Tempos difíceis
"Escuridão e tempos difíceis estão por vir, Harry".
Era só tocar no assunto da guerra que os meninos podiam ver os olhos de Hermione cheios de lágrimas. Harry também estava preocupado, mas tentava ao máximo não mostrar isso aos amigos. Mas na verdade ele estava com muito medo... Medo de não conseguir enfrentar Voldemort, medo de não saber como agir, tinha medo, principalmente, por seus amigos.
As aulas estavam completamente mudadas. Uma parte dos professores agora dedicavam suas aulas exclusivamente para ensinarem aos alunos feitiços mais avançados. Sempre era lembrado sobre o que fazer se eles fossem atacados... Um tumulto anormal, luzes se apagando de repente, explosões e é claro, a Marca Negra no céu eram constantemente lembrados como sinais de uma invasão. E esta última era muito citada. Também pudera, alguns alunos mal sabiam o que ela significava.
Muitas pessoas agora olhavam para Harry como se estivessem lhe encorajando. Alguns até olhavam para ele com mais respeito, ou como se tentassem demonstrar que confiavam nele. Mas ele não queria isso. Ele queria ser só mais um garoto de 16 anos... E se alguém nessa guerra morresse? As pessoas também diriam que era responsabilidade dele?
As aulas abordavam muitos feitiços, mas não eram suficientes para poder treiná-los também. No outro dia já estavam aprendendo outros, então eles acabavam sabendo o nome do feitiço e como usá-lo, mas muitos não conseguiam realizá-los. Então um dia surgiu a idéia de uma nova AD.
- Mas, Harry! - disse Hermione, pela quarta vez desde que ela e Rony tinham dado a idéia para Harry - Eu ouvi dizer que o Dino Thomas vai ficar trancado na Sala Comunal da Grifinória porquê é um fracasso nos feitiços! As aulas não estão adiantando nada para eles, Harry! Eles não conseguem realizar os feitiços!
Mas ele nada dizia. Ela bateu os pés com força no chão, e então virou-se de costas.
- Por mim, Harry - ela disse depois de algum tempo - Eu não faço idéia do que fazer quando a hora da guerra chegar.
Harry olhou para ela. No quinto ano, quando tinham começado com aquela idéia, Harry não achava que ía ajudar em alguma coisa... Foi quando ele viu o quão feliz Neville ficou, só por que ele tinha conseguido estuporar alguém pela primeira vez em sua vida. E ele se sentiu tão satisfeito...
- Tem certeza de que é uma boa idéia? - ele perguntou.
Um sorriso apareceu nos lábios de Hermione, e então ela soltou um gritinho de satisfação.
Aquela não era uma má idéia. Harry tinha certeza de que se ele não derrotasse Voldemort, pelo menos algumas outras pessoas saberiam como se defender dos Comensais. E Hermione não perdeu tempo. Falou com os antigos membros e pediu para que esses conversassem com outras pessoas que eles achassem que estivessem dispostas para isso. Ao final do dia ela apareceu com uma lista enorme de nomes. Ás sextas-feiras, 17hrs, todos deviam estar reunidos em frente á tapeçaria de Barnabás, o Amalucado, iriam usar a Sala Precisa novamente. Não havia necessidade de se esconder dos professores - além disso Hermione já tivera uma breve conversa com a professora Mc Gonnagall.
Era quinta-feira, e Harry e Rony estavam sentados numa mesa da biblioteca. Esperavam Hermione, que dissera que iria pegar uns livros para ajudar Harry a se preparar. Logo avistaram a menina quase tropeçando por onde passava, tantos eram os livros que ela carregava. "Não pude trazer tudo, infelizmente. Mas acho que dá pra ter uma idéia com estes livros". Harry trocou um olhar assustado com Rony, e então apanhou um livro á sua frente, entitulado "As 54 maneiras mais fáceis de ensinar os menos avantajados".
