-O Natal distorcido-



-O Natal distorcido-

-Finalmente encontrei você.
-Lupin?
Eles se olharam longamente, Lupin olhou a sepultura.
-Você não imagina o susto que deu em todo mundo.-disse ele em tom de censura.
-Eu imagino sim...-disse pesaroso.
-Desconfiaram quando você não apareceu para o almoço lá na escola... e meia hora depois Percy vai atrás da família e diz que você apareceu... SOZINHO!
Lupin não perdera a expressão serena que tinha, mas Harry sempre soube que o que fizera não era correto, mal podia encará-lo, imaginou a preocupação que todos deviam ter tido, desviou o olhar para o túmulo, teve a certeza de que valera a pena, escutou Lupin suspirar:
-Não pensei que faria uma coisa dessas.
Ele apenas se virou, se ajoelhou na frente do túmulo, limpando a lápide como fazia antes de Lupin aparecer.
-Engraçado... vocês nunca imaginaram que eu gostaria de ver isso?
-Na verdade, eu e Sirius conversamos várias vezes sobre o fato de você fazer tão poucas perguntas... você nunca perguntou sobre eles... sobre seus pais.
-Sempre pensei que se vocês quisessem que eu visse me mostrariam... eu nunca aprendi a perguntar...
Lupin ficou ali de pé, parecia ter perdido a capacidade de falar, mas Harry sabia que havia algo errado, enquanto limpava a lápide, puxava os tufos de mato e eles se soltavam facilmente, então escutou Lupin reclamar angustiado:
-Pare com isso, parece que quer desenterrá-los...
Isso lhe fez ter uma idéia macabra, começou a puxar os tufos com mais força, mais rápido, Lupin o segurou:
-Harry, se controle! O que pensa que está fazendo? Vai violar o túmulo de seus pais?
-Você não percebeu?!-disse nervoso.- O túmulo foi mexido! a terra está fofa! Você não está vendo?!-disse cada vez mais alto, mais desesperado.
Lupin o largou, se ajoelhou e olhou, começou a remexer também, os dois não precisaram se esforçar para encontrar o tampo de pedra que cobria o buraco do túmulo, havia marcas na pedra, estava lascada, empurraram, havia um grande buraco... o túmulo estava vazio...Lupin ficou parado pálido, olhando o buraco.
Harry tremia, mas perguntou:
-Que tipo de magia negra se pode fazer com terra e ossos?
Lupin o olhou, voltou a olhar o túmulo, levantou:
-Precisamos sair daqui... você precisa nos contar muita coisa, e Dumbledore vai querer saber disso... Harry... vamos.
Ele levantou devagar, ainda tremia, a poucos minutos dissera "Mãe...Pai... encontrei vocês... " mas na verdade os tinha perdido de novo, os tinham roubado, e ele sabia muito bem quem.
-Vamos!-disse Lupin.

Ele seguiu-o para fora do cemitério, calado, "era isso que você queria Voldmort?" "Era o que significava o ainda?", agora ele sabia, vira quando eles vieram profanar o túmulo de seus pais, vira, fora burro, muito burro, devia ter confiado no que via, estava cometendo o mesmo erro de antes quando deixara de praticar oclumência... não treinara nada o seu dom, na verdade fugia dele... "eu sabia o tempo todo, eu sabia mas não queria acreditar."


