-Provas-



-Provas-

-Eu fui muito bem!- sorriu Hermione.- Poderia ter ido mais rápido, mas quis ter certeza...
-Como se precisasse.- disse Rony.
-Mas estava fácil até.
-Eu tenho certeza que fui mal... – disse Harry arrasado.
-Porquê?- perguntaram os amigos.
-Vocês não viram a cara dele quando anotou a minha nota?- Harry falou incrédulo. – Ele estava sorrindo... me ferrei com certeza...
Harry ainda estava com a cara de felicidade de Snape marcada na memória, quando ele fez anotações sobre sua poção, tinha certeza que fora mal.
-Bem você podia ter se esforçado um pouquinho mais... sabe, foi fácil...
-Mas você não quis me emprestar suas anotações!- ele a olhou raivosamente.
-Eu disse que não ia.- ela fechou a cara.- Você bem que podia ter...
-Me esforçado um pouquinho...- ele disse sério.- Eu não tinha nem a metade da matéria... que fiasco.
-Ah, calma, você sempre se dá bem... com certeza não vai ser o primeiro da turma.- ele olhou para Hermione e riu.- Não iria dar para ser nem que estudasse...
A garota fingiu não ouvir, mas sorriu, eles se dirigiram ao salão para o almoço, Gina comia em choque, nervosa como todo quintanista em meio aos Nom's... Harry lembrou-se da agitação do seus Nom's... parou de pensar.
-Harry...- falou Rony acenando a mão em sua frente- Viajando?
-Não...- ele olhou o amigo.- pensando...
-Ah, pára de se preocupar...
Harry sorriu, o amigo nem imaginava o que o preocupava.

Nem precisava dizer que o exame de defesa foi moleza... estiveram recebendo ataques e contra-atacando, sob o olhar atento de Morgan, além de fazerem feitiços dos anos anteriores...
-Farão Niem´s ano que vem ou não?!
Ela retorquiu ao estilo da profa Minerva quando Malfoy perguntou o motivo de repetir os feitiços ensinados, ela estava muito mal-humorada, isso o inquietou também, mais tarde após o jantar ela pediu que a encontrasse. Coisa que desagradou e muito Hermione:
-Você tem que estudar sabe?-ela disse em meio a uma pilha de pergaminhos.
-Você vai me emprestar suas anotações?
-Não! Eu disse que não ia!
-Nem pra mim?- perguntou Rony horrorizado.
-Claro que não!!!
-Então vou me ferrar de qualquer jeito...- disse Harry.- é melhor ir ver o que ela quer...
-Qualé Mione, só uma espiadinha...- suplicou Rony.
-É...- disse Hermione fingindo que Rony não estava olhando.- Vai, e fique... acho que vocês dois tem muito em comum não é mesmo?
-Ciúmes?- disse Rony.
-Nem comecem com besteiras vocês dois...- disse sério se levantando.
-Que besteira?... e as anotações Mione?- falou Rony.
-Quem disse que é besteira.- ela disse fechando o livrão e indo ao dormitório feminino.-Não vou emprestar nada, pra vocês dois!
-Sabe de um...- os dois começaram a falar ao mesmo tempo.
Arregalaram os olhos, continuaram juntos:
-...ma coisa... ela me deixa doido...
Balançaram a cabeça em concordância. Sorriram, Harry saiu vendo o amigo puxar uma pilha de livros, muito preocupado.

