Ensaios para o Final



No café da manhã daquele primeiro dia do ano, todos estavam presentes.
- Depois do café, vamos para a sala de reuniões, que eu tenho que falar com vocês todos – disse Dumbledore calmamente.
- É sobre o Voldemort? – perguntou Harry.
- É – disse Dumbledore. – Acho que já é hora de começarmos a distribuir tarefas, desde preparo de Poções a espionagens e investigações. Temos que acabar de vez com essa guerra. Voldemort já sabe que Severo está a nosso lado.
- Isso é ruim? – perguntou Rony.
Snape olhou o ruivo com desprezo, mas nada disse. Dumbledore explicou:
- Não temos mais quem espione os planos dele.
- Ah, isso pode ser um problema – disse Hermione. – Temos alguém para mandar?
O olhar de Dumbledore correu para Alexandra, mas se afastou dela bem rápido.
- Bem, isso depende – ponderou o diretor.
Mas Snape notara aquele olhar, e não gostou nem um pouco do que notou.
- Depende do que?
Alvo Dumbledore olhou-o sério, mas nada disse. Em vez disse, mudou de assunto:
- Vamos discutir todos os aspectos dos nossos planos para destruir Voldemort na sala de reuniões, e não à mesa do café da manhã.
- Se uma discussão muito grande começar, eu prometo interferir – murmurou Alexandra.
- Ah, que bom; porque eu quero viver para ver o mundo livre de Voldemort – disse o diretor, com um riso bem humorado.
Mas Severo Snape não gostou da piada. Ficou sério, mal humorado. Acabou de comer e levantou-se de sua cadeira sem cerimônia, e saiu do cômodo, sem nada dizer.
Gina e Harry assumiram o namoro de vez, mas Rony e Hermione não. Estavam ainda um pouco encabulados com as circunstâncias.
Todos se levantaram e foram juntos para a sala, mas, no caminho, Alexandra foi puxada para uma sala escura, sem que ninguém notasse. Uma mão apertava seu braço com força.
- Severo! – exclamou ela, embora não pudesse vê-lo ali.
- O que é que você e Dumbledore escondem mais? – perguntou ele, e pelo tom de voz, estava muito irritado.
- Ah, Severo, você está me machucando – disse ela. – Solte meu braço, por favor.
- Não, até que me diga o que é que você está me escondendo.
- Eu ficaria até amanhã dizendo e não acabaria o que tenho a dizer! – exclamou ela.
Ela foi empurrada contra a parede com força.
- Sabe qual é o seu problema, Alex? Segredos demais são perigosos. Não gostei de Dumbledore ter olhado para você quando falou do assunto em questão?
- Severo, você está me machucando – disse ela. – Me solta. Você vai saber de algumas coisas na reunião, mas se você me matar antes, não vou ter o que fazer pela Ordem.
- Ah, você me irrita – disse ele. E soltou-a. – Vá na frente; eu vou depois.
- Tá.
E ela logo saiu. Chegou à sala de reuniões, onde todos ainda estavam se ajeitando, por isso nem a viram entrar. Snape chegou pouco depois.
Todos já estavam sentados, e Dumbledore iniciou a reunião.
- Não posso mandar ninguém para vigiar o Voldemort. Mas temos um pequeno às na manga... que está bem escondido...
- E que às é esse? – perguntou Moody desconfiado.
- É porque não sei se posso contar com o meu ás... ele está protegido, aguardando uma grande jogada...
- Conte sempre com um ás na manga, professor Dumbledore – disse Alexandra fazendo-se séria como ninguém ali a vira.
Alvo Dumbledore deu um pequeno sorriso, quase imperceptível.
- Bom, vamos ver o que posso fazer. Façam silêncio um minuto, só para eu pensar, está bem?
Todos se calaram. Dumbledore se concentrou em outro mundo. Ninguém ousava sequer respirar mais alto. Deixariam o diretor pensar por quanto tempo fosse preciso.
Mas o diretor logo olhou para todos e disse:
- Alexandra vai entrar na fortaleza de Voldemort e nos trazer os nomes dos que estão de guarda lá.
Aquilo deixou todos estupefatos, espantadíssimos. Snape pensou que ia ter um ataque; só Alexandra permaneceu calma, não estava espantada com aquilo.
- Mas... e se ela for pega? – perguntou a professora McGonagall aflita. – Ah, Alvo, ela é só uma criança.
- Me rebaixaram à categoria de “só uma criança”, Dumbie – disse Alexandra. – Está bem, reconheço que tenho só 17 anos... mas sou bem mais que uma criança...
- Ah, sim, é uma adolescente – zombou Moody.
- Pelo menos não tenho a cara toda danificada por causa de combates com comensais – disse Alexandra calmamente.
- Ora, eu já lutei contra muitos comensais – disse Moody desdenhoso.
- Eu também – retrucou Alexandra calmamente.
Aquela frase causou impacto, expresso por exclamações de assombro.
- Alex, você tá falando sério? – perguntou Hermione, um pouco transtornada.
- Eu não brincaria com uma coisa dessas – retrucou a outra garota. – Mas não vou tomar o nosso tempo falando de mim. Quando estiverem desocupados, peçam ao Dumbie pra explicar; é uma longa história. No momento, eu gostaria de saber qual é o plano.
- Ah, seria bom saber de alguma coisa por aqui – disse Snape mal humorado.
