A Peça em Cena
Alexandra Bellefort, como era chamada a bela garota, estava terminando de mandar outro patrono quando a porta abriu e Voldemort a surpreendeu. Snape vinha logo atrás do mestre dos Comensais.
- Ah, aí está você – disse Voldemort com aquilo que parecia um sorriso maquiavélico.
Alexandra, ao contrário do esperado, olhou-o com um brilho de desafio em seus olhos negros, e disse:
- Ah, achei que você não ia me achar nunca.
Os olhos dela se desviaram para Snape; ela pareceu transtornada.
- Ahn... professor? – perguntou ela, desconcertada.
- Você não estava no plano deles, Severo? – perguntou Voldemort, um pouco curioso.
- Estava, claro, Dumbledore não me excluiria de uma ação contra o grande Lorde das Trevas. Ela está só fingindo surpresa. Faz parte do papel dela.
Alexandra olhou-o, com um misto de espanto e incredulidade.
- Ah, percebi – disse Voldemort. – Ela realmente é uma boa atriz...
- É mesmo – disse Snape. – Mas nada que não possamos consertar. Vai falar com ele do jeito que falava na Ordem, longe dos ouvidos dele, Alex?
Alexandra deu um sorrisinho e disse:
- Sabe, Voldie, era uma aposta – explicou Alexandra, tranqüilamente. – A criançada lá apostou que eu não chegava e falava com você, na sua frente, do mesmo jeito que eu falava lá...
- Ah, é mesmo? – perguntou Voldemort. Ele a estudava com seus olhos em forma de fenda. – E o que é que você falava?
- Que você parecia uma bailarina duelando, que segurava a varinha com uma munheca mole de dar inveja em muita meretriz... e que eu realmente queria saber onde aprendeu a deslizar suavemente, igual uma bailarina.
Voldemort de repente não tinha mais aquele ar meio debochado; parecia não ter gostado nada do que ela havia dito.
- Severo – disse ele, olhando a garota com olhos faiscantes.
Snape retirou a varinha e disse simplesmente, sem nenhum aparente peso na consciência:
- Crucio.
Ela não tivera tempo de pegar sua varinha, caiu no chão, contorcendo-se e gritando de dor.
- Pare – disse Voldemort, sem tirar os olhos da garota. – E agora, minha querida, o que você tem a dizer?
Ela ofegava, mas conseguiu dizer:
- Que... você... é... um... mestiço... podre... nojento... idiota... pedante... retardado... afeminado...
Voldemort mais uma vez disse:
- Severo.
E, novamente, a garota sentiu uma dor por causa do Crucio que Snape lhe lançara. Lágrimas involuntárias escorriam pelo rosto dela.
- Pode parar, Severo.
Snape mantinha a varinha em punho, mas interrompeu o feitiço.
- E agora, Alex? – perguntou Voldemort.
- Você... parece... uma bailarina... Parece A protagonista de uma peça trouxa, chamada O Fantasma da Ópera... Eu disse “A PROTAGONISTA”, sabe, a mocinha da história. Só que ela não parece um transformista; essa é a diferença.
Voldemort parecia querer matar a garota naquele momento. Ela era ousada. Mesmo Snape estava muito espantado com aquela atitude dela.
- Guarde a varinha, Severo – disse Voldemort, por fim. – Gostei dessa garota. Vamos ver se o Lúcio também gosta.
Snape deu um sorrisinho sarcástico.
- Ela não é bem o estilo dele, talvez ele não goste – disse Snape, com aquele sorriso irônico que só ele sabia.
- Não existe mulher que não seja o estilo dele – disse Voldemort. – Mas eu acho que, pela grosseria, ela merece VOCÊ...
- Se for sua vontade, milorde – disse Snape.
- O Lúcio Malfoy, aquela mocinha? – perguntou Alexandra, fazendo algum esforço para levantar-se. – Ah, não sei, ele deve estar em estado vegetativo agora... é o que vai acontecer com você, Severo.
- Claro – disse Snape, irônico. – Você vai fugir de mim igual fez na floresta, quando eu levava você para a Ordem e você achava que eu te trazia para cá...
- Ah, é... – disse o lorde, parecendo achar graça. – Ela não vai para o seu quarto, vai para a cela na masmorra até aprender a se comportar.
- Até obedecer você? – questionou Alexandra com desdém. – Tá, vou morrer lá... você vai esperar muito até ouvir eu te chamar de “mestre”. Eu diria que vai esperar toda a sua vida e mais toda a sua morte.
Voldemort limitou-se a dizer:
- Veremos.
Snape olhou o mestre e perguntou:
- Posso lançar um feitiço imperturbável na porta, milorde? Não aprecio certas vulgaridades... e o senhor já sabe como eu sou em ocasiões como ESSAS, então não vejo necessidade que todos ouçam a menina gritar...