- Hermione - disse ele após percorrer rapidamente os olhos pelos outros livros - Acha que isso vai me ajudar em alguma coisa? Quero dizer, da última vez eu não precisei ler nada para ensinar alguma coisa pras pessoas...
- Isso é totalmente necessário - disse ela abrindo um livro - E você não precisou ler nada da última vez porquê se tratavam de umas... Umas vinte pessoas?
- Hum, acho que sim - disse ele sem realmente prestar atenção no que ela dizia. Preocupava-se mais com um titulo que lera: "Como não desmaiar na hora de falar para um público grande".
Na sexta-feira Harry não comeu quase nada. Como se já não bastasse o primeiro dia da nova AD, por onde quer que ele passasse as pessoas lhe lançavam olhares ansiosos, como se quisessem lhe dizer "nossas vidas dependem de você". E quando ele passou por Bill Waterson, seu estado de ânimo não melhorou nada. "Finalmente vamos ver se Harry Potter é mesmo tudo aquilo que falam por ai" - é claro que os únicos que riram foram os Sonserinos que estavam á sua volta. Se havia algum aluno que não estava nem ai pra guerra eram eles, é claro que seus pais deviam ser todos Comensais, justamente aqueles que poderiam invadir o castelo a qualquer momento.
Faltava uma meia hora para ás 17hrs, e Harry, Rony e Hermione dirigiam-se para o corredor da Sala Precisa. Hermione ainda não tinha abandonado seu sorrisinho de satisfação, mas então, assim que viraram a esquina que antecedia o tal corredor, Harry recuou assustado: ali encontravam-se, amontoadas, mais ou menos umas cinquenta pessoas. Receoso, ele avançou silencioso, e assim que algumas pessoas lhe avistaram, avisaram ás outras que "Harry Potter tinha chegado". Os alunos abriram passagem pra ele, e então, ficando de frente pra parede oposta á armadura, o garoto imaginou uma sala grande, onde todas aquelas pessoas pudessem se acomodar e aprender os feitiços. E então, onde havia apenas parede, pode-se ver aparecer uma porta comum. Harry levou a mão trêmula até a maçaneta, e então deparou-se com algo incrivel: o chão da sala era forrado de um estranho e macio material azul que ele nunca tinha visto antes. Por toda a extensão da sala extremamente grande e redonda haviam livros e estranhos objetos antigos. O teto era alto e acima das prateleiras haviam janelas compridas e estreitas, o que deixava o local bem iluminado. Hermione empurrou Harry da porta, e com o queixo caído, disse meio abobada: "Aqui deve ter mais de 500 livros só de Magia Avançada" - e seus olhos brilharam antes de encontrar com os de Harry - "Eu amo Hogwarts" - acrescentou excitada.
Harry sabia que algumas pessoas estavam ali pra ver se o famoso Harry Potter era realmente tudo o que falavam por ai. Outros, porém, estavam lá por que era realmente uma oportunidade única, seria de extrema ajuda. Ele olhou a sua volta... Muitos alunos ali eram fracos. Mas não fracos ao se observar seu físico. Se fosse por isso, então Harry estaria totalmente perdido... Eram fracos por dentro, faltavam-lhe a coragem que devia estar escondida em algum lugar dentro deles. Também faltava oportunidades para que pudessem mostrar essa coragem. Agora ele precisaria achar modos de fazer isso. Então ele se via de frente para um amontuado de gente, todas olhando para ele, esperando que ele dissesse algo. Hermione, ao ver que Harry não sabia como começar a falar, correu para ficar ao seu lado, e então pigarreou nervosa.
- Oi - disse ela por fim. Algumas pessoas murmuraram um silencioso "Olá", mas foi só. Um silêncio estranhamente constrangedor tomou conta do local, até que alguns alunos se mexeram nos próprios lugares, impacientes.
- Bom, é o seguinte - disse Harry de repente - Eu não sou nenhum tipo de Auror disfarçado de aluno...
- Ahhhhhh! - exclamou tristemente alguém de algum canto. Harry não se espantou ao constatar que era Luna Lovegood.
