dados lançados
N/A: apenas comunicando que, infelizmente, o texto não passou por uma beta-reader, então só contará com a minha breve revisão. Espero que gostem - e, também, que se irritem um pouquinho. Não faz - muito - mal a ninguém...
Capítulo V – dados lançados
Ginny estava sentada na soleira da parte de trás da casa, que dava para a cozinha. Havia três dias que não parava n’A Toca. Estava sempre no St. Mungus, com Harry.
“É o mínimo que posso fazer por ele”, pensou. Suspirou.
Mal vira Ron nesses últimos dias e, naquele em especial – porque às quartas não havia horário de visita, só Merlin sabe porque -, esperava vê-lo. Só para “ver se estava tudo bem”, é claro.
No entanto, o irmão não parecia estar muito a fim de cooperar com seus planos. Já passavam das dez e ele nem ao menos aparecera para o café.
Ginny suspirou novamente, pensando de que maneira a ruiva, naquele momento, olharia-a se a visse, por detrás do espelho. E elas estavam se dando tão bem naqueles últimos dias...
Ouvira passos rápidos e escandalosos vindo das escadas para a sala. Ela levantou-se e adentrou a cozinha, espiando-o dali.
Lá estava Ron, mas sua visão a surpreendeu. Ele tinha os cabelos cor-de-cobre ainda molhados, mas penteados, e não era aquele passei-o-pente habitual... Estavam até que bem arrumados. Embora usasse novamente as jeans velhas, trajava uma camisa pólo! Ginny sentiu que algo de muito errado estava para acontecer por ali, porque Ron odiava pólo, e só a usava quando mamãe o obrigava a fazê-lo. Mas ele não parecia nada obrigado, muito pelo contrário, tinha um meio sorriso nos lábios, parecendo muito satisfeito consigo mesmo, ou quase isso. Ela achou aquilo tudo muito estranho. Então, virou-se para a mesa e começou a preparar um sanduíche. Foi quando ele entrou.
“Bom dia”, ele cumprimentou, distraído.
“Bom dia”, ela respondeu, mirando as costas do ruivo com curiosidade, enquanto ele assaltava o pote de biscoitos. “Vai a algum lugar?”, perguntou, como quem não quer nada.
“Por quê?”, ele se virou e a olhou, desconfiado.
“Oras, você não costuma usar esse tipo de roupa pra ficar em casa”, respondeu, evasiva. Então, fitou seus olhos. Ron mentia com mais dificuldade assim. Ela sabia.
“É... Eu vou sair.” Ele tratou de calar-se, levando alguns biscoitos à boca. Ginny arqueou uma das sobrancelhas. Queria socá-lo até que lhe falasse tudo, mas se conteve.
“Pra que tanto mistério? Será que eu não posso saber aonde você vai?”
Ron se aproximou.
“Eu só vou ao parque, Ginny!”, reclamou, como uma criança birrenta.
“Ah, é? E foi pro parque que você se arrumou todo?” Ela disse, sarcástica. De repente, porém, pareceu perplexa. “Ron... Você passou perfume?”
Ele acerejou.
“Ah, cala a boca.” Pareceu carrancudo, mas Ginny já não ligava para suas reações. Estava atrás de informações.
“Você vai sair com alguém! Com uma garota!” Ela sacudiu o irmão, deixando-o tonto.
“Nã-não é isso!”, ele defendeu-se, enquanto ela continuava fazendo-o tremer.
“Ah...”, ela parou, estática. “Com um garoto?”
“Claro que não!”, disse, irritado, desvencilhando-se dela.
“Ufa... Quer dizer...” Ginny se recompôs. “Quando...? Como...? Ou melhor, quem é ela?”
“Não importa”, ele a cortou depressa, “eu tenho que ir.”
Ron seguiu pela porta, com ela em seus encalços.
“Não vai me dizer nada? Oras, como você é ingrato, Ronald! Aposto que a viu apenas por causa dos endereços que eu...!”
“OK, Ginny. Você é demais e tudo e tal, mas eu estou realmente atrasado. Depois a gente conversa.” Ron abriu a porta da frente e já saía, quando se voltou a ela. “Se mamãe perguntar, fui ao parque da cidade, aqui perto. Ah! E não me esperem pro almoço.”
