Na trilha de R.A.B.



Harry acordou deprimido no dia seguinte. Tinha sonhado com Gina a noite inteira, o que trouxe inquietação e tristeza ao seu coração.

Levantou de sua cama e viu que Rony já estava de pé, sentado à mesinha que existia no quarto, lendo o livro sobre os comensais da morte.

- Caiu da cama, é? – perguntou Harry ao amigo, baixinho, para não acordar Hermione, que ainda dormia profundamente.

- Cai. Acordei muito cedo e não consegui mais dormir. Achei melhor fazer alguma coisa útil e peguei o livro para dar uma olhada.

- Já descobriu quem é o sujeito? – Harry perguntou descontraído.

- Ainda não. Nenhum deles apresenta as características que Mione disse que o tal R.A.B. teria. O único com as iniciais, Richard August Bennet, é sangue-puro mas, pelo jeito, era um imbecil de marca maior, já que foi morto na primeira tentativa de lançar a maldição avada kedavra em um funcionário do Ministério da Magia. Ele errou o alvo, o feitiço ricocheteou num espelho e o acertou, matando-o instantaneamente. Muito estúpido. – o garoto desabou de dar risada.

- Muito burro mesmo! E era esse tipo de bruxo que Voldemort recrutava para seguÍ-lo? Esse livro não me parece muito promissor, não é? Se um livro intitulado “Grandes Bruxos do Século” menciona esse tipo de comensal, então não há esperança de encontrarmos R.A.B. através dele, já que, segundo Hermione, ele deve ser um bruxo de algum gabarito. – Harry parecia desanimado.

- Bom dia meninos! – Hermione falou, enquanto se espreguiçava. – Já acordados?

- Bom dia Mione. – disseram os dois garotos, ao mesmo tempo. – Estávamos conversando sobre o livro “Grandes Bruxos do Século”. Acho que não vai nos ajudar muito. Imagina só que um dos “grandes” foi um bruxo que lançou uma maldição imperdoável num espelho que ricocheteou e o matou. – disse Harry, gargalhando.

- Mas Harry, se é um livro que pretende glorificar comensais da morte, vai falar de qualquer um que tenha algum tipo de notoriedade, nem que seja negativa. – argumentou a menina.

- Por favor né Mione! Eu me pergunto: como é que Voldemort pretendia vencer a guerra recrutando esse tipo de imbecil para ajudá-lo? – Harry parecia indignado.

- Não se esqueça de que ele precisava desses imbecis. Eram esses idiotas que ele mandava para a frente de batalha, para morrer em seu lugar. – respondeu Hermione.

- Mas para que ele precisava de bruxos sangue-puro se era para morrerem no lugar dele? Não poderia ser qualquer um? Ele não se importava mesmo. – continuou o menino.

- Ele realmente não se importava com ninguém, a não ser ele mesmo. Mas mesmo assim, devia achar que sua causa teria mais probabilidades de ter êxito com bruxos legítimos ao seu lado.

- Eu acho isso uma estupidez. Recrutar esse tipo de panaca, que não tinha talento nenhum, só porque tinha os pais bruxos me parece burrice. – Harry insistiu.

- Harry. Você mais do que ninguém deve saber que Voldemort não é burro, muito menos estúpido. E se você tivesse estudado mais a história das guerras trouxas, saberia que os soldados rasos são sempre recrutados em maior número, por que são eles que vão travar as batalha com os inimigos, enquanto os generais ficam se escondendo em seus fortes. Aguardando para fincar sua bandeira no campo inimigo, como se tivessem conquistado a vitória sozinhos. Se os bruxos de puro-sangue estavam dispostos a ser os “soldados rasos” de Voldemort, melhor para ele. – disse a menina

- Mione, Harry – Rony, que até então não participara da discussão pois estava entretido com o livro, encarou-os com olhos muito arregalados e disse. - Acho que descobri quem é R.A.B. – e virou o livro na direção dos amigos.

