catalisador de sonhos



Blood & Love

Capítulo II
– Catalisador de sonhos

O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;


Ginny já havia acordado muito antes, mas continuava a fixar os olhos no teto, sem muito objetivo. Então, era isto, e apenas isto: continuar seguindo em frente. Para onde perde-se nas esquinas dos caminhos, Como se arrasta na incerteza do talvez, mas o Por quê... O Por quê, destrutivo, firme e seguro, o Por quê a empurra para qualquer lado, de qualquer forma.

Ela suspirou.

Não importava para onde fosse, conquanto que lembrasse aonde não deveria ir. À Felicidade, sorriu, À Felicidade falsa dos passados anos, que parasse no tempo e se prendesse na memória, como uma mentira suave, sendo contada mil vezes para tornar-se verdade. Embora chegasse perto, mas de verdade nunca fosse. Porque a Verdade... A Verdade nunca, nunca é feliz. E contentar-se com a verdade apenas por sê-la... Não, isso não poderia. Antes concordar com a dor que se passa, à sua inexorável causa.

A Verdade é para poucos.

E, por conta disso, na mentira, da mentira, viveria. Até que a consumisse, até que a destruísse.

Antes a morte que vergonha e decepção.

Sentou-se e se forçou a sorrir, mas os olhos não acompanharam os lábios. Espelhos da alma, espelhos da alma... Amaldiçoou-se por ser uma péssima atriz. Mas ela mudaria.

Afinal, faria da mentira açucarada verdade.

Afastou as cobertas para um lado e pulou para fora da cama. Andou até o espelho e mirou-se.

Uma ruiva apareceu do outro lado, usando os pijamas de verão - que, aliás, estava chegando ao fim - e os cabelos cor-de-cobre desarrumados. Aproximou-se e observou as sardas que acompanhavam o nariz pequeno e feminino e os olhos avelã, um tanto entorpecidos. Por fim, deparou-se com seus lábios num arco acerejado desgostoso. Quem seria aquela, senão ela? Não se parecia com Ginny, definitivamente. Onde estava a garota de quinze, dezesseis anos, forte e determinada que um dia fora? Aonde fora a jovem de dezessete que se rebelara? E a de dezoito, que lutara? Que restara para os dezenove? Submissão...? Vergonha...?! ... Medo?!!

Uma faísca viva e fervente tomou o brilho dos seus olhos, e como renascida das cinzas, a sua força, a sua graça e determinação voltaram. Ela não morrera, muito pelo contrário: uma nova Ginny ressurgia, e esta já não seria guiada por um Por quê. Esta encontraria o Como e o Para onde o quanto antes.

Sua nova meta já não era impedir a morte, mas continuar a vida.

o tempo acaba a fama e a riqueza,
o tempo o mesmo tempo de si chora.


Ali por perto estava Ron. Acabara de levantar-se e vestira os jeans e uma camiseta qualquer. Passava pelo corredor quando a ruiva abriu a porta do quarto. Num movimento rápido, passou umas das mãos pelos cabelos vermelhos dela, sem dizer nada na sua pós – inconsciência matinal, e continuou seguindo seu caminho, fazendo a anotação mental de mais tarde lembrar Ginny para que não ande de pijamas – principalmente aqueles tão curtos que ela costumava usar – pela casa, sem motivação para fazê-lo agora, já que costumava dizer que só acordava depois do café - da - manhã.

Desceu as escadas ainda a passos sonolentos e, chegando à pequena sala, atirou-se sobre o sofá, pulando por cima do encosto deste, como de costume. Sentou-se e parou por um momento, em silêncio, a observar a lareira vazia a sua frente, como se visse algo além dela.

