a tríade perfeita



Blood & Love

Capítulo IV – A Tríade Perfeita

Ele estava sentado ali já há algum tempo. Era tarde, já passavam das onze horas, mas o St. Mungus parecia manter o mesmo clima o dia todo... De correria. O hospital estava cheio. Ron conseguira encontrar uma cadeira vazia na recepção, por sorte, mas nem por isso se confortara. Era o que mais detestava em hospitais: sempre cheio de pessoas, todas sofrendo por algum motivo, mas ainda assim, um ambiente tão frio, impessoal. E o St. Mungus... Ele estava com medo do que o trouxera até ali, mas àquela altura, já tinha um palpite.

O Sr. Weasley apareceu na recepção. Ron o seguiu, em silêncio. Notava as rugas que se somavam a testa do pai, as sobrancelhas num arco irritado e a face pálida e abatida, que ainda essa manhã era tão corada e cheia de vida.

“Pai, o que está acontecendo?” Arthur estancou no lugar. Respirou fundo e virou-se ao filho. Os orbes azuis o examinavam com cuidado, tentando captar qualquer sinal em resposta. O Sr. Weasley abriu a boca, mas não emitiu som algum. Apenas percebeu que não conseguiria. Ron desviou o olhar. “É sobre o Harry, não é?”

Arthur suspirou.

“Venha comigo... E verá.”

Seguiram até o final do corredor, a última porta à esquerda. Ron observou o interior do quarto através de uma espécie de janela de vidro que ali havia.

O ambiente era fracamente iluminado, de modo que muitas sombras se fizessem presentes. Ron pôde reconhecer a silhueta de Molly ao pé da cama de dossel e, ali deitado, estava Harry.

O ruivo notou os pequenos ferimentos ao longos dos braços e rosto de Harry, à mostra. Ferimentos feitos por magia. E, com algo semelhante a culpa, percebeu a face sofrida que o moreno levava através de um provável pesadelo.

“Ele vai ficar bem?”, perguntou ao pai sem desviar os olhos do amigo. Arthur levou alguns instantes para responder, medindo suas palavras.

“Os medibruxos não sabem quando ele acordará.”

Aquilo não era uma resposta.

Ron apertou os punhos com força. Harry estava sofrendo, preso num pesadelo sem fim, e não havia nada que poderia fazer para o ajudar, para livrá-lo daquilo.

“O que houve com ele?... Quem fez isso a ele?”, perguntou novamente, jurando vingança ao seu agressor.

“Parece-me que houve um duelo de bruxos, mas é tudo o que conseguimos deduzir. Os outros aurores não estão muito melhores que Harry... E aqueles que estão acordados... Bem, digamos que eles ainda encontram dificuldade em falar sobre o que aconteceu.”

Ron ficou em silêncio. Muitas pessoas haviam morrido naquela batalha. Talvez, ele pensou, Harry não estivesse naquele estado se estivesse com ele.

Meneou a cabeça, negativamente.

Talvez estivesse pior.

Então, algo lhe ocorreu.

“Era esse o compromisso com o Ministério?” Arthur pareceu cansado e, a julgar pela aparência, um bocado mais velho.

“Era, sim. Quando perceberam a volta da milícia, chamaram-nos, a mim, sua mãe e todos os membros da Ordem da Fênix.” Ele passou uma das mãos pelo queixo. Depois, massageou os olhos. “Perdemos muitos dos nossos e só Merlin sabe quantos mais essa guerra nos custará.”

Números e custos. Isto era o que a guerra fazia dos homens: números e custos.

“Só não estávamos preparados para isso...”, murmurou Arthur, mais para si que para o filho.

Molly apareceu pela porta do quarto e deu um longo e apertado abraço em Ron. Ela parecia muito angustiada, quase como uma mãe que teme pelo filho.

“Oh, querido, espero que ele melhore logo... Ele precisa melhorar!”, disse, ainda o abraçando, tendo suas palavras abafadas. Então, separou-se dele.

“Oras, e onde está Ginny?”

“Erm... Em casa. Eu a deixei. Já havia dormido”, explicou. A Sra. Weasley se virou ao marido.