- Temos que enfraquecer o Voldemort – disse Dumbledore. – Portanto, alguém fará o trabalho de enfraquecer os comensais. Sempre depois de realizar alguma grade proeza, ele fica enfraquecido. Se não tiver os comensais para ajudá-lo, ficará fraco e Harry poderá terminar isso de vez. No caso, a pessoa que se livrará aos poucos dos comensais é Alex, que...
- Ah, então ela é uma assassina? – perguntou Snape de modo impiedoso.
- Não, eu não preciso matar – disse Alexandra. – Até porque... a morte deles não resolveria o problema... Voldemort tem que pensar que está tudo bem.
- E como você pretende fazer isso? – perguntou Snape.
- Trabalho sozinha – disse Alexandra, muito séria. – O que eu faço ou deixo de fazer enquanto trabalho é um problema só meu. Passará a ser de vocês se eu cometer algum erro, mas como isso é muito improvável, vocês só têm que se preocupar com os resultados.
A docilidade dela desaparecera por completo. Era como se fosse outra pessoa. Estava falando de um modo quase arrogante pelo excesso de autoconfiança.
- Sem discussões – disse Dumbledore. – Haverá um momento em que Alex vai deixar que Voldemort perceba que ela está lá; se deixará ser pega.
Houve protestos.
- E Severo irá para lá, alegando ter conseguido atrair a Alex para uma armadilha.
- Ele não vai me receber de braços abertos – disse Snape.
– Mas quando vir que ela está mesmo lá, vai te perdoar – disse Dumbledore.
- Dumbledore, você sabe o que vai acontecer lá quando a virem, não sabe? – perguntou Snape, de modo cauteloso, mas sem perder o tom arrogante.
- Ah, sei sim, Severo, é você que não sabe o que vai acontecer – disse o diretor muito calmamente.
- Agora, quando eu entrar lá, tenho que chegar até a sala principal, onde ele recebe os comensais – disse Alexandra. – Você vai me ajudar, Snape. Vai inventar uma boa desculpa pra me levar lá dentro.
- Ah, sim, posso fazer isso, contanto que eu saiba o que vai acontecer exatamente, e porque essa síndrome de “já vencemos” – disse Snape, muito sério.
- Ah, isso eu explico depois – disse Alexandra. – Ninguém mais precisa saber. Aliás, quanto menos gente souber, melhor.
- Claro. Severo nos dará o sinal de quando estiver tudo pronto – disse Dumbledore. – Então todos nós da Ordem iremos para lá.
- O que é “tudo pronto”’? – perguntou Tonks. – Sabe, o que tem que estar acontecendo lá para que possamos ir?
- Ah, é bem simples – disse Dumbledore. – Os comensais estarão vulneráveis; Voldemort estará numa sala pouco acessível, junto ao Severo e a Alex.
- E como os comensais ficarão enfraquecidos? – perguntou Harry curioso.
- Harry, você tem que se preocupar com o seu Avada Kedavra – disse Alexandra com um sorriso tranqüilo. – Eu faço a minha parte. Cada um faz o que tem que ser feito. E, assim, todos nós ficamos bem e salvamos o mundo. Ah, só tem um problema no seu plano, Dumbie. Aurores... essa raça!
- Ei! – exclamaram Tonks e Moody quase ao mesmo tempo. Ela perguntou: - O que é que tem os aurores?
- Ah, não me levem a mal, Tonks, Moody, mas é que a maior parte dos aurores são tão... presunçosos... e acham que sabem de tudo, que podem salvar o mundo sozinhos... Sabe, às vezes só o vilão da história pode salvar o mundo.
- O que é que VOCÊ pode fazer que eu não posso? – perguntou Moody desdenhoso.
- Posso passar sem ser notada... Posso fazer comensais de idiotas... Posso conversar amigavelmente com o Voldemort... Posso achar os pontos fracos da fortaleza dele... Quer saber de mais alguma coisa?
- Você não era tão metida – considerou Rony.
- Eu não precisava ser – retrucou Alexandra. – Olha o Moody, achando que pode fazer tudo sozinho. Mais um auror presunçoso! Aurores assim atrapalham tudo.
Moody já ia protestar, mas Dumbledore concordou.
- Mas não se preocupe com os aurores; tenha em mente só o que você vai fazer, Alex.
- Tá, mas faz o Moody admitir que, sem o Snape esse plano não vai dar certo – disse Alexandra com um sorriso tranqüilo.
Moody quase engasgou, mas preferiu ignorar a fala da garota.
- Bom... – disse Dumbledore. – Nós vamos jogar um pouco sujo. Hermione e Alex, vocês duas vão ajudar o Severo a preparar algumas doses de Felix Felicis.
- Trapaça! Que legal! – exclamaram Fred e Jorge. – Então, podemos ajudar?
- Nem em sonho vou ter vocês dois no meu laboratório – disse Snape. – Seria pedir uma catástrofe. Não, não, está bem a Granger e a Bellefort, acho que nós três já damos conta.
Hermione se sentiu feliz ao notar que Snape não a estava desprezando e tratando como se ela fosse uma idiota, mas nada disse.
- Bom, acho que a gente tem que organizar a nossa entrada – disse Lupin. – Mesmo tendo os comensais enfraquecidos, não os teremos fora de cena.
- Ah, concordo quanto a isso – disse Tonks. – E comensais serão sempre comensais...
Ela não falara por maldade, mas Snape ajeitou-se desconfortavelmente em sua cadeira.
- Ah, me desculpe, eu não quis dizer isso – murmurou Tonks encabulada.
