Notícias do Passado



Os garotos voltaram ao bar de Vincent, que permanecia fechado, uma vez que o velho elfo estava agitado demais para atender clientes, se estes resolvessem aparecer.

No começo, Harry não entendia por que o elfo o chamava de senhor de modo tão entusiasmado. Mas, depois que os soluços cessaram, o menino entendeu que Vincent trabalhava para seus pais, quando eles foram assassinados por Voldemort.

- Quer dizer que você trabalhava em minha casa? Para os meus pais? – essa informação deixou Harry confuso. Nunca chegou ao seu conhecimento a informação de que seus pais tiveram um elfo doméstico. Mas, ao meditar sobre o assunto, percebeu que esse fato não era tão estranho assim, uma vez que nunca tivera muito acesso aos detalhes da vida deles.

Na verdade, Harry sempre teve a impressão de que as pessoas que conheceram Lílian e Tiago Potter, como Sirius, Lupin e até mesmo Dumbledore, não gostavam de falar muito sobre suas vidas, achando que assim pudessem evitar que o garoto sofresse ainda mais com a ausência dos pais.

- Sim. – respondeu o elfo, tirando Harry de seus devaneios. – Mas eu trabalhei primeiro para seus avós. Somente depois do retorno de seu pai de Hogwarts é que passei a trabalhar para ele. Logo o Sr. Tiago casou-se com a linda Sra. Lílian. Era um prazer trabalhar para eles. Sua mãe era extremamente bondosa e generosa. Nunca encontrei outra senhora como ela. – Vincent falava de forma muito emocionada.

- E onde você estava quando ela morreu? Quando Voldemort a atacou? – perguntou Harry, um tanto quanto desconfiado.

- Eu tinha ido atrás de seu pai. Soubemos que ele tinha sido atacado. – o elfo começou a chorar novamente. – Pensei que poderia ajudá-lo. Cheguei tarde demais, ele já estava morto quando o encontrei.

- Eu lamento senhor Harry. Se eu não tivesse ido atrás de seu pai poderia ter ajudado sua mãe. – prosseguiu a criaturinha.

- Calma, não precisa ficar assim. – dizia Harry enquanto dava palmadinhas amistosas no ombro do elfo. – Você não poderia fazer nada para ajudá-la. Quando Voldemort decide matar alguém, não há como detê-lo. Ninguém consegue sobreviver.

- Mas você sobreviveu Harry. – disse Hermione, suavemente.

- É, mas não tenho muita certeza se isso é um milagre ou uma maldição. – o menino falou com a voz muito baixa.

- E como era a vida de meus pais aqui? Quero dizer, como eles viviam antes de serem atacados? – Harry perguntou, ansioso por conhecer mais detalhes da vida de seus pais.

- Eles eram muito felizes, senhor. Não poderia existir casal mais apaixonado. Eles se amavam muito e também amavam muito o senhor. Sua mãe era uma moça muito popular e tinha muitos admiradores, mas nunca sequer cogitou olhar para outro homem. O senhor Sirius, o senhor Remo e o senhor Pedro viviam na casa dos Potter. O senhor Sirius o coloca na frente da moto e o levava para passear pelo povoado. A senhora Lílian ficava maluca de preocupação, afinal o senhor era apenar um bebê, ainda não tinha um ano. Mas o senhor Tiago dizia a ela para não se preocupar, ele era seu padrinho e não iria lhe fazer mal. Pobre senhor Tiago, não sabia que abrigava um traidor em sua casa.

- Sirius não era um traidor Vincent. Era um homem muito bom e amava muito meus pais. Não foi ele quem os traiu. Foi Pedro Petigrew, o fiel do segredo, quem contou a Voldemort onde meus pais estavam. – Harry estava indignado.

- Tem certeza senhor? Quer dizer, todos os jornais disseram que o Senhor Black era seguidor de Você-Sabe-Quem. – o elfo parecia intrigado.

- Os jornais não sabem da metade do que de fato aconteceu, Vincent. Eu conheci Sirius, ele era muito amigo do meu pai e jamais o trairia. – Harry falou com convicção.

- Bom, se o senhor diz. O senhor Pedro, tão tímido, tão acanhado, sempre se escondendo e sendo protegido pelo senhor Tiago e pelo senhor Sirius, um traidor! É muito triste. – o elfo balançou a cabeça pesarosamente.

- Além de Sirius, Lupin e Pedro, outras pessoas também visitam os Potter, Vincent? – perguntou Hermione, olhando de relance para as fotos penduradas na parede.