Voldemort considerou um momento.
- Está bem; ela só está aqui por sua causa. Faça o que quiser, mas deixe-a presa na cela que eu falei.
Alexandra escorregava a mão para sua varinha, mas Snape pegou sua própria varinha e, sem nada dizer por meio de palavras ditas em voz alta, a varinha dela voou para suas mãos.
- Você não precisa disso agora, Alex – disse o ex-professor.
- Esteja à vontade, Severo – disse Voldemort, retirando-se. – Depois, quando meu humor melhorar, vou mostrar a ela quem é afeminado.
- Vou estar esperando – disse Alexandra, insolente.
Voldemort não disse nada, apenas olhou para a garota. Snape segurou o braço dela com força; os olhos dela se encheram de lágrimas que ela se recusou a deixar cair.
- Você está me machucando! – gritou ela, brava.
- Céus, Severo, você foi tão gentil com a menina na primeira noite dela? – perguntou Voldemort com um sorriso. – Um novo Severo, pelo visto.
- Eu não podia fazer nada de muito errado em baixo do nariz de Dumbledore – retrucou Snape, puxando a menina com violência, arrastando-a para fora da sala.
Alexandra tentou resistir e se soltar, mas era impossível.
- Eu te odeio! – gritou ela, as lágrimas escorrendo pelo rosto.
- Vai odiar um pouco mais, então – disse Snape sem se importar.
Nessa situação, foram até as masmorras; às vezes Snape cumprimentava algum comensal no meio do caminho, agindo como se não estivesse puxando uma garota pelo braço até as masmorras do estranho lugar.
Chegaram ao destino. Snape abriu a porta e disse, num sussurro:
- Grite.
Ela olhou-o, mas obedeceu. Foi convincente. Mais até do que era necessário. Snape jogou-a com violência para dentro da cela, e ela caiu no chão, arranhando-se toda. Então Severo Snape entrou e, depois de trancar a porta, lançou um feitiço imperturbável na mesma.
- Ah, me desculpe – disse ele aproximando-se, ajudando-a a se levantar e puxando-a para um abraço em seguida.
Ela abraçou-o com força.
- Você é convincente demais – murmurou ela. – Quase acreditei em você.
- Tive medo que isso acontecesse – retrucou ele, afagando os cabelos dela. – Você está bem? Claro que não, que pergunta imbecil!
- Ah, suportei tudo porque sabia que você estava comigo – disse ela. – Tive tanto medo que ele me entregasse pro Malfoy...
- Você não imagina eu, então – disse Snape. – Felizmente, toda a sua insolência fez ele achar que você merecia um castigo maior que Malfoy.
Alexandra riu, aquela risada que ele amava.
- Você deve ter sido mesmo o demônio em pessoa... – comentou ela.
- É, se eu morresse, eu não iria para o inferno, porque o diabo não ia querer um concorrente tão forte...
Alexandra abraçou-o com mais força.
- Pode me explicar toda a amizade com que Voldemort te tratou logo de cara?
- Posso – disse Snape, indicando uma cama não muito confortável. – Sente-se, que a história é longa...
Ela sentou-se e ele, ao lado dela.
- Bom, quando você foi para Hogwarts, vi que você era diferente. Mas, quando você recebeu aquela carta e não quis explicar, e depois Dumbledore não quis me falar nada sobre você, eu investiguei sozinho. Eu soube que você era a lady de York, a última herdeira. A primeira coisa que fiz foi contar ao Lorde das Trevas, porque precisava continuar sendo o grande comensal. Eu não esperava me apaixonar por você. Então ele teve uma idéia para eu ganhar a sua confiança cega e a de todos. Que todos pensassem que eu tinha o enganado, fingindo matar Dumbledore. Ele pôs essa idéia na cabeça de McGonagall com um simples feitiço; ela achou que fosse só um sonho oportuno. Eu fui contra o plano, segundo Voldemort tinha me mandado ser. Fiz o que devia ser feito. Dumbledore não sabe disso. Mas, se soubesse, diria “Muito bom, Severo”, porque a confiança dele em mim é cega. Então, tenho a confiança dos dois lados. Posso me dar ao luxo de escolher o que fazer. Confesso que, se nem você nem Dumbledore existissem, eu estaria do lado do Lorde das Trevas, por falta de opção do que fazer da vida. Então, a idéia de levar você em segurança para a Ordem, que também foi idéia de Voldemort. Eu devia dar um jeito de fazer você vir para cá por vontade própria, convencer Dumbledore de que só você poderia fazer isso. Mas eu não esperava que essa idéia partisse do próprio diretor. Foi fácil, e fiquei um pouco mais seguro em deixar você vir. Agora, isso explica porque o Lorde das Trevas me recebeu tão bem. Em teoria, eu estava obedecendo às ordens dele o tempo todo.
