-Responsabilidades-



-Responsabilidades-

Acordar depois de sentir a alma ser arrancada do corpo era uma sensação horrível, pior do que ver a cara de espanto dos amigos, esses lapsos de tempo que tinha eram odiosos, pensara ao abrir os olhos que haviam se passado várias horas, devida a exaustão que se apossava dele, se ergueu assustando Hermione.
-Harry! O que houve?
Olhou em volta, a cabeça doendo, estava de volta a cabana de Hagrid que o olhava assustado.
-Nunca mexam em mim quando eu ficar assim...- disse sentencioso.
-Como?- perguntou Rony.
-O que aquele dragão tá fazendo na floresta Hagrid?- ele ignorou Rony.
-Ah... bem...- Hagrid tentou ganhar tempo.
-Harry.. explica o que aconteceu.- disse Hermione séria.
-Eu conheço esse dragão... eu sei que conheço.- ele disse mais pra si mesmo.
Alguém acabava de jogar um pouco de água no rosto, era Hermione que queria que ele respondesse, ele suspirou irritado.
-Quê?!- disse limpando o rosto.
-Começa explicando o que aconteceu...- ela disse com urgência.
Ele sentiu um frio no estômago... teria que explicar o que era... o que via.
-Eu... eu... eu posso ver coisas tá certo?- disse nervoso.
-Como assim? Perguntou Rony.- Como aquela vez com a cobra? Como ...
Hagrid lhes estendeu garrafas de cerveja, Harry tomou metade da garrafa em um único gole, seria melhor explicar. Hermione parecia bem confusa:
-Não entendo... isso tem a ver com Vol...
-Ah... é tipo um dom raro... mas não é pra espalhar...- ele disse baixo.
-Como assim?- falou Rony.
-Lembra daquele incidente com a cobra, não é? E lembra daquele na sua casa?
-Mas lá você parecia muito doente, agora você só desmaiou...- disse Hermione.
-Tá é que lá aconteceram coisas ao mesmo tempo...
CLARO!Ele compreendeu... “Isso só acontece quando Voldmort está em contato... agora não doeu tanto... nem com a ...”
-Isso se chama Projeção Consciente.- falou.
Os olhos de Hermine se arregalaram, Rony coçou a cabeça confuso:
-Explica....
-ISSO É MUITO PERIGOSO! – ela disse nervosa. –Isso pode matar você!
-Não exagera!- ele disse assustado com a reação nervosa dela.
-O que é isso?- perguntou Rony.
-Ele se divide em dois... a alma dele sai a conciência fica... é muito complexo... mais do que uma viagem astral...- Mione falava em arquejos horrorizados.- Isso pode ...
-Tá eu entendi... se acalma Mione. – disse Rony.- Tá você entrou na floresta sem entrar...- Ele se virou para Hagrid que os olhava aparvalhado.- Tem mesmo um dragão lá?
Eles finamente o encaravam Hagrid não sabia o que falar:
-Não é um dragão.
-Não... não é.- disse Harry entendendo.- É uma pessoa...
Hagrid o olhou espantado, Harry se levantou, compreendendo a situação:
-Ela tá ferida!
-Harry sente!-disse Hermione
-Como assim uma pessoa?- estranhou Rony.
-É Morgan que está lá não é?!- ele disse sério.
-É sim, É a profa Morgan Graveheart, Harry.- disse Dumbledore na porta.
-Professor...- sussurrou Hermione.
Harry se virou para vê-lo à porta, Dumbledore entrou calmamente e encostou a porta, sob seu olhar Hagrid se acalmou e sentou.
-Creio que você já se exaltou demais... mas também creio que merece algumas explicações...
Dumbledore limpou a mesa com um gesto da varinha, nela apareceu mais chá, com xícaras para todos, ele se sentou e fez sinal para que Harry se sentasse, ele obedeceu, Dumbledore os olhou e falou calmamente:
-A profa Morgan foi ferida em um trabalho para a Ordem... mas está sendo tratada, não corre perigo...
-Mas ela está sofrendo...- insistiu Harry.
-Infelizmente sim... por causa de sua condição....
-Professor...- falou Hermione insegura.- Ela é...
-Um dragão?- atalhou Rony.
-Uma animaga?- continuou Hermione lançando um olhar de censura a Rony.
-Não...Ela tem mais juízo que vocês.- ele disse sorridente apesar do olhar espantado dos três.-Morgan Graveheart é vítima de uma maldição que lhe foi lançada na juventude...- disse Dumbledore
-Maldição?-perguntou Harry.
-Sim.
-Amaldiçoada? Para virar um dragão?- disse Hermione.
-Sim.O importante é que ela está segura e vai se recuperar em breve, isso nos leva a sua crise.- ele disse bondosamente.
-Isso não foi uma crise.- Harry protestou.- Eu senti porque era ela.
-Exatamente.
-Professor...- Hermione interrompeu.- Esse... dom...
-Ele não é perigoso, senhorita Granger.- Dumbledore a acalmou.- Não com o devido controle e treino.
Ela pareceu não acreditar, mas Dumbledore disse mais calmo quanto podia ser:
-Creio que Harry queria poupar preocupações ao não lhes revelar isso, o que no entanto se tornou, isso sim, um perigo, peço que algumas medidas sejam tomadas se isso volte a acontecer...

