Partidas



Os três amigos acordaram cedo no dia seguinte. Estavam muito mais relaxados e preparavam-se para partir, logo após o almoço, com destino a Gringotes, para que Harry retirasse algum dinheiro do cofre que possuía no Banco Bruxo.

Harry quase lamentava ter que ir embora. Gostaria de ficar ali conversando com Vincent sobre seus pais, de conhecer o local onde ficava sua casa, de onde fora resgatado, em meio a escombros por Hagrid, há 16 anos atrás.

Mas tudo isso ficaria para outra oportunidade. Os garotos queriam sair à caça das horcruxes o mais rapidamente possível. O paradeiro de Voldemort era desconhecido e, surpreendentemente, não havia mais notícias dele nos jornais bruxos, o que, por si só, já era bastante preocupante. A falta de notícias poderia significar que o Bruxo das Trevas preparava alguma maldade muito grande.

De qualquer forma, o fato dele não ter aparecido recentemente não queria dizer que eles podiam se dar ao luxo de ficar sentados, esperando o próximo ataque.

Tomaram café, preparado por Vincent, que conversava alegremente com os garotos. Não haviam contado ao elfo que estavam de partida pois tinham certeza de que isso o deixaria extremamente triste. O elfo estava exultante com a volta de um dos membros da família Potter à Godric´s Hollow, e fazia planos para arrumar a casa e o bar, imaginando que Harry viria morar com ele.

Assim, Harry achou melhor não dizer que iria embora para, talvez, não voltar mais. Tinha que partir sem que Vincent percebesse, assim, combinou com Rony e Hermione que, logo após o almoço, sairiam sob o pretexto de darem uma volta na cidade e aparatariam no Beco Diagonal.

Após o café, decidiram explorar melhor a casa e o bar, tentando fazer com que o tempo passasse mais depressa. Harry parou em frente à parede com as fotografias, desviando propositalmente a visão da foto de Snape e seus cabelos compridos. Tentou identificar quem seriam os outros bruxos.

- Aquele ali era seu avô, pai do senhor Tiago. – Vincent aproximou-se sorrateiramente e apontou o quadro de um bruxo moreno, de óculos e cabelos compridos, que Harry achou muito parecido consigo. O velho bruxo usava veste púrpura com estrelas amarelas bordadas, muito espalhafatosa, e parecia ser muito simpático e bondoso.

- Sério? Ele parecia ser muito legal. – perguntou o menino olhando com carinho para a foto.

- Era a bondade em pessoa. Não sabia o que fazer para agradar seu pai e os amigos dele. Era muito rico, mas nunca foi esnobe. Tinha o bar por hobby, para receber os amigos, pois não precisava de dinheiro. E essa aqui era a sua avó. – apontou a foto de uma bruxa muito bonita, de meia idade, com cabelos escuros e cacheados.

Tinha qualquer coisa no olhar que lembrava muito seu pai, mas, ao contrário deste, parecia ser uma pessoa muito séria.

- Ela tem cara de brava! – disse Harry, descontraído, observando o rosto fechado de velha bruxa.

- Ela era realmente uma pessoa muito séria. Acho que por causa da profissão. Era medibruxa e se dedicava de corpo e alma ao estudo dos feitiços de cura. Não era de muitos sorrisos, mas era muito generosa e seu principal objetivo na vida era ajudar as pessoas.

- E o meu avô, o que fazia? – quis saber o menino.

- Ele trabalhava no Banco Gringotes, era o responsável pelo setor de empréstimos – respondeu o elfo. – Era muito querido pelos companheiros e pela comunidade bruxa. Estava sempre de bom humor.

Harry olhou com carinho para a foto de seus avós. Gostaria muito de tê-los conhecido.

- Como foi que eles morreram?

- Morreram quando seu pai estava em Hogwarts, no sétimo ano. Estavam viajando pela Romênia, a passeio, e sofreram um terrível acidente. Foi muito triste. Seu pai ficou arrasado. – o elfo balançou a cabeça de forma pesarosa.

O menino continuou olhando para seus avós e pensando que a desgraça realmente acompanhava a sua família. Todos tinham morrido de forma trágica. O único sobrevivente era ele, e não sabia por quanto tempo.

- Vincent. – chamou Hermione. – O que são esses objetos dentro desse armário? – a menina apontou para um armário repleto de bugigangas de metal, plástico e tecido.

- Ah, isso! – riu o elfo. – O avô do senhor Harry viajava muito, por conta do trabalho, e sempre trazia uma lembrança dos lugares que visitava para a esposa. Como ela não podia ir junto, ficava feliz de receber esses presentes e os colocava aqui no bar.