- E quanto a contar a ele sobre nós?
- Eu disse que seduzi você, que foi muito fácil, que eu a fiz mulher... em fim, coisas que ele espera de um bom comensal – disse Snape, entediado.
- Ah, foi fácil é, seu cafajeste? – perguntou ela, dando tapinhas de uma fingida e bem humorada irritação.
- Na verdade, foi – disse Snape, com um meio-sorriso. – O que você mandou de informação par a Ordem?
- Localização do lugar, como entrar, como sair, como encontrar a tal da sala... tudo que era importante. Ah, outra coisa: por que disse que eu estava fingindo desapontamento?
- Porque o Lorde das Trevas sabia que Dumbledore nunca me excluiria de plano nenhum, como acontece de fato... Tenho explicação pra tudo; tanto a verdadeira quanto a falsa. E ambas são bem convincentes. Agora, você me pôs em apuros.
- Por quê? – perguntou ela sem entender.
- Porque você provocou tanto o lorde que ele quer ver se o que eu disse sobre você é verdade, e de quebra provar que ele não é afeminado.
- E o que foi que o senhor disse sobre mim? – perguntou Alexandra, pondo as mãos na cintura.
- Disse que você não tem nada de especial, nada de diferente do que temos aqui...
- Ah, então você acha isso? – perguntou ela, fazendo-se séria, mas no mesmo tom brincalhão.
- Claro que não, menina tola, mas eu não queria despertar o interesse dele em relação a você. Até porque a sua beleza já não ajuda a convencer que você é uma qualquer.
- Eu me garanto, Severo – disse Alexandra.
- Ah, eu vi na sala o quanto você se garante – ironizou Snape. – Não conseguiu alcançar sua varinha a tempo.
- Uma distração.
- Que lhe custaria a vida, se o lorde não estivesse de tão bom humor.
- Acho que estraguei o humor dele – disse Alexandra, rindo casualmente.
- Ah, com certeza.
- Mas quem se importa. Vamos parar de pensar no depois.
- Ah, antes disso eu tenho que te falar algo: o lorde vai decidir quando vai querer que eu avise à Ordem para todos virem. Quero que você avise logo amanhã de manhã, para que seja o mais rápido possível. Ele não pode ter tempo de se articular.
- Mas só amanhã de manhã? – perguntou Alexandra, um pouco preocupada.
- É; o Lorde das Trevas vai me mandar chamar a Ordem daqui a uns dois dias, vai organizar os comensais antes...
- Ah, ele vai esperar organizar os comensais? – perguntou Alexandra, alegre. – Isso será em um mês, aproximadamente.
Como Snape não entendesse, a garota explicou:
- Minhas cobras de estimação vieram comigo... Sabe, elas estavam um pouco atiçadas com a presença de tantos estranhos. Não pude evitar que elas atacassem. O Lúcio deve estar em coma profundo. O Voldie não vai ter tempo pra mim...
- Ah... e você já avistou Nagini? – perguntou Snape.
- Já – disse Alexandra, bem satisfeita. – Ela está presa numa cúpula de vidro, escondida de tudo.
Snape riu. Não era a risada mais divertida da terra, mas era inesperada e até bem gostosa de se ouvir. Alexandra sorriu ao vê-lo tão aparentemente alegre.
- Te amo, Severo.
- Eu também, mas não diga isso tantas vezes, vou me odiar por ter torturado você tanto.
Alguém bateu à porta. Os dois se entreolharam.
- O que eu faço? – perguntou ela.
- Um momento.
Ele apontou a varinha com ela, e fez um feitiço que fazia parecer que ela estava muito machucada. Depois, rasgou a blusinha dela e deu um jeito de desconjuntá-la.
- Vá para aquele canto – indicou ele. – E, se não for pedir demais, chore um pouco, sabe, algo como um murmúrio, um lamento... sei lá, use a sua criatividade.
Ele levantou-se assim que ela foi para o dito canto e se encostou encolhida na parede como se quisesse sumir. Snape abriu a porta. Era um comensal.
- Ah, Snape, eu... Mas que barulho é esse?
Os dois ficaram em silêncio um pouco. Ouviam um ruído, um choro contido. O comensal ficou envergonhado.
- Ah, me desculpe, Snape... eu não sabia que você estava ocupado – a voz do comensal parecia assustada, quase como se implorasse perdão por uma falha enorme.
- É, você realmente me atrapalhou bastante. O que você quer?
- É que o Lorde das Trevas estava chamando todos os comensais para uma reunião urgente e, como vi você vindo pra cá, vim chamá-lo.
