De volta ao Largo Grimmauld, N



Ao sair da casa dos Dursley, Harry encontrou-se com os demais membros da Ordem da Fênix encarregados de sua proteção: Shacklebolt, Remo Lupin e Tonks, que tinha os cabelos cor-de-laranja fosforescentes.

- E aí Harry, beleza? – perguntou descontraída.

- Beleza Tonks. Bonita a cor do seu cabelo! – disse o garoto evitando um ataque de risos. – Professor Lupin, Shacklebolt – acenou a cabeça em direção aos outros.

- Como está Harry? Como foram as férias? – Lupin perguntou ao garoto, encarando-o com um semblante bastante preocupado.

- Tudo bem. A mesma coisa de sempre. Tem uma coisa que preciso lhe mostrar professor – e Harry fez menção de retirar o medalhão para mostrar ao bruxo, já que este havia conhecido sua mãe.

- Depois você me mostra Harry. Temos que ir embora, estamos em guerra e precisamos ser cuidadosos. – Venha comigo, eu vou aparatar com você – Segurando o braço do professor, Harry, que ainda não passara no teste de aparatação, sentiu aquela incômoda sensação de ser puxado em todas as direções para, logo em seguida, perceber que estava no Largo Grimmauld n.º 12.

A casa dos Black, deixada para Harry em testamento pelo padrinho, Sirius Black, estava muito mais arrumada do que da última vez em que o menino estivera ali. O famoso quadro da Sra. Black, mãe de Sirius, que costumava berrar na presença de bruxos que não fossem sangue-puro, estava coberto, o que alegrou o menino absurdamente. Já era deprimente o suficiente estar ali sem o padrinho. Escutar a velha berrando seria insuportável.

De repente, Harry ouviu um palavrão e barulho de louça quebrando, vindo da cozinha, e correu para aquele cômodo, encontrando seu amigo Rony encostado à mesa com pratos espalhados e quebrados por toda a parte.

- Rony, o que você anda aprontando? – disse Harry, às gargalhadas.

- Oi Harry. Que bom que você chegou. Estava tentando fazer um sanduíche, antes do almoço, mas me atrapalhei um pouco. Como está? Como foram as férias com os trouxas de seus tios? – perguntou Rony, cumprimentando Harry com um aperto de mão.

Harry notou que o amigo parecia mais alto, se é que isso era possível e, também, um pouco deprimido.

- Aconteceu alguma coisa Rony? Você não me parece nada bem. – Harry encarava Rony tentando descobrir porque o amigo estava com aquela cara.

- Não aconteceu nada. Estou ótimo!! – disse com uma voz de falso entusiasmo.

- Vai querer me enganar agora? Eu te conheço a seis anos Rony. Vamos, desembucha. – insistiu o garoto.

- Não tenho nada para falar Harry!! – respondeu o amigo, irritado.

- Então está certo, não quer me falar, tudo bem. E a Hermione? Está aqui também. – apesar de querer muito, Harry não teve coragem de perguntar sobre o paradeiro de Gina.

- Hermione sumiu. – respondeu Rony elevando a voz. – Mandei várias corujas e até liguei no tefolone para a casa dela. Nenhuma notícia. Os pais dela disseram que ela foi visitar um amigo, no leste europeu. Então, você deve ter uma idéia de quem ela foi encontrar!!

- O quê? Ela foi encontrar o Krum? – Harry se arrependeu no mesmo instante de ter citado o nome da estrela da seleção búlgara de quadribol.

- Parece que sim, né? No mínimo estão andando de mãos dadas e tomando sorvete enquanto ele a chama de Hermio-ni-ni e ela o chama de Vitinho!!!!!!! – Rony estava bufando.

- O que ela foi fazer na Bulgária? Hermione é louca? Com uma guerra estourando, ela vai para o berço das artes das trevas? Ela não disse nada? Não respondeu suas corujas?

- Ela mandou uma mensagem para o professor Lupin, uma semana atrás, dizendo que estava indo à Bulgária visitar um amigo. O professor foi encontrar-se com ela, e voltou afirmando que estava tudo bem, que Mione ficaria bem. Que estaria protegida na Bulgária. Aí eu comecei a mandar corujas e ela só me respondeu informando que sairia numa missão importante. Depois mais nada!!! Deve estar muito ocupada na “missão” que foi executar por lá. – Rony estava muito vermelho e parecia que ia ter uma síncope.

