O Início da Jornada



No dia seguinte à festa, Harry, Rony e Hermione levantaram por volta do meio-dia, com a cara inchada de tanto dormir, e ainda rindo da confusão instalada no jardim da Toca, quando os gêmeos começaram a disparar fogos de artifício em forma de dragões, bruxas, trasgos e até mesmo uma imitação – muito cômica, por sinal – de comensais da morte, que fizeram com que Olho-Tonto Moody se atirasse sobre Harry, visando protegê-lo do que julgava ser um ataque de Você-Sabe-Quem.

Os três amigos tomaram café demoradamente e, após terem se fartado com os quitutes preparados pela Sra. Weasley, dirigiram-se até o lado de fora da casa, para que pudessem conversar tranqüilamente.

- Muito bem Hermione Granger – Harry, muito sério, encarou a amiga. - Você vai ou não nos contar o que foi fazer na Bulgária?

- Vou, claro! Estava ansiosa para contar tudo a vocês. É que aconteceram tantas coisas que nem sei por onde começar. – disse a menina, ansiosa.

- Bom, se você não sabe por onde começa, eu posso te ajudar: por que a senhorita resolveu se arriscar tanto? – Harry a olhava com reprovação.

- E por que a Bulgária? – perguntou Rony, entre os dentes.

- Bom – começou Hermione, respirando profundamente – Desde que você nos contou a respeito das horcruxes, eu venho pesquisando, tentando achar informações sobre o assunto. Revirei a biblioteca de Hogwarts e os livros de magia que encontrei pelas lojas. Até na Internet eu procurei – Rony fez cara de muxoxo, pois não tinha a menor idéia do que era a “Internet” – e não encontrei absolutamente nada. Simplesmente não me conformava com o fato de não existir um livro sequer falando sobre isso. E um dia, deitada na minha cama, pensando onde mais procurar, me lembrei de Durmstrang, e do fato de eles estudarem artes das trevas por lá. Imaginei que, se eles aprendiam feitiços malignos, era muito provável que tivessem informações sobre as horcruxes. Então, escrevi ao Victor – Rony bufou – perguntando se ele tivera alguma aula sobre a matéria.

- E o que o Vitinho te respondeu? Que sabia tudo sobre horcruxes? – Rony disse, encarando Hermione.

- Para com isso Rony. Não é hora para ataques. – Harry parecia irritado com a interrupção do amigo num assunto tão importante.

- Ele disse que teve uma aula, no quarto ano, e que depois não ouviu falar mais no assunto. Então mandei outra carta tentando saber se ele tinha algum livro ou o que fosse que tratasse desta matéria. Ele não tinha, mas achava que a biblioteca de Durmstrang possuía alguma coisa, já que por lá existe uma seção de livros proibidos sobre artes das trevas.

- Então – continuou a garota – sugeri ao Victor que ele poderia me levasse à biblioteca da escola para que eu pudesse pesquisar.

- Ele não quis saber a razão de seu interesse? Você não contou a ele sobre as horcruxes, contou? – Harry parecia aterrorizado com a perspectiva de que alguém mais, além dos três, soubesse do maior segredo de Voldemort.

- Claro que não Harry! E se você quer saber, bastou dizer a ele que não poderia falar muito sobre esse assunto para que ele não me perguntasse mais nada. Mesmo assim, ele disse que faria tudo que estivesse ao seu alcance para me ajudar. Sabe... – disse a menina, virando-se para Rony e o encarando de forma desafiadora – ...o Victor é um cara muito legal. – O garoto simplesmente suspirou.

- Tá bom. Não me interessa o quanto ele é legal. O que aconteceu depois? – Harry estava ansioso.

- Eu mandei uma mensagem para o professor Lupin, dizendo que iria até a Bulgária. Nos encontramos e expliquei ao professor que pretendia visitar um amigo de quem gostava muito e blá-blá-blá. Ele me disse que estava tudo bem, que não via problema na minha viagem. Então, eu aparatei num hotel bruxo na Bulgária, no dia seguinte.

- Victor me encontrou neste mesmo dia, no hotel, e começamos a vasculhar as bibliotecas públicas existentes na capital. Consegui algumas informações, mas nada muito detalhado. Nossa última opção era mesmo a biblioteca de Durmstrang. Mas para isso precisávamos entrar nas dependências da escola e, não sendo Victor mais aluno, isso não seria tão fácil.