- Se o Lorde das Trevas ao deu ordens expressas para chamar SEVERO SNAPE é porque ele não está solicitando a minha presença. Já pode ir, e diga que o próximo que me interromper, vai ter problemas...
- Ahn... – o homem hesitou. – Quem é que está aí?
- Ê curiosidade de merda – disse Snape, abrindo um pouco a porta, para que o comensal avistasse Alexandra.
A garota, ao ver o outro, fez uma expressão de horror e encostou-se mais ainda à parede, como se procurasse fugir a qualquer custo.
- Parece uma boa – comentou o comensal.
- Ela não é para você, seu lixo. Vá ver o que o Lorde das Trevas quer e me deixe em paz.
Muito assustado, o homem afastou-se às pressas. Snape tornou a fechar a porta e lançar nela um feitiço imperturbável. Depois se virou para a garota, que lhe sorria calmamente. Ajudou-a a se levantar e desfez o feitiço.
- Não precisava ter me mostrado para ele, precisava, Severo?
- Precisava, o Lorde das Trevas manda esses imbecis pra me encher o saco só para ver se ainda sou eu mesmo. Agora o retardado deve estar indo contar para o Lorde das Trevas o que ele viu. Isso é bom para mim e para você.
Ela apontou para as próprias roupas.
- Eu gosto destas, sabe, você poderia consertá-las...
Snape fez apenas um gesto e as roupas se refizeram.
- Bom, eu estou com saudades de você – disse Snape, aproximando-se ainda mais e acariciando o rosto dela.
- Menos de doze horas sem me ver – exclamou Alexandra.
- E mais de um dia sem te tocar – retrucou Snape, dando-lhe um beijo caloroso.
Ela retribuiu.
- Eu já te disse que tenho medo de você às vezes? – perguntou ela, tirando a camisa dele.
- Ah, já deve ter mencionado – disse ele distraidamente, abrindo a blusinha dela.
De manhã cedo, Snape vestiu-se e observou Alexandra dormindo naquela cama pouco confortável. Ela acordou com o beijo que ele lhe deu e disse:
- Bom dia, Severo – disse ela. – Já é para eu mandar o aviso ao Dumbledore?
- Pode se vestir antes – disse Snape.
Alexandra vestiu-se muito rápido.
- Mas, antes de deixar você, tenho que dar um jeito de parecer o mesmo que pareceu ontem para aquele comensal. Talvez um pouco pior.
- Severo, sei que você não gosta de falar sobre isso, mas quero que me responda com sinceridade: você realmente fazia o que faz parecer que fez comigo?
Snape desviou o olhar. Alexandra aproximou-se dele, com um sorriso de compaixão.
- Desde que passei para o lado de Dumbledore, costumo ajudar as mulheres, mas isso não apaga meus erros, apaga? Agora...
Ele pegou a varinha e fez com que as roupas dela virassem farrapos. Depois fez com que parecesse que ela apanhou muito.
- Você continua linda – comentou ele, um pouco cabisbaixo.
- Severo, eu amo você – disse ela. Posso cantar um trecho daquela ópera que eu já cantei antes? Só antes de você me deixar sozinha aqui e ir cumprir as suas obrigações...
Snape tocou o rosto dela. Isso mostrava que ele aceitara.
- Pityful criature of darkness, what kind of life have you known? God gave me corage to show you... you are not alone...
(Aewww, gente, eu não traduzi esse trecho da última vez que escrevi isso, então lá vai: “Pobre criatura das trevas, que tipo de vida você conheceu? Deus me deu coragem para te mostrar que você não está sozinho...”)
- Te amo... te amo... te amo... você não está sozinho... Estou aqui, com você – disse ela.
Snape deu um sorriso de desconcerto e, depois de um beijo leve, saiu. A garota daria um jeito de atrair as atenções, de mandar a mensagem mesmo sem sua varinha. Precisava de uma varinha, uma varinha qualquer. Disse algo naquela língua sibilada que tão poucos entendiam. A porta estava trancada, mas ela ouviu o movimento e as respostas vindas do lado de fora. Disse mais alguma coisa naquela língua estranha. Só tinha que esperar.
Snape estava na presença do Lorde das Trevas, que parecia bem satisfeito.
- E como foi a noite? – perguntou Voldemort.
- Normal – disse Snape, parecendo entediado.
- Entendo... Não a recomenda para mim, então?
- Sinceramente não, mas se quiser saber o que acha, talvez seja melhor que veja por si mesmo, milorde.
Snape sabia que Voldemort só pedia sua opinião para testá-lo, pois Voldemort sempre fazia o que bem entendia quando quisesse.