Lupin ergueu o braço da varinha naquela estradinha, e novamente ele viu o noitibus se materializar, Lalau apareceu na porta e ia começar a falar novamente,como se fosse um Déjàvu, ele interrompeu:
-Estou com pressa vamos.-disse entrando.-E não fale meu nome!
Lupin o seguiu enquanto Lalau coçou a cabeça, mas Harry sabia porquê, a repetição do gesto e da voz coçara a memória dele.
Pagou a Lalau os vinte e dois sicles enquanto ele o olhou longamente:
-Engraçado Ha... - ele parou porque Lupin ergueu a varinha.- acho que eu já sabia que você ia aparecer hoje... -disse e saiu confuso.
-Ele sabia?-Lupin franziu a testa.
-Eu explico.
Harry contou como e porque saiu de Hogwarts, Lupin foi um bom ouvinte,por fim sorriu:
-Sirius iria gostar de ouvir isso.
-Com certeza, mas só ele também...
-Na verdade você sabe que se arriscou demais não sabe?
-Sei.
-Hogwarts.-disse Lalau de longe como se tivesse medo de se aproximar dos dois.

Harry viu os portões da escola, estava de volta, são e salvo, menos de vinte e quatro horas depois de sair.
Incrível como lhe foi pesaroso botar os pés de volta no castelo, por dois motivos, por cerca de doze ou treze horas se sentira livre... se sentira normal, comum, voltar significava aceitar que não era nenhuma das duas coisas, e ainda havia a vergonha de encarar as pessoas que passaram cerca de dez horas preocupadas com ele, se sentiu muito estúpido e infantil, por ter saído sem falar com ninguém, a profa Minerva os esperava:
-Por todas as corujas, você está vivo!
-Parece que sim.-respondeu, o olhar dela era pior do que a voz de Lupin.
-Precisamos falar com Dumbledore.-disse Lupin.
-Certamente! Ele está esperando qualquer notícia.- ela disse eficientemente, mas ainda olhando Harry como se ele pudesse desaparecer de novo.Eles andaram muito rápido, ele mal prendeu a respiração quando a porta de entrada fechou e as entranhas dele se contraíram, quando ela disse:
-Penas de açúcar.
A gárgula pulou para o lado e eles subiram.
Pela primeira vez a porta estava aberta, Dumbledore falava com alguém na lareira:
-Sim, sim, espero notícias dele. Se ele o encontrar...
Minerva deu uma tossida leve e Dumbledore os olhou, parecia preocupado, e então ao olhar para Harry ficou com uma expressão mais serena, disse para a lareira:
-Ora, ora! Veja quem chegou...- e saiu do caminho.
Na lareira estava a cabeça do pai de Rony, Arthur, parecia bem e saudável, ele gritou:
-Está bem! está inteiro! Lupin o achou!
Com certeza estava comunicando mais alguém... então disse alegremente:
-Vou avisar a todos e aguardaremos notícias!
E sumiu da lareira, Dumbledore deu um aceno e a profa Minerva que os deixou fechando a porta:
-Fico contente que você o tenha encontrado Lupin, mas onde ele estava?
O fato dele não ter lhe perguntado feriu, Harry puxou rápido o pedaço de madeira que carregava e jogou na escrivaninha:
-Eu estava aqui.
Lupin o olhou com desagrado, mas Dumbledore pegou a placa de madeira sentou-se e olhou para Harry.
-Sim... imaginei que poderia ter ido para lá... Lupin também pensou nisso, mas eu pergunto porquê? Porque foi sozinho?
-Porque não era minha intenção ir...-disse olhando Dumbledore.
Dumbledore o olhou impassível, mas sorriu:
-Você conseguiu o que queria então.
Lupin os olhou, Harry perguntou:
-Como?
-Percy Weasley voltou para a família, você conseguiu.
Aquilo parecia não ter mais importância, mas quando ia falar Lupin o interrompeu:
-Estávamos certos... havia algo errado lá, -ele olhou de lado para Harry.- Dumbledore, o túmulo de... no cemitério... o túmulo... - ele parecia não querer falar sobre o que acontecera na presença dele.
-Voldmort mexeu no túmulo de meus pais!-disse Harry falando o que Lupin não tivera coragem de falar na sua frente.
Por um segundo Dumbledore pareceu calmo demais, quase entediado com a notícia, mas no segundo seguinte se ergueu e disse seriamente:
-Harry, isso quer dizer que ele está planejando algo...
-É uma armadilha não é?- ele tinha que dizer, ele precisava.- Eu vi em sonhos... mas achei que era como antes... como no caso... como quando ele me enganou.
Dumbledore e Lupin o olharam, ele se sentiu muito idiota, estava tendo pesadelos a meses mas não contava nada porque achava que Voldmort o estava enganando... os ignorava, na medida do possível.
-Você viu o quê? Preciso que me conte Harry... isso é importante.
-Eu tenho tido sonhos estranhos, então eu os ignoro...
-Pesadelos?-perguntou Dumbledore.
-Ás vezes... mas em outras eu vejo lugares... mas tenho impressão que quando vejo isso, ele também vê.