“E onde está Hermione?”

“Acho que ainda não chegou. Nem sei se virá. Já é tarde...”, comentou o Sr. Weasley.

Ron se surpreendeu com a menção ao nome dela, do qual tentava fugir havia dias, mas logo se resignou. Nada fora do normal chamarem uma amiga de Harry para vê-lo quando ele precisa.

Tentou, então, não se importar.

Não muito depois, ela apareceu.

Hermione tinha os cabelos castanhos, agora longos, em grandes cachos bem definidos, e os lábios vermelhos quase sorriram quando ela os avistou. Quase.

Ron observou-a de esguela enquanto cumprimentava seus pais.

“Hermione, como está bonita”, a Sra. Weasley lhe deu um sorriso fraco. Afinal, havia anos que não se viam. O Sr. Weasley acompanhou a esposa, cumprimentando a garota.

“Ron”, ela lhe lançou um sorriso. Ele retribuiu o gesto com um aceno de cabeça, nem rápido, nem lento demais, mas calculado, sem lhe dirigir a palavra.

Então os olhos castanhos da garota observaram a figura atrás do vidro fumê e ela pareceu morrer em parte, assim como os demais.

“Oh, Harry...”, ela soltou fracamente, quase num murmúrio.

“Trágico”, comentou Ron, desgostoso. Virou-se aos pais. “Podemos entrar?”

“Sim, mas não o acordem”, advertiu Molly. Os dois assentiram com a cabeça.

“Tudo bem... Ele precisa de nós.”

Ambos adentraram o quarto e aproximaram-se da cama em que Harry se encontrava. O moreno se remexia de leve, em resposta aos pesadelos. Ron se perguntou com o que ele estaria sonhando, para depois dar-se conta de que era melhor não saber.

O ruivo tocou-lhe de leve nos ombros e as expressões de Harry pareceram suavizar um tanto.

“Queria poder fazer algo por ele”, sussurrou Hermione. Ron concordou.

“Talvez ele devesse trocar comigo, de vez em quando...”, confessou.

“Não diga isso, Ron!”, ralhou a garota. Ele demorou um pouco para prosseguir.

“Ele já sofreu demais nessa guerra, Mione... E nós não estávamos lá pra ajudar.”

Por um momento, os olhos azuis de Ron se distrairam de Harry e acabaram fixando-se no vidro da janela. Mais além disso, por detrás do vidro, encontrava-se um par de olhos castanhos... Os olhos de Ginny.

O batimento cardíaco de Ron acelerou, em surpresa, e a resposta a isso foi um leve sobressalto. Como ela viera parar aqui?

Harry, sob o seu braço, acabara por ser balançado de leve pelo amigo.

“Ron, cuidado!”, Hermione o repreendeu num sussuro, mas o ruivo não teve tempo de se defender. Em seguida, os lábios de Harry se separaram, numa fenda, e num murmúrio quase inaudível, chamou:

“Ginny...”

Ron e Hermione permaneceram calados, olhando-o com cuidado, esperando que ele acordasse, o que não aconteceu. Então, a porta do quarto fora aberta e por ela Ginny entrou. Estava quase como Ron a vira pela última vez, mas trazia uma certa dureza em seus olhos agora. Sentou-se ao lado da cama de Harry e segurou-lhe uma das mãos. Harry pareceu um pouco mais calmo. Os outros dois se retiraram do aposento.

Os olhos da ruiva percorreram a extensão do corpo do moreno, dos lençóis brancos hospitalares aos cabelos negros, rebeldes, apontando para todos os lados, pouco mais comprido do que da última vez que o vira.

Harry estivera há muito trabalhando para a Ordem da Fênix, como auror, mas pouquíssimo mudara, exceto pelas cicatrizes adicionais e pela palidez que seu rosto tomara.

Ginny apertou as mãos de Harry nas suas. E, mais uma vez, a ruiva tomava uma decisão. Só espera que, dessa vez, a decisão não estivesse em mãos da Ginny errada...

* * *


“Talvez ele precise dela, e não exatamente de nós”, Hermione comentou. Ron a olhou.

“E por quê?”