- O que vocês fizeram então? – quis saber Harry.

- Bom. Essa história do Victor ser uma estrela do quadribol tem suas vantagens. Ele conversou com o Ministro da Magia da Bulgária e pediu para que pudesse me levar para visitar a biblioteca da escola.

- E que desculpa ele deu ao Ministro da Bulgária? Tipo, ele disse que ia simplesmente levar uma amiga para visitar a biblioteca da escola inocentemente? – Harry percebeu que Hermione enrubesceu.

- Bem. Na verdade, Victor contou uma mentirinha ao Ministro. – a menina ficou escarlate.

- Que mentira Mione?. – Harry estava curiosíssimo, diante do embaraço da amiga.

- Ele disse ao Ministro que eu era sua namorada...

- O QUÊ? – Rony levantou-se subitamente.

- Como eu ia dizendo – Hermione nem se dignou a olhar para Rony - Victor disse ao ministro que eu era sua namorada e que era muito estudiosa e inteligente e, por isso, gostaria muito de me levar para visitar a biblioteca de Durmstrang. Como o Ministro não queria melindrar o principal jogador de quadribol do país, fez uma autorização especial e pudemos visitar a biblioteca tranqüilamente.

- Como namorados? E o que tiveram que fazer? Ficar se agarrando na frente de todo mundo? – Rony perguntou, engasgando de tão nervoso.

- Claro que não Rony. Victor não encostou um dedo em mim. – Hermione parecia ofendida.

- E aí Mione? Conseguiram encontrar alguma coisa? – Harry estava muito ansioso.

Sem dizer uma palavra, Hermione retirou de dentro de um saco de pano um livro de capa preta, velha e surrada, e com as páginas muito amareladas, exibindo-o para os amigos, com uma expressão de grande satisfação.

- Pelo jeito você encontrou, né? – Harry sorriu e pegou o livro da mão da menina.

- Pois é. Consegui. O único problema é que está em búlgaro e latim. E não deu tempo de traduzir. – disse, pesarosa, a garota.

- E como você sabe que esse é o livro que estamos procurando? – perguntou Rony, desconfiado.

- Por que Victor leu algumas partes e disse que, definitivamente, o livro fala sobre horcruxes. Em como criá-las e até destruí-las. – Hermione parecia convicta de que o livro era mesmo aquilo que precisavam.

- Mas e agora? Como faremos para saber exatamente o que diz o livro? Como iremos traduzi-lo? – Harry, agora, parecia deprimido.

- Precisaremos de ajuda, com certeza. – argumentou Hermione.

- Ah não. – resmungou Rony. – Nós não vamos carregar aquele mala do Victor Krum conosco na caça as horcruxes, vamos?

- Rony, não fale desse jeito do Victor. Ele já nos ajudou muito com esse negócio. – repreendeu-o Hermione. – Mas não precisa se preocupar, não o levaremos conosco. Eu tenho alguns dicionários que, acredito, que vão resolver nosso problema.

- Ainda bem. – Rony respirou aliviado com essa notícia.

- E quando vamos iniciar a tradução deste livro? – Harry perguntou, aflito.

- Podemos começar imediatamente, se você quiser Harry. – Hermione aparentava estar ansiosa para iniciar esse trabalho.

- Acho bom mesmo. Mais importante do que descobrir como destruir as horcruxes, será encontrá-las e não podemos nos esquecer de que uma delas está em poder do tal R.A.B. Temos que descobrir quem é ele para podermos encontrar o medalhão de Slytherin.

- É verdade Harry. – Hermione disse. – Temos que concentrar esforços para descobrir onde estão as outras horcruxes. Com relação ao tal de R.A.B...

- Você descobriu quem é ele? – interrompeu Rony.

- Ainda não. Mas, pensando nele, peguei esse livro na seção proibida de Durmstrang. – a menina balançava um grande livro com o título “Grandes Bruxos de Nosso Século” escrito em dourado.

- “Grandes Bruxos de Nosso Século”?. – disse Harry, desanimado. – No que isso pode nos ajudar? E por que esse livro estava na seção proibida? Não parece ter nada de perigoso.