“Nunca o removam do local, isso pode sim, mata-lo, não se preocupem com magia, ela não irá afeta-lo assim, falem sempre, para mantê-lo consciente do tempo que está passando, creio que Harry já sabe como voltar...”

-Você podia ter contado...- dizia Rony na sala comunal.
Nem haviam jantado, Bem dois chás seguidos e ninguém sentia fome, o pior era a cara revoltada de Hermione que subira ao dormitório feminino “você não confia mais na gente!”.
Mas ele estava pensando em Morgan, sofrendo sozinha na floresta, monstruosamente ferida, os dois amigos não a viram, não sabiam da gravidade dos ferimentos... e ele pensava, em quem a teria amaldiçoado daquela forma, a obrigando a virar um dragão.
E mesmo com tudo isso algo ainda martelava, o motivo de ter sido atraído para a floresta, para vê-la, ele tentava ligar suas “escapadas” e só conseguia separar em ligações com Voldmort ou com pessoas conhecidas... então seu dom devia estar ligado as pessoas... pensou no que o próprio Voldmort dissera, com certo desgosto, “Você viu... interessante... como eu imaginei... como você viu? Como se ligou a ela?”, ele se referia a sua ligação com Ana... mas ele se ligara a mais pessoas, Rony e Hermione principalmente, já os vira antes... agora Morgan, mas cada um deles por motivos diferentes, agora sabia, bastava querer ver ou ser chamado.
-Se precisarem de mim é só chamar.-ele disse indo dormir.

“se precisar... é só chamar”