O Sr. Weasley chegou instantes depois e mirou a figura silenciosa e pensativa do rapaz. Ron crescera, de todas as maneiras imagináveis. Não era mais aquele rapazinho que corria pela casa, aprontando e se encrencando. Tornara-se homem. Artur se sentiu repentinamente culpado. Os últimos tempos foram turbulentos e sabia que, de uma forma ou de outra, aquilo mudara seu filho. A Guerra. O medo. O sofrimento. A morte. Em geral, todos foram afetados. Mas, talvez por ser ligado diretamente com Harry Potter, isso fez com que o Menino – Que – Sobreviveu não fosse o único com cicatrizes. Ron ficara... Diferente. Talvez para bem, talvez para mal, mas diferente. Artur não sabia mais o que se passava na mente do filho. Ron, antes um livro aberto, se lacrara.
“Pai?”, ele chamou, tirando o homem de seus devaneios.

“Erm... Está pronto para o café?”, perguntou, tentando criar um assunto antes que Ron pudesse continuar.

E o ruivo mordeu a isca.

“Estou sim. Cadê a mamãe?”.

“Oras, preparando o café!”, disse simplesmente e rumou à cozinha, ligeiro, deixando Ron novamente sozinho com seus pensamentos. Mas só havia um que lhe importava no momento, e talvez a vida inteira enquanto se distraía, só não admitiria. Ou amaldiçoaria-se para sempre, até o fim dos tempos, pelo quanto deste fora perdido.

O tempo busca e acaba o onde mora
qualquer ingratidão, qualquer dureza;


As grossas gotas d’água escorriam pelo seu corpo nu, quentes e suaves. Ela mantinha os olhos fechados sob a água, tentando fazer com que a tempestade de dentro calasse ao som da água de fora. Mas não dera muito certo.

Pensava nele.

Nele e em seus braços reconfortantes.

Nele e em seu calor suave.

Nele e em seu sorriso raro e cativante.

Ou em seus lábios no geral.

Balançou a cabeça: vai embora, vai embora, vai!

Mas não foi. Que diabos de castigo foi arrumar, quem mais se quer permanece em pensamentos e lhe falta quando ao seu lado? Infernos.

Tentou pensar em qualquer outra coisa, qualquer outro lugar ou pessoa. Então eles surgiram, os orbes de esmeralda líquida, antes hipnóticos, agora já sem vida. E, junto deles, um rapaz alto, de cabelos negros despontando para todos os lados e óculos redondos.

“Harry?”, ela se perguntou um pouco surpresa. “O que você está fazendo na minha cabeça?”

“Depois, Ginny... Depois que a Guerra acabar...”

Ela ficou em silêncio, pensativa, enquanto terminava de lavar seus cabelos. Desligou o chuveiro e enrolou-se numa toalha, saindo do banheiro e entrando no quarto. Sentou-se na cama e mirou uma ruiva, muito mais familiar, do outro lado. Por algum tempo, olhos nos olhos, permaneceu em silêncio. No entanto, não demorou a levantar-se e escancarar as portas do seu armário. Onde o deixara mesmo? Casacos, blusas, caixas de sapato, pastas e álbuns foram ao chão antes dela encontrá-lo. Apertou o botãozinho vermelho e a tela se iluminou.

“Ótimo”, pensou, “agora só preciso me lembrar como funciona essa porcaria”.

Apertou mais alguns botões, mas apenas quando tocou o verde, o seu nome apareceu na tela: Harry Potter – chamando. Ele a atenderia? E, se atendesse, o que ela diria?

“Alô?” – oh droga! O que eu--? - “Você ligou para Harry Potter. No momento não posso...” - ufa, ela se aliviou. Uma sorte e tanto. Quando ouviu o sinal, limitou-se a dizer: “Oi, Harry! Aqui é a Ginny, ligue assim que puder” e desligou. Era o suficiente, não?

“Ginny”, a porta fora aberta antes que ela pudesse perceber, e ele entrou, olhando-a. Ela tentou não ligar, mas não conseguiu deter um certo rubor a tomar-lhe...

“Ron, cai fora da--!”, ela começou, mas ele andou em sua direção – mas que droga!, ela pensou, por que justo agora mil e uma borboletas decidem voar dentro do meu estômago? – e parou a menos de um metro dela, próximo demais, segundo Ginny, para quando não se está devidamente vestida. Mas antes que ela pudesse pensar em qualquer outra coisa, Ron tomou-lhe o celular das mãos.

