-Um motivo para continuar-
-Um motivo para continuar-
Quando abriu os olhos era tarde, mas Morgan ainda o segurava nos braços... ele adormecera de exaustão... ainda sentia os efeitos de sua projeção, fraco, doente, abatido, ou seriam efeitos da dor de perder mais uma pessoa que amava? Ele não sabia, tinha medo de saber e não queria pensar, queria mergulhar naquela escuridão fria e sumir... estava deitado ainda com a mesma roupa com que recebera tão feliz a volta dos amigos, e aquelas risadas e brincadeiras pareciam pertencer a outra vida, como já acontecera tantas vezes antes... tantas vezes...
-Estou cansado...
Morgan o olhou, não percebera que ele estava acordado:
-Claro que está... foi muita coisa... você fez muito...
-Estou cansado de viver assim...
Ela apenas passou a mão nos cabelos dele:
-O que eu fiz... pra merecer isso? Por quê eu?
-Isso não tem resposta...
-Eu sei...
Ele se sentou devagar, passou a mão no rosto enxugando o que ainda restasse de lágrimas, sentiu Graveheart segurar seu rosto, ela estava com as mãos quentes:
-Você vai superar, nunca vai esquecer, mas vai superar...
Ele olhou fundo nos olhos violeta dela, se sentiu um pouco melhor, porque encontrava consolo neles, porque ela sabia o que estava falando... porque podia confiar nela.
-Eu vou...
Ela sorriu, mas ele não, apenas ficou olhando, ela se levantou:
-Seus amigos já devem saber o que aconteceu, devem estar preocupados com você, mas se não quiser vê-los ainda, digo que está bem...
-Não sei... –disse se encostando na cabeceira da cama encolhido.- Não sei o que eu quero...
Ela lhe olhou bondosamente, aprumou a veste, enxugou os próprios olhos e disse animadamente:
-Pessoas se curam mais rápido junto de outras pessoas que compartilhem sua dor...
Ele concordou com a cabeça, se ela não tivesse passado aquela noite com ele, ele teria ido, teria se desconectado do mundo tentando encontrar a alma de Ana... quando ela chorou com ele tornou a dor mais suportável, sabia disso,ele olhou de novo a janela:
-Acho que vou descer... vê-los... dizer que estou bem.
-Acho que não vai precisar descer...-disse Morgan que abriu a porta.
Quando ele olhou para a porta viu que os cinco estavam ali, provavelmente aguardando a horas, com caras abatidas, ele sentou-se na cama, os olhando, não sabia o que dizer, cada cara mais triste que outra, os gêmeos estavam sérios, muito diferentes do eram normalmente, Gina parecia muito cansada, não o olhava diretamente, assim como Hermione, que estava chorando silenciosamente, mas foi Rony que andou, deu dois passos e o olhou, estava muito pálido, com um rosto marcado por uma dor muito grande, Harry não compreendeu o que tinha acontecido com o amigo, sua cabeça estava saturada do choque, foi quando Rony correu, se jogou na sua frente de joelhos, pegou as mãos de Harry e colocou na sua própria cabeça, Harry se assustou, Rony estava muito frio, tremia e gemia, então, quando falou Harry pode compreender:
-ME PERDOA!!! ME PERDOA!!! É MINHA CULPA!!!
-Rony?
-É MINHA CULPA!!! ELA MORREU POR MINHA CULPA!!!
Harry não sabia o que fazer, apenas ficou ali, sentindo o amigo chorar nos seus joelhos e com as mãos na cabeça dele, chocado demais com suas palavras:
-SE EU NÃO FOSSE... TÃO... EU NÃO POSSO ME PERDOAR!!!
-RONY.-falou mais forte.
-SE EU NÃO TIVESSE FEITO O QUE FIZ ELA ESTARIA AQUI COM VOCÊ, ELA NÃO TERIA IDO PRA CASA!!! TERIA FICADO PRA PASSAR O NATAL COM VOCÊ!!! ESTARIA AQUI!!! EU NÂO TENHO PERDÃO!!! É MINHA CULPA!!!
Harry fechou os punhos na cabeça dele, poderia mata-lo se quisesse, teria forças pra tanto, mas ele estava ali, tão infeliz quanto ele, seu amigo, ele tinha culpa sim, mas não toda ela, Harry abriu os punhos, fechou os olhos, consciente que sua voz parecia grave e distante:
-Talvez a culpa faça você amadurecer um pouco...