- Calma Rony. Não precisa ficar tão alterado. A Mione sabe o que faz, ela tem mais inteligência que toda a Ordem da Fênix junta. Ela não se arriscaria tanto, em dias tão conturbados, se não fosse algo importante. – disse Harry, tentando acalmar o amigo.

- Eu não estou alterado! Por que estaria? Não tenho nada a ver com a vida dela. Ela se encontra com quem quiser!!! – Rony estava gritando.

- Então tá bom. Vou fazer de conta que não estou vendo que você está morrendo de ciúmes dela ter ido se encontrar com o Krum.

- O que ela vê naquele cara Harry? Ele é rico e famoso, tudo bem, mas é um chato mal humorado!!! – Rony falou chateado, praticamente ignorando o comentário de Harry.

- Ela já não disse um milhão de vezes que o Krum é apenas amigo dela? Por que você não acredita? E por que você se importa tanto? – perguntou Harry, tentando fazer o amigo admitir, de uma vez por todas, que gostava de Hermione.

- EU JÁ FALEI QUE NÃO ME IMPORTO!!!! ELA NAMORA QUEM QUISER!!!!! Só acho que ela não deveria ficar se expondo por aí, com esse pessoal da Durmstrang que, na sua maioria, é seguidor de Você-Sabe-Quem!!!! – tentou justificar.

- E depois, ela é minha amiga, eu me preocupo com ela. Se alguma coisa acontecer a Mione eu nem sei o que faria. – disse Rony, de forma muito triste.

Harry achou melhor não continuar a discussão. Rony estava a ponto de explodir e Harry temia apanhar se continuasse neste assunto. Ele também não entendia os motivos que levaram sua amiga a se arriscar tanto. Teria que esperar que Hermione voltasse para explicá-los.

Nesse instante, os gêmeos entraram na cozinha, e vieram cumprimentar Harry de forma efusiva, pelo que o garoto agradeceu já que não queria mais falar sobre a viagem de Hermione.

- Harry Potter, como vai? – perguntou Fred

- Estou bem, na medida do possível. E a loja? Vendendo muito?

- Vendendo como água!!!! – respondeu Jorge, muito satisfeito. – Estamos ganhando muito dinheiro e prestes a inaugurar uma filial.

- Uma filial, uau!!! Então a coisa está indo muito bem mesmo, hein? – Harry ficou entusiasmado, já que fora ele quem financiara o início do negócio dos gêmeos.

- Harry querido. – disse a Sra. Weasley, entrando na cozinha e correndo para abraçar o garoto de forma carinhosa. – Como você está? Está tão magrinho. Tem se alimentado direito?

- Estou bem Sra. Weasley. Tenho comido sim. Nada comparado àquilo que a senhora cozinha, mas deu pra sobreviver.

- Aqueles seus tios te maltrataram muito, querido? – Molly Weasley fitou carinhosamente o menino.

- O de sempre. Minha tia até que estava simpática quando disse que eu ia embora e não voltaria mais. – e levou a mão ao medalhão que a tia lhe dera.

***

- Então, quais são as últimas notícias? Alguma pista de Snape e Draco? – perguntou Harry a Rony, já no quarto que dividiriam.

- Nada. Quer dizer, uma série de ataques vem ocorrendo. Comensais da Morte tentaram invadir Gringotes e o Ministério da Magia, mas não tiveram sucesso. A Ordem está conseguindo se antecipar a eles e alguns comensais já foram levados a Azkaban. Não sei de onde a Ordem tira as informações para frustar os planos de Você-Sabe-Quem!!!! – Rony parecia indignado.

Harry também ficou intrigado, imaginando quem seria o informante da Ordem. - E Hogwarts? Vai reabrir?

- Ainda não tivemos nenhuma notícia sobre Hogwarts, Harry. Não vi mais McGonagall. Ela ainda não apareceu por aqui. Acho que as coisas, na escola, não devem estar muito boas. E eles não me dizem muita coisa, você sabe, não pertenço à Ordem.

- Sei como é. E o casamento de Gui e Fleur? Como estão os preparativos? Como estão os ferimentos de Gui?

- Ah, tudo bem. Ainda não estão 100% cicatrizados e acho que a feridas não vão fechar completamente, mas ele está bem animado com o casamento. Gina está na Toca, cuidando dos preparativos junto com Fleur. Pelo que soube, Fleuma está histérica com os últimos detalhes e mamãe achou melhor sair de lá. Gina está suportando muito bem os ataques dela e não tem reclamado muito. Aliás, o que aconteceu entre vocês? Gina tem estado muito deprimida desde que voltamos para casa – Rony fez cara de poucos amigos para Harry.