“Isso é... O presente de Harry?”, perguntou, os olhos azuis fixos no aparelho. Ginny nunca teve tanta raiva de um objeto...

“É, sim”, disse irritada e tomou-o de volta. “E eu já o estava guardando”.

Ele observou-a ir até o banheiro – ainda com o celular em mãos – e girar a chave na fechadura.

“Erm... Ela não ia guardar?”, perguntou-se, quase interessado, quando lembrou-se que não dera o recado de seus pais. Correu até a porta e bateu.

“Ginny?”

“Que é?”, soou impaciente.

“É pra você descer pra tomar café...”

“Já vou!”

Ele ficou em silêncio. Depois, deu de ombros e desceu as escadas. Ginny mirava a ruiva enfurecida do outro lado do espelho sobre a pia quando ouviu seus passos se afastando. Saiu do banheiro e voltou ao seu quarto, abrindo o armário e escolhendo um shorts velho e uma camiseta, vestindo-os por cima da lingerie .

“Como assim”, reclamava diante do espelho, terminando de checar a sua aparência, “eu, aqui, de toalha, sem mais nada e ele vai olhar justo praquele celular?” Mirou suas expressões, então suavizou-as. “Ahn... Você não se importa mais, Ginny, lembra?” O reflexo alertou. Fez uma careta em resposta e deixou o aposento, quase resignada, embora algo dentro dela gritasse, silenciosamente, desafiando o seu calar.

mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.


Alguns poucos passos mais e das escadas o viu, sentado no sofá, rabiscando alguns pergaminhos rapidamente, o cego do Ronald!. Então, inesperadamente, ele parou e amassou o que escreveu, insatisfeito. Ginny viu-o repetir o processo mais três vezes, antes de dar-se conta de que já se havia formado uma pilha de pergaminhos ali ao lado da mesinha de centro.

“Primeiro, Ron acorda cedo. Depois, quase pula em cima do celular. E agora isso...?” Ela continuou o observando. Ele parou um instante, pensando na melhor maneira de começar novamente, e roçou a pena de leve nos cabelos, distraído. Ela não podia gostar dele, claro, e por inúmeros motivos, mas... Bem, ela não havia prometido nada quanto a olhá-lo, havia? Ele deixou a língua escapar pelo canto dos lábios, pensativo. Não, definitivamente, ela não havia...

“Ron! Venha tomar o café logo!”, chamou a Sra Weasley. Ron bufou. Depois, Ginny viu-o cruzar a sala e passar para a cozinha. Era a sua chance!

Ela desceu os degraus restantes, sorrateira, e aproximou-se da mesinha. Ali estava a pilha de pergaminhos amassados e, acima da mesa, ainda sobravam alguns. Num deles, ela reconheceu a grafia garranchosa de Ron. Ginny deteve-se por um instante.

“Eu estou xeretando as coisas do meu irmão?” Pensou por mais algum tempo. Então, corrigiu-se: “Não, eu estou apenas supervisionando, afinal, se ele estiver saindo com alguém, não vai querer fazer papel de idiota, certo?”, disse a si mesma, sem ainda se convencer, mas o suficiente para ler a única palavra que lhe restara no papel, e arrependera-se de tê-lo feito imediatamente: “Hermione”.

Foi como um soco no estômago: ela ficou sem ar.

Hermione? Quer dizer, se fosse qualquer outra, ela não se importaria... Mas logo Hermione? Ginny pareceu decepcionada. Em seus tempos de escola, sempre achara que eles acabariam juntos... E se acabassem mesmo? “Não”, se alertou, “Não me importo. Nem um pouco. Nadinha!

“Ginny! Café!”, a Sra Weasley começava a se impacientar com a demora. A ruiva procurou respirar fundo, para retomar o ar que lhe fora tirado, e, tentado ignorar um certo desconforto em seu peito, adentrou a cozinha e ocupou o seu lugar de costume à mesa.

“Até que enfim”, comentou um Arthur sorridente mordendo uma de suas torradas.