- Ah sim. Eles eram muito queridos. Vários professores de Hogwarts vinham visitá-los: Alvo Dumbledore, Minerva McGonagall, Horacio Slughorn. Todos eles estavam sempre na casa dos Potter. – disse o elfo.

- Só eles? Quer dizer, não tinha nenhum outro aluno de Hogwarts que os visitava, que vinha sempre a Godric´s Hollow ver os Potter? – insistiu Hermione.

- Por que você quer saber isso Mione? – Rony a olhava, desconfiado.

- É verdade. – continuou o elfo não dando chance para Hermione responder a pergunta de Rony. – Tinha pelo menos um aluno de Hogwarts que vinha com freqüência ao povoado para ver a Sra. Lílian. Ele era completamente apaixonado pela senhora. Ela nunca correspondeu aos sentimentos dele, é claro, mas sempre o recebia, pois ela tinha um coração enorme e não queria magoá-lo. O senhor Tiago não gostava nada disso, mas aceitava a vinda dele até sua casa pois confiava inteiramente na esposa.

- Quem era esse aluno? – Harry estava com olhos muito arregalados.

- Ah claro, vocês devem conhecê-lo, afinal, ele é professor em Hogwarts. Era Severo Snape. – respondeu o elfo.

***

- Eu sabia!!!! – gritou Hermione, triunfante, dando um pulo da cadeira na qual estava sentada.

- Sabia o quê? – Harry virou-se para a amiga, muito surpreso.

- Que eu conhecia aquele rapaz na foto. – a menina apontava para a parede na qual estavam penduradas inúmeras fotografias antigas.

Os garotos correram até a parede para olhar o retrato indicado por Hermione. Ficaram espantados com sua fisionomia. Não parecia nadinha com o Severo Snape que eles conheciam, sempre mal-humorado e rancoroso. A pessoa na foto tinha um olhar divertido e sorria com prazer, coisa que os garotos nunca tinham presenciado. Os cabelos sebosos estavam presos num rabo de cavalo e o bruxo realmente parecia feliz.

- Nem parece ele, né? Está até bonito nesta foto. – disse Hermione, que teve, imediatamente, dois pares de olhos muito contrariados a encarando.

- Para com isso Mione. Era só o que faltava você começar a achar o maldito do Snape bonito – a voz de Rony demonstrava completo desprezo pelo ex-professor.

- Eu sei. Só quero dizer que ele está muito diferente nesta foto. Parece feliz e muito satisfeito. – insistiu a garota. – O que ele estava comemorando?

- Engraçado. Neste dia todos estavam muito felizes. A senhora Lílian tinha acabado de descobrir que estava grávida. O senhor Severo estava na casa quando a senhora contou a todos e ficou muito feliz em poder compartilhar com ela esse momento.

- O QUE? ELE ESTAVA NA CASA DOS MEUS PAIS QUANDO ESTES DESCOBRIRAM QUE MINHA MÃE ESTAVA GRÁVIDA? ESSE MALDITO ERA APAIXONADO POR ELA? VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO! FOI ESSE CANALHA QUEM ENTREGOU A PROFECIA A VOLDEMORT. ELE FOI O RESPONSÁVEL POR COLOCAR VOLDEMORT Á CAÇA DOS MEUS PAIS! COMO ELE PODERIA SER APAIXONADO POR MINHA MÃE E FAZER UMA COISA DESTA? – Harry berrava, colocando-se de pé. Estava muito nervoso.

- Calma Harry. – Rony fez menção em se levantar, também.

- Que profecia? – quis saber o elfo.

Os garotos se entreolharam, sabendo que Harry tinha falado demais. Ninguém sabia da profecia completa, a não ser Harry, Rony, Hermione e Dumbledore. Mas este último já não poderia falar a respeito, pois estava morto. E eles não podiam arriscar-se a contar para outras pessoas. Não queriam que aquele informação chegasse aos ouvidos de Voldemort.

- Mas, Vincent, se ele gostava da mãe de Harry, como pôde entregá-la para Voldemort? – perguntou Hermione.

- Não posso acreditar que ele tenha feito!!!!. Ele gostava muito da sua mãe, meu senhor. Fazia de tudo por ela. Tudo o que ela pedisse. Nesse dia, da comemoração na foto, ele bebeu até passar da conta e ficou aqui chorando e falando nela. Dizendo que ela era uma flor, a pessoa mais bondosa que tinha conhecido, que foi amiga dele quando ninguém mais queria. Que o tratava com respeito. Fiquei com tanta pena do rapaz. Tão apaixonado e não correspondido!!!! Por isso não posso crer que ele tenha entregado a sua mãe a Voldemort. – Vincent parecia indignado com essa possibilidade.