- Nossa, quanta tranqueira!!! – disse Rony, com a habitual sutileza, observando espantado a grande quantidade de coisas dentro do armário.

- Deixe-me ver. – Harry aproximou-se, abrindo a porta de vidro e pegando alguns dos objetos ali jogados.

O menino viu uma série de broches de metal com pontos turísticos de várias cidades: a torre Eiffel, em Paris; as pirâmides, no Egito; o Empire States Building, em Nova York; a Table Mountain, na África do Sul; a Muralha da China. Todavia, não eram broches comuns. Ao pendurá-los na roupa, começam a soltar fogos de artifícios e mostrar a frase “Esperamos que volte logo”.

Também existia uma série de pesos de papéis em formato de estátuas famosas, que dançavam quando colocadas em cima de folhas soltas; um lenço colorido, que exalava perfume de flores com os dizeres “Lembrança de Amsterdã”.

Uma caneca de metal brilhava no fundo do armário. Era dourada e tinha o desenho de um trevo de quatro folhas, pintado em verde. Harry logo deduziu que deveria ser proveniente da Irlanda, terra natal dos avós, embora não tivesse nenhuma indicação sobre o local de origem.

No armário também podiam ser encontradas várias miniaturas: vassoura, hipogrifo, até um leão dourado, com olhos vermelho-rubi, um caldeirão, um chapéu pontudo, também vermelho.

- Que bacana. Ele deve ter conhecido o mundo inteiro, sua vida deve ter sido muito divertida. – Rony tinha olhos sonhadores.

- Sim. Ele viajou muito e conheceu vários lugares, fazendo muitos amigos. Algumas dessas miniaturas foram mandadas por amigos de outros lugares. O senhor Potter era realmente muito querido. Todos o adoravam. Por isso o bar estava sempre cheio.

- Mas, se ele trabalhava em Gringotes, por que tinha um bar? – perguntou Rony.

- Por que ele gostava de reunir os amigos. Quando ele chegou à Inglaterra o primeiro emprego foi em um bar, como atendente. Ele gostou tanto da coisa que resolveu que montaria um também. Quando começou a trabalhar no Banco, juntou dinheiro e, depois de alguns anos, conseguiu comprar essa casa com o espaço aqui em baixo para montar o bar. – disse o elfo olhando ao redor.

– Bom meninos - disse Vincent – agora vou preparar o almoço – saiu, dirigindo-se à cozinha.

Harry, Rony e Hermione ficaram ali no salão por algum tempo, olhando o resto das fotografias e admirando aquele lugar que parecia tão caótico, mas que tinha muitas recordações da família Potter.

- Então Harry, valeu a pena vir até aqui? – perguntou Hermione.

- Claro. Agora sinto que posso seguir adiante. Descobri tantas coisas sobre meus pais, sobre meus avós... agora sei que eles foram felizes enquanto estiveram por aqui. Além disso, conheci Vincent, que é um arquivo vivo sobre a minha família. Isso me deixa muito feliz. Se eu não sobreviver à guerra, pelo menos morrerei sabendo alguma coisa sobre minha família. – disse Harry.

- Não fala assim Harry. – Hermione colocou a mão no braço do amigo e Harry reparou que Rony encarou-os imediatamente. – Vai dar tudo certo, você vai ver.

- Eu sei. Mas, quero falar muito sério com vocês. Preciso que vocês entendam que eu posso realmente morrer ao me defrontar com Voldemort. Então, não fiquem tão alarmados e entristecidos toda vez que esse assunto é mencionado. É uma possibilidade real, portanto, não temos que ficar com frescura ao nos referirmos a isso. – disse Harry, de forma muito segura.

- Nós sabemos disso. Mas não precisamos, nem queremos, pensar nessa possibilidade. Não queremos que aconteça. Quer dizer, não vai acontecer. Esse maldito já tentou te matar tantas vezes e nunca conseguiu. Não vai ser agora que conseguirá. – respondeu Rony, um tanto enraivecido.

- É o que eu espero Rony. É o que eu espero. – o menino deu um sorriso amarelo.

***

Todos almoçaram no salão do bar. Vincent preparou uma refeição muito saborosa e os meninos comeram até ficar empanturrados, principalmente Rony, que repetiu o pudim de nozes três vezes.

Assim que terminaram o almoço, Rony e Hermione se despediram de Vincent e saíram para o suposto passeio no povoado. Harry subiu, dizendo que iria escovar os dentes. Na verdade, tinham combinado que o garoto jogaria as mochilas pela janela para não atrair a atenção do elfo ao saírem com elas penduradas nas costas.