Na sala de Morgan ele apenas viu Fawkes, empoleirada numa poltrona, teve um mau pressentimento.
-Fawkes?
A fênix dirigiu-lhe o olhar, soltou uma nota branda, isso o acalmou, mas era a segunda vez que isso acontecia, que ela o convidava e não estava ali...mal sentia Fawkes em seu ombro, quente.
-Vocês tem muito em comum...
-Morgan!- ele disse irritado.- Não...
-Desculpe o atraso...- ela olhou para ele e a ave.- Vocês...
-Por que me chamou? Algo errado?
Ela se sentou.
-Sim, depois de incidente recente, estamos em dúvida quanto a estratégia de Voldmort... e bem...- ela suspirou e o encarou.- Você já deu provas que sabe o que quer, então hoje, vamos lhe pedir um sacrifício Harry.
Ele se sentou, Fawkes ainda em seu ombro.
-Como?
-Harry... o que você daria para saber a verdade?
-Eu... não sei...- “A verdade é uma coisa bela e cruel... Dumbledore tinha lhe dito algo assim a muito tempo...”
-Precisamos saber o que Voldmort quer agora... ele ter atacado Hogsmeade foi estranho...
-Não sei porquê... ele aproveitou que eu saí...
-Também... mas porque os dementadores? Todo mundo sabe que você não tem problemas com dementadores...
Não era bem verdade, Dementadores o assustariam para sempre, sempre o lembravam dos gritos da mãe, e não tinha sido fácil... ao mesmo tempo Harry concordou que não era estratégico.
-Foi uma distração?
-Parece que sim...
-Tá, e o que vocês querem que eu faça?
Ela sorriu pesarosa.
-Que faça o que Voldmort faz...
Harry franziu a testa e engoliu seco.
-C..co-como?
-Você é um bom legilimente... melhor que oclumente eu diria...
-Como assim?
-Nem você percebe... o quanto esses seus olhos verdes penetram na mente dos outros... você é bom em captar sentimentos... possui uma grande empatia...
-Já ouvi isso uma vez...
-Precisamos que entre na mente de Voldmort.
Ele não conseguiu falar, uma onda de pânico o dominou, entrar? Nunca... ele nunca poderia...
-Mas eu não faço... é ele que...
-Procura? Claro... ele força a entrada quando você está fraco não é?- ela falou com certeza escolhendo as palavras.
-Porque não é o ... prof Dumbledore...
-Ele acha que você confiaria mais em mim...
-Isso é manipulação...- disse magoado.
-Não Harry, é cuidado.
Nada o convenceria, isso era uma decisão difícil, ela se levantou:
-Ninguém lhe pediria isso se não fosse necessário, sabemos que é perigoso, sabemos que está acima de sua experiência, sabemos que...
-Tem razão...- ele disse raciocinando.- É necessário, pode salvar vidas...
-Pode...achamos que ele planeja algo grande.
Estava com a boca seca, mas Fawkes soltou mais um pio.
-O que Fawkes está fazendo aqui?- disse subitamente.
-Sinceramente, não sei... mas essa fênix gosta de você...
-Gosto dela também...-disse acariciando as penas da ave.
-Então Harry... está disposto a correr mais um risco? Fazer um sacrifício?

“-Você não se esforça... nunca... não faz sacrifícios...
“Quem você pensa que é para falar em sacrifícios?”
-Sei mais de sacrifício do que essa sua mente pequena pode imaginar...”

Porque tinha que lembrar daquilo agora? Fazer um sacrifício...

-Sei que está com medo Harry, ter medo é normal...

“O medo é uma venda que você usa para poupar seu coração da
verdade...Que verdade? Que você sabe o que fazer... mas tem orgulho demais para aceitar...Não desperdice o que a vida lhe dá... tão fácil.”

Porquê? Estava lembrando daquilo agora?

Fawkes agitou as asas, Morgan o olhava, não precisava ter medo, ele sabia que podia fazer...
-Eu só me liguei a pessoas que gosto...
-Sabemos disso.
-Mas a cicatriz... é um elo... também...
-Foi o que Dumbledore me disse.
-Vou...fazer... mas como fazer?
-Você tem que desejar entrar... vai fazer?- ela perguntou nervosamente.- Tem certeza?
-Sim...
Fawkes voou e sumiu, deixando uma pena para trás.
-Vou preparar um círculo de proteção, podemos ir ao meu quarto... você pode usar minha cama...
-Prefiro o chão... dele eu não posso cair...- sorriu timidamente.
Ela sorriu também, empurraram as poltronas, ela trouxe algumas almofadas que colocou sobre o tapete espesso, espalhou cristais e pós brilhantes em um círculo em torno do tapete.
-Magia antiga... de meio mundo... vai te proteger onde eu puder proteger...- ela o olhou.
-Você...- ele pensou na possibilidade de algo sair errado, mas afastou o pensamento.- Obrigado.
-Vou cuidar de você...- ela falou baixo.
-Eu sei.
Tirou a veste, ficando só com as roupas comuns, tirou os sapatos, se enfiou no círculo, estava mais quente nele...
-Está quente...
-Fica sim... dentro.
Ele se sentou, o coração estava batendo forte no peito, "o que estou fazendo? O que você quer, fazendo isso?" Ele olhou para a bruxa que sussurrrava encantamentos muito rapidamente, procurava coragem, deitou.
-Está bem?- ela perguntou.
-A...acho... que sim.
Ela sorriu, trocaram um olhar de fortalecimento.
-Se eu... eu falhar... que pode... você poderia me...- ele queria expressar seu maior receio, mas não encontrava palavras.
-Infelizmente ninguém pode te dizer o que pode acontecer.
Ela se abaixou e disse:
-Você é que tem que decidir. Ninguém vai lhe culpar por não querer fazer isso, não se sinta obrigado.
Ele concordou, tentou ficar calmo.
-Até logo Morgan...
Fechou os olhos.