- Ela terá que esperar – disse Voldemort, por fim. – A garota realmente deu um jeito de nos tirar muitos comensais... o Lúcio foi atacado por três cobras de uma só vez e o veneno parece não ter um antídoto... Um inferno! Acha que ela poderia se tornar uma boa comensal?
- Bom... – ponderou Snape. – Se milorde conseguir persuadi-la a seguir outra causa que não te destruir, milorde, acho que ela tem poder para ser uma grande comensal.
Voldemort pareceu satisfeito com a resposta de Snape.
- Bom, isso atrasa um pouco meu triunfo total... – comentou Voldemort, desviando completamente o assunto. – Mas você terá que ficar aqui, fingindo que está trabalhando para me destruir. Mande uma mensagem ao velho; diga a ele que não é o momento certo de vir... Não tenho condições de enfrentar Dumbledore e todos aqueles membros da Ordem...
- Se me permite, milorde, devo dizer que o que o senhor não tem é disposição, porque condições de enfrentar todos, tem sim, milorde – disse Snape, de modo bem submisso.
Voldemort gostou de ouvir aquilo; chegou até a sorrir aquele sorriso dele.
- Ah, meu amigo, ando muito fraco – disse Voldemort.
- Talvez seja o excesso de preocupações, meu senhor – disse Snape.
- É, talvez. Talvez seja também falta de alguém por perto... nem que seja para me distrair... Acho que aquela insolente vai acabar me idolatrando, como todos os meus seguidores.
- Talvez fosse útil que o senhor mostrasse a ela uma face que ela não conhece, e que o senhor não tem, só para impressionar a garota – sugeriu Snape. – Ela precisa de uma comparação. Mas sugiro que mande alguém para cuidar dela antes... Não está muito bonita para recebê-lo, milorde.
- Agradeço a preocupação, mas eu estava pensando alguém quem me desse menos trabalho... e que não fosse sobras suas... Talvez a Bella...
- Ela está horrível desde a temporada em Azkaban... Mas não mudou nada. Morreria pelo senhor.
- Ah, é verdade – disse Voldemort, se levantando. – Pode fazer o que quiser com a garota, contanto que não a tire da cela. E acho que vou me ausentar um pouco durante o dia de hoje...
Ao dizer isso, Voldemort rodopiou e desapareceu. Snape permitiu-se suspirar aliviado. Depois se dirigiu até as masmorras. Viu uma reunião de cobras ali. Alexandra estava em pé, com uma varinha na mão, uma expressão altiva e um olhar cruel, olhando para um comensal que jazia no chão, envolvido por cobras, gemendo um pouco, demonstrando que ainda vivia.
Snape apontou a varinha para ela, mas ela não se importou.
- Olha, vou te contar o meu grande segredo agora, que nem o Voldie sabe – disse Alexandra, com um ar superior.
Severo Snape olhou-a, sem entender.
- Aquele que eu disse que ia te contar, antes que você estragasse tudo... Voldemort é descendente de Slytherin... EU sou descendente de Slytherin. Os York são descendentes diretos de Slytherin. EU sou uma prima distante de Voldemort. Mas continuo sendo a última herdeira dos York, portanto, tenho muitas das habilidades de Voldemort... E não tenho medo dele... e por isso posso controlar Nagini. Não o tempo todo, é verdade, mas controlo aquela cobra horrível...
Snape parecia não acreditar. Não esperava por aquilo, mas agora lhe parecia óbvio. As famílias de sangue-puro se casam entre si. Algum dia os York encontrariam o restante dos Slytherin.
- Parece desconcertado, Severo – disse Alexandra, com um ar superior.
- Um pouco surpreso – disse ele. – Liberte esse lixo, antes que eu tenha que te amaldiçoar.
- Faça isso, Severo – disse ela, desafiante. – Faça isso e ele morre.
Ao dizer isso, sibilou alguma coisa. Algumas cobras aproximaram-se de Snape; avançavam para ele.
Ele fez algumas de desintegrarem, mas Alexandra ficou muito brava com isso.
- Deixe-as em paz, que ela são mais humanas que você e seu mestre! – disse ela com desprezo.
Snape lançou nela uma cruciatus sem fazer uso de alta voz, por isso ela não teve como se defender. Soltou um grito de dor. Snape suspendeu o castigo e depois se aproximou, tirando a varinha das mãos dela e devolvendo-a para o outro comensal. As cobras avançavam para ele, mas ele as desintegrava. Alexandra sibilou alguma coisa e as cobras foram embora, antes que Snape pudesse desintegrar todas.
Recuperado do susto, o comensal planejava se vingar da garota, mas Snape disse:
- Eu cuido disso. Vá embora.
Ele puxou a garota pelo braço, fazendo-a ficar em pé, e arrastou-a pelo braço para dentro da cela. Depois a trancou e lançou-lhe um feitiço imperturbável.