- Olha Rony, eu vou ser sincero. Você sabe o quanto eu gosto da Gina. Daria tudo para tê-la ao meu lado nesse momento em que não sei o que vai acontecer e como será meu confronto com Voldemort. Mas não posso arriscar a vida dela mantendo-a ao meu lado. Não sei quais os truques sujos que ele pode usar para se aproximar de mim e não suportaria, nem me perdoaria, se algo acontecesse a Gina. Por isso, resolvi terminar nosso namoro. – disse Harry de forma firme, devolvendo o olhar a Rony.

- Eu sei que ela é sua irmã – prosseguiu o garoto – eu não queria magoá-la, mas não posso arriscar. Então, sinto muito se ela está sofrendo, eu também estou. Mas você, pelo menos, tem que me entender.

- Eu achei que faria isso, Harry. Na verdade, não esperava outra atitude de você. Também não quero Gina envolvida nisso, correndo atrás dos horcruxes conosco. Minha mãe morreria se acontecesse algo a ela. – Rony estava com uma fisionomia melhor.

- E com você também Rony. Não posso permitir que você e Hermione partam comigo atrás das horcruxes. É muito arriscado – argumentou Harry.

- Não posso falar pela Mione. Ela está ocupada com outras coisas – Rony bufou mais uma vez – Mas eu vou com você cara, aonde for. Eu sei que é perigoso e não sou irresponsável. Mas não vou deixar você sozinho nessa. Amigos são para essas coisas Harry.

- Pense bem Rony. Eu realmente adoraria tê-los comigo. Mas tenho medo de que algo aconteça, seria muito difícil perder um de vocês. – falou Harry, cabisbaixo.

- Não se preocupe Harry. Nós vamos ficar bem. Vai dar tudo certo. Afinal, nós somos os mocinhos desta história – Rony tentava animá-lo.

- Nem sempre os mocinhos vencem no final, Rony. Nem sempre...

***

Os dias seguintes foram bastante agitados para Harry Potter. Lupin, Moody, Tonks e Shacklebolt se revezaram para ensinar ao garoto uma série de feitiços e azarações que o ajudariam a enfrentar a guerra que estava por vir. Rony treinava junto com o amigo, aparentando estar cada dia mais nervoso com a ausência e a falta de notícias de Hermione.

O professor Lupin dizia que deveriam dedicar todo o tempo disponível para estudar feitiços de proteção. A Ordem não queria que Harry fosse pego desprevenido, caso Hogwarts não reabrisse e, portanto, decidiram treinar o garoto.

Harry agradecia a preocupação da Ordem e até ficava contente por estar treinando, mas não tinha nenhuma intenção de volta à escola, mesmo que ela reabrisse.

O garoto optou por não informar aos integrantes da Ordem sobre história das horcruxes e nem que tencionava partir atrás dos pedaços da alma de Voldemort. Sabia que não permitiriam que ele fosse sozinho, por isso achou melhor não contar a ninguém sobre a tarefa que lhe foi deixada por Dumbledore, antes deste ser covardemente assassinado pelo maldito Severo Snape.

Só não sabia exatamente o que fazer, como encontrar as horcruxes e, o mais importante, como destruí-las. A única coisa sobre a qual tinha certeza era de que o primeiro lugar para onde deveria ir era Godric´s Hollow, visitar o túmulo de seus pais. E que faria isso logo após o casamento de Gui e Fleur.

No dia de seu aniversário, Harry acordou cedo e desceu para tomar o café da manhã e receber os parabéns, afinal, talvez fosse a última vez que o comemoraria. Ele achou que todos estavam absurdamente alheios à data. Ninguém sequer o cumprimentou. Aquilo o deixou chateado. Já estava se acostumando a ser paparicado e a ganhar presentes em seu aniversário. Mas, também, com tantas preocupações em mente, não dava para esperar que as pessoas se lembrassem de algo tão corriqueiro como um aniversário de 17 anos, a maioridade bruxa.

Por volta das 11 horas da manhã, uma coruja começou a bicar a janela do quarto onde Harry estava deitado, meio deprimido. Ansioso, o garoto correu para pegar a carta que esta trazia no bico.