Tinha que se concentrar em Voldmort, na cicatriz... em não projetar-se no lugar, e sim na mente dele, ele dormia? Se projetaria num sonho... Voldmort seria capaz de sonhar? Apesar de se sentir leve, saber que estava profundamente concentrado, que estava longe de Hogwarts, ele continuava sua procura em vão... Voldmort talvez não sonhasse... talvez não pudesse... e pesadelos? O que Voldmort poderia temer? Ele usava pesadelos para entrar em sua mente... mas o que o Lorde das Trevas poderia temer? "Ele tem medo da morte...", mas ele retornara, estava vivo, ninguém podia ameaçá-lo diretamente... nada, estava perdido em meio a um limbo morno... como se estivesse procurando o endereço errado, como se estivesse discando o número errado... estava a ponto de desistir, Voldmort deveria ter meios de se proteger... meios para evitar que isso acontecesse...então se sentiu muito burro, era óbvio que estava procurando o endereço errado, se concentrou numa lembrança, se concentrou com todas as forças e Tom Servoleo Riddle.

"Uma luz pálida entrava pela janela, Harry podia se ver ali, encolhido num canto da sala, chorando, sozinho, parecia ferido, murmurando:
-Não vai ficar assim... eu me vingo deles, de todos eles...
O garoto de cabelos negros enxugava as lágrimas teimosamente, estava todo esfolado, devia ter apanhado muito.
-Esquisitos são eles! Esses idiotas... eu não fiz nada...
O garoto murmurava muito infeliz, Harry chegou a sentir pena, não deixou de sentir totalmente, apenas sua mente atinou que o que via não era ele mesmo... e sim Ridlle. O garoto Tom, no orfanato, porque aquele lugar não era Hogwarts...
Um homem alto entrou na sala assustando o garoto:
-Vai dizer como subiu no telhado, peste?- disse raivosamente.
-Eu não sei!!!- o garoto gritou.
Harry fechou os olhos, porque o garoto foi arrastado pelo chão e trancado num armário do corredor... fechou os olhos porque ele mesmo fora trancado num armário embaixo de uma escada por um motivo semelhante.
Tudo ficou escuro, a sua volta havia sons de floresta, ventos, farfalhar de folhas, cricrilar de grilos, um rapaz alto e magro olhava uma fogueira pensativamente:
-Quem está aí?- o rapaz disse olhando em volta desconfiado.
Harry deu um passo para trás, escondendo-se nas sombras.
-QUEM ESTÁ AÍ?- Tom gritou.

Harry voltou a fechar os olhos, ou pensar que fechava... tinha que ir mais fundo... tinha que ir aos planos de Voldmort... mas isso, isso estava muito mais protegido, como ele mesmo fazia, essas lembranças de infância eram usadas como barreira para outras, mais importantes.

-Não quero lembrar disso.- escutou a voz fria de Voldmort.
Abriu os olhos, se viu a sua frente, sentiu o coração disparar, se viu por segundos, segurando o corpo de Cedrico, no momento em que a taça do Tribruxo alcançava sua mão... pálido, ferido assustado, mas com um olhar que nem ele mesmo imaginava ter.
Voldmort estava ao seu lado, desgostosamente se virou para olhar ele mesmo gritando enfurecido, olhando o lugar onde Harry desaparecera, ver dois Voldmorts era assustador, Harry mal percebia que por sorte o desgosto do bruxo impedia sua localização.
Harry agora podia saber o que Voldmort fizera após seu sumiço, ainda olhando para o lugar onde antes estivera o corpo de Cedrico, o Voldmort atual sibilava furioso:
-Você devolveu a varinha... deu a varinha...
O antigo atingiu alguns comensais com maldições Cruciatus, apenas de raiva, Rabicho lamentava encolhido...

Isso não interessava, tinha que ir mais fundo, ir aonde ele guardava seus planos... mas era díficil, como subir uma colina muito íngreme, estava consciente que gastava muita energia...

Se viu em uma sala, a frente Rabicho lívido:
-Ela me atacou Meu amo, ele falou com ela...
Voldmort o encarou levantando a varinha, sem se importar com o braço rasgado do servo, com a mão prateada manchada de sangue.
-Isso por você tê-lo permitido falar... Crucio.
Os berros de Rabicho eram horríveis, ele agitava-se no chão, sangue espirrando das feridas feitas por Naguini.
-Como ele fugiu Bela? Como ele pode se soltar das cordas, pense comigo...
-Deve ser com aquilo que me acertou...
-Sim, pode ser...- Voldmot interrompeu a maldição.
Rabicho ficou estendido, sem forças.
-Tratem esse verme... quero ver a encomenda...