-... Então não quero que esperem tudo de mim. Por que, bem...
- Por que Harry está no sexto ano ainda, como a maioria de vocês... É claro que ele não seria a pessoa ideal para ensiná-los nomes de feitiços super avançados... Mas ele já passou por muita coisa, situações que exigiam que ele se portasse como alguém que tem muito conhecimento sobre magia... E está disposto a compartilhar com vocês o que ele conseguiu aprender em todos os perigos que ele se meteu por esses anos. Alguns talvez possam saber mais feitiços do que ele, mas Harry está aqui para fazer com que consigam ser mais fortes ao produzí-los - disse Hermione.
Algumas pessoas cochicharam entre si, e então Harry suspirou aliviado por ver que algumas sorriram. Hermione procurou Draco por todos os rostos dos presentes, mas não o encontrou. Lembrou-se que ele nunca daria o braço a torcer... O defeito mais visível em Draco era seu grande orgulho. Ele não iria comparecer á AD. Não iria dar esse gosto á Harry Potter.
E então foram se passando os dias, e eles já estavam tendo aquelas aulas há dois meses. Duelavam entre si, variando entre os feitiços-escudos e os de ataque. Particularmente, Harry era a pessoa mais forte e mais corajosa que eles já haviam conhecido (depois de Dumbledore, é claro). E se aquelas "aulas" estavam fazendo bem á ele, a resposta era totalmente óbvia: sim. Eles não treinavam somente feitiços. Os estranhos objetos que estavam nas prateleiras não eram qualquer coisa. Serviam pra testar e melhorar seus reflexos, pra testar sua força, aumentar sua agilidade, e obviamente, servir como alvo pra alguns feitiços. E tudo aquilo estava realçando tudo o que Harry já tinha de melhor.
Um dia os alunos estavam tomando seu café, esperando que os Profetas Diários pousassem em suas mesas trazendo as mesmas notícias de sempre sobre Voldemort - mas isso não aconteceu. Uma machete muito maior do que a anterior anunciava outro ataque: "ST MUNGUS FOI DESTRUÍDO POR VOCÊ-SABE-QUEM". Um conhecido alvorosso foi recomeçado por todo o local. As pessoas trocavam olhares assustados, e muitas delas gritavam que queriam ir embora. Harry olhou para a mesa dos professores mas Dumbledore não estava lá.
- Mas porquê o ST. Mungus? - perguntou Rony para Harry, como se ele fosse o culpado de tudo isso.
- Não faço idéia - respondeu ele, tentando se lembrar se Dumbledore já havia lhe dito algo.
- E não é óbvio, gente?! - disse Hermione, debruçando-se sobre a mesa para que Harry e Rony pudessem ouví-la - Ministério da Magia, St. Mungus... Hogwarts. São os três principais pontos referenciais do mundo mágico! Três grandes construções, três grandes nomes...
- Você tá querendo dizer que você-sabe-quem tá atacando os três porquê os três são "grandes construções" e têm "grandes nomes"? - perguntou Rony debochado - Fala sério!
- Ah, Rony! Não é por causa disso, por favor... Olhe o Ministério da Magia: aurores por todos os lados, pessoas que sabem lidar com esse negócio de guerra e que já prenderam muitos Comensais da Morte. E ninguém se sabe o que há por trás de todas as portas daqueles corredores...
Harry olhou tristemente pro lado. Fora por detrás de uma dessas portas que Sirius morrera, no ano passado - por sua culpa.
-... Pode haver uma arma poderosa em alguma delas, não sei...
- E o hospital?
- Oras! Se eles pegarem alguns aurores, eles não vão poder se salvar. Futuramente, se todos estiverem feridos e sem hospital, você não acha que vai ser ótimo pra ele? Nenhum Auror em estado pra lutar?
Rony olhou bravo para Hermione. Tudo o que ela tinha dito fazia sentido.
- E Hogwarts - completou Harry tristemente - Onde o menino-que-sobreviveu se encontra.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!