Hermione e Harry levantaram-se rapidamente correndo na direção da mesa onde Rony estava sentado, apontando uma foto específica para os dois. Ficaram perplexos com o rosto apresentado pelo ruivo e, principalmente, com o nome do comensal da morte.

Regulus Arcturus Black.

***

Harry olhava para Hermione, que olhava para Rony, que encarava os dois com um sorriso triunfante nos lábios.

- Só pode ser ele, né? Quem mais poderia ser íntimo o suficiente de Voldemort , além de pertencer a uma família puro-sangue muito tradicional. E ainda tem as iniciais corretas. – Rony argumentou.

- Além disso, não sei se vocês se lembram, mas quando estávamos na sede da Ordem, antes do início em nosso 5.º ano, Sirius nos contou que Regulus tinha sido assassinado pelo próprio Voldemort. – complementou o ruivo.

Harry estava sem fala. Só balançava a cabeça em assentimento à teoria de Rony.

- É claro que me lembro Rony! E isso explica muitas coisas. O fato de Voldemort ter matado pessoalmente o irmão de Sirius pode ser muito sintomático. Por que Voldemort se rebaixaria a tanto, matando-o com as próprias mãos? Ele tinha subalternos para fazer isso. Bellatrix, por exemplo. – disse Mione. – Harry, você está bem?

O garoto mantinha a boca aberta e uma expressão de absoluta perplexidade no rosto. Com muito esforço, aparentemente, conseguiu proferir as primeiras palavras depois da descoberta de Rony. – Está tudo bem Mione, não precisa ficar preocupada. Só estou completamente surpreso, afinal, é uma notícia e tanto, né? Fico me perguntando: como é que nós nunca pensamos nele? Depois de tudo que Sirius nos contou sobre o fato de que Regulus quis se afastar do lado das trevas e de Voldemort tê-lo matado pessoalmente por causa disso.

- Bom Harry, depois de tudo o que aconteceu, não me admira que tenhamos nos esquecido de Regulus. Afinal, ele não era muito lembrado mesmo, apesar de pertencer a uma das famílias mais tradicionais no mundo mágico e Sirius, aparentemente, não gostava muito do irmão para ficar falando sobre ele com tanta freqüência assim. Pelo que diz o livro, Regulus se aliou a Voldemort por insistência da família, que acreditava na “pureza” da raça. Pela posição da família Black, ele começou a ficar cada vez mais próximo a Voldemort, tornado-se seu principal braço direito. – argumentou Rony, ainda com a cabeça metida no livro.

- A julgar pelos bruxos que estavam ao lado dele, esse tal de Richard August Bennet, por exemplo, não me admira que um bruxo medíocre como Regulus pudesse se transformar no braço direito de Voldemort. – complementou o ruivo.

- Mas tem uma coisa que me deixa intrigada. Como foi que ele descobriu? Voldemort não pode simplesmente ter contado a ele, pode? Ele não iria contar seu maior segredo a ninguém, não é mesmo, por mais próximo que Regulus fosse dele. Simplesmente não posso acreditar. – argumentou Hermione.

- Infelizmente Mione, isso nos nunca vamos descobrir uma vez que Regulus está morto. E Voldemort, se tivermos a oportunidade de perguntar, certamente não nos dirá. – respondeu Rony.

- Tem razão. Mas será que podemos ter certeza de que R.A.B. é mesmo Regulus? – a menina ainda estava em dúvida.

- Mione, acho que não podemos ter certeza de nada. Mas é a melhor pista que temos, em muito tempo, e acho que temos que ir atrás dela. – Harry disse.

- É... também acho. Mas temos que considerar outras questões. – Hermione tinha no rosto uma expressão preocupada.

- Quais? – Rony a encarava.

- Realmente existe uma grande possibilidade de R.A.B. ser o irmão de Sirius. Mas, no que isso nos ajuda? Quer dizer, onde vamos procurar o medalhão de Slytherin? Como podemos saber onde ele o escondeu? Pode ser em qualquer lugar! – Hermione parecia desanimada.