Rony parou de gemer, ergueu a cabeça, olhos muito vermelhos:
-Eu...
Obviamente o amigo achava que ele não o perdoaria, mas Harry nunca conseguiria fazer isso, nunca pudera culpar ninguém, nunca guardara ressentimentos...a raiva havia passado a tanto tempo.
-Eu posso perdoar você... eu perdôo você... eu nunca iria culpar você... mas Rony, é você que tem que se perdoar...
Rony o olhou, então apenas o abraçou chorando, soluçando:
-Me desculpe... por ser assim... tão burro...
-Você é meu melhor amigo, eu preciso de você do meu lado... pra continuar...
Foram os soluços das duas garotas que o despertou, ele balançou a cabeça:
-Rony...
-Hã...
-Tipo... me larga... tá todo mundo olhando...
Rony o largou, se levantou, ainda muito branco, ele se levantou também e colocou a mão no ombro de Rony, disse muito triste:
-Eu só não quero falar daquilo, não mais, não com você.
Rony concordou com a cabeça, em silêncio, então foram Gina e Hermione que o abraçaram ambas em silêncio, ele nunca fora a um velório, mas sentia que podia ser assim, nem a morte de Sirius os afetara tanto, os Gêmeos também o abraçaram, mas era uma sensação estranha, como se tudo fosse irreal...tão mergulhado na ausência que se sentia ausente também.
Foi no mesmo dia que chegaram ao largo Grimauld, ele não se dera o trabalho de perguntar por quê, A Sra Weasley o abraçou tanto, que ele achou que ela pretendia deixá-lo inconsciente... Ele quase não suportava aquela atenção toda... era como se tivessem medo de deixa-lo sozinho, ele almoçou com todos reunidos, Os Weasleys, a família completa, mais Hermione, Tonks, Lupin e Morgan... todos tentando discretamente animá-lo, ele recebeu os presentes que não havia aberto no castelo, era estranho fazer isso lembrando do presente dela em seu pulso... ficaram muito tempo por ali, ele sabia que planejavam algo, falam de escolta, de horário, guarda, mas ele não tinha interesse algum naquilo, foram dormir em silêncio e ele caiu num sonho de lembranças mudas.
Quando acordou, Rony ainda dormia, seu amigo estava distante, mas uma distancia diferente da anterior, sabia que Rony não se perdoara, e no fundo, bem no fundo, algo dizia que Harry também não conseguira perdoá-lo totalmente, mas ele não queria ficar deitado, não se fosse para pensar naquilo...se vestiu e desceu, escutando vozes, na cozinha, não dava pra não escutar, principalmente as vozes graves de Quim e Morgan, ele se aproximou e sem intenção escutou a conversa:
-Então publicaram...-disse o pai de Rony
-É... primeira página.-confirmou Lupin muito depois.
-Como ele está?- era a voz de Quim, sem parecer tomar conhecimento da conversa entre Lupin e Arthur.
-Ele parece bem...-respondeu Thonks vagamente.
-É claro que não está bem, ele viu tudo.-disse Morgan em tom de censura.
Houve um silêncio constrangedor...
-Guardem esse jornal antes que ele veja.-disse a Sra Weasley, rispidamente.
-Mas eu gostaria de ver.- ele falou da porta.
Os sete na cozinha o olharam, ele fingiu que não tinha reparado e sentou ao lado de Lupin, pegou o jornal da mão dele sem que nenhum tivesse coragem de interromper, havia a foto de uma casa, bonita, classe alta, arrombada, marca negra brilhando no reflexo das vidraças...
“Perdem-se os Abott”
Ele mal leu, dizia que a sociedade bruxa perdia uma distinta família, bruxos pilares da sociedade, quatro gerações mortas, ele nunca soubera que Ana tinha os bisavós vivos... nunca falaram de família, o artigo era meloso, por causa do natal, “morreram como viveram, comemorando uma festa tradicional em família”, não sabia que eram fornecedores de material mágico para varinhas, que eram criadores de Fênixes, Ana nunca lhe contara, como podia saber tão pouco sobre ela? , da família sobreviveram apenas um irmão mais velho, que não estava presente na ocasião, e os tios, ninguém sabia que ela enfrentara os comensais até o fim, que ela lutara até o fim chamando seu nome... ninguém sabia que Belatriz a matara.