- Alex, mas o que você acha que estava fazendo?
- Acha que eu ia depender de você para sempre? – perguntou ela, de modo agressivo. Parecia muito brava. – Eu precisava de uma varinha para mandar minha mensagem ao Dumbledore. E você não ia me dar, ia? Depois de uma cruciatus, talvez, né?
Snape aproximou-se dela, para tentar acalmá-la, mas ela cerrou os punhos e começou a bater nele. Ele só se defendia e acabava recuando, até se se encostar à parede.
- Pare, Alex, não me obrigue a fazer você parar...
- Seu idiota, não precisava ter me lançado aquela maldição! Não precisava! Não precisava!
- Alex! – exclamou ele, segurando os braços dela e puxando-a para si, fazendo-a encará-lo. – EU SOU UM COMENSAL DA MORTE AQUI, e eu vi você atacando um colega meu! Queria que eu fizesse o que? Você devia fazer a merda e se esconder! E não ficar se expondo! Burra! Agora vem me culpar porque eu mantenho o meu papel! Se você não me ajuda!
Ele entregou a varinha para ela e disse:
- Mande logo a mensagem.
Alexandra, sem usar a voz, conjurou um patrono, que levou a mensagem dela. Ele simplesmente atravessou a perde e foi.
- Você é mais poderosa do que imaginei – comentou ele.
- Não, não aceito desculpas – disse Alexandra, cruzando os braços. – Cadê o imbecil do Voldemort?
- Ele tá... bem... foi procurar a Bella – disse Snape, um pouco desconcertado.
Alexandra achou graça; gargalhou.
- Aquela vaca é casada, né? – perguntou a garota.
- É, mas o marido dela não iria contrariar o Lorde das Trevas... – retrucou Snape. – Ah, o Lorde das Trevas es tá pensando em convidar você para ser comensal...
Alexandra caiu na gargalhada; disse:
- Eu sou sonserina de verdade, Severo... hahaha...
Snape arqueou a sobrancelha.
- Bom, desculpa – disse ela, percebendo o que tinha dito. – Mas o que você acha? Posso me prestar ao mesmo papel que a Bellatrix?
- Não! – exclamou Snape, parecendo muito bravo com a sugestão. – Fora de questão...
Alexandra deu uma risada deliciosa de se ouvir, para ele.
- Sevie, eu tava brincando! Até parece que eu quero outro homem na minha vida além de você!
Snape deu um meio-sorriso sem graça.
- Eu... não imaginei que você fosse querer levar nosso... nossa relação adiante...
- Por quê? – perguntou ela, um pouco preocupada. – Você não quer mais nada comigo? Eu já disse tantas vezes que eu te amo!
- Não, não é isso... não achei que você quisesse passar muito tempo da sua vida ao lado de um cara com mais do dobro da sua idade...
- Ah, corta essa! É você que quer me dar o fora e não sabe como dizer, né? Tudo bem, eu vou entender e...
- Alex, cala a boca. Não é nada disso! Até porque dar foras nunca foi um problema para mim, como você deve imaginar muito bem, pelo meu jeito de ser. Agora, vou ver se arrumo um jeito de levar o Lorde das Trevas para a tal da sala... Não vai ser fácil.
- Mas você consegue – disse Alexandra.
Snape assentiu; já ia saindo, quando a garota disse:
- Sevie!
- O que foi? – perguntou ele, parando e virando-se para ela.
- Eu te amo – disse ela, com um sorriso doce.
Snape voltou e deu um beijo nela.
- Também amo você – disse ele. E saiu.
Voldemort estava muito mal humorado, quando Snape entrou na sala em que o lorde recebia seus comensais para reuniões. Era exatamente a sala de que Alexandra tanto falava.
- Ah, Severo – disse Voldemort. – Estou com o humor ruim, quero torturar alguém. Traga a garota aqui.
Snape assentiu, mas antes de sair, perguntou:
- Milorde, me perdoe pela incoveniência – disse Snape, em tom submisso, – mas a garota disse que tinha sangue Slytherin... Essa informação procede?
Voldemort pareceu um pouco surpreso.
- Ela disse isso?
- Disse.
- Mas... eu não sabia... isso pode ser um problema para mim... se ela tiver algumas das minhas habilidades... Onde está Nagini?
Snape sacudiu os ombros. Sabia que Voldemort acabara de associar as informações.
- Traga a garota. Ela vai ter que explicar algumas coisas antes de ser torturada.
Snape fez que sim com a cabeça. Ficava feliz por ter levantado essa questão. Afinal, Alexandra demoraria a responder tudo tempo o suficiente para que os membros da Ordem chegassem.