“Oras, por amor.”

O ruivo não pareceu convencido. Continuou mirando-a, ilegível.

“Os amigos também amam.”

“Sim, mas...” Hermione rolou os olhos. “É diferente, Ron.”

Ele desviou o olhar para algum ponto do vidro, tendo total consciência de que não via exatamente aquilo que estava em frente aos seus olhos.

“Nem tanto.”

A garota o examinou, uma das sobrancelhas arqueadas.

“Você tem algo a me dizer, Ron?”

Ele lhe lançou um olhar de completo desentendido, o que não era bem.

“Não”, disse com um quê de irritação, soou falso. “Não tenho nada a declarar.”

Hermione suspirou e ficaram em silêncio. Era a última vez que perguntava. Não haveria mais nenhuma outra. Nunca mais.

Dali a instantes, Ginny saía do quarto. Ron se aproximou dela.

“Me dê um minuto”, disse simplesmente e entrou em seu lugar, fechando a porta atrás de si. A ruiva pareceu perplexa. Então, aproximou-se de Hermione.

“Que foi que houve?”, perguntou. Hermione torceu o nariz.

“O mesmo de sempre: não faço idéia.” Ginny continuou a fitando, interrogativa. Hermione encolheu os ombros. “Ele está estranho...”

“Ele está preocupado com Harry, só isso”, a ruiva mentiu, levando os olhos até a imagem do irmão, por detrás do vidro. No fundo, perguntava-se se um dia ele chegaria a esquecer Hermione, novamente com a estranha sensação de que algo se apertava dentro do seu peito. E, embora algo lhe dissesse que ela nada tinha a ver com tudo aquilo, limitou-se a observar o irmão e Harry, no tal de “um minuto”.

* * *


Ron ocupara a cadeira de Ginny, sentando-se ao lado da cama de Harry. Tinha os olhos pousados no amigo, pensativo.

“Harry”, ele começou, sem jeito. Diziam que fazia bem conversar com as pessoas quando estavam mal, mesmo que não pudessem responder. Então, ele tentaria, mas até o ponto estava se achando extremamente idiota. “Nós sentimos a sua falta, sabe...”

Seus olhos percorreram o quarto, e ele mirou as duas garotas do lado de fora, demorando-se alguns instantes mais em Hermione.

“Você lembra de como nos chamavam? Como era mesmo...? Ah!”, ele sorriu, fracamente, “O trio de ouro.”

Sua voz morreu. Lembrava-se agora de todas as coisas que haviam acontecido a eles há muito tempo: o trasgo montanhês no banheiro feminino, o cachorro de três cabeças sobre o alçapão, o visgo do diabo o apertando até perder o fôlego, o jogo de xadrez gigante! Coisas já esquecidas no fundo da memória... Mas que ainda estavam lá, porque haviam sido feitas pelos três, juntos. E se um deles se esquecesse, os outros o lembrariam.

“A tríade perfeita, como tantos outros trios”, ele comentou, distante. “Só somos completos quando estamos juntos, não é?” Ele fez uma pausa. “Bem... Nós nos separamos.”

Baixou os olhos ao rosto de Harry e, embora o amigo tivesse os olhos bem fechados, Ron tinha a estranha sensação de que ele o ouvia.

“Foi quando as coisas começaram a dar errado.”

Ron pensou em como havia sido afastado da Ordem da Fênix, sendo ela então exclusiva aos aurores. Em seguida, havia o acidente envolvendo os pais de Hermione, o que a fez afastar-se da Ordem também e voltar-se ao Ministério e suas Relações Internacionais... Onde reencontrou Viktor Krum. Enquanto Harry seguia com a Ordem da Fênix, Hermione ganhava espaço no cenário político, junto do Ministério, e Ron continuava afastado da guerra... Cuidando dos jardins!, pensou irritado. Então, suspirou.

“Nós seguimos caminhos diferentes. Nós...” Harry se remexeu na cama, incomodado. “derrubamos o tripé.”

O ruivo pareceu meio indeciso, um tanto perdido em meio a todas aquelas constatações, sem saber ao certo como continuar. Levantou os olhos, afastando-os de Harry, e captou novamente os dois olhos castanhos, inexoravelmente fixos em si.