-Então você os ignora por causa do que aconteceu com Sirius...-disse Lupin.
-Mas recentemente,- ele continuou tentando não parecer mais idiota do que já era- Eu vi um lugar, e vi gente entrando nesse lugar... mas não sabia onde era... ou o que era... então a pouco tempo eu vi a casa... e Voldmort... me disse que eu era bem vindo de volta ao meu lar... achei que era brincadeira... um pesadelo...
-Então resolveu ir atrás!-disse Lupin o censurando.
Mas Dumbledore ergueu a mão, o encarou e falou calmo.
-Você ignorou esse sonho também... mas algo aconteceu que o levou para lá...
-É... quando eu saí... acabei na Biblioteca Pública e resolvi procurar... eu sei que não pensei no que fiz... mas quando encontrei... quando soube onde era... me lembrei... e eu precisava saber... precisava ver se o que eu tinha visto era mesmo real... eu sei que fiz uma grande bobagem... mas...
Dumbledore balançou a cabeça, lhe sorriu bondosamente:
-Não havia ninguém esperando por você havia? Aqui.- ele bateu na plaquinha de madeira.
-Não...
Lupin pareceu confuso.
-Foi muito bom que você tenha ido Harry.- disse Dumbledore.- Voldmort nunca imaginou que você teria a coragem... mandou esses avisos para que quando conseguisse o quer, pudesse torurar você... mas você foi, você viu e novamente sabemos que ele está planejando algo... eu venho pensando muito no que ele quer agora, principalmente depois do que você me contou sobre certa coruja na rua dos Alfeneiros...
-Não estou entendendo.-disse Lupin.
-Você não sabe sobre os motivos para removermos Harry nas férias da casa dos tios...-disse Dumbledore.- Creio que ele se aproximou demais.
-Voldmort?
Dumbledore consentiu com a cabeça, Harry lembrava bem, do medo que sentiu ao escutar Voldmort ao ver a coruja.
-Mas porquê?
-Você esqueceu o que aconteceu depois...-disse Harry se sentindo muito mal, se sentindo perseguido, marcado.- na Toca.
-Do ataque?
Dumbledore consentiu de novo.
-Voldmort está atacando o motivo de seu recente fracasso.
-Ele está me atacando...-disse Harry. - Ele quer algo de mim.
-Quer o que de Harry? Dumbledore, isso não faz sentido...-disse Lupin sério.
Mas Harry e Dumbledore sabiam, sabiam que Voldmort queria a Profecia escondida em Harry, queria saber porquê não conseguira matá-lo.
-Faz Lupin, Voldmort tem sido detido por Harry cinco anos seguidos, agora ele quer saber porquê.
-Pensei que o porquê tinha acabado com a profecia, que ele iria tentar se reerguer...
-Ele não pode...-disse Harry.
Dumbledore sorriu tristemente para ele, se virou e disse para Lupin:
-Voldmort está em um impasse, não consegue mais seguidores porque foi derrotado várias vezes por Harry, precisa de seguidores para ter o poder, precisa de poder para atingir seus objetivos, então para atingir seus objetivos...
-Tem que...-Lupin olhou para Harry.
-Me matar.- Harry confirmou.
-Não exatamente...-disse Dumbledore.
Agora Harry também não entendera...
-Ele precisa deter Harry, mas perdeu a chance de desacreditá-lo, no ano passado, se ele não quer matá-lo, o que ele quer?-perguntou Lupin
-Isso nós ainda temos que descobrir, pra isso vamos ter que descobrir o porquê dele ter se dado o trabalho de violar o túmulo de Lílian e Tiago.-disse Dumbledore sério.
Harry não conseguia pensar, estava cansado, queria dormir, puxou uma cadeira e sentou-se sem cerimônia alguma, olhou para o chão.
-Quero que vá descansar, Harry, você teve um dia difícil...
-E quanto eu ter... fugido?
-Sei que é difícil dizer isso, mas na verdade, há pouquíssimas pessoas no castelo nesse natal, os dois alunos que ficariam da sua casa foram levados no meio da tarde pelas famílias, ninguém vai saber que você saiu... na atual situação, não se preocupe com punições.- disse Dumbledore calmamente.
Harry levantou e saiu, Dumbledore pediu para falar com Lupin, "quero que você entenda que é mais seguro se ficar aqui.", mas no fundo, o que doía é que Dumbledore falara de maneira gentil que ninguém dera por sua ausência antes do meio da tarde... afastou o pensamento sombrio ao lembrar dos rostos preocupados de Lupin e da Profa Minerva, e da Alegria do Sr Weasley...
Mas entrar na sala comunal vazia foi torturante... estava sozinho, completamente sozinho, desejava tanto ter com quem conversar, queria jogar xadrez com Rony, ou snap com os gêmeos, porque isso o fazia sentir-se bem, ou discutir as lições com Hermione e aturar as críticas de Gina, ou procurar o sapo de Neville... sem nada disso pra fazer, desejou terrivelmente não ter entregue o Grimório para Hermione.