- Mas disse – disse Snape sério. – Bom, já sei qual é a minha parte do trabalho, não terei o que fazer nesta outra parte da reunião. Apenas vou aguardar as instruções do que terei que fazer lá. Quero dizer, além de fingir ser o grande comensal e de estar ao lado do lorde das Trevas...
Alvo Dumbledore assentiu.
- Alex, explique ao Severo como funcionam as coisas – disse o diretor. – Se ele ficar muito bravo, mande o seu sinal que eu vou salvar você.
A garota limitou-se a sorrir calmamente e levantou-se.
- Ah, seria bom se vocês fossem discutir isso no laboratório, enquanto preparam tudo para fazer as poções. Quando terminarmos aqui, a Hermione irá para lá.
Snape levantou-se também. E os dois saíram. Andaram em silêncio pelos corredores até o andar mais alto da casa. A porta era um quadro que, tal como em Hogwarts, pediu a senha. Snape disse:
- Cicatriz. Ê, senha imbecil...
O quadro nada disse, mas abriu a porta e os dois puderam entrar. Lá dentro, Snape sentou-se calmamente a uma bancada e esperou Alexandra sentar-se. Enfim, perguntou:
- E então?
- Ah, é assim: você vai ter que chegar lá e dizer que deu um jeito de convencer Dumbledore de que eu poderia entrar na fortaleza, porque você não era mais de confiança e blábláblá... É claro, se você puder suportar umas cruciatus antes de conseguir explicar para aquele retardado que eu estou lá.
- Suporto o que for preciso, Alex, você não me conhece – disse Snape friamente. – E, pelo jeito, também não conheço você...
- Ah, Severo, não vamos começar a discutir, por favor – pediu Alexandra. – Fico de joelhos, imploro. Esqueça isso. Você vai saber de tudo em pouco tempo... Mas por favor... não comece a ser ríspido comigo, eu não agüentaria.
- Está bem – disse Snape com indiferença. – E depois?
- Ah, então, depois de conseguir convencer a bailarina de que com certeza estou lá, vocês me acham. De preferência, ELE, para que ele possa acreditar que não estamos combinando. Se ele não quiser que você se afaste dele e ainda o estiver ameaçando de morte enquanto me procurarem, tanto melhor. Quando vocês me acharem, encenarei muito bem que estou surpresa pelo fato de você estar ao lado dele. Você me trate mal, não vai ser difícil pra você.
- Ora, não fale bobagens, Alex – disse Snape sério.
- Quando eu digo, me tratar mal, significa: autorização para me fazer qualquer coisa que o segurador-de-bandejas mandar... QUALQUER COISA, entende isso?
Severo Snape olhou-a, um pouco intrigado. Será que ela sabia o tipo de coisas que Voldemort mandava seus comensais fazerem? Perguntou isso a ela, que respondeu:
- Isso não importa. Estou dizendo: se ele te mandar me bater, bata; se ele te mandar rasgar minhas roupas, rasgue; ele não vai fazer nada a mais comigo do que me olhar com aquela cara de doido, isso EU garanto.
- Você parece bem segura – disse Snape, fazendo-se indiferente.
- Eu estou. Agora, quanto ao que vamos fazer: você tem que dar um jeito de fazer o Voldie me levar pra aquela sala dele... aquela em que ele recebe os comensais.
- Seria interessante saber por quê – comentou Snape.
- Ah, é que lá é bem isolado, né? Ele não veria os aurores idiotas chegando... Claro, porque os aurores se acham tão importantes que se dão ao luxo de entrar fazendo estardalhaços...
- Você não parece gostar muito dos aurores – disse Snape. – Pode começar me contando por quê.
Alexandra olhou-o, incrédula.
- Tá bom – disse ela levantando-se. – Mas, enquanto eu falo, vamos começar a preparar as coisas aqui pra fazer as poções...
Ele assentiu e se levantou. Os dois começaram a arrumar os caldeirões e os ingredientes – aqueles que eles haviam cortado logo que Dumbledore os mandou começar a preparar as poções, ainda na escola.
- Bom, quando eu era pequena, logo depois da morte da minha mãe, houve um dia em que muitos aurores entraram na minha casa, reviraram tudo. Achavam que sabiam muito, e achavam que eu não entendia o que estava acontecendo. Mas eu estava. Sabe, acusaram MEU PAI de estar ao lado do Voldie. Isso é um absurdo sem tamanho, até mesmo pra quem nunca o conheceu... Lucius de York era um dos maiores perseguidores das artes das trevas, qualquer idiota sabe disso... E os aurores, seguindo ordens do Ministério, quiseram prende meu pai. Foi terrível. Eu vi minha mãe morrer pelas mãos do Voldie, mas os aurores disseram que não, que meu pai matou a minha mãe. Ridículo! Eles não queriam ter trabalho. Não queriam ter problemas com o Ministério e nem com os jornais... Queriam se livrar de um problema... Mas o Dumbie chegou bem a tempo. Eu disse pra ele o que vi; ele deu um jeito de mandar os aurores para a casa do chapéu... Ah, acho que você não sabe... o Dumbie é meu padrinho...
Snape olhou para Alexandra, um pouco surpreso.
- É, eu não sabia mesmo – disse Snape.
- Então, ele não me mandaria para a morte, não se preocupe, que ele sabe o que está fazendo...
- Eu não acho que ele mandaria você para a morte, mas estou curioso a respeito do “ás na manga”. Por que ele te chama assim?