-Eu não sabia que os bisavós dela ainda estavam vivos...-murmurou.
-O que quer comer, querido?-perguntou a Sra Weasley.
-Qualquer coisa...- murmurou dobrando jornal e devolvendo a Lupin.
Acima de tudo não queria preocupar mais ninguém, o silêncio os envolveu quando todos saíram , menos a Sra Weasley que lhe preparava uma omelete leve para acompanhar as torradas e Lupin que parecia incomodado com algo, e quando começou a comer ele finalmente falou:
-O enterro dela vai ser hoje as seis... você quer ir?
Ele olhou para Lupin, surpreso.
-Não... eu... eu não sei... não devo.- olhou para o prato.
-O irmão dela pediu que fosse.
Ele voltou a olhar para Lupin.
-Sei que é difícil para você, se não quiser ir... ninguém está cobrando...
-Eu vou então.-disse firme.
Quando os amigos souberam deram opiniões bem diferentes, mas todos afirmavam que era ele que devia decidir, ele ficou muito tempo pensando no motivo real de ir, só encontrou um, tinha que se despedir.
Era estranho aquilo, uma escolta para ele ir ao cemitério ver o enterro de Ana, ver e confirmar que ela estava mesmo morta... entender, pra poder aceitar... inicialmente os outros não iriam com ele, por algum motivo todos estavam tensos, ele imaginava que Lupin já tinha transmitido a conversa com Dumbledore para toda a Ordem, mas ele estava tão desligado de tudo que mal percebeu quando Morgan o enfiou no seu carro, ele se sentia estranho, junto com ele estavam Lupin e Quim.
Rony e Hermione conseguiram convencer a todos que era melhor se fossem também, então Tonks e Moody ficaram no Largo com os outros, mas o silêncio imperou toda a viagem até chegarem ao seu destino... era um cemitério conhecido e abastado de Londres, haviam poucas pessoas, o carro entrou pelos portões, e parou em frente a uma capela, haviam umas pessoas por ali todos com roupas comuns, era uma coisa bem particular, Morgan e Quim ficaram ali fora falando com alguns conhecidos, se sentiu estranho em entrar ali, compartilhando da cerimônia, vestido de preto, erguendo a gola do sobretudo emprestado dos gêmeos para se proteger do frio cortante, ladeado por Rony e Hermione, o amigo muito pálido.
Na capela haviam sete caixões, mas ele não se aproximou, não tinha coragem, então pelo canto do olho viu um homem de expressão abatida falar com Lupin, eles o olhavam, Lupin se aproximou dele:
-Harry o irmão dela quer falar com você... ali atrás .- acenou para uma sala de onde saia uma mulher amparada pelo homem que falara com Lupin, provavelmente os tios de Ana.
Ele caminhou devagar, sozinho, sentiu que algumas pessoas o acompanhavam com os olhos, mas quando atravessou a porta estava com medo, porque não saberia o que dizer para o irmão de Ana, principalmente se ele o acusasse.
-Então é você, o tal Harry Potter.-disse o homem.
O irmão mais velho de Ana devia ter uns trinta anos, era alto, bonito, tão louro quanto a irmã e com olhos azuis acinzentados como os dela... e ele estava sentado desolado no banco de madeira daquele pequeno aposento.
-Você é o irmão da Ana.- ele falou se aproximando.
Se olharam, o homem sentado apoiado na parede, mãos pendendo inúteis apoiadas nas pernas, parecia arrasado, perdera toda a família, olhando-o estranhamente, para ele, ali, um rapaz de dezesseis anos, meio magro, todo de preto, com um sobretudo preto duas vezes maior que ele, mãos no bolso, com cabelos negros despenteados e um pouco compridos, olhando-o nos imensos olhos verdes.
-Agora sei porquê ela se apaixonou por você...-ele sorriu triste. - Você é como ela disse que era, uma pessoa corajosa.
-Não sei o que posso lhe dizer...
-Não precisa me dizer nada, você deu a Ana a coisa mais bonita que alguém pode dar...
-Eu sinto que a decepcionei...
-Não... ela não falou em nada além de você desde que chegou de Hogwarts. Ela parecia a criatura mais feliz do mundo quando recebeu aquele colar. Ela estava apaixonada e você também.