Harry jogou as mochilas, Rony as pegou e o menino dirigiu-se à cozinha. – Vincent, estou saindo para aquele passeio sobre o qual lhe falei. Até mais e, muito obrigado por tudo.

O elfo encarou-o por um momento e disse: - Não há de que senhor Harry. Estou aqui para servi-lo e... boa sorte.

O menino saiu do prédio intrigado. - Será que ele sabe que vamos partir? - pensou.

- O que foi Harry? – perguntou Rony.

- Vincent... Desejou-me boa sorte. Só que ele não sabe que vamos embora, não é? – Harry questionou aos amigos.

- Ele não teria como saber, teria? Nós não falamos sobre isso perto dele! – retrucou Rony.

- Quer ele saiba ou não, o fato de nos desejar boa sorte significa que não vai impedir nossa partida. – Hermione argumentou.

- É verdade – Harry concordou com a amiga – Bom Mione, acho melhor nós irmos. Está pronta para aparatar conosco?

- Estou. Mas acho que vocês deveriam fazer esse teste logo. Vocês não podem depender de mim para sempre. Pensem nos momentos de perigo que vamos enfrentar. Saber aparatar pode livrá-los de uma série de problemas. – enfatizou a menina.

- Mas Mione, nós meio que fugimos, né? Se formos até o Ministério para fazer o teste de aparatação vão saber onde estamos e a Ordem, pra não dizer Voldemort , logo estarão atrás de nós. – Rony falou.

- Rony tem razão Mione. – Harry considerou – Por enquanto não podemos ser vistos. Ninguém pode saber onde estamos. Não quero a Ordem inteira atrás da gente, atrapalhando nossos planos. Temos muitas coisas para fazer ainda, não podemos ter empecilhos na nossa jornada, pelo menos por enquanto.

- Eu sei. Mas me prometam que antes de partirmos atrás da última parte da alma de Voldemort, aquela que habita o seu corpo, vocês irão fazer o teste. É importante que vocês saibam aparatar. – insistiu a menina, olhando carinhosamente para os dois amigos.

- Nós prometemos Mione. – respondeu Rony, olhando de esguelha para Harry.

- É Mione, prometemos. Agora vamos. Precisamos ir para Gringotes. – Harry estava impaciente.

- Antes de irmos, não seria melhor alterarmos um pouco nossa aparência? – disse Rony. – Quer dizer, vamos ao Beco Diagonal, onde muitos nos conhecem. Acho que devemos nos disfarçar.

- Bem pensado Rony. – Hermione o encarava, orgulhosa. – Não podemos aparecer lá assim. Nos reconheceriam na mesma hora.

A menina tirou a varinha de dentro da mochila, apontando-a para o cabelo de Rony e dizendo: - Mutatis. – os cabelos do menino tornaram-se imediatamente escuros. Harry começou a rir pois o amigo ficou muito diferente com os cabelos pretos. Hermione fez a mesma coisa com o cabelo de Harry, que ficou muito louro.

Rony encarou Harry e disse. – Olha só, um clone de Malfoy.

- Nem brinca com isso Rony. Merlim me livre de ficar o mínimo que seja parecido com aquele miserável. – disse Harry com raiva.

- Estou brincando cara. – Rony parecia envergonhado pela brincadeira.

- Tá certo! É a sua vez Mione. – Mutatis. – Harry apontou a varinha para os cabelos da menina, que se tornaram ruivos e lisos. Ela ficou muito diferente, mas também, bastante bonita. Parecia mais velha, e sua pele branca foi realçada pelos cabelos vermelhos. – Praticamente uma Weasley. – brincou Harry e a menina ficou rosada.

- Uau! – disse Rony levando às mãos à boca assim que percebeu o que tinha dito.

- Tome Rony, coloque esse boné. – disse a menina tentando disfarçar o embaraço, ao mesmo tempo em que se percebia um leve sorriso em seus lábios. – E Harry, pegue esses óculos escuros. Eles têm grau e você conseguirá enxergar normalmente. Vou colocar óculos também, ajudam a disfarçar. Agora vamos. Já demoramos muito por aqui.

Ambos meninos agarraram, cada um de um lado, os braços de Hermione e desapareceram logo em seguida.

***

Poucos segundos depois os três amigos, disfarçados, estavam no Beco Diagonal, em frente ao prédio branco no qual estava situado o Banco Gringotes. A tarde estava muito bonita e ensolarada e os meninos subiram os degraus brancos que os levariam até as portas de bronze polido do estabelecimento, observando atentamente as pessoas ao redor, tentando identificar algum rosto conhecido, que pudesse denunciar a sua presença naquele local.

