Duda com um caramelo e fez a língua do menino atingir mais de um metro. Chocada e amedrontada, Petúnia dirigiu a eles um olhar inquisitivo.

Harry embora estivesse pensativo, deitado sobre a cama, ouviu algo como o soar de uma campainha. Provavelmente seria o Sr. Arthur que viera buscá-lo. Levantou-se da cama lentamente. Olhou o quarto mais uma vez, a última vez. Como ele devia estar sentindo-se? Uma onda de alivio espalhava-se por todo seu corpo, mas ainda assim algo fez seus cabelos da nuca arrepiarem. Seria o destino que o aguardava melhor do que esses mais de 16 anos vivendo com os Dursley? Enquanto descia as escadas vagarosamente, olhava atentamente a casa. A casa onde havia crescido, mas que nunca pudera chamar de lar. Sentimentos continuavam a confrontar-se dentro dele. A partir daquele dia muitas coisas o aguardavam.

Desde a morte de Dumbledore tomara sua decisão. Não descansaria até que fosse cumprida a profecia, começaria uma jornada onde caçaria onde estivessem aqueles que mataram algumas das pessoas mais importantes da sua vida. Iria até onde fosse necessário para encontrar Bellatrix Lastrange, Severo Snape e Lord Voldemort, os responsáveis pela morte de seu padrinho Sirius Black, o diretor Alvo Dumbledore e seus pais, Tiago e Lílian Potter. Encontraria seus servos mais fiéis e destruiria todos os Horcruxes de Lord Voldemort e então poderiam travar a batalha final, da qual segundo a profecia poderia sobreviver apenas um.

- Por favor, viemos buscar o Harry. – o garoto ouviu o Sr. Weasley dizer de forma polida assim que Tia Petúnia abriu a porta.

Petúnia Dursley ficou sem ação por algum tempo.

- O que está havendo aí, Petúnia? – Perguntou o Sr. Dursley dirigindo-se à porta.

- Eles... Eles... Vieram, er... Buscar Harry.

- Bem, deixe-os levá-lo! Só lhes digo que não o aceitaremos de volta.

Harry observava da escada a movimentação no hall de entrada da casa dos tios, não se surpreendeu nem um pouco com a atitude do tio. Lançou um olhar ao primo Duda que se escondia perto dali e parecia excepcionalmente feliz com algo. Provavelmente o motivo da felicidade dele devia-se a sua partida pode facilmente constatar, pois sabia que só isso poderia deixá-lo alegre quando haviam bruxos que segundo ele lhe ofereciam perigo em sua casa.

Logo tanto Arthur quando o Senhor e a Sra. Dursley notaram a presença de Harry que descia as escadas em direção ao hall.

***

Hermione ajudava Rony a arrumar seu quarto e com caretas freqüentes observava a bagunça.

- Rony! Eca! – Disse ela, apontando para um pedaço de algo que devia ter sido algum dia tortinhas com geléia.

- Er...

- Rony, que bagunça, levaremos séculos para limpar tudo isso. – Falou mostrando a desordem geral. – Qual é o seu problema? – perguntou em tom de desaprovação.

- Ah, Hermione! – Falou ele meio zangado. – Eu sou um homem, você não poderia esperar que meu quarto fosse organizado e limpo.

- Homem? Sei... – Falava ela com um olhar zombeteiro – Realmente eu não espero que GAROTOS mantenham seus quartos limpos e organizados como uma GAROTA faz, mas Rony, isso é ridículo! Parece mais um... Um... Suas roupas estão por todos os lados, limpas e sujas misturadas, há comida embaixo da sua cama...

- Se não quiser ajudar não precisar, ninguém a obrigou, o quarto é meu e eu posso muito bem cuidar dele sozinho. – Disse o garoto emburrado.

- Como tem feito? – Hermione preocupou-se agora em soar menos ofensiva. – Acho que uma ajuda feminina não fará mal. – Rony apenas sacudiu os ombros.

Hermione separava as roupas sujas em um cesto e as limpas em outro, com ajuda de sua varinha. As roupas do amigo eram velhas e gastas, como tudo que o garoto possuía. Ron, sem a mesma habilidade com sua varinha, fazia as tarefas ao modo trouxa. O garoto polia suas miniaturas de jogadores dos Cannons e mais algumas poucas coisas às quais dava algum pequeno valor por pelo menos ainda estarem inteiras.