Hogsmeade, não tem a menor graça... não sem Sirius e Ana.
Mas ele vai, os amigos insistiram... ele acabou concordando, até porque queria animar Hermione que parecia muito magoada por ele não ter lhe contado sobre seu dom, ele não gostava dele, era na verdade um incômodo, mas ela andava muito sensível, e era uma questão de respeito com os sentimentos dela, mesmo os dele estando tão confusos, e ainda iam ver as roupas do casamento “ Eu confirmei que você vai ser o padrinho... então compra algo decente...” disse Rony, que ele quase enfiou no primeiro barril de torrão de barata que encontrou, mas Gina confirmou que ela e os gêmeos haviam escrito dizendo que ele aceitara...
Os gêmeos ainda mal se falavam, quando esperavam as garotas se arrumar para sair ficaram se encarando com raiva cada um de um lado do corredor, e aquela tal Louise, Luise alguma coisa continuava a ignora-los para total espanto odioso de Gina:
-Ela nem sabe o que quer da vida e vocês aí por causa dela.- disse quando saíram.
Mas desventuras amorosas era um departamento onde Harry estava aprendendo a não se meter, porque ainda tinha o gosto amargo das palavras de Hermione na boca, ou talvez porque o lugar todo era tomado por lembranças... entraram na loja de roupas, e pela primeira vez teve a visão de que Hermione e Gina eram garotas normais.
-Verde...- disse Mione
-Vermelho...- repetiu Gina.
E elas repetiram aquilo por bem uns sete minutos.
Os quatro estavam mortos de tédio depois de dez minutos, mesmo olhando vestes a rigor para o casamento, a vendedora ainda dando palpite.
-Em casamento só se usa preto ou azul...
Não que ele se importasse, roxo, amarelo com listras verdes... tinha que admitir estava idiotamente preocupado com Morgan.
Ficou olhando as duas experimentando vestidos enquanto os irmãos olhavam as vestes, até alguém o cutucar.
-Harry! Seu número?!
-Harry... POTTER?!- a vendedora deixou cair as roupas.
-Você é meio lerda né não?!- disse Gina que se aproximava.
A garota tentou se conter, mas meia loja tinha a escutado falar.
-Vou até o três vassouras... encontro vocês lá.- disse saindo aborrecido enquanto os outros se organizavam para pagar as compras o olhando meio preocupados.
As ruas de Hogsmeade um dia tinham parecido tão bonitas... agora eram só ruas, ele até pensou em ir até os três vassouras mas andava devagar... viu a loja onde comprara a pulseira para Ana, um aperto ruim no peito, apressou o passo e entrou devagar no três vassouras, ia passando pela porta quando a voz conhecida lhe trouxe o primeiro sorriso.
-Viva! Olhe quem vai nos acompanhar Hagrid.- disse Morgan com a voz mais baixa e mais cansada que de costume.
Ela e Hagrid estavam de pé no balcão falando com Rosmerta, ele pularia e daria um bom abraço em Morgan se não estivesse em um lugar público, quando ia pegar uma cerveja Morgan pegou mais uma caneca de Quentão e lhe piscou o olho, ele sorriu e balançou a cabeça.
Sentou-se na mesma mesa em que no terceiro ano ouvira falarem sobre Sirius, mal ainda por cima, será que as lembranças não iriam deixa-lo em paz naquele dia? Hagrid sentou-se a sua frente tapando a visão da porta, houve um reboar no céu.
-Vai chover.- escutou alguém comentar na mesa ao lado.
-Bem eu disse que ele ia aparecer hoje.- disse Hagrid animado com sua jarra de quentão.
-Eu ia é?- falou Harry.
-Bom eu falei... com a Mione e o Rony, sabe como é...- o outro sorriu nervosamente.
-Ele fez isso porque eu pedi Harry...
-Morgan você tá bem?- finalmente pode perguntar.
-Eu estou sim – ela sorriu abatida.- Não é pior do que o Lupin passa. Desculpe o susto, faz muito tempo que não tenho uma crise assim.
-Mas...- ele queria saber mais, mas entendia que ela não devia querer falar sobre aquilo.
-Eu é que me assustei quando o vi, parecendo um fantasma.- ela riu.
-Ah... bem... eu fiquei assustado ao te ver machucada, o que houve?
-Muito azar, mas antes de minha interminável preleção sobre minha missão azarada, vamos beber, porque o Hagrid tá ganhando a dianteira.- ela deu um olhar para o outro que entornava a jarra.
Brindaram e ele bebeu o quentão com eles, quente mesmo, fervendo após o segundo gole, ele sentiu todo o corpo aquecer, e ouviu o vento nas janelas.
-Isso é sempre bom.-Morgan estalou ao lábios o olhando.- Você está incrivelmente pensativo hoje.
-Isso é mais comum do que você pensa.- ele respondeu.
Ela riu. Hagrid parecia ocupado demais bebendo.
-Então?
-Então quê?
-Morgan...
-Eu estava me livrando de certas coisas, como criaturas potencialmente perigosas...- ela sorriu para ele. – Então tive uma crise, apesar de mais forte que de costume, e bem... há modos eficazes de ferir um dragão.
-Mas porque isso acontece?- perguntou ansioso, se arrependeu.- desculpe, isso não é da minha conta.
-Eu não tenho problema com isso Harry, - mas ela olhou pela janela as gotas grossas de chuva martelando o vidro.- Uma maldição mal rogada... é isso que acontece comigo, Meu pai me amaldiçoou...
-Seu pai?
-Bem, eu tenho que dar uma passada no cabeça de javali.- disse Hagrid se levantando.- Até depois...
E saiu, Harry sabia que pela cara que fez Hagrid não gostava da história, que com certeza conhecia.
-Acho que tá na hora de eu contar um pouquinho da minha vida para você...- ela bebeu mais um gole. – Mas não é uma história bonita.
Harry bebeu um pouquinho mais.