Alexandra corou um pouco.
- É que... bom, como a última herdeira legítima dos York... eu tenho habilidades incríveis... e... além de falar com cobras, posso controlá-las... até mesmo... Nagini...
Snape arqueou a sobrancelha.
- Você já a controlou?
- Já – murmurou Alexandra. – Mas não é tudo; posso executar magias simples sem a varinha, igual o Dumbie faz... E... posso... posso criar ilusões em pessoas, até deixá-las loucas... um feitiço que... EU inventei...
Severo Snape olhava a garota, mantendo a indiferença, mas bem impressionado.
- É, isso explica muita coisa – disse Snape.
- Eu sei – disse Alexandra, corando. – Mas ainda não contei o meu maior segredo...
Snape olhou-a, como que esperando que ela contasse, mas nesse momento Hermione entrou. Ela estava visivelmente constrangida; sentia-se uma intrusa ali. Um pouco “vela”, talvez, mas se lembrou que Alexandra dissera que Snape a mataria se soubesse que ela contara, portanto tratou de disfarçar seu desconcerto.
- Vamos, vocês duas, não quero ver nenhuma das duas distraída, com a cabeça em outro lugar. Espero que tenham consciência da importância de estar tudo certo – disse Snape sério.
Apesar de manter o tom de voz, ele não havia sido grosseiro. O que ele falara era verdade. Hermione não acreditava que aquele era mesmo Severo Snape, mas tratou de se sentar à bancada, à frente de um dos quatro caldeirões, e começou a preparar sua poção.
- Quem vai fazer o quarto caldeirão, sr. Snape? – perguntou Alexandra.
- Eu vou fazer dois – disse Snape. – E pare de ser fingida assim; está mais do que claro que a Granger já sabe de tudo. Vi que ela sabia quando ela entrou. Além de ser péssima atriz, não sabe oclumência. Pratique mais, Granger.
Hermione fez-se escarlate; não sabia o que dizer, por isso simplesmente disse:
- Sim, senhor.
Snape não disse mais nada; sequer sentou-se. Começou a preparar as poções com uma rapidez absurda.
Mas nenhuma das duas garotas reparavam nisso; apenas se concentravam em suas poções, tal e qual Snape as mandara. Depois de duas horas de muito silêncio, era hora de deixar a poção simplesmente ferver, sem mexer nem nada.
- Ah, que calor! – exclamou Hermione.
Snape olhou-a, um pouco pensativo. Levantou-se e pegou dois aventais impermeáveis e deu um a cada uma das duas.
- Pode tirar o casaco, mas ponha isso – disse ele para Hermione.
Ela olhou-o sem entender; Alexandra riu.
- Depois eu conto essa história – disse a segunda.
Sem entender, Hermione tirou o casaco e pôs o avental.
Passaram aquele dia inteiro preparando as poções. Na hora do jantar desceram, depois de ter engarrafado todas as poções cuidadosamente.
- Ah, pensei que vocês iam ficar presas até terminarem – desabafou Rony, olhando desconfiado para Snape.
- Ah, mas nós terminamos – disse Hermione. – Tudo pronto.
- Então você já pode se preparar para ir – disse Dumbledore, olhando para Alex por cima de seus oclinhos meia-lua. – Você vai amanhã de manhã ou hoje à noite mesmo?
- Pensei em ir de madrugada – murmurou Alexandra. – É menos difícil entrar lá de madrugada... os comensais já tão meio bêbados, segundo os relatos do sr. Snape... e o próprio Voldemort tem que dormir o sono de beleza dele...
- Vai aparatar onde? – perguntou o diretor, pela primeira vez parecendo apreensivo.
- Perto daquele bar nojento – disse Alexandra. – Mas vou jantar... Afinal, não sei quando comerei alguma coisa de novo...
Snape sentiu o coração apertar. Uma coisa era Alexandra ter estudado minuciosamente cada comensal, ter estudado o lorde. Outra coisa era vê-lo ao vivo, era sentir a presença dele. Sabia que, se Dumbledore preferira deixar a garota ir, é porque ela daria conta do serviço, mas sentiu algo que ele não sabia explicar. Era um medo, uma preocupação que lhe crescia dentro do peito. Ele tinha que se despedir dela.
Terminou de jantar bem rápido e alegou que estava com dor de cabeça, e logo subiu.
- É mesmo um anti-social! – exclamou Molly Weasley. – O que será que deu nele? Ele não é de dores de cabeça!
- Ah, acho que sei muito bem qual é o problema dele – comentou Alvo Dumbledore um pouco abatido. – Porque é o mesmo problema que eu tenho.
Os outros olharam-no sem entender. Alexandra terminou de comer.
- Bom, vou preparar as minhas coisas – disse ela.
A garota levantou-se e foi para seu quarto. Com alguma surpresa, encontrou Snape sentado na poltrona que ficava perto de sua lareira.
- Ah, Severo – disse ela, trancando a porta quase que automaticamente. – Não pensei que você quisesse se despedir de mim... pensei que fosse dar uma de durão e fingir que não me conhece. E quem sabe nos encontraríamos lá no esconderijo do Voldie...
Snape deu um meio-sorriso.
- Eu devo ser mesmo um monstro – comentou ele calmamente.
- Não, você não é, você só se faz – disse Alexandra, abrindo a armário e olhando-o atentamente.
- Não vou dizer que não estou preocupado, embora a confiança de Dumbledore em você devesse bastar para eu me tranqüilizar...