- Ron? O que é isso? – perguntou à amiga tentando segurar o riso, porém em vão, já que agora estava rindo deliberadamente de um ursinho de pelúcia particularmente velho, que tirara do guarda-roupa. Ele exalava um suave perfume que parecia ser de colônia infantil misturado outro odor que ela tão bem conhecia, o ursinho exalava a Ron.

A cor esvaiu-se de Rony, que imediatamente tornou-se rubro até as orelhas.

- Deixe que eu limpo aí. – Falou envergonhado, sem conseguir encarar Hermione.

- Sua sorte é Harry não estar vendo isso. – Continuava a amiga recuperando-se do acesso de risos.

“Eu preferia que fosse ele quem visse.” – Pensou o ruivo tristemente.

- Deram isso para mim quando eu era pequeno. Nem sei o que ainda faz aí.

- Você dormia com ele, não?

- Er... Acho que não, não lembro... – Rony respondeu simplesmente. – Bem acho que já posso jogar esse urso velho fora, não creio que mamãe terá mais filhos.

- Por quê? Ele é tão bonitinho... Qual é o nome dele? – Hermione o segurava entre uma nova onda de risos. - O que foi? – ela indagou ao perceber que ele a observava.

Ele então afastou uma mecha que teimava em lhe cobrir o rosto.

- Ele deveria ter um nome? – perguntou Rony confuso.

- Claro! Vamos batizá-lo. – Hermione sorria um sorriso aberto, simples, verdadeiro.

Rony a olhava incrédulo. “Quem havia se apossado do corpo de sua amiga?”

- Chame-o de “trapo velho prestes a ir pro lixo”.

- Ah! Não, Rony, não o jogue fora! Você o tem desde criança...

- Você não espera que eu os mostre para meus filhos e diga, este é meu ursinho que seus tios Fred e Jorge transformaram em uma aranha que quase me matou quando eu era do tamanho de vocês.

- Seria bem interessante a cena.

- Hermione, você não quer que eu continue guardando um urso de pelúcia velho pelo resto da vida quer? – Falou o garoto. – Bem, se o quiser, fique pra você.

- Pois eu quero. Será meu afiliado Weasley. – falou em meio à gargalhadas.

- Você não está supondo que considerarei esse urso velho meu... Er... Filho está? – Perguntou Rony confuso. – Garotas são loucas.

- Mula insensível. – Respondeu Hermione risonha.

- Mandona irremediável – Rebateu o rapaz no mesmo tom.



***



Gina e a Sra. Weasley terminavam de limpar a sala quando, com grande estrondo, entraram pela lareira Arthur, Tonks, Lupin e Harry, que limpava as lentes empoeiradas de seus óculos e os posicionava corretamente.

- Harry querido! – Falou a Sra. Weasley que logo envolveu o garoto em um abraço de quebrar os ossos.

- Olá Sra. Weasley. - Respondeu o garoto após recuperar o ar.

O coração de Gina batia descompassado, novamente ela via-se frente a frente com o menino que sobreviveu. O melhor amigo de seu irmão. Seu herói da infância. E seu grande amor. Seu desejo era jogar-se sobre ele e cobri-lo de beijos. Mas ela não podia. Então apenas limitou-se a desviar o olhar de Harry que parecia penetrar-lhe a alma, ler-lhe a mente e incendiar seu coração.

- Gina, vá chamar Hermione e Rony. – Falou a Sra. Weasley.

- Não é preciso, Sra. Weasley. Onde eles estão?

- No quarto do Rony eu acho, estão dando uma arrumada nas coisas.

Gina já subia as escadas em direção ao quarto do irmão quando Harry apressou-se para acompanhá-la. Foram segundos de silêncio. Harry sentia o odor suave que emanava de Gina arrepiando-lhe por inteiro. Respirando fundo ele colocou-se em frente a ela.

- Gina, precisamos conversar. - Ela concordou com a cabeça.

- Me encontre mais tarde nos jardins. Vou descer e deixá-lo conversar com Rony e Mione, eu tenho que ajudar mamãe.