Chegou à cela dela e, depois de dizer a ela muito rapidamente o que estava se passando, segurou-a com violência pelo braço; ela assumiu uma postura que era, ao mesmo tempo altiva e amedrontada.
- Ah, Severo, não exagera – disse ela, com os olhos marejados. Tá me machucando!
- Eu cuido de você depois – sussurrou ele no ouvido dela.
Alexandra olhou para baixo. Como sua aparência ainda estivesse péssima por causa daquele feitiço para camuflar, alguns dos poucos comensais que ainda estavam pelos corredores, um tanto preocupados, olhavam para ela e para Snape, como se não fosse uma novidade ver uma moça tão machucada sendo trazida por ele.
Finalmente chegaram à sala em que Voldemort estava. Snape jogou-a lá dentro de qualquer jeito, de modo que ela caiu aos pés de Voldemort.
- Muito bem, Severo, muito bem... – disse Voldemort olhando a bela moça a seus pés. – Você foi bem mau com ela...
- Tomo as ofensas feitas a milorde para mim mesmo.
Aquela resposta agradou o lorde, que se levantou. Ele chutou a garota na altura do abdômen, circulando-a com altivez. Snape sentiu vontade de esmurrar o outro, mas conteve-se.
- Fiquei sabendo que você disse que é uma Slytherin.
- Ah, é? – perguntou Alexandra, erguendo-se como podia, embora não pudesse se levantar. – É, mas eu não sou mestiça igual a você, Voldie.
Os olhos de Voldemort faiscaram sobre ela.
- Como você me prova que isso é verdade? – questionou o lorde.
- Bom, em primeiro lugar eu sou uma lady de verdade, bem diferente de pessoas que se intitulam “lorde” sendo que não merecem o título. Em segundo lugar, não tenho que te provar nada, seu retardado, porque você é uma vergonha para a comunidade bruxa; acha que é mesmo tão bom assim? Então porque não previu a magia antiga da Lilly Evans? Você foi reduzido a nada por um bebê de um ano, seu zero à esquerda. Essa sua altivez você tirou de onde? Do seu orfanato de trouxas?
Snape se espantou um pouco com o ódio na voz da garota e com as coisas que ela falava, sem piedade. Ela desabafava algo que seu coração havia segurado por tantos anos. Mesmo Voldemort se impressionou com a insolência e o nojo com que a menina se dirigia a ele.
- É, porque você foi bom o suficiente de matar o seu pai trouxa e não matou um bebezinho de um ano, né? Tudo o que sabe fazer é destruir a vida, seu imundo! Eu também sei, sabe, mas tive pena ao ver o Lúcio gemer feito um bebê por causa dos meus bichinhos de estimação. Eu o deixei viver a vergonha de ter sido humilhado por uma garota de 17 anos. Você construiu o monstro que eu tenho dentro de mim e que guardo só para mim, para que ninguém veja como sou amarga e triste!
- Um monstro? – perguntou Voldemort. – Será que posso ver o seu monstro? Será um ursinho de pelúcia, que surge sempre que você se lembra o quanto a sua mãe implorou pela sua vida?
Snape teve vontade de partir para cima de Voldemort, mas se controlou. Tinha que esperar os da Ordem, tinha que manter o papel. Mas Alexandra não tinha esse compromisso. Levantou-se de um salto e começou a falar a língua das cobras. Voldemort respondia. Snape não entendia nenhuma palavra, mas sabia que a discussão estava feia.
- O que você fez com a Nagini?
- Mandei que ela fosse para uma cúpula de vidro, onde vai ficar até morrer sem ar – disse Alexandra, satisfeita consigo mesma.
Voldemort sacou a varinha e gritou:
- Crucio!
A garota se contorceu no chão, gritou de dor. Quando o lorde parou e ordenou que ela chamasse Nagini, ela caiu na gargalhada e disse:
- Adoro esse jeito que você segura a varinha! Tem que ser muito mulher pra desmunhecar desse jeito...
E continuou rindo.
Não se sabe o que Voldemort ia fazer, porque nesse exato momento Dumbledore irrompeu pela porta, irradiando aquela aura de poder que só ele tinha.
Ia estuporar o lorde, mas este foi mais rápido e bloqueou o feitiço.
- Severo, cuide dos outros – disse Voldemort, irritado. – Eu mesmo cuido desse velho.
- Minha varinha – pediu Alexandra, levantando-se.
Snape deu a ela, mas Voldemort não viu; estava preocupado demais ao ver Dumbledore, McGonagall, Harry, Rony, Hermione, Gina, Tonks, Lupin, o sr. e a sra. Weasley e Moody entrando ao mesmo tempo no lugar.
Ele pretendia desaparatar, mas Hermione lançou-lhe um feitiço paralisante. Surpreso por ter sido pego tão desprevenido, Voldemort nada pôde fazer.