Acordou com o café da manhã na mesa da sala comunal, no bilhete dizia que por não haver muitos alunos, os mesmos deveriam ficar nas salas comunais, e que o salão estava fechado.
"Eu não estou sendo punido? Estou?"
Pensou com amargura que se sentia como uma criança malcriada que fora deixada de castigo no quarto sem televisão...
Mas ao olhar da janela, percebeu que Hogwarts parecia mesmo morta, não havia uma santa alma lá fora, na verdade não viu ninguém o dia inteiro, estava completamente entregue a uma solidão fria, aquela que temia tanto quando tudo dera errado, eu devia estar lá embaixo com Ana... ele pensou olhando da janela, eu devia ter convencido ela a ficar... eu queria ela perto de mim agora...

Edwiges é que lhe visitou quando anoitecia, ele acarinhou as penas lhe deu um pouco de frutas que restaram do seu lanche e mandou um bilhete a Hagrid, perguntando como ele estava, na esperança que ele ficasse com pena e lhe convidasse para um chá, ou ver Grope, qualquer coisa seria melhor que ficar ali, valia até mesmo ver os dois últimos explosivins...

Foi dormir na véspera de natal completamente deprimido, ficou com vontade de pegar o flú que Morgan lhe dera e usar para ir... mas pensava onde? atrás de Ana? na casa dela? Ia ser um papelão... atrás de Hermione? isso ia dar falsas esperanças a ela que estava suficientemente confusa... Dos Weasleys? Seria bem recebido, mas ainda tinha o problema com Rony... para a sede da ordem? Sirius não estava lá...
Dormiu em frente a lareira, lendo, não queria ir para o quarto para acordar sozinho, mas quando despertou gelado de frio não teve escolha foi dormir na sua cama quente, deixou o presente de Dobby na poltrona, tivera a esperança que o elfo viesse visitá-lo.