- É. Isso realmente é angustiante. Podemos até estar certos quanto a ele ter roubado o medalhão de Voldemort, mas onde o escondeu, fica mais difícil. – respondeu Rony.

- Nós sabíamos que não seria fácil. Estamos procurando uma agulha em um palheiro. Temos que ser muito atenciosos e detalhistas na nossa busca. Acho que R.A.B. realmente é Regulus, mas o lugar no qual ele escondeu o medalhão ainda é uma incógnita. Acho que precisaremos de ajuda para reconstituir os passos de Regulus. Mas quem? – continuou Hermione.

- Monstro, é claro! – disse Harry – Ele deve saber. Afinal, Regulus era um herói para ele.

- Precisamos ir atrás de monstro! Onde ele está agora? – perguntou Hermione.

- Acho que voltou para a casa dos Black. Com o fechamento de Hogwarts, não teria sentido ele continuar por lá. – Harry parecia em dúvida.

- Eu o vi na sede da Ordem Harry, um pouco antes de você chegar. Depois ele sumiu. Acho que se escondeu para não ter que te encontrar. – riu Rony.

- Mas eu não quero voltar à casa dos Black... – disse Harry, de forma muito triste.

- Sua casa, você quer dizer Harry. – repreendeu-o Hermione. - Sirius a deixou para você e o mínimo que você pode fazer é demonstrar um pouquinho de carinho por ele, tratando-a como sua propriedade.

- Eu não gosto daquele lugar, Mione! Tenho péssimas recordações. Eu poderia ter morado lá com Sirius. Ele também não gostava da casa, mas acho que, se estivéssemos juntos, ele poderia ter prazer novamente em ficar por lá. Eu também teria gostado disso. Mas isso não será possível uma vez que ele se foi, e não vai mais voltar. E eu não quero ficar com aquele lugar, sozinho, imaginando o que poderia ter sido a minha vida se ele não tivesse morrido para me proteger. Se ele não tivesse morrido pela minha estupidez, pela minha falta de controle. – Harry disse, com raiva.

- Desculpe-me Harry, não queria te trazer essas recordações. Eu sei que nunca será confortável para você morar lá. – Hermione ajoelhou-se à frente do amigo e colocou a mão em seu rosto.

- Tudo bem Mione. A culpa não é sua. Eu tenho que conviver com isso. Um dia, com certeza, se eu sobreviver, vou superar essa dor e sentimento de culpa que me perseguem. Mas ainda é muito recente e não consigo me acostumar com a idéia que estarei sempre sozinho.

- HARRY POTTER! – gritou Hermione. – Não diga isso! Você não está sozinho e nunca estará. Você tem a mim e ao o Rony. Além disso, a família dele te adora e tenho certeza de que, mais cedo ou mais tarde, você vai acabar entrando para ela.

Harry encarou-a e Rony também, mas enquanto o primeiro tinha um sorriso triste nos lábios e o coração apertado, o segundo lançava um olhar de reprovação para a amiga.

- O que você quer dizer com isso Mione? – perguntou Rony.

- Deixa de ser tapado Rony. Não duvido nadinha de que, ao fim dessa guerra, você se tornará mais que amigo de Harry... Cunhados, quem sabe – riu a menina

- Mas, quer dizer, só daqui a uns 10 anos, né? Você não pode pretender casar com a minha irmã antes disso! Ela ainda é uma criança!!! Meus pais não permitiriam. – bufou Rony.

- Rony, Mione! Por favor, parem com isso. Já é deprimente saber que existe a possibilidade de nunca mais vê-la e vocês ainda ficam falando sobre ela, ainda mais dessa forma. Se vocês são meus amigos, não deveriam fazer isso. Não sabem como é triste pensar num futuro que, apesar de querer muito, pode não chegar.

- Claro que vai acontecer Harry. – Rony protestou. – Nós vamos sair dessa. Vai dar tudo certo.