- Aí é que você se engana. – respondeu a menina. – Na verdade, os “Grandes Bruxos” a que o livro se refere são comensais da morte seguidores de Voldemort. Pensei que, talvez, ele pudesse nos ajudar a identificar R.A.B.

Harry puxou o livro das mãos da amiga e folheou-o rapidamente. Notou que havia uma série de fotos de bruxos, com cara de poucos amigos. Ao lado de cada foto, uma descrição sobre as capacidades e feitos realizados por cada um dos comensais.

- Bom, talvez ajude. Precisamos lê-lo com atenção. – o menino fechou o livro e devolveu-o a Hermione. – De qualquer maneira, temos que fazer uma coisa por vez. Primeiro, vamos para Godric´s Hollow, quem sabe encontramos alguma outra pista sobre ele por lá. – disse Harry.

- Harry –Rony perguntou, acanhado – quando partiremos?

- Logo, dentro de, no máximo, uma semana. Vocês têm certeza que querem fazer isso? Quer dizer, vocês estão cientes de que poderemos morrer nesta busca? – Harry encarava os amigos muito seriamente.

Hermione engoliu em seco, mas devolveu o olhar ao garoto. – Olha Harry, eu já te disse isso uma vez: houve um tempo em que podíamos ter desistido. Esse tempo passou. Não podemos voltar atrás agora e eu não vou deixar meus melhores amigos sozinhos numa jornada como essa.

- E você já sabe minha posição cara. Não costumo abandonar meus amigos nos momentos mais difíceis. – Rony respondeu.

- Eu não sei o que faria sem vocês. – disse Harry emocionado, abraçando os amigos.

***

Assim que entraram na casa encontraram a Sra. Weasley bastante agitada, segurando uma carta que, aparentemente, tinha acabado de chegar.

- Meus queridos, tenho ótimas notícias! Acabei de receber um comunicado da Professora McGonagall. Hogwarts vai reabrir!!!! Não é maravilhoso? – Molly Weasley estava radiante, o que fez com que os três amigos baixassem a cabeça, envergonhados.

- Vocês não estão felizes? Vão voltar para a escola!!! Precisamos comprar os materiais, vou conversar com seu pai agora, vamos ter que usar um dos veículos do Ministério da Magia para irmos amanhã ao Beco Diagonal. – e saiu apressada, procurando Arthur Weasley.

- Harry, não podemos deixar que isso aconteça. Comprar materiais, sendo que não vamos voltar para a escola!!! – Rony estava muito preocupado, principalmente sabendo do sacrifício que seus pais faziam, todos os anos, para comprar os materiais escolares deles.

- Claro que não Rony. Precisamos ir embora antes. – Harry estava nervoso, não contava com aquilo.

- Mas como? Para onde? Nem sabemos direito o que vamos fazer. – agora era Hermione quem demonstrava preocupação.

- Calma Mione! Deixe-me pensar. – Harry fechou os olhos por um minuto, tentando encontrar uma solução para aquele problema. – Vamos fazer o seguinte. À noite, quando todos estiverem dormindo, pegamos nossas coisas e aparatamos com Mione em Godric´s Hollow.

- Mas Harry, aonde vamos ficar lá? Onde iremos dormir? – Hermione perguntou, muito assustada.

- Daremos um jeito Mione. Acharemos algum lugar para ficar por lá. É uma vila bruxa, com certeza encontraremos um hotel ou algo do gênero onde poderemos ficar. – Rony dava tapinhas no ombro da amiga, tentando confortá-la.

- Mas nem temos dinheiro. Como vamos ficar hospedados em um hotel? Precisamos de tempo para planejar melhor nossa ida até lá. – Hermione realmente estava aflita.

- Hermione. Nós vamos passar por Godric´s Hollow, não precisamos ficar por lá muito tempo. Um ou dois dias talvez. Depois iremos a Gringotes. Eu tenho muito dinheiro no banco – Harry parecia envergonhado ao dizer isso – sabe, aquele que meus pais me deixaram. Pegaremos o quanto for preciso.

- Tá bom. Se não tem outro jeito. – falou a menina, com a voz baixa. – Bem, precisamos arrumar algumas coisas para levar. Roupas, comida e alguns livros. Ah, e é bom você levar sua capa de invisibilidade Harry.

- E precisamos disfarçar o máximo que pudermos. Ninguém pode perceber que não vamos voltar para a escola. – Rony disse.