"Estava indo com Bicuço para Hogsmeade comprar mais meias para Dobby porquê o elfo prometera trazer Hermione para lhe fazer companhia, mas o problema era que tinha enviado o presente dela pelo correio e então teria que comprar outro, mas não ia dar livros, ela tinha livros demais... pensou em uma jóia, talvez um anel...mas então encontrou Rita Skeeter que não parava de perseguí-lo para saber qual seria o presente ideal para ele na sua coluna de fofocas... e quando fugia dela parou na casa dos gritos, estava escuro e sombrio, lhe lembrava de Sirius... então escutou ás costas:
-Muito obrigado...
Ele se virou.
-Por salvar minha vida e me dar a chance de acabar com o último...
Era Rabicho, vestido de Comensal, com sua mão prateada e lhe apontava uma varinha.
-Dos Potter! Avada Kedavra!"

Acordou com o coração disparado, sentando na cama alerta, mas não sentia nada na cicatriz... era um mero pesadelo, afundou no travesseiro, era cedo, mas estava desperto... porque tinha que acordar? Não havia nada pra fazer, abriu as cortinas da cama e teve uma dolorosa decepção, não havia nada... nenhum presente, seria como seu aniversário, por causa daquele incidente na Toca, seu aniversário de dezesseis anos passara em branco, não que ligasse muito, mas já tinha se acostumado com os cartões,ele levantou e olhou em volta pensando no que vestir quando viu em cima de sua mesa de cabeceira, um pequeno embrulho quadrado...

Pegou-o com cuidado, estava escrito num canto do papel de presente H. Potter, bom pelo menos recebera um presente, mas com certeza não era dos Dursley, era um papel fino e bonito, abriu, era uma caixa, ele abriu, era um relógio, bonito, provavelmente muito caro,ele ficou olhando, viu o bilhetinho pegou:

“Eu pensei muito, sei que fui burra, muito burra...
eu não sei como você pode me perdoar e me procurar
eu não te mereço, mas te amo, Anjo.
EU TE AMO DE VERDADE, PRA SEMPRE!!!
ME ESPERE, EU VOU VOLTAR
E VOU GRITAR NO SALÂO QUE TE AMO!!!
ME ESPERA ANJO, ME ESPERA!!!
EU TE AMO AMO AMO, NÃO TE MEREÇO MAS AMO!!!
SEU ANJO ANA.
Ps mandei gravar uma surpresa no relógio.

Ele sorriu, era tudo que precisava para suportar tudo que vinha lhe acontecendo, sabia, esperaria, esperaria porque sabia que ela o amava também, pegou o relógio, virou no avesso da máquina estava gravado:

“A&H”
De verdade,pra sempre.

Ele sorriu e colocou o relógio, imaginava a cara dela recebendo o colar... "sorrirei pra sempre pra você.", deitou na cama, pensando nela, pensando se ela gostara do presente, se imaginando quando se reencontrassem, ele a cobriria de beijos, se ela gritasse para todo o salão que o amava ele ajoelhava nos pés dela.

Mesmo assim era muito chato ficar sozinho, ficou deitado até enjoar admirando o presente de Ana, quando sua barriga definitivamente estava roncando de fome ele escutou vozes na sala comunal:
-Harry! Harry!
Ele sentou na cama, achou que tinha sonhado, então a porta se escancarou, Gina e Hermione entraram correndo e se jogaram em cima dele:
-VIVO! TÁ VIVO, SIM!
-SEU DEMENTE INSANO!
Na porta os gêmeos:
-Gina ele vai morrer se vocês continuarem em cima dele!-disse Jorge.
-Mione, você é que tá parecendo uma demente insana!-disse Fred.
As duas saíram de cima dele, que sentou na cama e massageou as costelas, mas não pode conter o sorriso:
-O que vocês estão fazendo aqui?
-Mamãe disse: “A gente com a família toda reunida e o pobre do Harry completamente sozinho naquela escola fria!”-disse Rony entrando, imitando mãe.
-“Vocês tratem de dar meia volta e irem ficar com ele!”-completou Gina.
-“ Eis que surge o babaca do Percy, e conta a triste história de natal...”-continuou Jorge
-Com direito a fantasma do Natal presente,passado e futuro...- falou Fred.
-Eu sou qual?-ele perguntou rindo.
-Você é uma mistura de Trasgo com sei lá o quê-disse Hermione.- Tem idéia do perigo que passou?
-Acho que tenho uma vaga noção...
Ela lhe desceu uns tabefes.
-Ei , a idéia não é fazer companhia pro pobre aqui, e não me descer o cacete!-ele se protegeu com a almofada.
-Ah! Mas descer o sarrafo é mais divertido!-disse Jorge apanhando uma almofada na cama ao lado.
-Epa!-ele disse quando os cinco avançaram.