E saiu.
Ginny estancou no lugar.
Então, Ron encontrara alguém com quem sair. Uma garota, provavelmente bonita e interessante. Alguém que gostasse dele, que pudesse ajudá-lo a esquecer Hermione e o mantivesse longe de Ginny. Era esse o seu plano, desde o início, não era? Fazê-lo feliz, longe de si e do sofrimento que poderia lhe causar. Ela conseguira pôr o plano em andamento, e Ron agarrara a idéia sem saber. Estava tudo andando como o planejado...
Só não planejara se sentir assim.
Ginny sabia que seria difícil aceitar outra garota dando uns amassos com Ron, que teria de aprender a recolher a sua raiva contra essa idéia. E descobrira que se fosse apenas isso, raiva, não seria tão difícil assim. Não sentia raiva de Ron por sair com a tal garota, nem tanta raiva dela por rou... Pegar o seu irmão emprestado. O problema, no entanto, não era a raiva... Era aquela tristeza, o vazio, aquele fogo que a consumia, frio. Aquilo que sentia por ele, sabendo que ele sentiria por outra... Isso a corroía. E ela sabia que não deveria ser assim, que não deveria se sentir assim... Mas se sentia.
De novo, Ginny e a outra Ginny se desentendiam.
Talvez a outra Ginny estivesse tentando lhe dizer alguma coisa, como um mau pressentimento, de que algo ruim fosse acontecer. A outra Ginny sabia que havia algo de muito errado naquilo que Ginny sentia, e a reprovava. A outra Ginny talvez fosse melhor, ou apenas mais sensata que Ginny, mas o fato era que só poderia expressar uma parte da ruiva.
E, quando se tratava de Ron, ela era uma só: Ginny.
Livrando-se da outra, Ginny escancarou a porta e seguiu pelo mesmo caminho de Ron, há instantes, até estar do outro lado da cerca.
“Afinal, eu só quero saber com quem meu irmãozão está saindo. Isso não é crime”, explicou-se mentalmente, ainda sem se convencer, e livrou os pensamentos de qualquer dúvida. Dali, aparatou.
Ginny chegou ao parque sem maiores delongas. O sol alcançou sua pele alva, impiedosamente. Ela agradeceu por não estar usando jeans naquele calor. Trajava uma longa saia, até os calcanhares, leve e rodada. Os braços estavam desnudos pela camiseta.
Apoiou-se nas pontas dos pés, tentando avistar alguma cabeleira ruiva dotada de largos ombros em meio à multidão.
“Aonde será que ele se meteu?”, pensou, irritada. Mas logo o avistou. Ron estava a alguns metros dali, sentado num banco, parecendo ansioso. Ginny franziu o cenho. “Aquela besta... Ansioso por uma garota qualquer...”, murmurou, sem prestar muita atenção no que dizia.
Os olhos castanhos o examinaram cuidadosamente, reparando na cor dos cabelos ao toque do sol – um laranja vivo, acobreado -, em como as íris azuis pareciam ainda mais claras – embora o sol as castigasse -, e, quando uma ou outra vez outros olhares lhe foram lançados, ao quase-seu Ronald, os mesmos olhos castanhos se estreitaram.
“Esfomeadas”, sibilou perigosamente.
Foi aí que aconteceu.
Assim que ela chegou, Ron se levantou. Cumprimentou-a e eles trocaram olhares por alguns instantes.
Ginny pareceu perplexa.
Embora não pudesse ver seu rosto – a tal garota usava um chapéu de sol que lhe cobria os cabelos e o rosto -, tudo o mais que podia... A ruiva tinha razões para se preocupar.
A desconhecida era mais alta que Ginny, magra e possuía curvas nos lugares e nas medidas certas.
As sobrancelhas de Ginny se curvaram num arco irritado, embora ela não soubesse dizer o porquê. Na verdade, sabia-o, mas o admitir era outra estória... O fato era que Ginny, de maneira alguma, poderia ser chamada de feia ou sem graça, mas quando o coração – e o ciúmes – se metiam no meio, ela sentia-se três vezes mais baixa, mais nova e mais sem graça.
Ron e a garota curvilínea passaram a caminhar, conversando.