Tentou forçar a estada na lembrança mas ela se desfez, mas rapidamente foi substituída por outra essa sim importante...
Malfoy entrou no quarto em que Voldmort estava olhando o céu sentado em uma poltrona, Harry viu com muito desgosto quem o acompanhava.
-Milorde.- disse a moça se curvando.
-Notícias do seu amado senhorita Abbot?
Ela sorriu, ainda tão linda quanto Harry se lembrava...
-Ah, não milorde, continua naquela escola...
-Infelizmente.- completou Malfoy.- Milorde a comissão deles chegou...
-O que acha deles minha menina?- perguntou Voldmort gentilmente.
-Vampiros lhe são leais milorde, mas não totalmente... eu creio...- ela corou.
Voldmort riu e encarou Lúcio que parecia não gostar do que via, parecia ter medo, ou nojo de Ana.
-Espirituosa e observadora, Potter sabe escolher pelo menos...
Isso injetou-lhe ódio nas veias, mas se não se controlasse seria percebido... mal percebeu que se via em outra sala, uma sala vazia, Voldmort estava em frente a um caldeirão, murmurando coisas estranhas, com um ajudante... ergueu um pano com cara de ter envolvido algo sangrento, jogando-o no caldeirão... passados alguns minutos o ajudante começou a tirar algo como uma lama do caldeirão depositando em frascos escuros, Voldmort tirou um punhal e fez um corte no braço, o ajudante recolheu o sangue do bruxo, que passou novamente a lâmina do punhal virada e fechou o corte.
-Para completar minha maldição...
Ele mesmo misturou parte do sangue em cada um dos pequenos frascos...
-Para que eu o domine na escuridão...
Ele fechou cada um dos frascos e o ajudante colocou-os delicadamente em um baúzinho de madeira, que Voldmort encantou.

Harry se perdeu, estava cansado... tudo ficou fora de foco, como se tivesse tirado os óculos, estava muito fundo, estava a um bom tempo fora... ou dentro... estava enjoando, e ficando com frio...

Na sala um homem explicava sobre horários, falava de um artefato vigiado, o que lhe chamou a atenção foram os nomes citados... os nomes de membros da Ordem...Como Thonks, ela corria perigo, planejavam matá-la, ele olhou em volta buscando referências, data, dia, hora, qualquer coisa... mas a conversa foi interrompida, por outro homem, tudo se dissolveu... tudo estava ficando confuso...

O que viu torturou se coração... marcou fundo, Harry fez um esforço sobre humano para não berrar, respirou profundamente, mas ele estava caído a sua frente, morto, olhos abertos, Voldmort passou por ele:
-Coragem não salva ninguém Potter, devia ter aprendido essa lição, pra onde correu a menina?
Rabicho o seguiu, parou ofegando olhando o corpo no chão... arquejava:
-Tiago... idiota... era só entregar o menino...- Rabicho arrastou os pés quando Voldmort se virou.
-Ande verme... para onde eu for você vem comigo...- Sibilou autoritariamente.