- É isso mesmo Harry. Você tem que ter esperança. E fé. Nós estamos do lado do bem, lutando para que todos tenham uma vida melhor. Você ainda vai ser muito feliz Harry Potter. O menino-que-sobreviveu ainda vai ser conhecido como “o menino-que-viveu-muito-feliz”. Tenho certeza. – Hermione tentava imprimir um tom de entusiasmo na voz.

Harry riu timidamente. Adorava aqueles dois amigos, tão diferentes um do outro, mas tão leais e determinados quando o assunto era ajudá-lo. Faria tudo o que podia para não decepcioná-los. Hermione tinha razão. Eles eram a sua família. Nunca estaria sozinho enquanto eles estivessem junto dele. Ficou mais feliz.

- Que tal descermos e tomarmos o café da manhã? – perguntou Rony.

***

O Caldeirão Furado não era um hotel cinco estrelas. Na verdade, não devia ter nem meia estrela, tamanha era a precariedade das instalações. Mas as camas eram confortáveis, o chuveiro era quente o suficiente e tinha o café da manhã.

O café da manhã do Caldeirão Furado era um espetáculo a parte e os três amigos aproveitaram a valer os pães, simples e recheados, bolos doces, salgados, tortinhas com os mais variados recheios, brioches e sucos, de todos os tipos e sabores.

- Como é que uma espelunca dessas pode ter um café da manhã tão bom? – disse Rony, com a boca já cheia e tentando engolir mais um pedaço de pão de batata.

- Sabe, eu acho que ele tem esse aspecto de mal cuidado de propósito, para não atrair a atenção dos trouxas. – respondeu Hermione, tomando um gole de seu suco de abóbora, enquanto corria o olho pelo salão de refeições da estalagem.

- Tem razão Hermione. Não seria nada agradável para a comunidade bruxa se os trouxas começassem a bater na porta do Caldeirão Furado querendo se hospedar. Já pensou a confusão? – Harry disse, dando uma risadinha marota.

- Rony! Coma devagar. Vai acabar engasgando! – repreendeu-o Hermione, fazendo cara de nojo ao observar que o amigo comia de forma voraz, mal tomando fôlego para respirar.

Ao tentar responder à bronca, Rony realmente engasgou e Harry, rindo, começou a dar-lhe tapa nas costas, para que o amigo não sufocasse.

- Calma aí Rony, vá devagar. Você não vai conseguir comer tudo de uma vez, por mais que esteja se esforçando!!! – Harry ainda dava tapinhas nas costas do amigo.

- Está tudo tão gostoso, simplesmente não consigo parar de comer!!! – respondeu Rony que, apesar de já ter engasgado, continuava enfiando bolo e torta na boca, de uma só vez.

- Eu diria que esse é um problema que você tem desde que nasceu. Não importa se a comida está ruim ou boa!!! – disse Mione, com um sorrisinho nos lábios.

- Bom, vocês não acham que, ao invés de ficarmos discutindo sobre o que eu como ou deixo de comer, devíamos tentar achar um jeito de irmos à casa dos Black para conversar com o Monstro sobre, você sabe, R.A.B.? – perguntou Rony, finalmente engolindo o que parecia ser o último pedaço.

- Tá certo Rony, você tem razão. Mas não podemos simplesmente tocar a campainha e ir entrando. Todos os membros da Ordem estarão lá, começarão a nos fazer perguntas e a nos recriminar por termos fugido. Sua mãe é capaz de dar uma surra na gente. Além disso, nunca mais nos deixariam sair sozinhos, seríamos vigiados 24 horas por dia e fatalmente descobririam que estamos à procura de informações sobre Regulus. – disse Harry, sarcasticamente.

- Claro que não podemos fazer isso. Quer dizer, não dessa maneira. Precisamos ir à sede da Ordem, mas sem que ninguém nos veja. – Rony retrucou.

- Mas como entraremos na casa dessa maneira? – Hermione perguntou.