Ginny pareceu num outro impasse. Ela já vira a garota e realmente não queria iniciar uma espionagem...
A desconhecida agarrou um dos braços de Ron, aproximando-se consideravelmente dele.
“Sim, eu já a vi, mas não a reconheci”, pensou a ruiva, já iniciando a sua pseudo-perseguição, e passando mentalmente todos os nomes da sua agenda de endereços que poderiam corresponder àquele perfil. “E é minha obrigação, como irmã, garantir que umazinha daquelas não se aproveite dele!” E desviou seus pensamentos de quaisquer outras explicações, novamente.
Ela os seguiu durante uma longa caminhada – Ginny quase desistiu diversas vezes, até que dedos fossem entrelaçados, com ombros se esbarrando insistentemente e rostos irritantemente se aproximando, afim de persuadi-la a continuar os seguindo – até que chegaram a uma pequena praça.
A ruiva agradeceu a Merlin assim que sentou. Tomou cuidado para que ficasse longe da vista de ambos. Ginny não era exatamente do tipo que se perde em meio à multidão. Não com aqueles cabelos...
Observou o casal feliz voltar de uma das barracas que por ali havia com casquinhas de sorvete. Lembrou-se então que era quase hora do almoço e seu estômago pareceu, repentinamente, tão vazio...
Eles riam, ela podia ver, e pareciam tão próximos... Se seus olhos pudessem matar, teriam-no feito no exato momento em que a garota sujou os lábios de Ron com o seu sorvete para em seguida beijá-lo demoradamente. Oh, sim, ela mataria duas vezes, se possível. E impiedosamente.
Ginny se irritava com a intimidade com que se tratavam, com a rapidez com que essa intimidade florescera. Era como se a tal garota nunca sequer tivesse cogitado a possibilidade de conhecê-lo bem, de serem amigos, antes daquilo. Ginny, no entanto, não se irritara apenas porque eles pularam aquela espécie de ritual – que ela nunca pareceu cogitar nos seus relacionamentos, mas que julgava de considerável importância nos de Ron -, mas principalmente pelo fato de Ron não ser exatamente contra aquilo. Na verdade, ele não parecia ser nada contra. Ginny quase quis matá-lo por aquilo, por aquelazinha e por tudo o mais. Quase.
“Respira, Ginny, respira”, ordenou a si mesma e olhou-os mais uma vez, só para se irritar ainda mais. “OK, acho que é hora de ir”, pensou, derrotada. Mas não antes da outra Ginny a interpelar, irritante.
“E você sabe por que é hora de ir, Ginny?” A mesma vozinha irritante e insistente no fundo de sua consciência. Maldita consciência... “Porque você está com ciúmes, e você sabe que não pode sentir ciúmes.”
“Eu não quero sentir ciúmes”, murmurou em desafio. Levantou-se e, impedindo-se de dar uma última olhada no irmão, afastou-se, até encontrar um lugar mais vazio, e aparatou.
Sentia-se terrivelmente irritada e cansada depois de tudo aquilo. De todas as garotas do mundo, Ron escolheu justo uma que a deixaria irritada.
Enquanto diminuía a distância até A Toca, perguntou-se se alguma garota, junto do seu irmão, não a faria irritada, mas desviou os pensamentos antes que a vozinha voltasse a gritar umas boas verdades para ela dentro de sua cabeça, duramente franca. De novo a Verdade a lhe bater à porta – e, mais uma vez, sem ser convidada.
Entrou em casa e atirou-se sobre o sofá, resignada. Talvez ficasse ali para sempre, sem se mover ou pensar. Não deveria ser tão ruim assim, ou ao menos não poderia destruir a própria vida um pouco mais.
Ela já se perguntava se valeria a pena viver sem fazer nada, mas ficou com preguiça de pensar numa resposta, então deixou por isso mesmo.
Seu pai, que se retirava da cozinha naquele instantes sob os comentários raivosos da Sra. Weasley sobre um certo ruivo, deteve-se no seu caminho ao quarto para observar a filha.
“Ginny?”, chamou, aproximando-se, curioso.
“Hmm?”, foi o barulho que conseguiu omitir no momento, já que estava sob a Lei do Mínimo Esforço.
“Pensamos que não viria almoçar.”