“Acho que tudo mudou quando eu me formei como aurora, um ano depois de seu pai, eu era a melhor da turma... os instrutores nunca cansavam de me elogiar... mas havia um sério problema, meu pai... como eu já lhe disse, minha família era idiotamente chegada a essa história de puro-sangue... minha mãe era uma boa mulher, mas muito tímida, nunca erguia a voz, incapaz de murmurar qualquer coisa contra meu pai, ele vivia a implicar com minha decisão...eu nem imaginava o motivo... no dia em que voltei para casa, após minha primeira missão, eu estava muito contente, prendemos alguns comensais, eu queria comemorar fui para casa, família sabe?...encontrei a casa revirada... meu pai havia se enfurecido, quase matou minha mãe e minhas irmãs... eu não sabia, mas ele era um comensal...”
Harry quase se engasgou, olhou-a, mas ela mirava o conteúdo da caneca.
“Fugi, levando minha mãe, minhas irmãs, mas era tarde, ela definhou de tristeza... morreu nos meus braços dois meses depois... no fundo ela o amava de verdade... muito. Eu não acreditava em ninguém, nem na Ordem... por isso me afastei de tudo... carregava muita raiva no coração, e tentava manter minhas irmãs a salvo...”
-Morgan...- ele sentiu muita tristeza vindo dela.
Ela olhou com os olhos brilhando, sorriu com tristeza.
“Então... um dia... me vi cara a cara com Voldmort... e consegui sobreviver... graças a Dumbledore e a Ordem... foi sua mãe que me auxiliou, eu estava a beira da insanidade... pior que um comensal, não conseguia parar de matar... via meu pai em todas as máscaras... lembrava de minhas irmãs... a mais nova nunca mais falou...Mara... foi uma época negra, eu descobri que... ah Harry... eu também descobri que Severo era um comensal...”
-Você o amava... não é?
Ela sorriu.
“nós nos amávamos Harry, o pior de tudo é que tive uma parcela de culpa na decisão dele... foi mesmo uma era negra... mas um dia, alguém nos denunciou, falou onde estavam eu e minhas irmãs...escondidas... foi num verão... então eles apareceram... e eu não pude evitar, nunca vi tanto sangue em tão pouco tempo, naquela salinha, eu vi as minhas irmãs serem mortas, éramos só quatro, só eu era adulta... Merin tinha quinze anos e tentou lutar, Mírian só tinha doze, e Mara ficou ali chocada demais, só tinha sete anos... elas não tiveram chance... eram vinte comensais... eu ainda tenho pesadelos sabe...”
-Morgan...isso...
Ela deixou uma lágrima correr, limpou nervosamente, sorriu
“Eu os matei, todos, de tão furiosa... não sobrou muito deles... então o líder deles, que estava todo arrebentado me rogou a maldição... é uma maldição de magia negra... ele tirou a máscara, era meu pai... meu pai, ele havia matado toda a família e estava morrendo por minhas mãos... seu último suspiro foi para me amaldiçoar... idiota... ele não teve força para terminar a maldição... me tranformei em dragão... e devorei o coração dele... isso me torna realmente uma coisa maldita...”
Ela riu, bebeu.
-Estou assustando você?
O que ela podia dizer, estava chocado... os relâmpagos pareciam ser apenas a dor dela se manifestando no céu, que chorava ruidosamente as lágrimas que ela não chorava, a vida dele era um mar de rosas comparado ao que ela acabara de contar...
“Com a maldição incompleta fui atrás de Voldmort, é sim... fui como dragão aonde eu imaginava poder encontra-lo... lá coisas aconteceram que me levaram até Dumbledore... ele sim tentou algo por mim... me ensinou a controlar as crises, isso acontece quando me enfureço... é quando uma loucura assassina toma conta de mim que me transformo... é a marca da minha insanidade... então para não ferir ninguém com minhas crises que abandonei o país... me exilei...”
-Morgan... isso é... - ele começou e se calou.
Ele lhe sorriu:
-Obrigado por escutar Harry... sinto muito por você saber disso, você já tem problemas suficientes... com a profecia...por isso admiro muito você.
Ele arregalou os olhos, ela sabia?
-Dumbledore lhe contou?
-Não... sua mãe... um dia... ela me contou o motivo de vocês e dos Longbotons serem mais protegidos... ela precisava desabafar... estava com medo... era uma mulher forte sua mãe... creio que nós duas nos entendíamos bem.. Dumbledore contou aos pais, só a eles e mais ninguém... para que se protegessem, isso sim é um peso terrível... imagino.”