“Eu estava me vestindo, pai”, defendeu-se, agarrando alguns pãezinhos.

“Acordou tarde, foi?”, perguntou, ainda distraído, por detrás d’O Profeta Diário. O que ela poderia dizer?

“É. Fui dormir tarde”.Evitou os olhos de Ron nesse instante, especialmente. Mas sabia que ele a estava examinando com cuidado, quase curioso, a sua irmãzinha. Ginny sabia muito bem que ele jamais entenderia o que se passava: Ron nunca fora muito de sacar o que lhe está em frente aos olhos. Quase sorriu... Era tão doce, e tão triste.

“De qualquer maneira, seu pai e eu teremos de dar um pulo no Ministério, para... Resolver algumas coisas”. A hesitação na voz da Sra Weasley fez o rapaz mirá-la, intrigado. “Portanto, o almoço ficará por conta de vocês”. Ron fingiu se engasgar. “Ah, Ronald! Qual é o problema...”

“Não me chame de Ronald”, murmurou em tédio.

“...estará pronta! Será só servir!”, ela terminou, sem dar-lhe ouvidos.

“Que coisas?”, perguntou Ginny, tentando parecer desinteressada, mas sem muito êxito. Molly passou a recolher a própria louça e a de Arthur, no que Ginny interpretou como “ganhar tempo”, mas só demorou alguns instantes mais – o incrível era que Arthur parecia bastante confortável, lendo o jornal com atenção e curiosidade.

“Coisas do trabalho de seu pai”, ela disse finalmente. A ruiva murmurou algo em resposta, enquanto continuava a passar geléia num de seus pãezinhos. Ron levantou-se preguiçosamente – quase como um gato a se esticar – e levou seu prato e xícara até a pia, distraído demais para perceber que era seguido por um par de olhos castanhos... “Posso confiar que ninguém aqui vai demolir a casa?”

“Sim”.

“Não”.

“Ronald!”, indignou-se a Sra Weasley, enquanto Ron sorria de lado e murmurava um ‘é brincadeira!’ angelicalmente para a mãe. Arthur riu e a mulher o olhou com severidade.

“Então nós vamos indo”, sentenciou o Sr Weasley, ficando de repente sério e dobrando o jornal. Levantou-se e seguiu a mulher pra fora dali. Antes de sumirem pela porta, no entanto, Molly mirou o filho com desconfiança, como se dissesse ‘não ouse me desafiar’. O ruivo deu de ombros e eles ficaram em silêncio até os dois saírem.

Ron se debruçou sobre a mesa, ficando mais próximo da ruiva.

“O que você acha que eles vão fazer? Será que papai vai mudar de emprego?”, ponderou, curioso.

“Eu não faço a mínima idéia... Mas isso seria bom”, comentou, distraída com o modo com que ele se balançava sobre os cotovelos, num ritmo lento e descompassado, digno de Ronald, e em como a luz tocava-lhe as íris claras, dançando...

“Talvez ele me arranje um emprego”, disse mais para si que para ela, “Isso sim seria bom... Eu compraria uma vassoura decente e faria aquele esse para goleiro...”

Ginny meneou a cabeça.

“Homens e o quadribol...”

“Ei! Você também jogava quadribol!”, defendeu-se.

“Como um esporte. Só homens pensam em ganhar dinheiro com esse tipo de coisa... Nunca pensei em seguir carreira com quadribol.”

“Que pena”, ele comentou. “Você era muito boa.”

“Eu sou muito boa, Ron”, corrigiu-o. Ele sorriu, no que ela respondeu.

Irmãos também são ternos, irmãos também se amam... Mas Ginny apenas não acreditava que era apenas aquilo. Era mais, ela sabia que era!, era muito mais. Mais do que conseguia pôr em palavras, mais do que conseguia suportar em silêncio...

“É, eu sei”, ele sentenciou e levantou-se. “Tenho que fazer umas coisas”, avisou e saiu pela porta da cozinha, sem mais delongas.

Ginny se concentrou no seu café, fingindo não se importar...