Os três amigos passaram o dia muito distraídos e ansiosos. Harry procurou ficar junto de Gina o máximo de tempo possível, pois não sabia quando e se iria vê-la novamente.

A menina, contudo, percebeu que alguma coisa estava preste a acontecer, pois dizia, a todo momento, que Harry estava esquisito.

O garoto, por sua vez, tentava disfarçar, dizendo que estava chateado por voltar à Hogwarts, sabendo que o professor Dumbledore não estaria mais por lá. E, de fato, era a mais pura verdade. Tanto era assim, que Harry não voltaria para a escola. Não suportaria ficar naquele lugar sem ter o diretor por perto.

A única coisa que consolava era o fato de saber que Dumbledore havia cumprido sua missão de mostrar ao garoto tudo o que este precisava saber sobre o plano de Voldemort, antes de ser covardemente assassinado por Snape.

Mas mesmo assim, a dor e a revolta existentes no coração do menino não diminuíam. Queria pegar Draco e, principalmente, Severo Snape. Iria atrás de Voldemort, mas não descansaria enquanto não pusesse as mãos no maldito ex-professor de poções.

Ao anoitecer, tudo estava pronto para o início da jornada dos garotos e eles somente aguardavam que todos fossem dormir para poder partir. Hermione foi para o quarto que dividia com Gina, como uma forma de incentivar esta, que não desgrudara de Harry durante o dia todo, a também se retirar.

Ao perceber que a garota iria subir, Harry a puxou de lado.

- Gina, antes de você dormir, queria te dizer uma coisa. – o garoto segurava as mãos da ruiva entre as suas, e a olhava com grande ternura.

- Fala Harry. Estou curiosa. – Gina estava ansiosa.

- Bom, eu queria te você soubesse que, aconteça o que acontecer, eu te amo e os dias que passei com você foram os melhores dias da minha vida.

Os olhos de Gina encheram-se de lágrimas. Ela encarava Harry com um olhar de interrogação, de quem sabia que alguma coisa estava acontecendo.

- Harry, o que está acontecendo. Eu não sou burra, sabia? Vocês estão esquisitos o dia inteiro. Hermione e Rony nem discutiram hoje. Tem alguma coisa errada. Me diz o que vocês estão planejando? Por favor, não me deixe no escuro. – o tom da garota beirava o desespero.

- Gina, não se preocupe. Está tudo bem. Vamos todos ficar bem. Não está acontecendo nada e também não estamos aprontando nada. Vamos voltar para a escola e tudo voltará a ser como antes. – Harry ficou impressionado com o falso otimismo que sua voz demonstrava. – Agora, vá dormir, descanse. Amanhã temos que ir ao Beco Diagonal. Será um longo dia.

A garota acenou com a cabeça e, antes que ela partisse, Harry a beijou de forma muito terna e carinhosa. Seu coração dava pulos dentro do peito, tamanha era a tristeza que sentia por estar mentindo para Gina. E, principalmente, por que aquela poderia ser a última vez que a beijava.

***

Era cerca de uma hora da manhã quando Rony e Harry levantaram das suas camas, pegaram as mochilas e desceram silenciosamente as escadas da Toca, para esperar Hermione se juntar a eles.

A menina apareceu cinco minutos mais tarde e todos saíram para o ar frio da noite, muito aflitos com a possibilidade de alguém acordar com qualquer barulho que viessem a fazer.

- Bom, é isso. – Rony olhava para sua casa com tristeza, como se estivesse se despedindo. – Vamos embora logo antes que alguém nos pegue aqui.

Harry também se virou para admirar a Toca, ali passara alguns dos melhores momentos de sua vida e sabia que sentiria muita falta daquele lugar.

Os três amigos ficaram por alguns minutos ali, parados, admirando a casa.

Com um suspiro, Hermione colocou-se no meio dos dois garotos, abraçando-os. – Certo meninos, acho que devemos ir de uma vez. Vai dar tudo certo. Segurem meus braços, vamos para Godric´s Hollow.

- Tudo bem. – disse Rony, apreensivo.

- Vamos lá. – Harry também estava pronto.

E, subitamente, os três jovens desaparecem, sem perceber que uma garota ruiva, de pijamas, observava a cena, à porta da casa, com lágrimas nos olhos.

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