-É, eu amo a sua irmã.- ele falou mais baixo.
-Você realmente a amava...
-Não. Eu amo.
O outro o olhou com os olhos brilhando:
-Como você suporta? Como você aceita que nunca mais vai ver sua família?
Harry o olhou, e ficou em silêncio, ele não sabia se suportava, se aceitava...
-Você deve saber...- o outro meteu o rosto nas mãos.- Como se consegue viver quando alguém que amamos morre... por que eu só quero morrer...
-Ela não ia querer que você morresse... -estava repetindo palavras que não eram suas.- isso não os traria de volta.
-É não traria.- o outro confirmou tristemente.
-Eu também senti isso, senti que queria morrer, mas ela não ia desejar isso, se eu morresse ela não suportaria.
O irmão se levantou devagar e pôs a mão em seu ombro, conduziu-o para fora, quando viu, estava ao lado do caixão de Ana, e ela estava tão bonita, lembrava dela rindo, falando, sorrindo... estava com uma roupa toda branca, parecia apenas estar dormindo, tocou o rosto dela pela última vez.
Foi estranhamente familiar, consolar e ser consolado pelos tios dela, pareciam se conhecer tanto, ela falara muito dele, a tia dela é que secou suas lágrimas quando o caixão foi fechado, o irmão fez questão que ele ajudasse a carregar o caixão dela, ele fez, talvez porque se sentisse na obrigação de acompanhá-la pela última vez, sua única oportunidade de se despedir.
Quando finalmente acabou ficaram olhando muito tempo para a lápide, estava na hora de ir, ele se despediu do irmão e dos tios dela.
-Você vai terminar Hogwarts.-disse o irmão.
-Vou sim. E vocês? Vão ficar?
-Não, estamos indo embora, vamos ficar um tempo longe, fora do país, para esquecer...
-Entendo.- mas não entendia nada.
Ele foi até o túmulo de Ana, pensou no quanto desejara estar com ela nos dias em que não se falaram... sentia o desperdício daqueles dias... o quanto sentiria falta do seu riso, dos beijos.
-Adeus Anjo.
Se virou firme, não ia olhar para trás, estava acabado, iria conviver com aquilo, aceitar, olhou para Rony e Hermione ao Lado de Lupin, o cemitério estava esvaziando, os últimos Abott estavam indo para um carro, foi quando ele escutou Morgan gritar:
-Harry se abaixa!!!
Mas não deu tempo, algo o atingiu. Se chocou com algo duro.
Abriu os olhos varado de dor, sentiu algo quente escorrer pelo peito, Rony e Hermione corriam para ele, que tinha sido arremessado e colidido com a lápide do túmulo de Ana, eles aparatavam aos montes, haviam gritos.
Ele se ergueu de pronto, quando viu Quim enfiar o último dos Abott no carro e os mandar ir, enquanto duelava com dois comensais.
-É uma emboscada!-gritava Morgan.
Ele se pôs de pé, Rony e Hermione assustados ao seu lado, Lupin com eles, Quim e Morgan tentavam liberar espaço para que chegassem ao carro.
-Andem!
Sacaram as varinhas imediatamente, estuporaram alguns dos comensais, desviar e se proteger deles os atrasava, eram menos do que supunham mas se utilizavam do terreno, os túmulos dificultavam a localização deles que simplesmente se puseram entre o grupo e o carro.
Foi quando Belatriz apareceu, a única sem capuz, muito melhor do que da última vez que a vira, não aparentava tanto o desgaste produzido por Aszkabam, ria:
-Ora! se o bebê Potter não está crescendo... como se sente viuvinho?
-SUA VACA!!!
-Harry não!-Lupin tentou segurá-lo.
Ele sentiu de novo aquele ódio medonho se instalando em cada fibra de seu corpo, ele nem sentia o ferimento, só via aquela maldita assassina rindo na sua frente... queria matá-la, tinha que matá-la, foi detido por Rony.
Era um impasse, os seis estavam ali juntos, cerca de doze comensais restavam de pé, mas quando Belatriz parecia decidir em ordenar o ataque Morgan riu:
-Vai em frente Belatriz... me dá o motivo.