- Ah, ela não basta? – perguntou Alexandra, sem sequer olhá-lo. – É uma pena... bom, se bem que o Dumbie tá meio apreensivo. Ele sabe que eu posso, mas deve estar com medo por mim...
- Não tanto quanto eu, pode ter certeza – disse Snape, levantando-se.
Alexandra sorriu-lhe.
- Que bom, achei que você não se importasse.
- Quem é que está duvidando de amor agora, mocinha?
- Ah, está bem! – disse ela, voltando a olhar o armário. – Ai, caramba, não tenho roupa pra ir...
Snape olhou o guarda-roupas e arqueou a sobrancelha.
- Isso deve ser umas dez vezes a quantidade de roupas que eu tenho, e é bem mais do que preciso.
- Ah, tá certo – disse ela, pegando uma calça qualquer e uma baby-look bem trouxa.
- Para que essa roupa de trouxa?
- Só pra lembrar ele de que ele é mestiço – disse Alexandra calmamente.
- Eu também sou – disse Snape, diminuindo muito o tom de voz.
- Ah, não vejo problema em mestiços, ou nascidos trouxas, Severo – Alexandra abominou a idéia. – É só pra ele para de falar como se fosse o deus de tudo. Bom, dá licença, que eu vou me trocar.
Snape olhou-a como se não estivesse acreditando.
- Já notei que você gosta de se trocar livre das minhas vistas... – comentou ele, um pouco ressentido.
- Sei lá, não me acostumei a ver você me assistindo...
- Isso é o cúmulo! Já vi você sem nada, nós já... bem, em fim, qual é o problema de eu ver você se trocar?
Alexandra corou.
- Ah, não sei. Dá vergonha...
- Juro que não te entendo!
- Não é pra entender; é pra gostar sem discutir – comentou Alexandra com um riso espontâneo.
- Tudo bem, sem discutir – concordou Snape. – Olhe para mim.
Alexandra olhou-o.
- Eu já mencionei alguma vez que você é linda? – perguntou ele, nada romântico no modo de falar, mas romantismo não combinava mesmo com Snape.
Alexandra abriu um sorriso celestial.
- Acho que disse uma vez. Mas é bom ouvir de novo.
- Não em acredite em nada do que eu falar ao Lorde das Trevas, Alex, nada será verdade. Mas é que sou muito convincente quando estou representando.
- Eu sei, Severo – disse ela. – Entendo. Mas não se preocupe se eu parecer assustada; eu não estarei, na verdade.
- Assim as coisas funcionam bem – comentou Snape calmamente. – Venha cá, antes de me expulsar para poder se trocar.
Alexandra foi. Ele levantou-se e abraçou-a. Não era aquele abraço desesperado, era um abraço diferente. Alexandra se sentiu protegida. Achou que estaria sempre segura enquanto ele estivesse com ele ali. Não soube por quê, mas lágrimas chegaram aos seus olhos e não pôde segurá-las; ele sentiu as lágrimas que molhavam suas vestes e afastou-a, para olhá-la.
- O que foi? – perguntou ele. – Você não quer mais ir?
Ele queria acima de tudo que ela confirmasse, que ela estivesse com medo, mas sabia que não era isso. Não sabia o que era, mas sabia que não era medo do lorde.
- Não sei – disse ela, sorrindo e enxugando as lágrimas. – É que... por um momento, senti uma coisa diferente, como se nada mais importasse pra mim... como se eu estivesse segura para sempre... como se eu não estivesse mais sozinha entre tanta gente...
Snape olhava-a cada vez com mais admiração e respeito. Sim, ela era única na Terra. E mesmo ele não sabia que tinha o poder de fazê-la se sentir tão bem. Na verdade, ele sequer imaginava que poderia fazer alguém de sentir de alguma forma diferente de “muito mal”.
Alexandra abraçou-o de novo, daquele mesmo modo de antes.
- Você me ama – murmurou ela, sorrindo com aquela certeza. – Estou me sentindo uma romântica estúpida, coisa que nunca fui, mas acho tão bom estar aqui com você! Eu preciso falar isso, pôr para fora... Você está me fazendo feliz. Não tenho medo de nada que possa me acontecer, em lugar nenhum.
Snape permitiu-se sorrir aquele seu sorriso tímido. Ela não viu, mas sabia que ele estava feliz. De alguma forma, algo nela fez o amargurado Severo Snape se sentir feliz. Ela afastou-se dele.
- Vamos, sem despedidas – disse ela. – Se não vou me sentir uma princesinha tonta...
Ele puxou-a para si delicadamente e beijou-a. Não forçaria mais nada ali; sabia que ela não ia pensar em nada além de sua missão, e é o que ela deveria fazer.
Snape desejou-lhe uma boa noite e saiu do quarto dela; foi para o seu. Alexandra sentou-se na poltrona em que ele estivera e pensou. Não podia estragar nada. Ainda tinha que fazer Snape feliz. Ainda tinha que mostrar a ele que a vida era mais do que atormentar alunos grifinórios.
Trocou de roupa e apenas fechou os olhos para tirar um cochilo. Queria sair sem que ninguém a visse.
Eram mais ou menos três e meia da manhã quando ela desceu as escadas, pé ante pé. Viu Snape e Dumbledore acordados, sentados na sala de lareira, conversando qualquer coisa. Eles a viram.
- Isso são horas dos mocinhos estarem acordados? – perguntou ela, pondo as mãos na cintura.