De repente, percebeu o que mais faltava falar.

“Então, Harry... Você tem que melhorar. Nós estamos com você, o tripé, sabe. E...” Ele encheu os pulmões de ar, pesadamente. “Precisamos de você... Você é um bom amigo.”

O ruivo ficou em silêncio por algum tempo, digerindo as próprias palavras, apenas pensando em tudo e nada.

Três leves batidas na porta. A enfermeira entrou pela mesma.

“Interrompo?”

“Erm... Não, não”, disse Ron, corando. Levantou-se e saiu do aposento.

“Conversou com ele?”, perguntou Hermione, curiosa. Ele fez que sim com um aceno de cabeça, não menos corado. “Pareceu importante...”

“Eu falei pra ele melhorar”, explicou depressa, dando de ombros, simplesmente.

“Ah...”

Ron apressou-se em forjar um bocejo, para não mais ser interrogado. As garotas tiveram de se deter para não o acompanhar. Já passava da uma da manhã. Estavam todos cansados.

O sr. e a sra. Weasley dali a instantes os mandavam para casa.

“Mas o Harry...”

“Nada de ‘mas’, Ginny! Está muito tarde. Vocês voltam depois do almoço”, disse Molly, pontual. O assunto não estava aberto a discussões.

Os três seguiram pelo corredor novamente, fazendo o caminho de volta.

“Vai direto pra casa?”, Ron perguntou, como quem não quer nada. Ginny não pôde deixar de notar um quê de interesse implícito na pergunta.

“Ah, não. Na verdade tenho um compromisso. Uma reunião, numa espécie de festa. Sabe como é, relações internacionais... O Ministério sempre tenta impressionar os gringos...”

“É, sei”, ele comentou, desinteressado. “É por isso que está toda arrumada?”

“Eu não estou toda arrumada, só dei um jeito no meu cabelo!”

“Você deixou ele crescer.”

“É. Achei que pareceria mais séria... Viktor foi quem me deu a idéia.”

“Eu gostava dele do jeito que era antes...”, ele murmurou. Hermione fingiu não ouvir. “E esses cachos? Também foi idéia do Viktor?” Ron não escondeu a irritação. Hermione não lhe lançou um olhar sequer.

“Não. Essa foi só minha.” Ele se sentiu idiota... De novo.

Eles chegaram à recepção. Hermione consultou o relógio de parede.

“Ah, droga! Estou atrasada! Viktor vai me matar...”

Ron realmente tentou não estreitar os olhos à menção do rapaz, mas foi em vão. Viktor, Viktor, Viktor... Importava-se tanto com Viktor...

“Tchau, Ginny!”, ela se despediu com um abraço. “Tchau, Ron!”, repetiu o gesto, mais demoradamente. Foi a vez de Ginny estreitar os olhos – inconscientemente, é claro.

Ao ser abraçado por Hermione, Ron sentiu a pele pegar fogo, mas algo gelado escorrer dentro do seu peito. Oh, é claro: era esfaqueado no coração. Ter Hermione o abraçando, tão próxima, e ainda assim saber que ela estava com Viktor Krum... O golpe de misericórdia, para que ele esquecesse de vez o que não poderia ter.

A garota desaparatou logo em seguida e eles fizeram o mesmo.

Encontravam-se em frente ao portão de casa, o qual atravessaram, e caminharam até a porta, abrindo-a e entrando.

Ginny sentou-se no sofá, cansada. Ron juntou-se a ela. Ficaram algum tempo em silêncio.

“Por que não me chamou pra ir?”

“Pensei que estivesse dormindo... Aliás, como você soube que era para irmos ao St. Mungus? E... Como soube que era para irmos a algum lugar, afinal?”, ele perguntou, curioso. Ela sorriu sob seus olhos.

“Eu estava acordada, oras.”

“Impossível! Eu fui te ver!”

Ela mordeu os lábios.

“Eu sei... Eu fingi estar dormindo.”

“O quê? Enganado pela própria irmã...”, ele se fez de ofendido.