Resumo da guerra dos travesseiros: Vencedores: Fred e Mione. (eles conseguiram ficar de pé até o fim... )
Vítimas: Rony (abatido por engano por Jorge que o acertou com uma cotovelada ao tentar acertar Harry) Jorge (abatido por Gina ao ser empurrado sobre o malão de Harry e bater com a cabeça na cama...) três inocentes almofadas...(destruídas... que descansem em paz.)
Prisioneiros de Guerra: Gina (presa por Harry que teve o desplante, audácia e agilidade de enrola-la num cobertor e joga-la embaixo da cama!) Harry (Por Hemione que enfiou a fronha na cabeça dele e empurrou-o dentro do malão onde Jorge tropeçara... ele vai ficar com hematomas....)

-De quem foi essa idéia idiota!-perguntou Gina ao ser desenrolada.
-Da guerra de travesseiros?-perguntou Jorge ainda alisando o galo na cabeça.
-Não! De me enfiar embaixo da cama!
Quatro dedos indicadores enfiados nas fuças de Harry que ainda estava de pé “Pô Mione, tem meios mais delicados de quebrar a coluna de alguém...”
-Sabe... as vezes eu não acredito em como você faz certas coisas.-disse Fred.- nem vi quando você enfiou ela debaixo da cama.
-Habilidade.-ele disse cinicamente.
-Quero ver a tua habilidade quando eu te enrolar num pano velho e te jogar no lago!-disse Gina ameaçadora.
-Essa eu queria ver...-disse Rony.
-Todo mundo gostaria de ver...-disse Jorge puxando um lençol.
-Tem certeza que ninguém aqui é um comensal disfarçado?- ele perguntou
-Ah... não sei não.-disse Fred.- A Gina tá com uma cara estranha...

Era como se não tivesse passado dias ruins, foram almoçar na sala comunal, jogou xadrez até enjoar com Rony (que não pediu desculpas mas foi chegando, e Harry simplesmente resolveu esquecer...) Snap com os Gêmeos e aturou os risinhos deles quando Gina catou o bilhete de Ana e leu em voz alta:

Fred correndo, lençol amarrado na cintura imitando uma saia:
ANJO ANJO EU TI AMO!!!
Jorge com os óculos de Harry:
ANJO ANJO EU TI AMO TAMBÈM!!!
Gina com uma toalha verde amarrada como capa imitando o Malfoy diretinho:
-ESTUPOREM ESSES DOIS!!!

Ele sentia dor de barriga de tanto que rira naquela tarde, os gêmeos estavam roncando na sala depois dele contar com detalhes como fugira... até a parte onde encontrara Percy... no meio da história começou a ficar em dúvida sobre o que devia falar para eles, não queria falar naquele assunto mórbido sobre seus pais, quando perguntaram onde ele tinha ido ele disse sonsamente:
-Fiquei passeando, vendo as coisas, nunca tinha visto as lojas enfeitadas, foi bom para relaxar.
Hermione lhe deu mais uns tabefes chamando-o de muitas coisas , trasgo foi a mais delicada, ficaram conversando, ele soube notícias do Weasleys, o pai de Rony estava bem, mas a mãe dele tinha sido atacada quando fora encontrar com algumas pessoas , mas nada sério, no mundo fora de Hogwarts, ainda a inquietante falta de ação, poucos ataques...
Voltaram a falar da casa, Hermione falou como soube que ele sumira... ela foi até em casa mas os pais tinham sido sorteados para fazer uma nova lua-de-mel em uma convenção de dentistas que tinham ido, ela ficou com os Weasleys...