Dumbledore abriu um sorriso amarelo, um pouco abatido.
- Eu não a deixaria sair sem vê-la antes – disse Dumbledore. – E nem Severo, imagino.
Snape assentiu em silêncio e voltou a olhar para Alexandra.
- Bom, já me viram – disse ela, parecendo muito segura. – Estou indo; Severo, pode decidir quando vai para lá, mas que seja pelo menos daqui a doze horas.
Snape assentiu.
- Me desejem boa sorte – disse Alexandra com um sorriso ansioso.
- Boa sorte – disseram os dois bruxos quase ao mesmo tempo.
A garota esboçou um sorriso, pôs a capa num gesto majestosamente esplêndido, e saiu.
- Bom, Severo, acho que temos que ir dormir agora – disse Dumbledore, levantando-se. – Não podemos mais fazer nada, e você precisa estar bem descansado para praticar oclumência.
Snape assentiu e, após pedir licença, subiu as escadas.

Pela manhã, todos demonstravam uma certa ansiedade – Mooly teve que obrigá-los a comer. Nem Arthur Weasley parecia ter apetite. Moody não se conformava que uma menina de 17 anos pudesse ter recebido uma tarefa tão importante como aquela. E assim passaram o dia: tentando imaginar o que estava acontecendo com Alexandra.
Harry repassava sua parte do plano muitas vezes. Snape estava sentado no sofá da sala, quieto, calado, sério, imóvel, observando-os ensaiar os feitiços de defesa. Eles não se importavam; estavam incomodados com a presença do professor, mas ele não sairia dali e a sala ainda era o melhor lugar para praticar. A professora McGonagall queria ajudar os quatro grifinórios a praticar seus feitiços, mas não estava concentrada o bastante para isso. Achava um absurdo que Snape não estivesse tão desesperado como ela, afinal, a garota era da cada DELE, e não DELA. Mas Minerva McGonagall não fazia idéia de como Snape estava se sentindo. Ele não deixaria transparecer.
Houve um momento – umas duas horas depois do almoço – em que Snape se levantou, um pouco irritado, e disse:
- Mas para que serviram as aulas de DCAT de vocês? – perguntou ele a Harry, Rony, Hermione e Gina. – Vocês têm que usar feitiços NÃO-VERBAIS se quiserem ter alguma chance contra aqueles comensais... E aprendam a fechar a mente, sabem, creio que o Dumbledore já lhes explicou isso, não?
Os quatro admiravam o professor espantados. Não esperavam nada dele que não fosse ofensas e broncas infundadas. Havia algo muito diferente acontecendo com Severo Snape, e tanto Hermione quanto Gina imaginavam o que era.
- Ah, claro, é muito fácil se concentrar em alguma coisa sabendo que a Alex está se arriscando por nós! – explodiu Harry. – Mas é claro que você não sabe o que é isso, né, se não sabe sentir nada que não seja prazer em fazer mal a todo mundo!
Snape permaneceu com seu ar arrogante; Gina e Hermione se entreolharam.
- Ahn... Harry – começou Hermione. – Acho que o professor Snape só queria ajudar...
- Claro, né, porque ele é ótimo em fazer as pessoas se sentirem bem! – disse Harry irônico, parecendo muito irritado.
- Ah, não vou discutir com pessoas com idade mental de 4 anos de idade – disse Snape inalterável. – Srta. Weasley e srta. Granger; quero falar com vocês. Venham comigo.
Rony e Harry se entreolharam.
- O que você quer? – perguntou Harry, entre dentes.
- Isso não é da sua conta, é, Potter? – perguntou Snape naquele tom desdenhoso.
As duas garotas não tiveram escolha senão acompanhá-lo. Ele as levou até os aposentos dele, mas, naturalmente, fê-las se sentarem na ante-sala, e de lá não passariam.
- Ahn... o que o senhor queria falar com a gente? – perguntou Gina.
- Não queria, quero – disse Snape, parecendo muito seguro de si. – Em primeiro lugar, convençam aqueles dois dementes de que, se não se concentrarem vão morrer, e não queremos que o Potter morra antes de matar o Lorde das Trevas, não?
As duas se entreolharam, sem nada dizer.
- Espero que o cérebro de vocês seja mais desenvolvido que o daqueles dois – disse Snape, só para não perder o hábito de ser desagradável. – Agora, o principal motivo de vocês duas estarem aqui... O que foi que Alex disse a vocês?
As duas se entreolharam novamente. “Alex” realmente era algo que confirmava muito do que havia sido dito.
- Bom... é... – começou Hermione. – Sobre o que o senhor quer saber, exatamente?
Snape olhou-a sério.
- Continuem se fingindo de idiotas e vou entrar na mente de vocês.
- Ahn... ela disse que... que... – gaguejou Hermione.
- Ah, Mione, deixa que eu falo – disse Gina. – Bom, é o seguinte, eu tava achando que você tinha alguma coisa com ela, aí eu fiquei insistindo pra ela dizer e ela disse.
Gina falara tão rápido que parecia impossível entendê-la, mas Snape entendeu.
- Ah, sim, então... O QUE ela disse, porque que ela contou sobre eu e ela a vocês eu já sabia – disse ele desdenhoso.
- Ahn... bom... é que... – começou Hermione. – O senhor não prefere usar um legilimens para descobrir e poupar a gente desse interrogatório constrangedor?
Snape olhou para as duas.