Ambos ficaram em silêncio, escutando a tempestade desabando lá fora, fustigando a fachada do três vassouras, ele nem viu quando deram as mãos... apenas se compreendiam muito bem, duas criaturas muito feridas, procurando um lugar para lamber as feridas e descansar... mal percebeu que haviam acabado de beber, apenas que de repente o som pareceu voltar a ser ouvido e algumas pessoas entravam, eles olharam para a porta... Morgan riu:
-Seus amigos estão só um pouquinho molhados...
Harry riu também, molhados era elogio, os cinco entraram tiritando de frio e molhados até os ossos, se aproximaram enquanto Hermione secava as roupas de Gina e essa tentava secar as de Rony que segurava umas sacolas...
-Uhevo.- disse Morgan meneando a varinha.
Os cinco estavam secos.
-Poxa obrigado.- disse Jorge.
-Quer agradecer? - ela sorriu - Peça mais disso pra mim no balcão, Uma jarra e várias canecas.
-Profa isso é...-começou Hermione.
-Isso é uma comemoração antecipada pelas notas dos exames, a menos que você não pretenda passar senhorita Granger.
Hermione corou, eles riram, incrível como a tempestade parecia estar esfriando o clima, eles se chegaram agradecendo que alguém tivesse acendido as lareiras, de repente surgiu Neville ainda mais molhado, Morgan e Harry trocaram um olhar, ela o convidou a sentar e beber, Hermione ainda torcendo o nariz pela quebra da lei, mas ninguém pareceu se importar, riram muito com a cara dos gêmeos quando uma certa morena passou, pela primeira vez os dois não tinham resposta para uma piada, o local estava cada vez mais cheio, todo mundo tentando se secar e se aquecer.
-Impressão minha ou tá esfriando? - disse Gina.
Harry também percebeu, algo ruim, frio, trocou olhares com os amigos e Morgan.
-É estranho chover e esfriar assim nessa época do ano...- disse Neville
Todas as janelas do três vassouras estavam embaçadas, Harry viu a jarra de quentão, então com uma certeza que odiou, sabia o que estava acontecendo, apenas apontou a jarra:
-Morgan...olhe isso.- passou o dedo a jarra de quentão parecia ter uma camada de gelo.
-Que m****!- ela se levantou.
-Que foi?- perguntou Hermione ao vê-lo levantar também.
-Dementadores.- disseram Morgan e Harry ao mesmo tempo.
-Rosmerta!- berrou Morgan.- Feche tudo!!!
-AD!!! TODOS DA AD!!!- Harry começou a gritar.
Lá fora dava para ver pessoas correndo, o som de gritos começou a ser ouvido, os amigos pareciam paralisados, alguns alunos se levantaram.
-Precisamos ajeitar o lugar.- disse Morgan.
-Vamos fechar as janelas lá de cima. - ele disse com a varinha em punho.
-Você não está pensando em...?- Rony disse puxando a varinha incrédulo.
-Vamos enfrentá-los sim, se for necessário.- ele disse subindo as escadas.- Ajude o pessoal a bloquear as portas e janelas.
Mais berros, pessoas entrando brancas, gritando sobre os Dementadores, então tudo ficou muito silencioso e gelado, eles e mais alguns tentaram subir e fechar as janelas do segundo andar, estavam indo bem até os vultos negros aparecerem do outro lado do vidro, impressão dele ou estando fora do controle do ministério, eles pareciam piores que antes?
-EXPECTO PATRONUM!!!- bradou ele e Morgan quando o primeiro Dementador passou por uma janela aberta.
-Saiam logo daqui!
Ele empurrou Neville para o andar inferior onde outros alunos da AD clamavam por seus Patronos para evitar que os Dementadores entrassem pelas janelas cerradas, haviam gritos assustados, mas o pior era ali, onde ele e Morgan estavam, parecia nevar, pois a chuva que entrava pela janela aberta congelava ao redor deles, vários Dementadores tentavam entrar, mas não podiam passar pelo Patrono de Harry, nem pelo veloz Patrono de Morgan , ambos sentiam as mãos congelarem ao manter as varinhas erguidas, os óculos dele começaram a embaçar.
-Harry recue.- disse Morgan quando já eram vários os Dementadores.
-Não.- ele disse firme.
-Temos que recuar... nós dois não vamos dar conta...
-Não podemos recuar Morgan.
Estavam enregelados, ela deu um passo a frente, o pequeno Patrono dela parecendo um neon prateado, para cada Dementador expulso, mais três entravam pelas janelas que cediam a pressão rachadas pelo gelo.
-EXPECTO PATRONUM!!!- Harry escutou às costas.
Um leão, um urso e um falcão prateados passaram por eles ajudando a afastar os dementadores, ao seu lado se postou Malfoy e Rony ao lado de Morgan se postou Neville meio trêmulo.
-Que tal Professor?- disse Malfoy arrastadamente.
-Digamos, que fico te devendo essa.- ele falou sério.
-Vou cobrar.- disse Draco arrogantemente.
Harry se deu ao luxo de olhar para trás, para baixo, alguns bruxos adultos conseguiam manter seus patronos, chegou a ver dois garanhões trotando por ali, juntamente com um cisne e um avestruz, haviam outros e a coisa lá embaixo estava mais controlada, em cima não.
O sorriso da Draco não se manteve por muito tempo, eles resistiam, mas estavam cansando, Harry nunca imaginou quanto tempo podia durar um Patrono nem que podiam existir tantos Dementadores, Draco foi o primeiro a cambalear, olhos cheios d'agua.
-Vai pra trás Draco!- ele disse sério.- Você não está acostumado!
-Não...
Mas o rapaz desmaiou, Neville ainda deu um passo para trás antes de desabar, Harry começou a escutar ao longe os gritos tão familiares.
-Recuem!!!- falou Morgan.
-Não!!!- falaram Harry e Rony.
Leão, Veado e colibri se mantinham embora fracos, até um som alto atrás deles anunciar duas enormes formas prateadas, que antes de alcança-los já os cobriam com suas luzes claras, uma grande pantera e um lobo passaram por eles, ao lado de Morgan apareceu a profa Minerva ao seu lado, olhando para Draco Malfoy no chão, estava Snape, que falou sério.
-O ministério já esta aqui.
-Finalmente!- disse Morgan.
Eles puderam relaxar, os Dementadores batiam em retirada, Harry, Rony e Morgan sentaram no chão exauridos, ela os olhou e puxou um coro de risadas nervosas.
-Boa.- ela olhou para Snape.- Faz tempo que não me divirto assim.
Snape puxou Malfoy, enquanto Morgan e Minerva Puxaram Neville para um dos sofás do segundo andar, a luz do sol começou a entrar pela janela.
-Vocês estão bem!!!- Hermione apareceu para abraçá-los.
-Como estão todos embaixo?- perguntou Rony tentando achar os irmãos.
-Bem... depois que Fred e Jorge conjuraram aqueles cavalos... ficamos bem.
-Ah, foram eles...- disse Harry.