O tempo o claro dia torna escuro,
e o mais ledo prazer em choro triste;


Já era tarde e nada de Molly e Arthur aparecerem. Ginny começou a preocupar-se, quando chegou um pergaminho em que a mãe explicava que demorariam mais um tanto e que seria melhor que não esperassem por eles.

A ruiva encontrava-se de volta em seu quarto, escolhendo algo mais interessante para vestir naquela noite – oras, sonhar não custa, certo? Provou dúzias de combinações e acabou não gostando de nenhuma. Deu-se por vencida, vestindo a saia leve e uma camiseta qualquer, deixando os cabelos soltos sobre os ombros. Afinal, ‘não importava mesmo’...

Foi até a janela e mirou os jardins, iluminados pela luz suave e alaranjada do pôr-do-sol. Quando fora almoçar, lembrava, Ronald não aparecera. Ela continuou fingindo não importar-se, mas internamente sabia que daria todas as suas economias – que não eram lá muitas – para saber onde ele estava e o que fazia.

Seus olhos deslizaram pelo gramado tão conhecido – mapeado, ousaria dizer – e então detiveram-se em determinado ponto. Lá estava o ruivo, sentado de costas para a casa, mirando o horizonte, ligeiramente cabisbaixo. Ginny pareceu intrigada. Aquele era Ron? Parecia tão... Quieto. Ultimamente, ele andava tão distante... Decidiu-se por investigar – apenas para ver se poderia ajudá-lo, claro; bisbilhotar? Nunca!

Saiu do seu quarto e desceu as escadas, saindo pela porta dos fundos, que ficava na cozinha. Viu-o sentado a alguns metros dali e seu coração perdeu um compasso, mas concentrou-se para não deixar transparecer. Sorrateiramente, aproximou-se das suas costas e, sem avisar, passou os braços pelo pescoço do irmão, apoiando-se em suas costas, ternamente. Oportunismo? Que isso!

“Ron!”, falou e ele pareceu levar um susto com a sua chegada repentina – Ginny deliciou-se ao sentir o coração dele acelerar consideravelmente -, mas não a afastou.

“Eu”, respondeu. Ela o espiou por cima dos ombros do irmão e viu-o segurando algo que não lhe pertencia: era o seu celular!

“Você telefonou, foi?”, perguntou como quem não quer nada. Ele ficou alguns instantes em silêncio, para depois responder:

“É, eu telefonei, sim... Não se importa, não é?”

“É, não ligo”, mentiu. “Telefonou pra quem? Pro Harry?” Ela quase cruzou os dedos. Mas não deu sorte.

“Não, não foi pra ele... Mas eu preciso ligar pra ele, um dia desses”.Ele sorriu fracamente, sem olhá-la. “Eu telefonei pra Mione”.

“Ah...” Mas que porcaria!, conteve. “E ela está bem?”

“Ótima”, ele respondeu de prontidão, embora houvesse amargura em suas palavras; uma melancolia reprimida?

“Sério? Que bom. Ela estava trabalhando na área de Relações Internacionais do Ministério, não?”

“Está”, ele baixou o tom de voz. “Deve ter sido assim que acabaram se revendo...”

“Revendo-se?”, ela pareceu confusa. “Mas... Quem?”

Ron suspirou.

“Viktor Krum”, fez uma pausa dolorosa, “estão noivos”.

o tempo a tempestade em grã bonança.
Mas de abrandar o tempo estou seguro


Ginny ficou perplexa. Ela nunca imaginaria que... Está certo que Viktor havia reparado em Hermione e gostado dela, mas isso foi há bons anos – Quantos? Cinco? – e agora estão… Noivos?

A ruiva se viu entre a felicidade de tê-la fora do caminho e a tristeza de vê-lo tão decepcionado com isso... Não poderia ser egoísta. Não com ele…

“Ginny?”, ele chamou, tirando-a de suas divagações.

“O que?”

“Nada... É que... O seu coração...” Só assim para ela perceber o quanto seus batimentos cardíacos aceleraram. Mas não pôde ver o sorriso que se formou sobre os lábios do garoto, divertido. “Você levou um susto, foi?”