Harry então segurou uma das mãos da garota que já fazia menção de se virar. Com a outra mão, acariciou seu rosto e depositou-lhe um beijo sobre a testa. Assim que Harry a soltou a garota lhe lançou um olhar significativo e desceu às escadas. Continuando a andar pelos corredores, ele ouviu um forte estrondo contra a porta do quarto de Rony. Ao abrir a porta, foi atingido por uma “bola” de roupa.

- Harry! – exclamaram os amigos, vermelhos e completamente desalinhados. Hermione logo abraçou o recém-chegado, que teve sua visão ligeiramente interrompida pela massa de cabelos espessos da garota. – Como senti sua falta.

- Eu também senti a sua, a de vocês dois.

- Como vai, cara?

- Bem, fico feliz por vocês parecem bem melhores do que eu. Isso era uma tentativa de arrumar seu quarto, Rony? – Perguntou Harry, vendo o quarto mais bagunçado do que jamais vira antes.

Hermione e Rony olharam-se e então começaram a rir. Harry sentiu-se incomodado. Excluído.

- Er... A culpa é da Hermione, que atirou para trás tudo o que estava no guarda roupa.

- Eu não precisaria fazer isso, se você não mantivesse seu guarda roupa tão bagunçado que foi impossível tirar algo de lá sem tudo que havia nele desabar sobre mim.

Agora os amigos começavam uma discussão sobre quem era o responsável por tanta bagunça. Apesar de tudo que havia ocorrido, Hermione e Ron sempre seriam os mesmos. Já cansado da discussão tola dos amigos, Harry enrolou algo que deveria ser um blusão de Ron e lançou em cheio na cara do amigo.

Rony então lançou de volta um travesseiro. E assim eles começavam uma briga de travesseiros. Logo atingiram também Hermione, que a principio quis retrucar, mandando-os parar com a infantilidade, mas em meio de seu discurso ela foi atingida por mais duas bolas de tecido, cada uma lançada por um dos amigos. Irritada com tamanha ousadia, ela devolveu-lhes outras almofadadas.

Depois de algum tempo, vermelhos e exaustos, os amigos permaneceram deitados no chão do quarto, rindo como bêbados. Hermione tinha os cabelos mais emaranhados do que nunca, Harry tinha os óculos desajeitados e Rony suas vestes desalinhadas. Eles permitiram-se um último momento para risadas, para brincadeiras, pois sabiam o que os esperava. Uma longa caçada de onde não sabiam se voltariam vivos.



***



Harry observava Gina. Ela tinha seus cabelos vermelhos sendo embalados por uma leve brisa, o vento parecia querer brincar. O olhar dela estava paralisado, parecia distante, e Harry intimamente torcia para ser o personagem principal dentro daquela mente. Mas ele não poderia pedir isso. Não tinha esse direito. Ele abriu mão do amor dela e lhe negou o seu. Mas mesmo ela talvez não sabendo, ele pensava nela todos os dias, sentia sua falta cada instante no qual passavam afastados e desejava intimamente tê-la em seus braços.

Mas ele não podia ser tão egoísta. Ele sabia que não podia submetê-la a tudo isso, não quando ele não sabia se voltaria vivo da guerra, quando sabia que Voldemort o queria, e era capaz de qualquer coisa para isso.

Suas entranhas reviravam-se só de pensar em perdê-la, mas também sabia que devia protegê-la. Enquanto o animal que havia dentro dele queria agarrá-la e toma-la pra si, para que nenhum outro a tenha depois dele, seu lado racional lhe dizia que não podia ser egoísta ao ponto de arriscar a vida de quem mais ama. Era uma batalha dura, quase cruel.

Harry começava a andar em direção da ruiva, e quanto mais se aproximava mais achava que o animal selvagem se fortalecia, se sobrepondo ao seu pequeno e indefeso instinto de proteção. Havia uma brisa suave, que parecia querer levar até ele o perfume que emanava de Gina. Um odor suave, que parecia aguçar seus sentidos, acelerar o seu peito e fazer rugir sua fera. “Certo e errado. Seria certo abrir mão de um amor? Seria errado agarra-la de modo que nunca mais se separariam um do outro?”

Gina percebeu a presença de Harry quando ele já estava a poucos metros de distância, e este teve seus pensamentos interrompidos. Seu olhar procurava por um par de olhos verde vivo, escondidos sob lentes de vidro. Harry não sabia o que dizer, como agir. Naquele momento havia dentro dele muitas dúvidas e uma única certeza. Ele a amava.

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