Belatriz que em nenhum momento parara de olhar Harry como se ele fosse a única coisa do mundo que valesse a pena, desviou um olhar temeroso para Morgan, e então simplesmente guinchou:
-GRAVEHEART!!!
Talvez ninguém tivesse reparado nela, mas houve um burburinho entre os comensais.
-MATEM ELA!!! MATEM ESSA TRAÍDORA!!! MATEM ESSA ASSASSINA!!!
Era um duelo real, era assustador, feitiços voaram pra todo lado, se afastaram para se proteger, também ergueram as varinhas, Hermione se defendeu muito bem com seu escudo dourado, Harry aproveitou o espaço restrito:
-AERUS!
Três comensais atirados longe pelo seu escudo de vento que geralmente dava errado e com efeito, o escudo descontrolado os jogara longe.
-Estupefaça!-bradava Rony.
O problema não eram só os feitiços lançados, mas também os rebatidos, eles tiveram que se afastar ainda mais do grupo, Hermione usava escudos o tempo todo, quase não pode atacar, ela e Rony estavam com os olhos arregalados.
Morgan e Belatriz duelavam ferrenhamente e haviam sumido de vista, ao longe Lupin e Quim também estavam ocupados, Mione gritou ao ser atingida, mas era um ferimento superficial no braço, foi aparada por Rony.
-Aerus!- atacou Harry.
O comensal que atacara Hermione não teve chance, foi arremessado pelo vidro de uma capela antiga, tiveram que virar o rosto porque não foi bonito de ver.
-Você matou ele!-esganiçou-se Hermione.
-Que se dane! -Harry virou e olhou o ferimento da amiga, suspirou aliviado ao ver que não era grave. - Ele não morreu, apenas atravessou a vidraça...
-Estupefaça!-gritou Rony
Acabava de acertar o mesmo comensal que havia se erguido e mirava em Harry.
-VIU!-disse ele para Hermione.- Cuidado! SOLUS!
escutaram algo bater na parede de terra que se erguera do chão.
-Harry! HARRY!-gritava Morgan de algum lugar.
-AQUI!-respondeu Hermione olhando em volta.
-CUIDADO! BELA FUGIU!!!-respondeu Morgan, uma ponta de fúria na voz.
-Temos que nos reunir!-gritou Harry, apertando o ombro, olhando em volta.
Estavam perdidos em um lugar com muitas capelas antigas, haviam se separado do grupo, Rony e Hermione pareciam muito assustados, ele estava preocupado e furioso, foram andando devagar seguindo os gritos de Morgan e Lupin, varinhas apontando para cada espaço aberto, quando pelas costas escutaram:
-CRUCIO!
Rony berrou, caiu berrando, se contorcendo, Harry virou encarando Belatriz, que sorriu:
-Enfim sós, Potter.
-Não!-disse Hermione, se levantando, tinha se abaixado para amparar Rony.
-Cuida do Rony.-ele se colocou na frente dela e encarou Belatriz.
-HAHA! ainda achando que pode comigo menino?!
-CALA A BOCA SUA VACA!!! EU VOU TE MATAR!!!-disse com raiva, erguendo a varinha.
Ele lançou duas magias de estuporamento consecutivas rebatidas por Belatriz, quando ele murmurou:
-Potere!
Rebatidas, aumentadas explodiram contra o escudo dela, Belatriz caiu.
-VOCÊ NÃO PODE COMIGO MENINO!!!-ela disse se erguendo com um olhar insano.
-ENTÃO ME ENCARA SUA...
O feitiço o acertou, sentiu na perna direita, mas continuou, em cada brecha, a cada deslize, lançando cada feitiço que tinha aprendido, via os olhos dela se arregalarem, ele só sabia de uma coisa, Belatriz era tão odiosa quando Voldmort, atacara os pais de Neville, matara Sirius e Ana.
-Seu monstrinho!- Ela gritou. - Você não morre... –parecia irritada.-MORRE DESGRAÇADO!!!-ela perdeu a cabeça.- AVADA KEDAVRA!!!
-ACCIO!
Foi a maior coisa que já tinha convocado, o Avada de Belatriz atingiu uma estátua em forma de Anjo que Harry convocara e ficara então no caminho, mas com a explosão, os fragmentos o acertaram, um pedaço da asa atingiu-o na cabeça ele recuou, mão na cabeça zonzo, sangue escorrendo.