Harry sabia o que vinha em seguida, não queria ouvir, não novamente, mas viu os dois subindo as escadas, ela apareceu na porta, olhando em sua direção, na verdade, olhando o corpo estendido a sua frente, desviou o olhar para os dois que subiam calmamente as escadas:
-É só entregar o bebê menina, e eu irei embora.- disse Voldmort.
Ela olhou para Rabicho, com olhos indignados, desesperados, bateu a porta do quarto.
Voldmor deu uma gargalhada aguda e foi em direção a porta, mas Rabicho desceu, passando por ele, fugindo, Harry se virou com ódio, com nojo, mas de repente estava olhando o quarto do corredor, os gritos o afligiam, como afligiram a anos atrás...
-...Harry não!!! O Harry não!!! Tenha piedade!!!
Voldmort estava na porta a sua frente, ele mal pode divisar a mulher que chorava no quarto, não queria ver, nem saber...
-O Harry não... por favor não... me leve... me mate no lugar dele...
Talvez tenham sido os momentos mais dolorosos de sua vida, ter que escutar Voldmort rindo das súplicas de sua mãe:
-Afaste-se dele, menina, vamos... se afaste desse bebê... sua tola.
-NÃO!!!
Se forçou a sair, consciente de que estava com lágrimas escorrendo dos olhos, estava num imenso lugar vazio...
-Porquê sempre vejo você...- falou com uma voz de desânimo
Harry se virou lentamente...
-Hum... uma visão interessante... seria melhor se fosse um sonho premonitório...- disse Voldmort ainda arrastadamente entediado.
Harry entendeu que Voldmort não tinha percebido sua intromissão em sua mente, talvez porque nunca pensara ser possível.
Estavam agora naquela sala onde ele fora torturado, mas se manteve em silêncio, Voldmort sentado na poltrona, Harry de pé a sua frente... se fosse inteligente...
-Estou cansado de ver esses seus olhos... suma...
Mas Harry continuou ali, calado, pensando em como fazer Voldmort falar sem entregar que era ele realmente que estava ali.
-Pare de me olhar assim... vá.
Ficaram se encarando por algum tempo. Voldmort sorriu erguendo a varinha
-Avada Ke...
Uma maldição podia atingí-lo em sonho? Harry não queria correr o risco, estendeu a mão a frente.
-Não!
A luz vermelha atingiu Voldmort no peito, fazendo-o tombar com poltrona e tudo, Harry apenas pretendia sair daquele pensamento, não interferir diretamente, se sentiu muito cansado...
Voldmort se ergueu o encarando, furioso:
-Maldito!- então arregalou os olhos viperinos.- Não pode ser...
-Mas sou... Tom...- disse Harry atacando-o novamente, porque agora, pela primeira vez sentia sua cicatriz queimar... Voldmort finalmente percebera, ele estava em perigo.
-Desgraçado!- falou Voldmort apontando-lhe a varinha. -Como entrou aqui?!
Harry estava tentando sair, voltar, mas estava preso, Voldmort o estava prendendo.
-Assassino! Covarde!!!- disse com raiva ainda vendo a luz que saía da varinha de Voldmort envolvê-lo em uma esfera de luz esverdeada.
-Peguei você... Potter...- sibilou feliz Voldmort. - Quem diria que você viria até mim...
-Mas não vou ficar... por muito tempo...
Voldmort riu de suas tentativas de romper a esfera de luz...
-Vamos jogar nosso velho joguinho, Potter... ainda não descobri quanta dor você suporta...
Era pior que estar sobre a maldição Cruciatus, pior que ser possuído, Voldmort estava aprisionando sua alma... cortando sua ligação com o mundo exterior, sentia frio, muito frio, muito distante escutou Morgan gritar para que voltasse...
Caiu de joelhos... a esfera estava ficando menor... sentia como se o coração fosse explodir no peito...Voldmort ria deliciado.
-Uma mosca pode passear na teia... Potter, mas não fugir depois que está presa...
-Miserável...- tentou protestar, mas não conseguia mais gritar.
-Bem, bem... apesar de muito divertido, é estranho pega-lo assim depois de tantos preparativos para capturá-lo... não me olhe assim Potter, eu não gosto...
A esfera ficou menor, o sufocava, tentava desesperadamente achar um meio de fugir, escapar...
Ao longe escutou um som, um som conhecido... o som da Fênix...
-Fawkes.- ele sorriu.
-O que é isso?- perguntou Voldmort.- De onde vem?
Mas como sempre aquele som encheu Harry de esperança, ele pensou em Morgan e Fawkes o esperando... encarou Voldmort.
-Preciso ir...
Foi no momento em que Voldmort o amaldiçoava que abriu os olhos...
-Harry!!!- exclamou Morgan.
Fawkes estava descrevendo círculos sobre seu corpo, mas Harry apenas inspirou profundamente... se virou em agonia, dobrou o corpo, vomitou no chão, tremendo, gemendo de dor... sentiu Morgan abraçá-lo por trás. vomitou novamente, mas agora via horrorizado, quando colocou a mão na boca e a afastou que estava vomitando sangue...
-Fawkes!!!-gritou Morgan.
A ave sumiu.
Gritaria de agonia se pudesse, todo seu corpo protestava, a cicatriz parecia estar aumentando, se rasgando... era como se estivesse sendo atingido pela maldição Cruciatus, mal tinha forças para gemer de dor, tremia convulsivamente, voltou a vomitar sangue...