- MAS FOI O QUE ELE FEZ, ESSE MALDITO!!!!!! E AINDA MATOU DUMBLEDORE. – Harry mais uma vez estava alterado.

Vincent levou as mãos à boca numa atitude que demonstrava seu total horror diante daquela notícia tão chocante.

- Então, não cite mais o nome desse canalha na minha presença. Há de chegar o dia em que eu cruzarei o caminho de Severo Snape novamente. E nesse dia, ele vai pagar por todo o mal que já fez.

***

Já era quase meia-noite quando os três amigos voltaram para o quarto. Ficaram até àquela hora conversando com Vincent, que contava a Harry detalhes da vida dos pais do garoto que até então este não conhecia.

Aquela conversa com o elfo, que tinha convivido com seus pais tão intimamente, encheu o coração de Harry de paz. Ele nunca conversara tanto a respeito de seus pais nem nunca lhe falaram tanto a respeito de como eles eram, do que gostavam, como eram vistos pelos vizinhos.

O menino ficara muito emocionado em saber como foi o casamento de seus pais, como sua mãe estava linda nessa ocasião, em saber que nascera na casa dos pais, com a ajuda de uma bruxa-parteira e que o pai distribuíra hidromel em todo povoado para comemorar seu nascimento, que a festa de seu primeiro aniversário ocorreu no bar, que na época era bem mais agradável que agora, que seu padrinho, Sirius Black, tinha bebido tanto, mas tanto, que se transformou em cachorro e somente conseguiu voltar à forma humana depois de 5 horas, quando o porre passou.

Todas essas informações fizeram com que Harry sentisse seu coração mais leve. Pelo menos teve a certeza de que seus pais foram muito felizes por algum tempo.

A única coisa que o incomodava era a história de Snape ter sido apaixonado pela sua mãe e freqüentar a casa dos Potter. Teria sido melhor não saber. Aquilo fazia com que a raiva que sentia do ex-professor aumentasse, pois sua traição tinha sido muito pior.

Se amava sua mãe, como podia tê-la entregado a Voldemort? Harry simplesmente não acreditava naquilo, não podia ser verdade.

- Harry, venha dormir. – a voz de Hermione tirou-o do transe em que se encontrava. – Foi um dia muito agitado para você. Precisa descansar.

E a menina puxou-o para a cama, ajeitando seu travesseiro e cobrindo-o com um cobertor. O garoto ficou agradecido por aquele gesto de carinho de Hermione. Naquele momento, achou que, se tivesse tido uma irmã, adoraria que ela fosse como Mione. Na verdade, era esse o sentimento que tinha por ela, considerava-a como uma irmã. Nesse momento, fez uma coisa que nunca tinha feito até então, pegou a mão da menina e a beijou – Obrigado Mione.

A menina, de forma muito terna, ajoelhou-se do lado da cama, beijou-lhe a testa e fez um carinho em seus cabelos. – De nada. Estou aqui para o que precisar.

Harry reparou que Rony observava aquela cena com olhos muito arregalados. Estava branco e parecia intrigado.

- Que foi Rony?. – perguntou Harry, preocupado.

- Nada. – respondeu, rispidamente. Era óbvio que não tinha gostado nada das demonstrações explícitas de carinho entre os dois amigos.

- Certo. Então boa noite. – o menino fechou os olhos e virou-se de lado.

Entretanto, não conseguiu dormir imediatamente e, depois de um tempo, escutou os sussurros dos amigos.

- Você acha que ele vai ficar bem? Foram tantas emoções, ele descobriu tantas coisas sobre os pais. Será que isso não vai afetá-lo demais? – perguntou Hermione, muito preocupada.

- Não acho. Harry já passou por muitas coisas nestes últimos anos e sempre superou. Não precisa ficar tão preocupada. Ele é muito forte. Vai saber superar isso também. Todos nós vamos. – Rony tinha a voz baixa, mas firme e, de alguma forma, parecia diferente. - Venha deitar Mione. Você também precisa descansar.

- O que é que deu em você Rony? Está doente? Com febre? – Hermione parecia surpresa com a atitude cortês, mas decidida, do garoto.

- Claro que não estou doente. Apenas quero que você descanse. Eu também preciso dormir.

- Ok. – a menina pulou para o meio da enorme cama, ajeitando-se sob o cobertor.

- Boa noite Mione, tenha bons sonhos. – Rony disse com a voz muito suave e um pouco triste.

- Boa noite Rony, durma com os anjos. – a menina respondeu muito delicadamente.

Logo em seguida Harry percebeu que a luz era apagada e pegou no sono, imediatamente.

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