Definitivamente eles se esforçaram para não falar da briga, e se divertiram muito, como se estivessem retrocedido alguns anos, Bichento ainda teve a audácia de tentar puxar o relógio de Harry, Ele só não chutou o bicho por respeito a Hermione. Jantaram maravilhosamente bem. Estavam famintos, ele nem comeu tanto, estava cansado... quando voltavam para seus lugares em frente a lareira aconteceu...

Harry sentiu uma súbita dor na cicatriz, os amigos o olharam relaxados, isso acontecia tanto, nem ele deu atenção, mas em seguida a dor ficou tão forte que cambaleou:
-Harry o que foi?-perguntaram.
-Não sei –disse massageando a cicatriz.
“me ajude....Harry me ajude... “
Ele escutou, parou.
“Socorro, alguém! Não! Alguém! HARRY!”
Ele agarrou a própria cabeça quando sentiu, mas dessa vez mais forte,mal sentia os amigos o chamarem, ele arregalou os olhos e balançou a cabeça angustiado, ele apenas berrou:
-NAAÃÃOOO!!!
Se ergueu, sentia as lágrimas, as perguntas dos amigos, achou que iria enlouquecer, balançava a cabeça se recusando a aceitar.
-NÃO!!! NÃO!!! NAAÃÃOOO!!!- berrou
Se pôs de pé , ainda berrava negando, correu, subiu as escadas, se jogou no quarto, fechou a porta, achou que explodiria de dor, correu a trave de madeira empoeirada trancando a porta, ainda gemia:
-Não! Não!!! Não pode , não pode!!!
Se jogou na cama, queria morrer, não podia viver depois de saber.
-Não! Não!!!!NÃO!!! ele gritou com todas as forças.
Só quando ficou totalmente exausto de berrar e finalmente consciente de onde estava, e do que houvera, e não havia mais dúvida alguma, ele se deixou ficar, escutando o desespero dos amigos tentando arrombar a porta quando escutou a voz de McGonagall chamando-o, mas não respondeu, tão chocado com o que vira que não podia se mover, primeiro que o que havia acontecido o deixara muito fraco, segundo que o desespero que se instalava nele era imenso, tão grande que se sentia morto, um farrapo, uma coisa, tamanho horror se revelara a sua frente. Foi a sonora voz de Graveheart que o chamou mais a realidade.
-Deixem ele em paz. Ele precisa ficar sozinho!
-Mas ele tá mal!-falou Hermione.
Os outros rosnaram em concordância, mas ela falou seriamente:
-Minerva, o diretor quer vê-la imediatamente, quanto a vocês vão dormir! Rony pode usar o quarto com os gêmeos, sem mais, ele prefere ficar sozinho, sei sim! Por isso mesmo! Confie em mim ele quer ficar sozinho! DEPOIS! VÃO DORMIR!!!
Seguiu-se um silêncio monstruoso, ele ainda olhava fixamente para a janela, podia ir, ir embora se quisesse, não havia motivo pra ficar, pra viver, estava jogado ali, deitado, ofegante, mirando a janela quando sentiu, acariciou seus cabelos, por muito tempo, ele não se moveu, não importava, nem que fosse Voldmort mexendo em seus cabelos faria diferença...
-Harry...
-Vá embora.-sua voz saiu fraca e rouca.
-Harry...
-Me deixem em paz... me deixem morrer...
-Ela não o perdoaria por morrer de tristeza...
-Cala a boca! Você não sabe... como ...
-Ela ia te querer bem...
-Eu nunca mais vou vê-la... eu nunca mais vou saber... eu não posso continuar sem ela...
-Ah...
-por quê eu não fui? Eu podia ter ido embora com ela se quisesse... morrer...
Graveheart o ergueu, ele a olhou, ela o puxou apoiou-o no peito abraçou-o, ele não podia suportar, ele queria morrer, morrer seria um alívio...
-Quando a pessoa que amamos se vai, a primeira coisa que desejamos é morrer...