-O que foi Potter? –ela riu ao se aprumar, braço erguido para se proteger.-Peguei pesado? –sorriu dementemente.-CRUCIO!
-POTERE!!!- ele se protegeu mais por reflexo.
Mas algo deu errado, seu escudo rebateu parte da maldição cruciatus, mas ele foi atirado de costas chapado no chão, Gemeu de dor, ouviu Belatriz gritar, viu ao cair no chão Hermione se defendendo de um comensal e Rony o atacando, estavam bem, mas precisavam de ajuda, havia mais um comensal atacando escondido atrás de uma lápide.
Se ergueu com dificuldade, assim como Belatriz, quando se olharam voltaram a esquecer todo o resto, tinha que acertar algo que a deixasse inconsciente, mas não conseguia, ela era muito boa de duelo. Atacou:
-ESTUPEFAÇA!
-PROTEGO!
-POTERE!
-SPHINX!
-ARGENTUM!
-LINX!
-AERUS!
"Estou só me defendendo... tenho que atacar mais rápido! mais rápido!"
-SPHINX!
-ESTUPEFAÇA!-atacou.
-LINX!
-SPHINX!
-CRUCIO!
-POTERE!
Mais rápido, mais rápido!
-MELLIUS!!!
-PROTEGO!
-POTERE!!!
-AH!!!
Belatriz foi arremessada pelo deslocamento da coluna de fogo, ele correu, era sua chance, estuporá-la, matá-la, dete-la, qualquer coisa...
-Estupefaça!
Errou, Belatriz, ofegando, ferida, sangrando, rolara no chão.
-Sphinx!
Uma das flechas de prata perfurou sua perna na altura da coxa, ambas as pernas feridas, ele segurou o ferimento, arquejando.
-SPHINX!
Duas flechas atingiram Belatriz na perna, ela berrou, mas se ergueu apoiando no túmulo mais próximo. Agora não se encaravam com fúria, era com ódio, ódio mortal,"ESTUPEFAÇA!", se defendiam muito pouco, "LINX", mal sentiam os ferimentos, "SPHINX" apenas queriam infligir o maior sofrimento possível um no outro.
-AVADA...
-MELLIUS!!!
-KEDAVRA!!!
Os dois arregalaram os olhos quando o escudo de fogo e a maldição letal se chocaram... o fogo ficou verde, e foi diminuindo, ficando mais brilhante e então explodiu.
Sentiu quando foi erguido no ar, quando o deslocamento perdeu a força, bateu no chão, uma, duas, três vezes, rolou, ficou caído, amortecido, dolorido, sem saber se poderia se mover novamente "acho que quebrei algo..."
-Harry!-era Hermione.
Ele se ergueu, ela e o amigo estava ali sentados, apertando ferimentos, dois comensais estuporados e amarrados, ambos olhando-o como se vissem algo extraordinário.
-O que foi?- ele disse arcando para frente, apoiando-se num túmulo, agora sabia o que quebrara, doía muito para respirar, foram as costelas...
-Potter!!!-Gritou Belatriz.
-Ah...não.-ele gemeu.
Belatriz se arrastava, ferida, apoiando o braço esquerdo, com a mão da varinha, aninhava o braço que tinha uma aparência medonha, estava rasgado, sangrento, ela tinha um olhar insano.
-Eu vou te matar!!! te arrebentar!!!
Ele sentiu Rony e Hermione se erguerem, para lutar, mas sabia que não eram páreo para ela, se forçou a ficar de pé ereto e apontar a varinha, Belatriz parou, olhou os três, olhou para o lado, com uma cara de profundo desprezo guinchou:
-Eu volto Potter, Você vai morrer!
CRACK!
Belatriz desaparatou antes de ser acertada por um feitiço de estuporamento. Morgan surgiu furiosa.
-SUA PUTA! COVARDE!-então virou o rosto e os viu.
Baixou a varinha surpresa, se aproximou olhando-os, media cada um dos três, olhou os comensais amarrados... Rony tinha uma expressão cansada, e uns arranhões, um corte feio na perna, Mione tinha um ferimento superficial no braço, um corte na testa, e arfava dolorosamente, mas Harry estava arrebentado, gemia baixo segurando as costelas.
-Vocês conseguiram pegar dois e segurar a Belatriz?!-disse espantada.