“Pensaram errado”, ela respondeu, irritada, mas o Sr. Weasley pouco ou nada entendeu, já que ela tinha um sofá sob os lábios.
“Onde está seu irmão?”
Ela levantou o rosto e, forjando o máximo de indiferença que pôde, respondeu:
“Num encontro.”
Arthur sorriu bondosamente.
“Sim... É bom tentar ser feliz nesses tempos...”, murmurou, para ninguém em especial. “O almoço está pronto, de qualquer maneira.”
Ela se levantou preguiçosamente e se forçou a caminhar até a porta da cozinha, quando seu pai mais uma vez a interrompeu.
“A propósito, você sabe o que houve com aquele rádio velho? Desintonizou.”
“Erm... Eu não”, mentiu e se apressou. Levaria um bom tempo até o Sr. Weasley descobrir o que de fato havia acontecido. Mas tempo era algo que poucos tinham o prazer de desfrutar sossegadamente.
Depois de uma longa tarde entediante, Ginny se encontrava na cozinha. Cozinhando, para variar. Mas desta vez quem mutilava os legumes era ela.
Ron ainda não voltara. A tarde toda já havia passado e nem sinal dele. Arthur e Molly até haviam sido chamados novamente para reunir a ordem, em emergência, e deixaram-na sozinha por acreditarem que ele voltaria logo, e nada dele. Para melhorar, ainda havia a ruiva do outro lado do espelho, que passara a tarde toda olhando-a raivosamente pelo perseguição, seguida de espionagem e um ciúmes desenfreado... Bem, por coisas completamente irrelevantes!
Encheu os pulmões de ar e soltou-o com calma, para talvez poupar alguns dos legumes do seu nervoso. Mas só o que conseguia era sentir aquela maldita colônia que Ron usara para encontrar-se com...
A porta fora aberta.
Àquela hora, não poderiam ser seus pais. Era Ron, de certo.
Ginny largou a faca que segurava e dirigiu-se à porta.
“Ron, com quem diabos você...?” Estancou no lugar, novamente. Ao lado do ruivo estava a louríssima – e igualmente intragável – Lavender Brown.
Ginny quase teve um derrame.
Com a quantidade de pensamentos que lhe ocorreram em um milésimo de segundo, ela poderia ter explodido. Ela já não estava irritada ou nervosa ou raivosa. Não. A palavra correta para o momento seria furiosa, embora parecesse tão pequena e insignificante se comparada ao que sentia.
“Oi!”, a loura disse sonsamente, num sorriso cheio de dentes. Ginny arrependeu-se de ter abandonado a faca... Embora alguém pudesse lamentar muito se isso não houvesse acontecido.
“Oi”, respondeu friamente, o que era um milagre pela quantidade de palavras grosseiras que lhe perpassavam a mente.
Voltou-se para a cozinha sem mais nenhuma palavra.
Enquanto tomava em mãos a faca, ouviu-os sentarem no sofá. Instantaneamente, apurou os ouvidos, quase inconsciente de que o fazia.
“Nós devíamos fazer isso mais vezes”, soou a voz enjoada de Lavender.
“É, foi legal”, continuou Ron. Ginny desejava tanto que ele estivesse sendo educado, mas Ron nunca fora um exemplo de boa educação...
“Faz tanto tempo... Mas agora é tão melhor!” A garota riu e Ginny teve a ligeira impressão de que ela se aconchegava nos braços do ruivo. Foi a batata que pagou o preço.
A ruiva tentou pensar em nada além do jantar. Preparou com cuidado, embora isso não melhorasse o estado em que estavam os legumes. Cozinhou a carne...
“Ginny!” Seu irmão a chamou. “Ponha mais um prato na mesa!”
Ela não podia acreditar.
“Ah, ela vai ficar, é?”, devolveu no tom mais simpático que pôde. Soou excessivamente forjado e falsamente doce. Ron respondeu afirmativamente e Ginny considerou amaldiçoar Merlin para sempre.
A outra Ginny, no entanto, parecia ver naquilo tudo algo, minimamente, promissor. Ginny não queria a ouvir, mal podia acreditar que ela estava ao lado da loura, mas ainda assim ela insistia que tudo aquilo era para Ginny aprender que promessas devem ser cumpridas e que, para mostrar que amamos, e até mesmo por amar, acabamos tendo de sofrer.