- Muito bem, Granger, você fez a lição de casa – disse Snape.
Hermione sorriu, encorajada e encabulada ao mesmo tempo. Era a primeira vez que Snape a elogiava. Ele olhou para Alexandra, um pouco apreensivo; a garota lhe sorriu em aprovação do gesto.
- O que houve com você, Snape? – perguntou Voldemort irritado.
- Agora que a Granger já fez o trabalho, você pode andar logo com isso, Potter? – perguntou Snape com rispidez.
Alexandra olhou-o com ar de reprovação, mas sabia que mudar completamente de uma hora para outra ele não poderia.
- Ah... não dá... – murmurou Harry nervoso. – É que... uma coisa é lutar e lançar uma maldição de morte; outra é lançar um feitiço em alguém indefeso...
- É, “indefeso” define bem o Lorde das Trevas – disse Snape irônico, entre dentes. – Ande logo com isso, Potter.
- Harry, ele matou a sua mãe e o seu pai, e ia matar você, que era um bebê inocente de um ano de idade – sussurrou Alexandra, como se fosse o lado ruim da consciência dele.
- Harry, eu não sou ótima... ele vai reverter o meu feitiço a qualquer momento – disse Hermione aflita. – Duas palavras e pronto. Acaba tudo.
- Você tinha que ver a cara do seu pai quando me viu, Potter – disse Voldemort, com um tom debochado e cruel.
Harry segurou sua varinha com força; tremia de ódio, mas sua boa índole não lhe permitiria fazer algo contra alguém em desvantagem. Simplesmente não conseguia.
Gina deu um passo à frente e beijou Harry, ali mesmo, na frente de todos. O garoto ficou um pouco surpreso. Voldemort deu uma gargalhada cruel.
- O que espera com isso, garota? – perguntou ele.
- É que agora você já sabe que o Harry me ama – disse Gina calmamente. – Portanto, estou correndo risco de vida. O Harry sabe o que acontece com quem está com ele. É a mesma coisa que aconteceu com os pais dele, com Sirius, e que vai acontecer comigo, com o Rony e a Mione se você viver... Não é Harry.
- Ele reverteu meu feitiço – anunciou Hermione aflita.
Voldemort pegou a varinha, mas Snape já estava preparado e, ao mesmo tempo em que Dumbledore, lançou um Expelliarmus em Voldemort.
- Traidor – disse Voldemort, preparado para lançar um feitiço qualquer em Snape, mesmo sem a varinha, mas Dumbledore o impediu.
- Harry, só você pode acabar com todas as desgraças do mundo – disse o velho diretor. – Se eu pudesse, tiraria de você essa obrigação, mas não posso.
- Isso, Potter, mate um homem em desvantagem – disse Voldemort. – Assim você será meu igual.
- Harry, existem males que são feitos pelo bem – disse Alexandra.
Harry queria lançar o feitiço, começava a reunir o ódio que tinha em seu coração, para expulsá-lo de uma vez só. Voldemort pretendia fazer alguma coisa, ele tinha alguma carta na manga, mas Alexandra disse altiva, apontando a varinha para ele.
- Crucio!
A coisa mais estranha e impensada do mundo aconteceu: os que estavam na sala puderam ver Voldemort se contorcendo de dor, urrando.
- Vamos, Harry, só você pode fazer a dor dele parar – disse Alexandra, com um ar superior, quase cruel, que Snape não encontrara nela nem quando a encontrou mandando suas cobras envolverem o comensal idiota. – ou será que você também está gostando de vê-lo nessa situação? É provável que sim... Ele tirou tudo de você, não foi?
Alexandra suspendeu o castigo; Voldemort disse:
- O Potter é igual ao pai dele – disse Voldemort. – Só tem coragem quando está em vantagem. Mas não vou te matar, Harry, eu prometo. Vou só destruir todos os que você ama na sua frente, e vou tirar todos de você, como já faço há tanto tempo...
- Avada Kedavra! – gritou Harry com todo o ódio que tinha em sua alma.
Uma luz verde saiu de sua varinha e atingiu Voldemort em cheio no peito. O corpo do lorde caiu inerte do chão, como um lixo qualquer.
p.s.: GENTE, EU SEI QUE PARECEU MUITO FÁCIL DERROTAR O VOLDIE, MAS EU NÃO QUERIA PROLONGAR MUITO A HISTÓRIA E TRANFORMÁ-LA EM UMA NOVELA MEXICANA...
P.S.2: ESPERO QUE VOCÊS LEIAM AS CONSIDERAÇÃOS FINAIS; É UM CAPÍTULO MUITO CURTINHO, SÓ PRA MOSOTRAR O FINAL FELIZ DE TODOS...
HEHEHEHE
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!