-Não.-disse Mione ainda olhando Harry que se escorara na parede da capela ao lado, as pernas tremendo tanto que tinha medo de cair...
-Eu e a Mione só duelamos com aqueles dois...-disse Rony, também olhando para ele.
Morgan apontou para Harry.
-Vocês querem dizer que ele duelou com Belatriz sozinho?
-Não, quer dizer que apanhei dela sozinho... não tem uma parte do meu corpo que não esteja doendo...-ele olhou a cara dos três.- espera... acho que minha orelha esquerda não está doendo... vê se ela tá aí ainda.
Morgan riu, e foi ampará-lo, "você é doido moleque."
Rony e Mione o olharam com censura, ele não conseguia caminhar.
-Que surra hein?-disse Morgan.
-Surra? Mal dava pra ver ele duelando.-disse Rony.- E quando você convocou aquela estátua?
-Você podia estar morto.-falou Hermione.- Foram dois! dois Avadras!
Morgan estacou, o olhou seriamente:
-Como assim?
Ele apenas gemeu dolorosamente,gostaria que ela não o mexesse tanto... Mione se apressou:
-O primeiro ele deteu convocando uma estátua... o segundo ele deteu com o escudo de fogo...
-Isso é impossível.-disse Morgan seriamente.
-Não é.-ele gemeu.
-De onde tirou a idéia da estátua?-perguntou Rony.
-Dumbledore.-ele gemeu, como eles o olharam ele completou.- vi dumbledore usar as estátuas da fonte no ministério contra a maldição de Voldmort...
-Você tem uma boa memória para duelos hein?-disse Morgan.- Mas e o escudo de fogo? Não há como deter um Avada com um escudo...-ela murmurou pensativa...
-Não foi um Avada seus lerdos...-ele protestou, eram seus olhos ou tudo escurecia?.- Ela errou... eu não sei o que foi aquilo... ela falhou na maldição... se bem que quase matou nós dois quando explodiu...- o que estava falando mesmo?
-Ah!-disse Morgan.- Foi isso que explodiu... poxa, se o que eu ouvi foi uma explosão de feitiços é um milagre você estar vivo!
-Você devia ter visto eles duelando!-disse Rony admirado.
-Harry você deu uma surra nela...-falou Hermione.
-Então porque tá doendo em mim?-gemeu, Morgan conseguiria arrasta-lo se ele parasse de andar?.
Lupin ficou muito preocupado ao ver como ele estava, haviam aurores por ali, gente do ministério, escutou o Sr Weasley perguntar por Rony e os outros, Rony chamou-o, ele veio e olhou o filho longamente, olhou Mione, só então olhou para Harry:
-Meu Deus o que fizeram com ele?
Mas desse ponto em diante ele não lembrava, pois desmaiou de dor...
Abriu os olhos e se viu num ambiente estranho, quieto iluminado, reconhecia vagamente o lugar, se mexeu devagar:
-Você acordou... finalmente!-disse a Sra Weasley.
-Calma Molly.- falou Morgan.- Ele está bem.
-Onde estou?-ele disse inquieto.
-Não se mexa muito... perdeu muito sangue.-disse Molly
-Você está no St.Mungus.-falou Morgan
-E os outros?
-Estão bem... foi só você que se ferrou...-riu Morgan
Molly a olhou com severidade, com certeza achando que não era motivo de riso, mas obviament Graveheart não pensava o mesmo...
-Ombro e perna perfurados... cortes profundos na perna e na testa... com traumatismo craniano... três costelas partidas, vários aranhões e hematomas... quando sua cara inchou, você ficou uma fofura!-ela lhe sorriu.
-Nossa desse jeito parece tão simples... quem imaginaria que isso doeria tanto...-ele falou cinicamente.
-É melhor descansar querido- atalhou a sra Weasley.- Morgan! Ele precisa de descanso...
-Claro Molly, ele vai precisar, porque depois do que aqueles dois contaram, os outros vão torturá-lo até extrair cada detalhezinho desse duelo...-ela riu.
Ele fechou os olhos, logo lhe deram mais poções, voltou a adormecer... saturado de pensamentos e emoções...
Acordou com os risos de Morgan, incrível como ela parecia bem humorada, ela continuou antes de abrir a porta:
-ele encostado naquela capela, sangrando e olhando pra gente, aí completou "espera... acho que minha orelha esquerda não está doendo... vê se ela tá aí ainda."