- Fred e Jorge! – berrou Rony, percebendo no mesmo instante que muitos olhares se voltaram para os três garotos. – Eles nunca ligaram muito para regras mesmo, tenho certeza que nos ajudarão. Temos que ir falar com eles, imediatamente. – o ruivo saltou da mesa e pôs-se a andar em direção à porta de saída da estalagem.

- Calma Rony! – disse Hermione. – Precisamos elaborar um plano de ação. Não podemos sair os três juntos, a toda hora. Eu preciso me concentrar na tradução do livro sobre você-sabe-o-quê. Acho melhor vocês irem até a loja dos gêmeos e eu fico aqui, fazendo a minha parte.

- Mione tem razão Harry. Precisamos daquele livro traduzido o mais rápido possível. As coisas estão indo bem até agora. Pode ser que encontremos as hor.... – parou subitamente ao encontrar o olhar reprovador da amiga. – tá bom, pode ser que encontremos você-sabe-o-que mais cedo do que estamos esperando e precisamos saber como destruí-las.

- É verdade. – Harry encarava os amigos. – Então faremos assim, Rony e eu vamos conversar com o Fred e Jorge enquanto você vai para o quarto e traduz o livro. Mas escute. Tome cuidado, não abra a porta para ninguém. Precisamos combinar um código para que possamos saber que não estamos sendo vítimas de comensais que tomaram a poção polissuco.

- Bom. Que tal perguntarmos uns para os outros: qual o melhor time de quadribol de todos os tempos? A resposta seria Chudley Cannons, é claro. – sugeriu Rony.

- Por favor Rony! – irritou-se Hermione. – Todos vão responder isso quando perguntarmos, pois o Cannons é o melhor time de quadribol de todos os tempos! Tem que ser uma coisa mais pessoal, que só a gente saiba.

Rony ficou vermelho e retrucou: - O que, por exemplo, senhorita sabe-tudo?

- Deixe-me pensar. – a menina fechou os olhos, pensando, enquanto os meninos aguardavam, ansiosamente. – Podemos usar a informação que temos sobre Rita.

- É, pode ser. Somente nós sabemos que aquela repórter intrometida é um animago não-autorizado pelo Ministério da Magia. – concordou Harry.

- Então está feito. A pergunta será: em que bicho Rita se transforma? E a resposta: besouro. Somente atenderei a porta se me derem a resposta certa.

- Certo. – disseram os dois rapazes, ao mesmo tempo, enquanto se levantavam da mesa e caminhavam em direção à porta de saída do Caldeirão Furado.

***

Harry e Rony caminhavam rapidamente pelas ruas do Beco Diagonal, evitando chamar a atenção dos demais transeuntes. Estavam muito diferentes com os cabelos de outra cor, o boné e os óculos escuros, mas mesmo assim não se sentiam confortáveis e tinham a impressão que seriam reconhecidos a qualquer momento, e por qualquer um.

Chegaram à porta, apinhada de adolescentes, da loja de logros de Fred e Jorge e, a muito custo, conseguiram entrar. Encaminharam-se para o fundo das lojas, tentando encontrar, no meio daquela multidão, os irmãos de Rony, com seus cabelos ruivos.

No meio do caminho, Harry sentiu uma mão agarrando seu braço e percebeu que um dos gêmeos o encarava com uma expressão de repreensão tão grande, que o garoto ficou assustado. Nunca imaginou que os gêmeos pudessem repreender alguém, qualquer que fosse o motivo.

- Quer dizer que resolveu dar o ar da graça, Senhor Harry Potter. – disse, de maneira furiosa.

- Fale baixo, não queremos ser reconhecidos. – disse Harry – Precisamos falar com vocês, é urgente e importante. – retrucou rapidamente Harry, sustentando o olhar de questionamento de um dos irmãos, sem saber ao certo qual deles.

- Tudo bem. – respondeu o ruivo, com certa frieza na voz. – Vocês precisam mesmo nos dar algumas explicações. – Esperem no escritório, vou buscar Jorge para conversarmos.