O jantar estava servido.
“Podem vir”, ela avisou, contrariada. Logo, estavam os três à mesa.
Eles passaram a se servir com fartura, mas silenciosamente. Tudo o que se ouvia era quase que exclusivamente o som dos talheres. Talvez tivesse sido mais seguro assim...
“Ginny, você poderia me passar o frango?”, pediu Lavender. Ginny a olhou e, num segundo, alargou um sorriso nos lábios. Perigo.
“Claro!” E atirou, literalmente, uma coxa de frango no prato da loura. Lavender deu um pulo na cadeira e, espantada, olhou Ron, igualmente sem ação.
“Dias difíceis”, ele lhe disse, sem emitir som. A loura pareceu compreender. Após algumas garfadas, porém...
“E então, Ginny?”, começou Lavender, fazendo com que os olhos castanhos a fitassem, desconfiados. “Faz tempo que não nos vemos... Como vai a vida?”
“Especialmente boa sem você”, disse a ruiva, fazendo com que Lavender se calasse. Oras, ela não estava atacando Lavender, a loura é quem insistia em lhe dirigir a palavra... Se soubesse ficar calada, mas talvez aquelazinha não conseguisse segurar a língua... Levou mais algumas garfadas à boca até que Lavender insistisse.
“Oras, e os garotos? Está saindo com alguém?”
Ron as observava com cuidado. Ele costumava pensar que garotas eram seres humanos especialmente complicados. Os garotos, em geral, pertenciam a um mesmo mundo, mas Hermione, Ginny e Lavender... Cada uma pertencia a algum dos inúmeros universos paralelos dentro do obscuro mundo das garotas, universos diferentes e igualmente opostos. E todas as vezes que se chocavam... Digamos que não era a mais divertida das situações. Ron não esperava algo muito melhor do que viria a seguir.
“Se estou saindo com alguém?”, Ginny repetiu, elevando o tom de voz, em descrédito. Ela largou os talheres e apoiou o rosto nas mãos, mirando a loura com frieza. “Deixe-me ver... Meus pais estão envolvidos na Guerra sob comando da Ordem e mal param em casa. Gui está infiltrado no Ministério e mergulhado no trabalho, além de ter se mudado com Fleur há um bom tempo. Carlinhos continua viajando, Percy ainda é um babaca e Fred e George estão ocupados com a loja. Harry está praticamente em coma e em estado grade no St. Mungus e a única pessoa que eu tinha pra passar o dia enquanto estou ilhada na minha própria casa”, seus olhos brilharam estranhamente, em raiva, “me deixou sozinha o dia inteiro. E por sua causa. Então, você vem e me pergunta se estou saindo com alguém? Muito bem. Vou te responder com outra pergunta: você é uma porta ou o quê?”, desferiu pontualmente.
Lavender mirou Ron novamente, perplexa. O ruivo não sabia exatamente o que dizer depois da explosão da irmã, mas não foi preciso, de qualquer forma. Ginny se levantou.
“Eu cozinhei, você lava.” E se retirou. Os dois estavam sozinhos novamente.
“Já volto”, disse Ron a uma Lavender pasma e seguiu os passos de Ginny escadas acima.
Ginny adentrou o seu quarto, fechando a porta atrás de si. Parecia cheia de tudo aquilo. Cheia de se importar. E cheia de não poder fazer nada quanto a isso. Foi quando Ron entrou no quarto. Ele a olhou severamente.
“O que foi que houve?”, perguntou. Os olhos castanhos chispavam faíscas contra os azuis.
“Não houve nada!”
“Me diga logo!”, disse, impaciente.
“Já falei que não houve nada! Vá embora!”, ordenou a ruiva e virou-se de costas, já se afastando. Ele a agarrou pelo braço e puxou-a para junto de si.
“Qual é, Ginny! Eu sei que alguma coisa aconteceu, ou você não gritaria--” Mas ela o interrompeu.
“Só me largue, está bem?” Ela tentou desvencilhar-se dele, mas Ron apenas a agarrou pelos ombros e olhou-a nos olhos.