“E eu ouvi você falando. Deduzi que fosse no celular e, quando você saiu, eu acabei vendo nele a última chamada, telefonei e descobri que era do St. Mungus.”

Ele a olhou de soslaio.

“Espertinha...” Levantou-se e se esticou como um gato. “Hora de ir pra cama.”

“Não vou conseguir dormir agora!”, Ginny reclamou.

“Vai sim e vai logo. Venha!”, ele chamou.

“Não! Nem vou subir!” Ron tentou puxá-la, mas ela escapuliu.

“Qualé, Ginny! São quase duas da manhã...”, ele se aproximava dela, sonolento. “Não vou conseguir perseguir você agora!”

“Meu querido Ron”, ela suavizou a voz, “essa é a exata intenção.”

“Ah, volta aqui!”

A perseguição iniciou-se, lerda, mas logo Ron, desafiado, venceu o sono e a preguiça e agarrou a sua irmã caçula.

“Arrá! Peguei você!” Ele a levantou no colo.

“Ei, Ron, me larga! Me põe no chão!”, ela protestou, dando-lhe tapinhas nos braços, mas ele os ignorou.

“Não mesmo. Você vai dormir agora.”

Ele subiu as escadas, com dificuldade, carregando-a – enquanto a ruiva reclamava seus direitos – e adentrou o quarto de Ginny, derrubando-a na cama.

“Agora, se não quiser que eu te amarre aí, é melhor ficar deitada!”, Ron ameaçou.

“E qual é a vantagem nisso?”

“Hmm... A principal vantagem é que você não corre o risco de ser esquecida presa aí”, ele ponderou.

“Rá-rá, Ron.”

“De qualquer forma, boa noite.” Ele já se afastava quando Ginny segurou-lhe pelo braço. Ele voltou sua atenção a ela e a garota desviou o olhar, em silêncio.

Ron sentou-se ao seu lado e levantou o rosto, fitando o teto.

“Tudo bem, Ginny”, ele falou, “ele vai ficar bem.”

“Eu sei que vai”, ela disse, com mais convicção que o irmão. Ron olhou-a e sorriu.

“É claro que sabe.”

“E então, Ron?”, ela perguntou, interessada.

“O que?” A ruiva rolou os olhos.

“E a Hermione?”

“Ahn...” Ele pareceu concentrado, pensativo. “Hermione... Quem? Do quê? Eu conheço muitas Hermiones...”

“Ron!”, ela protestou, rindo-se. Ele se levantou.

“Boa noite, sardentinha.”

“Ei! Você também tem sardas!”, reclamou.

“É... Mas você tem mais!”

Ele correu para fora do quarto um segundo antes de uma almofada ir parar no exato lugar em que estivera.

Ginny ainda ficou observando longamente o local onde ele havia estado, imaginando-o ainda ali, junto dela.

Ela sorriu de leve lembrando-se de como ele a fazia rir quando estava triste. Brincadeiras bobas, mas ela sabia que ele se importava.

Há vários tipo de heróis. Heróis como Harry... Heróis como Ron. Eles viveram juntos, cresceram juntos, lutaram juntos. Harry era um grande herói. O difícil era captar os pequenos, assim como Ron, que não se pareciam com um, não se vestiam como um, não se chamavam como um... Mas o eram.

Ron era seu herói silencioso.1

* * *


Já eram oito horas da manhã e ele não havia dormido, pensando em tudo. Em Harry, em Hermione, em Ginny... E decidira fazer alguma coisa. Não era uma grande decisão, nem mudaria muita coisa, mas... Bem, grandes caminhos são construídos a pequenos passos, certo? Então esse seria o primeiro.

Ele vasculhou as páginas de sua agenda, em busca de um nome que o interessasse, e acabou por escolher um.

Agarrou o pergaminho e apertou a pena entre os dedos, riscando com cuidado, quase como se temesse o que dali poderia surgir.

“Oi!”, coçou o queixo com a pena, sem jeito. Então, rolou os olhos e suspirou. “É, eu sei: há quanto tempo...?”