Ele reviu, apoiado em Morgan, ele reviu o que o martirizara tanto...
Quando escutou-a chamando-o, “me ajude....Harry me ajude... “ foi como se sua alma respondesse, a viu, sozinha, na sala de jantar destruída, chorando, havia gente morta ali “Socorro, alguém! Não! Alguém! HARRY!” ele tentou responder, mas não pode, a volta dela os parentes estavam mortos... ela arregalou os olhos quando foi atingida:
-Crucio!- berrou Belatriz...
Ele agarrou a própria cabeça quando sentiu, ele arregalou os olhos e balançou a cabeça angustiado, ele apenas berrou:
-NAAÃÃOOO!!!
Ana voltava a se erguer segurava algo na mão, algo que estava preso ao pescoço, lutou, tentou se defender:
“Harry! Me ajude... Anjo! Me dê forças! –ela berrava”
Mas ele escutou Belatriz rindo...
-Últimas palavras?
-Harry!-ela balançou a cabeça chorando.- Não quero morrer... não assim!!!
-AVADA KEDAVRA! –lançou Belatriz.
Se ergueu, sentia as lágrimas, achou que iria enlouquecer, balançava a cabeça se recusando a aceitar.
-NÃO!!! NÃO!!! NAAÃÃOOO!!!- berrou
Mas a imagem de Ana caindo morta, com o olhar parado, lágrimas no rosto, ainda segurando o colar que ele lhe dera parecia gravada no fundo de seus olhos... morta, intocada de qualquer ferimento, linda, mas morta...

-Não! Não!!! Não pode , não pode!!!-ele ainda repetia agarrado a Morgan.
-Ana, morreu Harry, você viu, nós ficamos sabendo.
-Não! Não!
-Chore, grite, mas pare de prender isso em você!
-Não! Eu não quero, eu não aceito! Eu quero ir com ela!
-Você não pode! Ela morreu! Você está vivo!
Ele parou de berrar, ela o olhou ele ficou sentado, olhar fixo no espaço.
-Você não pode desistir de viver, Harry, ela não ia querer isso, ela te amava.
-E eu amo ela....-olhou Graveheart, ela chorava.
-Eu sei... você ama ela...
Ele soluçou, Morgan o amparou, e ele soluçou porque não podia segurar, porque sabia que não a veria mais, porque Ana nunca mais estaria ali para chamá-lo de anjo, porque ele nunca mais iria sorrir na vida, Morgan o segurava e consolava, mas ele apenas sentia um monstruoso vazio, mesmo reconhecendo aquela dor, não se comparava, não tinha comparação, era como se tivessem arrancado parte dele, ela nunca mais iria sentar no jardim com ele, ele não ia poder mais vê-la, suspirou meio engasgado:
-Eu prometi que ia esperar por ela... pra sempre.
Morgan o apertou, chorava também, compartilhava sua dor...
-Eu não pu...de me des...pedir... a gente ter...minou briga....do.... eu não pu...de abra...ça-la de no...vo.
-Ah... Harry...
-Eu nunca mais vou ver ela! Eles tiraram ela de mim!!!
Morgan ficou ali, o resto da noite, enquanto ele chorou, sem saber o que fazer com sua dor...
-Porquê? Ela não podia se defender!!! Eu não quero! Eu quero ela de volta!

“Alguém me devolve! Me devolve ela!!!”

“POR FAVOR...”

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