-Harry, relaxe... precisa relaxar ou não vai aguentar!!! Não force seu corpo!!! Relaxe! Respire...
Ele queria mandá-la calar a boca... como se pudesse relaxar... era como se não estivesse no controle do próprio corpo, tamanhos eram os espasmos que estava tendo, ela não o abraçava mais, o agarrava com força, o que era horrível, pois novamente ele tinha a sensação de estar em carne viva... estava exausto... mas agora, seu corpo estava relaxando... ou simplesmente se deixando a mercê da imensa exaustão que se alastrava por ele, foi erguido e colocado de mal jeito numa poltrona, a dor era tão grande que seus olhos, cheios de lágrimas, estavam desfocados...
-Beba...
Mas o que quer que fosse, mais da metade escorreu pelos lados , pelo pescoço, umedecendo sua roupa. um outro tanto ele cuspiu ao se afogar, mas o pouco que bebeu pareceu aquecê-lo, retorná-lo a consciência, pode ver melhor, apesar de que sua cabeça latejava e continuava trêmulo...
Morgan estava pálida e preocupada, Dumbledore o olhava com pesar.
-Estou melhor obrigado...- sussurrou baixinho.- Precisam avisar Thonks...
Morgan arqueou a sombrancelha.
-Parece que há planos para matá-la...
Então olhou os dois, pensou no que soubera... no que fizera... se sentiu falho, não havia feito grande coisa... nem sabia quando, ou qualquer coisa a mais...
-Sinto muito...
-Como?- perguntou Morgan.
-Eu acho que não é suficiente... não é?
-Harry...- falou Dumbledore.
Mas crescia nele um sentimento de impotência... tanto tempo, e ele desperdiçara olhando... nem fizera tanto esforço... não descobrira muito...no fim acabara se denunciando...
-Acho que não fui fundo... acho que não me esforcei o suficiente... desculpe...
-Harry...- interrompeu Dumbledore.
Ele o olhou o diretor meio constrangido...
-Nos conte tudo que viu e ouviu... é importante...
Harry suspirou, meio fraco contou, sem omitir nada, tudo que vira e ouvira... cada detalhe, cada palavra...tudo que podia lembrar. Morgan estava cada vez mais espantada, Dumbledore parecia cada vez mais sério... estavam chateados com ele? Harry estava começando a achar que os fizera perder tempo... o cansaço vencendo-o, teve que repetir algumas vezes o que Voldmort fizera para prendê-lo, quase adormecendo...
Morgan virou um pouco mais da bebida em sua boca, ele despertou um pouco... olhou-os, sentiu-se corar.
-Desculpem...
-Harry...- disse Morgan.
-Isso não deve ser repetido...- sentenciou Dumbledore.- Foi um erro...
Harry sentiu-se horrível... falhara... desperdiçara a oportunidade...
-Sinto muito...
-Somos nós que sentimos Harry. - disse Dumbedore.- Foi um esforço imenso... você fez muito mais do imaginávamos... mas isso o colocou em perigo...
Harry o olhou, como assim?
-Você descobriu muitas coisas importantes sobre Voldmort... cada coisa que você nos contou tem muita importância... na verdade, acho que nem Voldmort imagina o quão fundo você esteve... mas eu sinto muito pelo sofrimento que isso lhe causou... sinto Harry, porquê você não estava preparado...
-Como assim?
Dumbledore lhe deu um sorriso triste...
-Por hora, descanse... acho que na ala hospitalar... talvez dispensá-lo dos exames...
-Não precisa... estou bem...
-Harry você precisa descansar.- insistiu Morgan.
Mas ele não queria fazer aquilo... queria ir dormir como todo mundo, fazer os exames como todo mundo, obviamente Dumbledore leu sua mente, suspirou:
-Claro Harry... Morgan, acompanhe-o até o dormitório.
-Mas...
Eles trocaram um olhar, Morgan assentiu, envolveu Harry nos braços, ajudando-o a levantar, ele se sentia doente, fraco, mas assim que pode se aprumou-se e andou sozinho. Quando chegaram diante do retrato ela falou baixo, pondo as vestes nele.
-Veja se não tem ninguém, vá tomar um banho e esconda essa roupa...
Ele estranhou, mas ao olhar para baixo viu que os joelhos da calça estavam sujos de sangue... assim como haviam salpicos de sangue por toda a camisa e os punhos estavam totalmente manchados...
-Feche isso... boa noite... não se levante se não estiver bem, ok?- ela lhe deu um beijo na testa e se afastou parando para olhar para trás umas duas vezes...
-Estrelas cadentes...- disse desanimado.
-Claro querido...-disse a mulher gorda o olhando com curiosidade.
Entrou devagar, olhos percorrendo os cantos da sala, parecia tudo limpo, então escutou, assustando-se.
-Você demorou...
Ele voltou a olhar para as poltronas em que sempre ficaram... devia estar mesmo cansado, dava para ver o topo da cabeça de Hermione, Rony cochilava no chão... a garota andou na direção dele.
-O que aconteceu?
-Nada...
-Você está bem?
-Claro...
Ela o analisou com os olhos então o olhar desceu para a veste aberta, ela arregalou- os olhos , só então a mente cansada o alertou, ele tentou fechar as vestes, mas era tarde...
-O que é isso?- ela deu um passo a frente segurando as vestes dele.