Após a terceira vez que repetia o que acontecera para uma pessoa do ministério ele foi liberado e pode sair indo de encontro dos amigos, haviam carruagens para levar as pessoas de volta muitos alunos iam com as mais diferentes expressões, do pavor exagerado a total descontração.
Subiu na carruagem com os amigos, Gina estava preocupada com Neville, mas Jorge a consolava, Luna pareceu acompanhá-los por engano.
-Ora, ele tá bem...
-Afinal você não ia notar muita diferença se um dementador pegasse ele...
-Idiotas.- ela falou preocupada.
-Neville está bem Gina.- disse Rony.
-É, ele resistiu bem - disse Harry.- Belos Patronos.- disse aos gêmeos.
-Nada como o de Luna. né Luna?- falou Gina.
Rony perguntou:
-Qual?
Luna sorriu:
-O avestruz...
Hermione olhou para Luna, para Harry e então para fora.

Entrar no castelo e sentir aquele calor e segurança era maravilhoso, mas Harry se afastou dos amigos:
-Aonde vai?- perguntou Rony quando ele seguiu em frente.
-A ala hospitalar.
-Por quê?- perguntou Hermione.
-Vou ver Neville... e o Malfoy.
-Vou com você.- disse Gina.
-Pirado.- disse Jorge subindo.
-Maluco.- disse Fred.
Ambos desviaram do caminho indo para a biblioteca quando certa garota passou.
-E eles são burros... vamos Harry?- perguntou Gina
-Vamos.- ele a seguiu.

Madame Pomfrey estava cuidando de cerca de trinta e alguns alunos, e agradeceu ajuda para picar o chocolate, de longe não houvera danos sérios, só algumas garotas que estavam fora e não puderam se esconder
que estavam em choque, mas não tinham sido atacadas, Gina rapidamente se postou ao lado da cama de Neville que estava bem, Malfoy tinha companhia de algumas garotas da sonserina, arrulhando em volta de sua cama, principalmente quartanistas entupindo-o de chocolate, assim que Neville foi liberado eles voltaram a sala comunal. Harry ainda viu Malfoy lhe sorrir arrogantemente quando passaram, acenou com a cabeça para ele mesmo assim.

Na sala comunal houve festa, muitos alunos ali tinham conjurado seus patronos pela primeira vez, tanto que os mais diversos animais prateados encheram o lugar por muito tempo, e Harry deu especial atenção a cada um deles que queriam lhe mostrar como eram, Simas finalmente lhe mostrou seu peludo Patrono, um grande castor arrepiado, depois de demonstrar o seu patrono pela terceira vez, a pedido dos calouros e secundanistas, que nunca o tinham visto, ele finalmente pediu para dormir, até porque era a terceira vez que a profa Minerva aparecia no buraco do retrato mandando-os dormir e ameaçando tirar pontos da própria casa...