Cumprimentaram o duende que ficava à porta do banco e, atravessando o segundo conjunto de portas, de prata desta vez, chegaram ao grande salão de mármore.

O Banco Gringotes estava relativamente calmo, obviamente um reflexo do retorno de Voldemort. As pessoas evitavam sair de casa, pois não queriam ter o desprazer de cruzar o caminho de algum comensal da morte ou mesmo do próprio Lorde das Trevas.

Aproximaram-se do primeiro duende desocupado que avistaram e Harry disse, muito baixinho:

- Boa tarde. Gostaria de fazer uma retirada de meu cofre. – o duende olhou diretamente para sua cicatriz, e era óbvio que o tinha reconhecido. - E quero discrição. Ninguém pode saber que estive aqui. – disse friamente o garoto.

- Certamente Sr. Potter. Está com a chave do cofre? – perguntou baixinho o duende. – Devo alertá-lo, contudo, que somente maiores de idade podem acessar os cofres particulares de nosso banco. Quer dizer, se o senhor não tiver 17 anos não poderá entrar no cofre. Ele é protegido com uma mágica poderosa que impede bruxos menores de desperdiçar os galeões que os pais guardaram com tanto sacrifício.

- Eu sou maior de idade, isso não será problema. E a chave de meu cofre está comigo. – encarou-o firmemente o menino, mostrando-lhe a pequena chave de ouro, presa à corrente.

- Está certo. Bem, me acompanhe então senhor Potter. – e o duende saiu caminhando em direção a uma das centenas de portas que circundavam o salão.

- Vamos Rony. Venha Mione. – chamou Harry. E os três seguiram-no através da porta, entrando na estreita passagem que os levou até o vagonete que os conduziria até o cofre do menino.

Harry se lembrava da primeira vez que estivera naquele lugar, com Hagrid. O amigo tinha ficado extremamente enjoado com a viagem. Pelo jeito Mione também estava, pois Harry reparou que a amiga encontrava-se um tanto quanto esverdeada.

Depois de alguns minutos, o vagão parou em frente a uma porta de ferro, na qual foi introduzida a chave de Harry. A porta se abriu rapidamente e os três amigos puderam vislumbrar a montanha de moedas de ouro, prata e bronze, que representavam a herança deixada ao garoto pelos pais.

- Uau. – assoviou Rony e Harry reparou que o amigo estava muito impressionado e se sentiu mal com aquela situação, pois sabia muito bem o que poderia estar passando pela cabeça do ruivo, que sempre se sentiu inferiorizado por pertencer a uma família que não tinha muito dinheiro.

- Vamos logo. Ajudem-me. Temos de pegar bastante. – Harry começou a enfiar moedas de ouro nos bolsos.

- Coloque aqui Harry. – Mione entregou um saquinho preto, de veludo, e começou a ajudar o menino a enchê-lo com as moedas.

Rony ficou ali, parado, olhando para os dois amigos agachados diante da pilha de ouro, com as cabeças muito próximas, com uma expressão de tristeza que oprimiu o coração de Harry. Ele observou que Hermione também estava observando Rony, pelo canto do olho, com uma expressão pesarosa.

- Venha nos ajudar Rony. – chamou Hermione. – Não fique aí parado com um dois de paus.

- Como dois do quê? – o ruivo pareceu espantado com a colocação da amiga.

- Dois de paus. Deixa para lá. É uma expressão usada pelos trouxas. Mas não importa, vamos logo Rony, não temos o dia todo.

- Você não deveria estar com tanta pressa, Mione. Afinal, tanto ouro para admirar. – Rony disse, com a voz baixa e embargada.

A menina encarou-o com uma expressão que Harry não conseguiu identificar se de pena ou de raiva. - Deixa de ser tonto, Rony. A essa altura do campeonato você já deveria saber que eu não ligo para isso.

- Que campeonato? É. Eu realmente devo parecer um grande idiota pra você mesmo. – Rony atirou essas palavras com desprezo para a menina.

- Ah não! Vocês não pretendem começar a discutir aqui, né? – Harry bufou, enquanto ajudava a amiga a encher o saquinho com as moedas. – Já chega. Acho que é o suficiente. Vamos agora, temos que achar um lugar para ficar. – e o menino trancou o cofre com sua chave, retornando ao carrinho que os levaria de volta à superfície.

***

Saindo do Banco Bruxo os três amigos dirigiram-se ao Caldeirão Furado, onde pretendiam se hospedar pelo tempo necessário para completar sua tarefa.