- Ah, claro, entendo. Não, não precisa. Já deu pra notar O QUE ela disse – disse Snape. Era difícil para ele ser um homem diante daquelas duas meninas; estava habituado a ser o cruel professor de Poções. – Está bem, serei bem franco. Ou vocês aprendem oclumência em três horas ou não poderão ajudar a Ordem.
As duas se entreolharam uma vez mais.
- Mas por quê? – perguntou Hermione.
Snape não perdeu a oportunidade de ser desagradável:
- Pensei que você fosse mais inteligente, Granger, mas, já que não é, terei que explicar unicamente porque valorizo a vida da garota que está trabalhando pela Ordem agora. Vocês sabem como são os comensais, não sabem? Agora, pensem apenas que, se eles são DAQUELE jeito, o líder deles é pior.
- O senhor foi um deles, deve saber do que está falando – disse Hermione, um pouco irritada.
- obrigado por lembrar, foi muito generoso da sua parte – disse Snape irônico. – Agora, ouçam: Se o lorde das Trevas sequer sonhar que tive alguma coisa com a Alex que não fosse contra a vontade dela, estarão todos perdidos.
- Quer dizer que... – começou Gina, confusa pela primeira vez. – Você vai dizer pro Voldemort que tudo o que houve entre você e a Alex foi contra a vontade dela e...?
- Naturalmente – disse Snape sem se alterar. – Acham que ele pode sonhar que tem uma garotinha de dezessete anos apaixonada por seu melhor comensal e que é correspondida? Ah, céus, usem o cérebro! Mas, para isso, vocês duas têm que esquecer que a Alex disse algo para vocês. Como acho que vocês não vão aprender oclumência para enfrentar o Lorde das Trevas em duas horas e nem vão poder faltar ao combate final, sugiro que aceitem minha sugestão: uma poção da memória simples, para que eu possa alterar as lembranças de vocês. A Alex não contou nada para vocês, vocês não sabem de nada, só notaram que ela está mais triste esses dias.
- Ah, é melhor mesmo – disse Hermione, sem saber o que dizer.
- Ah, vocês usam o cérebro! Inesperado – disse Snape, indo pegar um fraco em uma gaveta. – Bebam. Depois que beberem, se concentrem na minha voz, está bem? Vocês podem fazer isso?
As duas assentiram em silêncio; o professor entregou-lhes um frasquinho para cada uma e elas, sem pensar em nada, beberam. Depois, olharam para o professor, esperando ouvir que ele ia dizer.
- Muito bem. Vocês duas não sabem de nada sobre a... vida amorosa da Alex; ela não lhes disse nada a respeito de coisa nenhuma, sobre ninguém. O que vocês acham disso?
Severo Snape calou-se e mirou-as em silêncio. Aos poucos, as duas fizeram expressões de quem esqueceu de algo que ainda está ali, na memória, na ponta da língua. Parecia que alguém tinha tirado uma informação do cérebro delas. Snape disse:
- Ah, e vocês também não se lembram de nada do que conversamos nesse quarto. Na verdade, quando vocês saírem daqui, vão se esquecer de tudo o que tiver sido dito e feito aqui dentro. Já podem sair.
As duas saíram. Realmente, não faziam a menor idéia do que haviam feito lá dentro. Não se lembravam. Snape saiu atrás delas e, fechando a porta, mandou elas pararem. Elas obedeceram.
- Só para garantir que tenha funcionado... Legilimens...
Elas esperaram sem saber exatamente o que ele estava fazendo.
Depois ele disse, parecendo bem satisfeito consigo mesmo:
-É, parece que deu certo – e, com um sorriso desdenhoso disse: - Aqueles dois moleques são mesmo lerdos, hein?
Mesmo tendo esquecido de alguns segundos de suas vidas, elas entenderam perfeitamente do que o professor estava falando. E as duas coraram.
- Vão, vão, já fiz o que era preciso. Voltem para... Ah, é, vocês precisam lembrar de algo que pedi para vocês... Ponham na cabeça daqueles dois imbecis que eles precisam se concentrar pra fazer um feitiço, seja de ataque ou de defesa... Não queremos que o Potter morra antes de matar o Lorde das Trevas.
Hermione, insolente, apressou-se a descer pelas escadas, e Gina foi em seu encalço.
Ao chegar lá embaixo, Harry e Rony aproximaram-se e perguntaram curiosos:
- Então, o que aquele ranhoso queria?
- Ah, não lembro – murmurou Hermione contrariada.
- Como assim, não lembra? – perguntou Rony, um pouco irritado. – Então o que ele disse? O que ele fez?
- Não sei – disse Hermione, dessa vez parecia constrangida pela falta de memória, mas os garotos acharam que o constrangimento tivesse outro motivo.
- Como não sabe? – perguntou Harry, parecendo que ia matar uma das duas, ou ambas. – Por que vocês não querem dizer?
- Harry, nós realmente não sabemos – murmurou Gina sinistramente. – Mas o professor Snape disse pra gente convencer vocês dois a se concentrar e a praticar melhor os feitiços.
- Tá, mas o que mais ele queria?
- NÃO SEI, MERDA!!! – exclamou Gina irritada.
- Quanta falta de educação – comentou Snape, que vinha descendo as escadas.
- O que foi que aconteceu, que elas não querem dizer? – perguntou Harry, como que exigindo uma explicação.
- Elas não sabem o que houve – disse Snape, no mesmo tom de desdém.
- O que você fez, seu... seu... – gaguejou Rony.