Mas o amanhecer de domingo não foi nada simpático, acordou sentindo-se exausto, não pode dormir, teve pesadelos horríveis com seus pais e Ana, mas dessa vez induzidos por Voldmort que parecia realmente furioso com o fato dele ter escapado ileso do ataque, havia sido uma noite longa e dolorosa, ele estranhou a calmaria da manhã, mas não se moveu, o tempo passava e havia apenas silêncio e seu corpo protestando, ouviu murmúrios da posta, algo estranho, se levantou, encontrou o dormitório vazio, sorriu “Hermione os convenceu a não me incomodar... protetora como a Molly.” Pensou, estava se vestindo quando Rony entrou, apenas pela cara do amigo ele sabia que algo não estava bem... Rony contornou a sua cama e sentou-se, olhando-o amarrar os sapatos.
-O que foi Rony?
-Ah... nada... vamos comer?
-Pensei que já tinham ido... deve ser tarde.
-Não... não é... acho que vamos comer lá fora..-ele tentou parecer animado.- As meninas tiveram a idéia...
-Você tá bem?
O amigo forçou um sorriso “lógico, bobão...vamos comer, elas estão esperando...” mas Harry não sentiu nenhuma confiança na falsa alegria dele.
Embora ensolarado, sem nenhuma nuvem a vista, os jardins estavam vazios e os amigos estavam silenciosos, sentaram em meio as roseiras , os amigos apesar de tentarem parecer animados, não estavam, essa sensação de que tentavam engana-lo era horrível, então ele se sentou olhando o jardim, sol no rosto, como gostava daquela sensação...
-Tá agora que estamos todos bem servidos comecem a falar... O que houve? Pra que me afastar do salão?
Olhares encabulados... Harry ficou de pé, saiu andando, os amigos pareceram paralisados por alguns segundos então se levantaram:
-A gente queria falar com você...- disse Mione.
-Mas vocês ficaram quietos o tempo todo... sabe, isso é meio irritante.- parou.- Então a menos que seja uma brincadeira espero que não estejam escondendo nada sério de mim.
Mas o algo sério estava dobrando o jardim a procura de encrenca, eram cinco rapazes do sétimo ano, aparentemente Corvinais, daqueles que tinham apoiado Cho Chang na fofoca com Ana, Todos com caras nada amistosas, Um deles em particular estava com um olhar assassino.
-POTTER!!!
Harry nem precisou abrir a boca, os Gêmeos se enfiaram na frente:
-Você já berrou o que tinha que berrar Alissam!!!- disse Fred.
-Não estou falando com você Weasley!
-Você tinha é que estar na ala hospitalar!!!- disse Jorge.
-Saiam da frente!!!-gritou outro deles.
Um outro mais nervoso puxou a varinha, ninguém nem viu, mas ele estacou, então se viraram para Harry que falou irritadamente:
-O que tá acontecendo aqui?!
Mas o rapaz, Alissam puxou a varinha:
-Seu arrogante convencido!!! Professor de araque!!!
Atacou, foi uma confusão, os gêmeos se meteram, até Hermione acabou puxando a varinha, no final acabaram estuporando os cinco, mas Harry entedera, Alissam gritara no meio de um feitiço de contusão. “enchendo a cabeça dos menores, das meninas, com essa besteira de duelo!!!”.
-Essa besteira...- repetiu olhando Alissam desacordado.
-Harry...
-Quem se feriu no ataque?
-A irmã menor dele.- disse Rony.- Mas não é nada grave.
-Nada grave... tá certo... vamos levá-los a enfermaria.
Mais cedo ou mais tarde alguém ligaria o ataque a ele por motivos certos ou errados, Harry até tinha pensado nessa possibilidade, sabia muito sobre maldade humana para ignorar o que o medo podia fazer, mas não esperava uma reação violenta como a de Alissam, cuja a irmã quartanista, empolgada com um sopro de Patrono acabou caindo de uma escada na Dedosdemel... o pior foram as cartas que foram escondidas dele, cartas de pais... preocupados... com Voldmort... e com ele.

Sem avisar os amigos ele retirou a placa da porta da AD e se trancou lá dentro. Ficou olhando a lareira, talvez criar um grupo que soubesse duelar não fosse tão seguro assim... ficou ali em silêncio.