“Não! Não está bem! Nada está bem até você falar logo o que é que tem em mente!”, disse, irritado.
“É essa garota que eu tenho em mente! Ela é o problema!”, acusou.
“Ginny, ela não é um problema!” Ron parecia confuso com o que ela dizia. “Aliás, ela pode me ajudar a resolver um problema, está lembrada? Foi você mesma quem me disse pra falar com alguma garota!”
“E por que justo ela? Por que, de todas as garotas do mundo, você decide escolher a mais enjoadinha, chata, grudenta, fútil e nojenta?” Ela se exasperou, mas não estava preparada para o veria a seguir. Os olhos de Ron. Gelados.
“Porque, Ginny, sou eu quem escolhe. E não você.”
Ele virou as costas à irmã e deixou o quarto, fechando estrondosamente a porta ao sair.
Ginny sentiu o chão faltar sob seus pés.
Quem era ela para dizer com quem Ron deve estar? Por que haveria ele de lhe pedir permissão para fazer o que quisesse? Ginny não era sua dona e isso lhe veio em mente com um peso terrível. Ron não lhe pertencia e, muito pelo contrário, ela deveria estar o livrando de si. Mas só tornava tudo mais difícil...
Afinal, Ginny era o problema.
Essa constatação a feria, mas nem sempre a Verdade estava ao seu lado. Pediria desculpas ao irmão e... E a Lavender. E o faria agora.
Ron descera as escadas e encontrara Lavender já na sala.
“Terminou de jantar?”, ele perguntou, sem graça.
“Ah, Ron, eu perdi a fome... Depois de tudo isso que ela disse, eu... Eu só quero ir embora...”, ela disse, ofendida.
“Ah, você ouviu...? Ah, ela não...”
“Só me deixe ir embora, OK?” Ela tentou se afastar, mas ele a segurou firme.
“Lavender!” Ela desviou o olhar, então ele virou o seu rosto de volta para si. “Fica. OK?”
“OK...”
E a beijou.
Das escadas, Ginny presenciou a cena. Então, de uma vez por todas, mudou de idéia: não se desculparia a nenhum deles. Nunca. Correu de volta ao seu quarto e trancou-se nele.
“Eu não vou chorar, eu não vou chorar”, ela repetia para si como um mantra, mas não fazia muita diferença já que suas lágrimas rolavam em torrentes pela face. E, ainda, para piorar, justo naquele momento, não havia outra Ginny.
Naquele momento, estava sozinha.
N/A: OK, a demora. Meu computador abençoado teve uma peça queimada e eu fiquei sem ele por umas duas semanas. Mas tudo bem, né... Acho que todo mundo deve estar viajando mesmo. Eu não viajei, fiquei mofando aqui em casa, o que eu até gosto. Mas, com o tempo, fica chato. Enfim, voltando à fic, ela já está manuscrita até o capítulo sete e o script do oito e do nove já estão prontos (embora o do oito esteja meio – lê-se bastante - confuso), o que facilita bastante a minha vida. Sem muita inspiração, mas vai tudo caminhando... O próximo capítulo está com a minha digitadora oficial. Ela não teve problema nenhum com o PC, mas viajou e, embora ela tenha pegado o meu capítulo seis há um bom tempo, aposto que nem começou a digitar. Trabalho não remunerado é assim mesmo, Tsc, Tsc, fazer o que?... E, sobre a Ginny tacando o frango... Eu vou ter de ser sincera: aquela cena foi baseada em fatos reais. Não que eu tenha tacado frango em ninguém, eu ainda não fiz isso... Mas, bom, essa é uma outra estória. E, sobre a Lei do Mínimo Esforço, o termo não é meu, mas eu o adotei, já que eu e a minha amiga sedentária... Erm... Bem, nós somos sedentárias, oras.
As perguntas que não querem calar: Será que Ginny vai quebrar a promessa? Será que Ron vai perceber o que ela sente? Será que Lavender vai agüentar as patadas da Ginny por muito tempo? Será que o Harry vai morrer? Será que Hermione vai se casar? Será que a Sra. Weasley vai descobrir quem não a deixou ouvir a sua - horrível - cantora favorita? Será que o Sr. Weasley vai renovar os votos? Será que Krum já sabe falar o nome da noiva direito? Será que Percy vai deixar de ser babaca? Será que a batata vai processar a autora por danos morais?