- Fred. – disse Rony com um olhar muito assustado diante da atitude de seu irmão. – Ninguém pode saber que estamos aqui, por favor.

- Não se preocupe, não vou correndo contar para mamãe. Já volto. – disse irritado e saiu, deixando os dois amigos muito surpresos.

- É impressão minha ou Fred está furioso? – perguntou Harry a Rony, enquanto entravam no escritório dos gêmeos.

- Não é impressão não. Ele realmente está furioso. Acho que só o vi assim uma vez, no dia em que Jorge foi parar no hospital por conta de um balaço que Lino Jordam acertou nele, num jogo de quadribol, lá em casa. Fred queria matar Lino pois Jorge realmente ficou mal. – respondeu Rony.

- Mas então deve estar um pandemônio na sede da Ordem! Para eles estarem assim nervosos.... – comentou Harry.

- Será que mamãe ficou doente? Será que é por isso que Fred está tão bravo? – Rony arregalou os olhos para Harry, subitamente amedrontado.

- Claro que não Rony. Eles devem é estar irritados por que a pressão em cima deles acerca de nosso sumiço deve ser grande. No mínimo estão culpando-os pelo nosso desaparecimento. – disse Harry, para não assustar o amigo.

- Você vai contar para eles sobre as horcruxes? – Rony quis saber.

- Ainda não sei. Só se for absolutamente necessário. Não quero envolver seus irmãos nessa busca. Quanto menos gente souber, melhor. – afirmou Harry.

Neste instante, os gêmeos entraram no escritório.

***

- Vamos logo, desembuchem, porque, onde e como? Já vou avisando: Mamãe está apavorada, Olho-Tonto a ponto de lançar uma maldição imperdoável em vocês e papai disse que vai te deserdar. Gina está num estado que dá dó, só chora. – disse Jorge, antes que os dois amigos tivessem oportunidade de responder às perguntas.

O coração de Harry deu um pulo ao ouvir o nome de Gina, ainda mais ao saber que ela estava chorando. Harry se amaldiçoou por estar fazendo isso com ela.

- Além disso, os pais de Mione estão desesperados com seu sumiço. Disseram que vão tirá-la da escola e não querem mais saber dela andando com vocês. E por falar nisso, cadê ela? – completou Fred.

- Vocês estão muito encrencados!!!! – Jorge fulminou-os com o olhar. – Sem contar que estamos doidinhos para azarar vocês.

- Por que? Nós não queríamos causar transtornos, nem preocupações. Mione está bem. Mas temos uma missão a cumprir, que nos foi deixada por Dumbledore, antes dele ser assassinado. Todas as chances de liquidar Voldemort dependem do sucesso de nossa missão. – Rony parecia estar implorando por misericórdia.

- Nós já imaginamos que vocês tinham alguma missão a cumprir. – disse Fred, marotamente.

- Como? Quem falou? – e Harry olhou acusadoramente para Rony.

- Ei, não olhe assim para mim não! Eu não falei nada pra ninguém. – defendeu-se o ruivo.

- Ele não nos disse nada Harry, nós é que somos muito inteligentes e deduzimos e, pelo jeito, estávamos certos, não? – complementou Jorge. – Não nos conformamos é de vocês terem nos deixado de fora dessa. Lá na Ordem vocês sabem que eles não nos dão muitas missões importantes.

- É, estamos cansados de ficar esperando pela “grande missão”. Pelo jeito a única tarefa que vão nos passar é levar comida de um lado para outro. – Fred fez uma careta. – Portanto, acho melhor vocês nos dizerem agora mesmo qual é essa missãosenão vamos chamar a mamãe aqui. Ela certamente vai cuidar de vocês. – sorriu maliciosamente.

- Olhem, Fred e Jorge, eu não posso contar a vocês do que se trata. Não posso arriscar a vida de vocês nisso. Já é o bastante ter metido Rony e Hermione. É muito perigoso e certamente podemos morrer. – os gêmeos fizeram cara de quem não estava gostando nada do rumo daquela conversa. – Mas preciso da ajuda de vocês. – Fred e Jorge ficaram um pouco mais animados.