- Ah, muito cuidado com o que vai dizer, sr. Weasley. Se você estudasse melhor Poções, quem sabe imaginasse um pouco o que aconteceu; não tenho tempo para isso.
- Aha! – exclamou Hermione triunfante. – Poção da Memória?
- Parece que terei que usar um feitiço mais forte em você, Granger – disse Snape indiferente.
- E para que apagar a memória delas? – perguntou Harry intrigado.
- Isso não vem ao caso, Potter – retrucou Snape. – Agora, se me dão licença, tenho que fazer a minha parte na missão.
Ao dizer isso, Snape simplesmente rodopiou e desapareceu.
- Esse imbecil – disse Rony irritado. – Odeio esse ranhoso!



Alexandra deixara vários comensais em estado de pura demência apenas dando o ar de sua graça. Estava escondida em uma sala muito empoeirada, pelo visto há muito tempo abandonada.
A garota revirava papéis, olhava atentamente tudo, e separava o que achava importante. Queria que Snape demorasse um pouco mais, mas sabia que ele viria assim que o prazo de doze horas se esgotasse.
Por isso, ao ver que ele viria logo, passou uma mensagem por meio de um patrono, informando tudo o que podia sobre a localização e a segurança do esconderijo de Voldemort.
O tempo estava acabando. Mandou a mensagem. Mal sabia ela que, nesse exato momento, Severo Snape aparecia aos pés de Voldemort.

Snape desapareceu prostrado aos pés de Voldemort, que, ao vê-lo, abriu um sorriso – daqueles assustadores, que só ele sabia dar.
- Ah, meu servo mais fiel... – disse ele. Levante-se, meu amigo, levante-se.
Snape levantou-se.
- E então, o que tem para mim? – perguntou o lorde.
- A garota está aqui – disse Snape. – A última York, assim como me pediu, milorde.
- Bom... muito bom, Severo – disse Voldemort. – Qual é a sua situação na Ordem?
- Ah, Dumbledore achou que milorde me torturaria quando me visse aqui – disse Snape, num tom sarcástico. – Bom, ele ainda acha que milorde não sabe que a morte dele era tramada pela Ordem, para que eu ganhasse a sua confiança.
- Bom, então, antes de morrer, devo dizer a ele que quem deu essa idéia a McGonagall fui eu – disse Voldemort, parecendo orgulhoso de si mesmo. – Aquela imbecil não se lembra que fui eu que coloquei aquilo na cabeça dela, para que ela sugerisse a Dumbledore... Para que ELES todos confiassem em você...
- Milorde é mesmo muito inteligente – disse Snape que, embora mantivesse o tom, estava ligeiramente submisso.
- A garota deve ter mandado alguma informação nossa para a Ordem – disse Snape. – Nem precisei sugerir a Dumbledore que mandasse a garota para cá... ELE pediu que ela viesse e ela aceitou...
- Ela deve mesmo ser poderosa – comentou Voldemort, parecendo interessado. – E como você reagiu à sugestão do velho?
- Ah, entenda que eu seduzi a garota, foi muito fácil... – começou Snape com um meio-sorriso. – Tive que reagir como se eu achasse a vinda dela para cá um absurdo, sem exagerar muito, para não deixar de representar meu papel. Mas eu fui contra. Disse que ela não devia vir. Depois falei a ela que não queria que ela viesse, como se estivesse preocupado, como um legítimo ex-comensal que quer se redimir. Me tratou como se eu fosse um imbecil apaixonado. Foi muito mais fácil do que pensei, milorde. Acho que o senhor está duvidando da minha competência em missões perigosas.
- Ora, Severo, tratar com Dumbledore é a missão mais perigosa que eu encontro – disse Voldemort, contorcendo os lábios no que parecia ser um sorriso, mas era assustador. – E você se saiu bem. Enganou aquele velho idiota. Conseguiu a confiança de todos. E quanto à revelação do segredo de onde está a Ordem?
- Ah, milorde tem o direito de me castigar pela falha – disse Snape, fazendo uma reverência profunda. – Eu estava mesmo com o maldito papel, mas Dumbledore me pediu-o de volta...
- Pediu? – perguntou Voldemort. – Mas então ele não confia tanto em você...
- Ah, confia sim, se não, não tinha me dado a missão de levar a garota para a Ordem. Mas é que ele guarda esses papéis, para ter um controle de quantos escreveu e coisas assim...
- Bom, tudo bem – disse Voldemort. – Não se curve. Não preciso mesmo saber onde é a Ordem. Imagino que todos virão para tentar me derrotar para sempre?
- Exatamente – disse Snape. – É o plano deles. Quando eu mandar o sinal, eles virão correndo.
- Ah, então vou me preparar primeiro – disse Voldemort. – Primeiro, vamos ver onde a menina se escondeu.
- Não é mais uma menina – informou Snape com um sorriso maroto.
Voldemort olhou para ele e deu uma gargalhada sem emoção.
- Ah, Severo, seu cafajeste! – exclamou o lorde, parecendo bem humorado. – Foi o primeiro dela?
- Sim, milorde – respondeu Snape, indiferente.
- E como ela é?
- Ah, nada em especial – disse Snape, como que entediado. – nada que não tenhamos por aqui, e melhor.
- Bom, se eu tiver tempo, verei depois se concordo com você...
Snape sacudiu os ombros, desinteressado. Os dois andavam agora pelos corredores, e passavam de sala em sala, para ver se encontravam Alexandra.

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