1. Há um vídeo no YouTube sobre o Ron, muito triste e revoltante, em que a autora do vídeo queria passar a idéia de que Ron era um herói silencioso, daqueles que ninguém nota ou não dá valor... E, bom, eu gostei da idéia. Quem quiser conferir, o endereço é o seguinte: http://www.youtube.com/watch?v=tNMJ-ConJxA. O vídeo vale a pena, viu?

N/A: enfim... um apelo: não me matem ainda. Esse capítulo não tem muita action, mas eu juro que é fundamental para o que está por vir. E, oras, o que está por vir... Bom, o meu povo gosta de um barraco, né. Pois é, é por aí que o negócio vai... E quem achou que sentiria raiva da Hermione, AH, não perde por esperar...

Bruna F., o Ron é muito lerdinho, tadinho. Poxa, uma fic inteira sem nenhum beijo seria cruel... E eu tenho certeza de que eu seria linxada, mas, enfim... Eu posso garantir que não será esse o caso. Mais nada! Porque senão eu empolgo e conto a estória toda, e isso não pode, né... E quanto a fuga, eu já tinha pensado nisso também. Tenho alguns finais alternativos, ainda não escolhi qual usarei. Vamos deixar a fic rolar e ver o que acontece, né? Adorei seu comentário. Espero que não tenha se decepcionado com o capítulo.
Evelin Lovegood Black, como uma sábia mente anônima sempre dizia: “se você não tem a mente aberta, feche a boca também.” Eu não me lembro onde vi isso, mas achei perfeito. (: É, estou vendo que a fanart que eu prometi será da dança, mesmo... Sobre as partes mais quentes, não, minha amiga não achou. E ficou revoltada, tadinha. Frustrei ela... Mas ela só viu alguns dos roteiros. Não espalhe por aí, mas a estória fica boa mesmo é no capítulo sete! E esse não foi muito longo, porque só precisava mostrar mesmo alguns porquês... Mas os próximos serão, no mínimo, interessantes. Espero que não tenha se decepcionado.
Elizabeth Bathoury Black, é, a cena do Ron dançando com a Ginny veio de outro mundo. Eu gostei da cena porque mostra que o Ron não tem vergonha de errar perto dela, e isso faz ele acertar, assim como acontecia com o quadribol: era só ele achar que não tinha como perder... Que ele ganhava. Enfim, algumas respostas nesse capítulo... Outras não. *ares de mistério*
lizandra oliveira, que bom que gostou do capítulo. Olha, eu procurei a sua fic e não a encontrei. Adoraria dar uma olhada nela, porque slash é uma das minhas obsessões favoritas (leitora: essa autoria é maníaca ou o que? Incesto, slash... Ela escreve algo convencional?). Erm... Enfim, se você quiser deixar o link da sua fic, eu agradeceria. E espero que tenha gostado desse capítulo também.
Roxanne, não, a amiga maníaca não é você, não. E você sabe que eu estava brincando, relaxa. (:
RaFael_MaRvoLo, Arrá! Agora você sabe o que ele queria. Espero que sua alma ainda esteja intacta... Se me processar, sai no prejuízo: não tenho dinheiro nenhum, viu? Hunf. Enfim, espero que tenha gostado. (:
Lillith, ah, que honra a minha. Sempre procuro misturar o drama com um pouco de divertimento... E suspense. Eu não largo o suspense por nada nesse mundo. E o NC17... Bem, eu não posso prometer muita coisa, mas vamos ver, né... :rolleyes: De qualquer forma, o enfoque é mesmo o drama interno. E espero que tenha gostado desse capítulo. A sua opinião é muito importante. ^^

No próximo capítulo...
“Vai a algum lugar?”, perguntou, como quem não quer nada.
(...)
“É... Eu vou sair.” Então, tratou de se calar, levando alguns biscoitos à boca. Ginny arqueou uma das sobrancelhas. Queria bater nele até que lhe falasse tudo, mas se conteve.
“Pra que tanto mistério? Será que não posso saber aonde vai?”
Ron se aproximou.
“Eu só vou ao parque, Ginny!”
“Ah é? E foi pro
parque que você se arrumou todo?” Ela de repente pareceu perplexa. “Ron... Você passou perfume?”

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