- Do que especificamente vocês precisam? – perguntou Jorge, ansioso.

- Precisamos voltar à sede da Ordem, para conversar com o Monstro. – disse Harry.

- Mas isso é fácil. É só aparatar por lá. – disse Fred, com sarcasmo.

- NÃO É TÃO SIMPLES ASSIM FRED. VOCÊ ACHA QUE PODEMOS SIMPLESMENTE TOCAR A CAMPAINHA, LEVAR MONSTRO PARA UMA SALA, ENQUANTO OS MEMBROS DA ORDEM OBSERVAM TRANQÜILAMENTE NOSSAS AÇÕES DEPOIS DE TERMOS FUGIDO NO MEIO DA NOITE? – gritou Rony, perdendo a paciência. – VÃO NOS ESTUPORAR, NOS OBRIGAR A CONTAR POR QUE FUGIMOS, ONDE ESTÁVAMOS, O QUE PRETENDEMOS, ALÉM DE NÃO NOS DEIXAREM SAIR SOZINHOS NUNCA MAIS!

- Calma Roniquinho! No fundo sabemos que tem razão. – respondeu Jorge, divertindo-se com a explosão do irmão mais moço.

- Então por que nos fazer perder tempo explicando? – bufou Rony.

- Não fica nervoso Roniquinho. Vocês não sabem como está o clima lá na Ordem. Aquela casa está um saco. Mamãe reclamando por vocês terem fugido; a Gina chorando pelos cantos; Olho-Tonto amaldiçoando-os pela atitude impensada; papai irritado pela falta de notícias e até Lupin está nervoso, chamando-os de irresponsáveis. – discursou Jorge.

- Bom, sinto muito por isso. Tenho uma tarefa a cumprir e não vou descansar enquanto não cumpri-la. Não sou irresponsável nem estou arriscando nossas vidas pelo puro prazer da aventura. Somente poderemos ganhar a guerra se eu conseguir cumprir a missão que me foi deixada por Dumbledore. – disse Harry.

- Tudo bem Harry. Sabemos que vocês não vão contar pra gente qual é a missão. Mas, mesmo assim, como podemos ajudá-los? Vocês querem ir à Ordem sem serem vistos, para poderem conversar com Monstro, não é isso? – perguntou Fred.

- É isso mesmo. Monstro ainda está por lá? – Rony disse.

- Está. Vive espanando o quadro da honorável Sra. Black e nos importunando, chamando-nos de traidores do sangue. – Jorge disse, divertido.

- Então temos que ir até a sede da Ordem, de preferência num momento em que não tenha ninguém por lá, e interrogar o Monstro. – concluiu Harry.


- Seria melhor, então, que fosse à noite. Mamãe e papai voltam para a Toca todos os dias. Tonks também volta para sua casa, onde quer que seja. – afirmou Jorge.

- E não podemos nos esquecer que daqui a dois dias é lua cheia, o que significa que Lupin sairá da casa. Só fica sobrando a gente e Olho-Tonto Moody, que só sai dali em alguma missão. – lembrou Fred.

- Melhor assim. Temos como entrar sem que Olho-Tonto perceba? – quis saber Rony.

- Essa é uma pergunta difícil de responder. Sabemos que ele enxerga um bocado com aquele olho esquisito. Mas não temos como saber se ele é capaz de ver entre as paredes. Acho que não será difícil aparatarmos com vocês em nosso quarto. O problema é se ele ouvir alguma coisa e resolver averiguar. – argumentou Fred, novamente.

- Bom, temos que arriscar. Será daqui a uma semana. Nos encontramos aqui por volta de 10 horas da noite. Até lá, boca fechada sobre a nossa presença por aqui. – Harry falou e saiu andando pela porta, com Rony em seu encalço.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.