Ela, por sua vez, agradeceu por ele não poder olhá-la de frente, poupando-o de vê-la corar.

“É, foi uma grande... Surpresa”, começou, sem saber o que dizer. Engoliu em seco, antes de continuar. “Eu sempre achei que vocês acabariam juntos”.

Ron ficou em silêncio por um tempo, enquanto ela esperava por qualquer meia palavra do rapaz.

“É... Suas notas de adivinhação deviam ser um lixo”, sentenciou, divertido, mas ela via naquelas palavras algo de dolorido, que seguia a linha do ‘rir para não chorar’. Ela suspirou, pensando. Então, largou-o e pôs-se de frente ao ruivo, decidida.

“Vamos, não fique assim! O melhor que você tem a fazer agora é tirá-la da cabeça – e de todo o resto”, disse, enérgica. Ele a mirava, desconfiado. “Oras, Ron! Recomponha-se, homem!”

Ele sorriu, um pouco mais verdadeiramente.

“Viu? Já está melhorando! Agora, vá tomar um banho, esfriar a cabeça… Daqui a algum tempo você já estará pensando em outra garota... Quem sabe a loirinha com quem você andava nos tempos de escola? Ah, disponível, de preferência?”

“É”, ele rolou os olhos, “acho que sim”.

“Pois então, vá”.

“OK, mamãe!”

Ele lhe deu um de seus melhores sorriso – sim, ele estava sorrindo só para ela! – e virou-se, entrando na casa. Ginny temeu suas próprias palavras por algum tempo, mas não poderia fazer nada quanto a isso. O certo seria arranjar-lhe alguém decente… O difícil seria deixar-se escolher outra.

o peito de diamante, onde consiste
a pena e o prazer desta esperança.


Mas nunca imaginaria o quanto estava próxima da realidade...




N/A: pois bem, esse poema não é meu, não importa o quanto eu goste dele: do mais que perfeito, grande poeta que é Camões, que me ajudou a nortear o segundo capítulo. A demora? Culpem a dona da fiction, que ficou de digitar desde as férias e não digitou, mas, enfim, eu a amo e a fic está aí, é o que importa.

No próximo capítulo, mais um poema [do Camões, se bem me lembro] e muitas outras coisas divertidas de se ler. [Ou não, quem sabe?]

Perdoem os erros de digitação, meu teclado está horrível.

Agradecimentos a Clan Vampire (é, não foi rápido, mas... que bom que você gosta delas! ^^), Mayra (atualizado, atualizado! O.O’), Kllowny (bem, esse capítulo foi bem maior... mas espero que tenha gostado mesmo assim ^^), Sophia Saint Claire (é, uma vez me bateu a curiosidade e eu procurei no FF.net e achei uns quebradinhos de fic, umas abandonadas e outras que não gostei muito, então resolvi experimentar... e estou escrevendo! :P), Ginny Potter (sugiro que releia a NA passada. Aliás, leia, né... Porque ler, você de certo que não leu), Elizabeth Bathoury Black (é, eu já li algumas femmeslash, mas Bella/Cissy, só que eu não gosto muito da Bella... anyway, vou continuar, sim, e... Bom, eu só escrevo shippers malucos, exatamente porque são deliciosos :D) e Maira Daróz (mais duas? Boas? Se forem, me avise, que eu adoraria ler. Eles são fofos demais. E casais impossíveis são sempre bem vindos a mim).

Agradeço também aqueles que não comentam, mas lêem. Porque eu sei que há pessoas desse tipo também. E lembrando que críticas são sempre bem vindas, conquanto que construtivas.

Agora, só falta o:

No próximo capítulo...
Ele nunca reparava muito nas coisas que não saltassem em frente aos seus olhos. Isso lhe dava certo ar de inocência. Sim, era isso que gostava nele: era tão rapaz e tão menino. Gostava do que seus olhos eram capazes de encontrar nele, mas preferia buscar além... Ron era sua força e fraqueza, e ela o mapeava, ainda que continuasse tão incompreensível.

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