Querido Harry,

Espero que você esteja bem e que seus tios não tenham te maltratado muito. Sinto tanto não poder estar com você neste dia que você entra para a maioridade bruxa! Mas espero que você tenha um ótimo dia.

Como você deve estar sabendo, estou na Bulgária tentando recolher algumas informações que nos ajudarão em nossa tarefa. Não se preocupe, está tudo bem e estou segura.

Nos encontramos na Toca, para o casamento de Gui e Fleur.

Feliz Aniversário. O seu presente eu entrego depois.

Hermione.

Harry ficou feliz por pelo menos Hermione ter se lembrado de seu aniversário. Mas, ao mesmo tempo, ficou imaginado o que ela estaria fazendo na Bulgária e que informação pretendia conseguir.

Resolveu descer para procurar Rony e lhe contar que recebera notícias de Hermione já imaginando o escândalo que o amigo faria quando soubesse que ela realmente estava na Bulgária e que não mandara notícias para ele.

Já estava preparado para presenciar o ataque de Rony quando reparou que a casa estava incrivelmente silenciosa. Normalmente, nesse horário, a Sra. Weasley preparava o almoço com a ajuda de Tonks que, na maioria das vezes, derrubava tudo no chão pela absoluta falta de jeito nas funções domésticas.

- Onde está todo mundo? O que será que está acontecendo? – perguntou a si mesmo enquanto se dirigia para a cozinha.

Ao abrir a porta, quase caiu para trás tamanho o susto que levou. Lupin, Tonks, Olho-Tonto Moody, Rony, Fred, Jorge, Gui, Fleur, o Sr. e a Sra. Weasley, Carlinhos e Gina esperavam por ele, com bolo, doces, sucos, presentes e uma festa surpresa.

- Parabéns Harry querido. – abraçou-o a Sra. Weasley beijando as bochechas do garoto.

- Parabéns – disseram em uníssono os demais participantes da festa, fazendo uma fila para abraçar o menino.

- Arry queride! Feliz Aniverserrio! – Fleur o agarrou pelo pescoço beijando-o efusivamente.

Fred e Jorge começaram a soltar fogos de artifício dentro da casa, o que deixou a Sra. Weasley a beira de um ataque de nervos.

- Parabéns Harry – virou-se e deparou com Gina olhando-o com olhos tristonhos. – Deixe-me te dar um abraço de feliz aniversário, ao menos – e abraçou-o.

Harry não sabia muito bem o que fazer e abraçou-a também. Neste momento, o dragão em seu estomago manifestou-se novamente e pensou em como teve coragem de terminar o namoro com ela.

Queria beijá-la, dizer que a amava, acariciar seus cabelos. Mas sabia que não podia fazer isso, era muito arriscado. Ao mesmo tempo em que queria tê-la por perto, não podia carregá-la para a vida que passaria a levar dali para frente.

Desvencilhou-se de seus braços e a olhou diretamente nos olhos, perguntando: - Você está bem?

- Na medida do possível – respondeu Gina com uma voz muito baixa – Tenho passado muito tempo cuidando dos preparativos para o casamento de Gui e Fleur. Quase não sobra tempo para mais nada. É melhor assim.

- Harry – chamou Rony, aproximando-se de ambos. – Parabéns cara!!!! Toma aqui o seu presente.

- Ah, obrigado Rony – pegou o pacote mas não o abriu. – É..... Acabei de receber uma carta da Mione.

- Ah é? O que ela disse? Onde ela está? Está sozinha? E o Krum? – despejou Rony, muito rapidamente.

- Ela não disse nada de mais. Apenas me desejou feliz aniversário, disse que realmente está na Bulgária, recolhendo informações – falou de forma displicente – Disse que volta para o casamento de Gui e Fleur.

- Só isso? Não me mandou nenhum recado? – perguntou Rony, esperançoso.

- Sinto muito cara, mas não. – e o amigo bufou, mais uma vez.

- Bom Harry, vou indo. Ainda tenho muitos detalhes do casamento para acertar. Mais uma vez parabéns e se cuida. – disse Gina, dando-lhe um beijo na bochecha, o que fez todo corpo do garoto tremer.

- Ah tá. Obrigado Gina. Se cuida você também. – disse Harry e ficou olhando a garota segurar o braço de Fleur e Gui, que aparataram para a Toca, logo em seguida.

Harry deu de ombros, deprimido, e voltou para a sua festa.

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