-Na.. nada.
Mas ela soltou uma exclamação e o olhou assustada, ele não conseguia pensar estava cansado... exausto.
-Harry... isso é sangue...
-É... sim...
Ela o olhou pálida...
-É seu?- disse de repente passando a mão pelos braços peito dele, como se procurasse um ferimento... balançou-o de leve.- Harry... me responde... é seu?
Mas a mente dele estava longe... vagueando... ele respondeu baixo:
-Passei mal, só isso...
-Como assim? O que houve? E esse sangue todo?- perguntou Rony olhando-os.
Harry fechou os olhos, não ia conseguir explicar... porque era agora que todo o abatimento, cansaço e medo o atingiram...
-Harry?- voltou a perguntar Hermione.- Fala com a gente...
-Eu... eu fui fazer uma coisa... eu preciso... descansar...
-Não... você vai falar com a gente... chega de segredos...- ela falou séria.
-Eu... está bem... mas eu preciso mesmo descansar...
Acabou seguindo os dois até as poltronas, meio empurrado e puxado por eles, desabou numa delas, cabeça distante, mole, ele estava ali e dormindo ao mesmo tempo, mal percebia o quanto os amigos estavam pálidos e preocupados... ao mesmo tempo consciente que eles estavam nervosos.
-Fala alguma coisa cara... - disse Rony se sentando no chão a frente dele, Mione na mesinha.
Ele os olhou... sem mais segredos, não podia mais... tinha medo de estourar como uma represa se não aliviasse a dor nem que fosse um pouco, ao mesmo tempo não podia falar, os amigos ficariam ainda mais preocupados, quando a angustia cresceu as primeiras lágrimas começaram a escorrer sem que ele se desse conta, sem controle, ele sentia escorrendo pelo rosto , mas eram como se não lhe pertencessem, enxugou-as com as mãos olhando-as como se não as entendesse...
-Hã?- ele olhava as mãos úmidas, meio sujas... sujas de sangue...
-Meu Deus Harry, olha aqui.- disse Hermione segurando as mãos dele.
Ele a olhou, as lágrimas escorrendo... mas a boca seca...
-Harry... fale algo... ou você vai arrebentar...- disse Rony com a mão no ombro dele.
-Eu... entendam... fui eu que escolhi... tá bem... eu concordei...
E contou... tudo... até porque não conseguia conter-se, falou tudo desde a hora que entrara na sala de Morgan até a hora que ela o acompanhara a pedido de Dumbledore até o retrato... mas acima de tudo, ele sentia uma coisa brotando no peito, uma certeza envenenadora, enquanto o queixo de Rony caia... enquanto os olhos de Hermione se enchiam de lágrimas ele não conseguia afastar o rosto corado de Ana da cabeça... porque por mais monstruoso que fosse, por mais que soubesse que não era ela de verdade, algo nele ficou feliz em revê-la... algo nele repetia dolorosamente que ela tinha voltado...
-Ah... - Rony não sabia o que falar... estava abismado.
-Isso não é justo...- disse Hermione.- Porque não deixam você em paz?
-Mas Hermione...
-Não, não venha com desculpas... -ela estava furiosa.- Eles não podiam ter feito isso com você...
-Mas ninguém me fez nada...
-Mione tem razão cara.- disse Rony.
-Mas...
-Se parassem de te pedir pra se envolver... você estaria bem...
-Mas eu estou bem...
-Não. não está... faz tempo que não está...- concluiu Rony.
-Eles me pediram e eu concordei... ninguém me forçou...
-E pra quê? Pra Voldmort ter outra oportunidade de torturar você?
-Não... Mione... foi escolha minha...
-Ah... claro... como se você fosse capaz de falar não para alguém...-disse Rony.
-Eu não me importo... se isso pode salvar alguém... vocês preferem que Thonks morra?
-Não é isso...- começou Rony.
-Ela é adulta, aurora, sabe se cuidar...- interviu Hermione ainda furiosa.- Se alguém assim, da Ordem não puder se manter vivo...
-Como vocês podem pensar assim? - ele se levantou. - Vou dormir...
Mas deu dois passos e desabou no chão... completamente sem forças.
Rony e Hermione o ergueram, mas ele se escorou na parede irritado.
-Calma... eu te carrego até o dormitório.- disse Rony.
-Eu posso andar...- protestou.- Fiquei zonzo porque levantei depressa... só isso...
-Não seja mentiroso...
Houve um som acima, vindo da escada do dormitório feminino, os três ficaram muito quietos... som da porta do banheiro, Hermione foi subindo, lançou-lhe um olhar.
-Amanhã...
Rony o amparou, ele não protestou mais, cada passo uma prova da sua força de vontade, e da amizade de Rony, entraram silenciosos no dormitório... ele catou um pijama, e subiu na cama.
Trocou-se devagar, pensando, embolou as roupas sujas e meteu-as embaixo do colchão... então ficou com medo de dormir... de ser preso novamente... de rever Ana... a lembrança dela sorrindo estava machucando... porque lembrava dela sorrindo para ele, e agora, pensou se sentindo roubado, ela sorria para Voldmort...
E no fim nada daquilo importava... porque estava cansado, amortecido e como sempre dormiu pela exaustão... a prova de que estava confuso foi o quanto isso facilitou o ataque.