Tomaram um quarto, dessa vez, com três camas de solteiro. Mal entraram no quarto, Hermione sentou-se em uma delas e começou a tirar os livros de sua bolsa.

Harry ficou indignado com a quantidade de livros trazidos pela amiga. – Pra que você trouxe “Hogwarts, uma História”, Mione? – perguntou.

- Não acredito que você trouxe isso! Você é maluca mesmo Mione. – disse Rony.

- Vocês são impossíveis. Aposto que nunca leram uma única página deste livro. Tem muitas coisas interessantes e achei que poderia nos ajudar na caça as horcruxes. – respondeu a garota, chateada.

- Não vejo como isso pode nos ajudar Mione. – Rony procurava disfarçar, mas fazia um esforço muito grande para não rir.

- Um dia vocês ainda vão me agradecer por isso. – Hermione virou-se para o lado, ignorando os amigos.

- Ah, deixa disso Mione. Não precisa ficar chateada. Estamos brincando. É verdade que nunca lemos o livro. Mas você sempre nos contou tudo a respeito da história de Hogwarts que nunca nos interessamos em lê-lo. – Rony sentou-se na beirada da cama onde estava a amiga, falando com a voz muito doce.

- E vocês teriam se saído muito melhor nos N.O.M.S se tivessem lido o livro. – repreendeu-os a menina.

Harry reparou que Rony ia retrucar, mas desistiu antes de dizer qualquer palavra. Não adiantava mesmo discutir com Hermione acerca dos estudos, pois a amiga sempre fora exagerada com relação a esse assunto.

- Sabe Harry, eu estava pensando sobre R.A.B. e tenho algumas idéias que gostaria de discutir com vocês. – disse a menina, sentando-se na beirada da cama, ao lado de Rony.

- Pelo que sabemos, Voldemort procurou recrutar seus seguidores mais próximos junto às famílias bruxas mais tradicionais. Ele sempre acreditou nessa bobagem de que só os bruxos de sangue-puro é que prestam. – continuou Mione. – Sendo assim, acho que podemos afirmar, com relativa segurança, que o tal R.A.B. era um bruxo de família tradicional, puro-sangue.

- Mas como você pode ter tanta certeza de que esse sujeito era mesmo um bruxo puro-sangue da confiança de Vold...... Você-Sabe-Quem, Mione? – perguntou Rony.

- Rony, já está mais do que na hora de você começar a falar o nome dele! Acho que não podemos ter certeza de nada, mas você realmente acha que um bruxo qualquer poderia ter descoberto sobre as horcruxes? Somente alguém muito próximo a ele poderia descobrir uma coisa dessas. Além disso, o fato de ter colocado apenas as primeiras letras do nome no bilhete significa que Voldemort o conhecia muito bem, a ponto de identificá-lo pelas iniciais.

- É, tem razão Mione. Como não pensei nisso antes? – Harry deu um tapa na própria cabeça, agora coberta por cabelos louros platinados.

- Então, temos que concentrar nossos esforços em descobrir quem foram os seguidores mais próximos de Voldemort. E naqueles que eram de família tradicional e puro-sangue. Talvez esse livro possa nos ajudar. – a menina abriu o livro e começou a olhar as fotos dos comensais da morte.

- Mas temos que olhar um por um? São muitos comensais!! Levaremos uma eternidade. – reclamou Rony, olhando o livro com um muxoxo.

- Bom, você não tem nada melhor para fazer neste momento Rony. – disse a menina, olhando-o com cara de brava. – Então sugiro que comece a analisá-lo com calma e com bastante cuidado.

- E Harry? Por que ele não o analisa? – Rony estava irritado.

- Por que ele conta conosco para ajudá-lo nisso. Além disso, Harry já tem muitas coisas em que pensar. Devemos deixá-lo descansar a cabeça. – retrucou a garota.

- Sei... É impressionante como você está sempre o defendendo! – Rony bufou e saiu em direção ao banheiro, deixando os dois amigos sozinhos e perplexos com sua atitude.

- Mas o que deu nele? – Hermione olhava para a porta na qual Rony havia entrado, absolutamente perplexa.

Harry não respondeu. Mas imaginava que os ciúmes que Rony tinha da menina começavam a atingir sua relação com seu melhor amigo, pois desde a noite anterior, em que o ruivo presenciara Hermione colocando Harry para dormir, reparou que o amigo o tratava de forma diferente, com uma certa rudeza.

Harry não estava gostando nadinha daquela situação. Precisava conversar com Rony e esclarecer as coisas antes que o amigo se transformasse novamente num explosivim.

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