Os gêmeos riram, então entraram os três no quarto, ele se sentou.
-E aí?-disse Fred.
-Disseram que você pensou ter perdido uma orelha...- riu Jorge.
-Ah...não... me enganei, eu perdi o juízo em algum lugar, se acharem me devolvam...- disse sério.
Os gêmeos riram.
-Parece que ele está bem.-falou Lupin da porta.
-Estou... –disse avaliando os quatro.- quando posso sair?
-Apressado.-sibilou Morgan.
-Estou cansado de ficar deitado...
-Devia agradecer que está deitado inteiro... Belatriz podia ter fatiado você...-disse Lupin gravemente.
-Não que ela não tenha tentado...-atalhou Morgan.
-Viemos buscar você... está de alta.-disse Lupin lhe jogando umas roupas.
-Me deve um sobretudo de couro de Dragão...-disse Fred.- emprestei prum enterro, não pra uma farra.
-Tá, eu vou dar um jeito... quer preto mesmo?
-Claro!Porquê?
-É que se pudesse ser vermelho-sangue, eu só mandava emendar o velho...
Eles saíram do quarto, Morgan ficou, ele olhou-a, ela sorriu.
-Então?-ela perguntou.
-Estou esperando.-disse sonsamente.
-Esperando o quê?
-Você sair pra eu me trocar...
-Há!-ela chegou e puxou o cobertor.- Eu vim pra ajudar você se vestir!
-Tenho dezesseis anos!Sei me vestir sozinho!- protestou tentando segurar o cobertor,mas sem força pra fazer.
-Mas não pode fazer esforço! vai se estabacar no chão assim que se por de pé!
-Não mesmo!-disse se sentando e pondo os pés no chão, dando impulso pra ficar de pé.
Cambaleou, ficou completamente zonzo, quase caiu, Morgan o segurou.
-Você é teimoso!
Se sentiu muito constrangido com a situação, mas Morgan o acalmou, "da primeira vez que aconteceu comigo, eu levantei na frente de três colegas aurores... me estabaquei, e você sabe... na época não se usavam pijamas, e sim aquelas camisolas abertas atrás... "
-Além do mais você está muito velho pra ser tímido.- ela concluiu.
Mas só se sentiu aliviado quando amarrou os sapatos.
Os dias no Largo passaram de um modo estranho, realmente, como previra Morgan ninguém lhe deixou em paz até contar com detalhes como fora o seu duelo com Belatriz, não pode deixar de ficar incomodado quando Lupin comentou que ele se arriscara demais:
-Mas não havia outra saída.- disse sério. - queria que eu deixasse ela torturando o Rony, ou que nos matasse?
-Você tem um incrível sangue-frio.- disse Morgan olhando-o astutamente.
Quando ele a olhou sem entender, ela sorriu.
-Cada feitiço, cada gesto, você soube encontrar um jeito, poucas vezes vi Belatriz Lestrange tão arrebentada... tão assustada.
Ele não achou que ela estivesse assustada, algo nos olhos de Belatriz lhe denunciavam um ódio pouco comum, não parecia a mesma, não, aqueles olhos o perseguiam, assim como aquela voz... a mulher que enfrentara era duas pior que a insana que o atacara no ministério.
Não que os olhos de Morgan não revelassem coisas piores, o modo como ela e Belatriz se encararam, o modo como ela duelou, Morgan Graveheart devia ter sido uma aurora pra se temer.
Mas no final, no último dia antes de retornarem, é que ele começou a sentir um tenso incômodo, sabia como as pessoas eram, sabia que podia esperar alguma reação, foi divulgado que ele estava no funeral de Ana e fora ferido, embora não tivesse saído nada sobre a relação dele com a família, mas para toda Hogwarts ele traíra Ana... ele imaginava o quanto seria mal recebido de volta, mas acima de tudo, voltar seria lembrar, seria reviver... foi quando Hermione disse algo que o deu um motivo pra voltar.
-Quero voltar o mais rápido possível para lá.- ela comentava com Gina.- enfiar a cara nas aulas de Defesa...
Algo nele sinalizou que ele também devia voltar, mas para meter a cara no estudo de outra coisa... por que agora sabia que tinha que se preparar para o que a vida lhe reservara.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!