E pra quem achava que os problemas da Ginny não podiam ser piores, e pra quem acha que não tem mais como piorar... Olá?! *sacode* Isso é um drama! Se há uma maneira de piorar, AH, então VAI PIORAR.
Bruna F. , Bom, o Ron é um personagem realmente enigmático. Ele tem um humor impecável e, bom, muitas das coisas que mostram a personalidade dele no livro não é realmente perceptível. Por exemplo, eu estive lendo sobre ele e eu fiquei com o coração na mão quando vi certas análises dele, as quais eu nunca havia parado pra pensar sobre, como o porquê dele insistir tanto pra Hermione tirar a cara de trás dos livros. Oras, você lê e pensa, “pois é, isso é um saco, vai lá se divertir com o Harry e o Ron, garota!” e então você não percebe que o Ron está tentando ajudar ela. Quer dizer, Hermione mergulha nos livros, quando já é mais inteligente que todos na sua série, e nós podemos supor que isso é uma tentativa dela se igualar aos Sangue-Puro, porque por mais que ela diga a Ron que não se importa quando Mafoy a chama de Sangue-Ruim, ela nunca mandou ele parar de fazer isso. Ela se sente inferior e é por isso que mergulha nos livros, e Ron é o único que tenta fazê-la se livrar deles. Eu achei essa análise adorável e mostra muito mais do que um cara com respostas mal criadas e ciumento, que ele também é, mas não é tudo o que o comporta. Gosto do Ron. Disseram que é por causa da minha incapacidade de não favoritar os fracos e oprimidos, mas eu não acho que seja por isso. Um dia eu descubro, anyway.
Maira Daróz, Acho que ele não deve ter ficado mais adorável nesse capítulo, mas... Fazer o que? A Ginny vai ter que passar ainda por maus bocados, se não conseguir conter o que ela quer... E quem conseguiria? Ela gosta e, então, gosta. Conheço várias histórias de garotas inteligentes que se apaixonam por caras que não valem nada, e ainda assim não param de gostar deles! E o Ron não é do tipo que não vale nada... Mas, enfim, espero que eu tenha deixado você, no mínimo, curiosa pra saber onde tudo isso vai dar. rs
Evelin Lovegood Black, É, aquela parte é bem tristinha, mesmo. E, bom, eu não prometo muita coisa, eu estou tentando não contar a história como uma matraca descontrolada – o que eu costumo fazer... -, mas eu prometo que não vai passar em branco, não vai passar sem nada. Afinal, estamos falando de um casal de Flame & Fire, é claro que tem que ser... ahn... Digamos, quente. E o capítulo sete já está pronto há semanas. Acho que depois dele, o capítulo oito, o capítulo nove... Bem, se o sete lhe parece promissor... Você vai gostar ainda mais dos próximos. rs
Lynx, Um pouco de pressão não faz mal a ninguém. rs. Paixão por shippers incomuns, exóticos, é uma das minhas obsessões... E, bom, ainda bem que gostou do meu jeito de escrever. Fico muito feliz com isso. Espero que o capítulo não tenha decepcionado. Não é dos meus favoritos, e acho que é exatamente a irritação o que ele deve causar... Também espero que não tenha deixado muito evidente a minha raiva pela Lavender. Mas, fazer o que... Ela se meteu com o meu casal excêntrico.
Srta. Granger Malfoy, Pervertida e psicótica? Me chame pra essa fundação, por favor. rs. Bom, se você estava a ponto de odiar a Hermione, não sei o que vai fazer com a pobre Lavender. Mas eu posso te emprestar a minha serra elétrica, se você me prometer devolver antes do inicio das aulas. Eu não sei se a minha sala será exatamente como eu gostaria... De qualquer forma, não vou deixar a peteca cair: a cena do beijo... Bem, não abandone a fic, que você verá o que acontece. Espero ter se divertido. Eu gosto especialmente da raiva mal contida da Ginny nesse capítulo. rs
Até o próximo! Eu prometo que assim que tiver o capítulo seis em mãos – ou seja, quando a minha beta voltar de férias e devolver – eu vou digitá-lo.
Beijos e see ya o/
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