Na foto os dois jovens ainda se cutucavam e se olhavam com uma cara de provocação mútua, eram parecidos até...
-Ele gostava de me provocar...
Harry ergueu a cabeça, Morgan o olhava com uma cara de compreensão.
-Você e essa mania de se sentir responsável por tudo.
-E eu não tenho uma parcela de responsabilidade? Eu não os ensinei a pensar... no que fazer...
-Ensinar a pensar? Harry, nem eu posso ensinar alguém a pensar... pessoas são pessoas... são falhas... cometem erros bobos...
-Não foi um erro bobo, ela podia ter morrido.
-Mas mal quebrou uns ossos... até parece que é tão ruim...
-Morgan... eles estão empolgados com uma coisa... ruim... acham que uma duelo é uma brincadeira...
-Claro que acham... que bom não? Eles não tem sombras na vida... eu disse isso uma vez quando era jovem, eles caminham em um caminho ensolarado, por isso não tem medo ou preocupação.
-Pare de ser boazinha...
-Eu boazinha...- ela riu e bagunçou os cabelos dele.- Você está ficando lesado com essas viagens e porradas que leva.
-Não faz isso!- ele disse tirando as mãos dela de seus cabelos.
-Assim fica igual a seu pai... se bem que ele nunca os deixava tão compridos...
-E você me disse que não os conhecia bem...- retorquiu se levantando e colocando o retrato de volta na gaveta da escrivaninha.
-Bem, eu não gosto de falar de meus anos em Hogwarts... não da maior parte deles...
-Imagino...
-Ás vezes quando você fala...
Ele se virou curioso.
-Pare de pensar em coisas ruins... você sabe o que isso faz a você...
-Não consigo...- ele pôs a mão na cabeça.- Acho que vou enlouquecer Morgan...
Foi sincero, porque confiava nela, se sentia seguro em assumir seus medos e falhas para ela, sem se sentir burro.
-Pare de pensar em Ana e seus Pais...
-Não consigo... eu tenho pesadelos sabe... o tempo todo.
Ela o abraçou maternamente, ele ainda com a mão na cabeça.
-Você tem que aprender a deixar as coisas para trás... mas eu sou a última pessoa que pode dar esse tipo de conselho...
-Eu tenho pensado muito...
-No quê?
-Em tudo... na AD, em Sirius, nos quatro... na profecia... no que Voldmort falou...
-Pare...- ela começou a falar então o olhou seriamente.- No que Voldmort falou?
-Naquela noite...
-Ah... entendi...- ela sorriu.- Entendi... a profecia...
-Não só ela, o que ele quer de mim afinal... Dumbledore disse que ele não quer me matar, nem ele parece mesmo querer... eu senti.
-Isso abala você?
Ele a olhou meio incrédulo, ela sorriu.
-Só desejamos o que nos falta Harry... Voldmort está começando a entender que não é só sorte que lhe mantém vivo.
-Grande consolo, Morgan...
Ela riu, encostou a testa na dele.
-Você duvida de você mesmo... de sua capacidade de sobreviver...
-humpf...
Eles ficaram em silêncio ali por um bom tempo, apenas quietos, comom estavam no três vassouras antes do incidente, até que algo que o perturbava a um bom tempo lhe veio a mente
-O que é Akasha, Morgan?
-De onde você tirou isso?
-Voldmort...
-Naquela noite?
-Hum hum...
-Do que ele falou?
-Ele... disse que eu tinha o mesmo Akasha da infância... o que ele queria dizer?
-Você não sabe o que é Akasha... bem a maioria não sabe... você teria que ir ao Oriente Médio, Egito, África-árabe para aprender sobre o Akasha... bem típico dele... é uma definição teórica para a magia natural...
-Como?
-Aptidão mágica, você deve ter feitos coisas sem querer na infância...
-Claro...- riu lembrando do caso da cobra brasileira.
-Isso é o Akasha se manifestando, a magia que cada um tem, naturalmente... mas que perdemos quando aprendemos a usar isso.- ela ergueu a varinha.- Na verdade a maioria dos bruxos fica tão dependente da varinha que não faz nada sem ela.
-Percebi isso.
-Mas a varinha é um instrumento, um parceiro, não tem o poder... senão qualquer aborto poderia pegar uma varinha e fazer a magia acontecer...- ela sorriu.- então descobrimos que você não perdeu esse poder... você fez algo sem varinha... isso é louvável na sua idade, me diz o que você fez?
Ele lembrou com prazer da cara de Belatriz caída no chão.
-Quase estuporei Belatriz...
-Isso que queria ver.- ela riu...
Ambos sorriram Morgan o soltou, pegou a placa no sofá e bateu sem cerimônia na cabeça dele.
-Ai! Poxa!- ele passou a mão onde ela bateu.- Doeu sabia?
-É pra você deixar de ser besta... isso é pra ficar do lado de fora da porta... não em cima da poltrona.
Ela disse abrindo a porta e sorrindo.
-Você só tem que lembrar daqueles que conjuraram patronos no três vassouras... Neville e Malfoy... e Chang,Lovegood a Granger e os Weasleys para começar... como você pode esquecer o que fizeram ali? Confie em você e nas pessoas a sua volta... um pouco mais. –ela se virou.- E vá aproveitar o domingo... seus amigos o estão procurando, semana que vem vai ser dura!
-Morgan...
Ela se voltou.
-Obrigado...
-Estou sempre por perto. Sempre que precisar.

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