"Eu estou com pressa, então sem rodeios vamos terminar o que começamos a pouco...
Harry estava ficando encurralado, precisava erguer barreiras, evitar que Voldmort entrasse fundo... se não estivesse tão cansado, tão desprotegido, tão confuso...
Havia uma matilha de olhos vermelhos o espreitando, mesmo acertando cada um, mesmo lutando com toda força de vontade, aquilo só o estava esgotando mais... Voldmort estava furioso por ter sido invadido, agora se vingava... Harry estava preso em seus próprios sonhos, tentando e vão acordar, sentindo-se cada vez mais vasculhado, mais violado... precisava desesperadamente despertar...
-Alguém me ajude... por favor...
Voldmort ria.
-Com medo menino? Mas se você começou a brincadeira...
Para cada canto que corria, haviam olhos vermelhos espreitando-o, ele tinha um fardo pesado demais para esconder... para carregar, tudo aquilo o atrasava, o tornava uma presa mais fácil...
-Me mostre seus segredos Potter...
-Não...
Mas ele não podia mais correr, parou arquejando, ofegando, estava cercado pela matilha... lobos negros de olhos vermelhos...
-Uma peça de magia negra...-falou Voldmort.- Eles fazem com a alma o que lobos de verdade poderiam fazer com seu corpo...- ele riu.
Harry olhou a sua volta... perdido, sem saber o que fazer, encarou Voldmort que sorria... maldosamente.
-Potter... você cometeu um grave erro indo me procurar... agora deve pagar por ele...
-Desgraçado...
-Ora vamos... você se portou bem... resistiu muito mais do que qualquer um, mas eu sou inexorável... e você deixou algumas portas abertas, não? Eu sempre tenho o que quero... agora, vamos aos seus segredos... me fale da profecia.
-Nunca...
Um dos lobos avançou cravando-lhe as presas na perna, balançando-o furiosamente, Harry berrou de dor, de desespero ao se ver atacado... mesmo tentando golpear o animal, ele batia a mandíbula a poucos centímetros de suas mãos...
-Resistir só vai tornar sua morte mais lenta e dolorosa... fale o que eu quero saber e lhe pouparei a vida...
Sua perna tinha várias perfurações, latejava e sangrava...
Alguém me ajude por favor... implorou em pensamento enquanto apertava a perna olhando aterrorizado os animais enraivecidos a sua volta...
Eu não tenho chance alguma assim... pensou angustiado.
-Pensou bem...que tal repetir a pergunta... pronto para me contar a profecia?
Harry olhou em volta... suspirou tristemente olhou Voldmort que sorriu
-Vejo que está pronto... vai colaborar agora.
-Não.- disse sério.
Voldmort riu, ele fechou os olhos pensando onde seria mordido agora... mas apenas ouviu:
-Quem são vocês?
Havia cheiros diferentes em sua volta... abriu os olhos quando escutou
-Nós somos nós, essa é a única verdade Riddle...
-Grifin...- Harry sussurrou.
Não só ele, mas Ubaf, Iran e Serin, todos transformados em pessoas, reconheceu a voz de Grifin e a forma de Ubaf... A mulher de cabelos acobreados e olhos negros se aproximou e disse melodioamente:
-Perdoa-nos a nossa demora, mas sois muito difícil de penetrar Mago...
-Quem são vocês?! Como conseguem entrar aqui... intrusos!
-Feche essa boca, menino Riddle... você também é um intruso esse local sagrado.
-Menino?! Como ousa me chamar de Menino Seu...
Grifin apenas meneou a cabeça, ergueu as mãos, todos os animais de Voldmort chiaram e viraram fumaça...
-Como...- Voldmort arregalou os olhos vermelhos.
-Vá.- disse o outro homem.- Vá garoto...
Voldmort ainda o olhou furiosamente:
-Vou esperar... temos outras noites Potter... isso não acabou ainda...
E sumiu.
Ele finalmente olhou para os quatro naquela forma, Um imponente homem loiro de olhos castalho-claro lhe sorriu, era Grifin, Ubaf ele já conhecia, na forma que confortara Hermione, Loira olhos negros, a outra lhe acenou:
-Serin?
-Eu sou Serin...- disse o outro homem moreno de olhos esverdeados.
-Iran...então...
Ela sorriu.
-O...obrigado... Pela ajuda.
-Não Mago... sempre viremos se você pedir...
-É só pedir...
-É melhor você acordar agora Harry, ver essa perna na realidade... deve estar ruim também...
Harry os olhou, ruim também... não estava pronto para sentir mais dor, mas suspirou.
-Até.”

Por um segundo ficou imóvel, sentindo devagar cada parte do corpo, infelizmente um fisgada dolorosa o trouxe a realidade, abriu os olhos e se sentou travando o queixo, o lençol estava manchado... a prova de que Voldmort não estava mais brincando...

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