-Calmaria-



-Calmaria-

Amanheceu com chuva, uma chuva chata e insistente, novamente os dois amigos o deixaram na mão indo tomar café sem ele, no entanto quando desceu notou que havia um ar pesado, um clima estranho no salão, sentou e olhou os amigos, Hermione lhe passou o jornal:
-O motivo da felicidade dele-disse Rony.

"Ataque ao Primeiro-Ministro deixa mortos e feridos"

O artigo falava do ataque a residência de Cornélio Fudge, que saíra vivo, mas um grupo de conhecidos que estava na casa na ocasião, alguns deles aurores acabaram feridos e dois haviam morrido, o artigo continuava falando do aumento de incidentes com bruxos estranhos e do ataque perto da casa dos Weasley, tinha um tom histérico de que o mundo ia acabar amanhã...
-Não sei não porque ele ia ficar feliz com isso...
-Filosofia do terror Harry, ele não precisa fazer algo ruim, só precisa dar a entender que pode...-disse ela folheando o resto do jornal.-Ei! Olha isso! Eu mato ela!-disse furiosa abrindo a bolsa e puxando pergaminho e pena.
Como Hermione parecia não querer explicar nada eles pegaram o jornal, havia vários pequenos artigos, mas um deles, a coluna social, chamou a atenção de Harry:
-Ah, não...
Nascimentos, casamentos, mexericos, fofocas, e no meio uma nota.(com uma de suas fotos antigas...)

"E o mais recente queridinho do mundo da magia, aluno exemplar, vencedor do torneio Tribuxo, que sobreviveu aos ataques de vocês-sabem-quem, é uma caixinha de surpresas: Agora se sabe que é o dono de uma das maiores fortunas guardadas em Gringotes, as garotas de Hogwarts devem se apressar, parece que continua solteiro... Fontes no banco confirmaram que sua fortuna vem das heranças deixadas por parentes, embora não informem o valor real, mas quem se importa?"

A coluna era assinada por Rita Skeeter, que com certeza devia estar com amnésia seletiva quanto as ameaças de Hermione, as entranhas de Harry se reviraram só de lembrar do teor dos artigos dela, se ela recomeçasse com aquela mania podia muito bem estragar o restinho de paz que ele tinha, se bem que a cara assassina de Hermione o deixava seguro de que ela não voltaria a publicar mais nada sobre Hogwarts.
-Ela me paga... ela me paga... pensa que eu esqueci... mexendo com a pessoa errada...-Hermione falava furiosa.
Ele se limitou a comer silenciosamente, pensando no ataque, matando o primeiro ministro haveria uma enorme confusão, sem dúvida, mas qual o sentido disso?, Harry não conseguiu deixar de pensar que o que sentira no final de semana não tinha relação com aquilo, além do mais ultimamente ele se sentia que Voldmort planejava algo grande, que esperava algo, Harry sentia como se pudesse perceber uma grande serpente preparando o bote, ele sabia.

Incrível como as coisas mais importantes do mundo perdem o significado quando se está apaixonado, Voldmort não era importante, importante era Ana acenando pra ele quando estavam indo para a aula de Herbologia...
-Harry, você tá com cara de idiota...-disse Rony.
-É?-ele falou sem prestar a atenção demorando mais se afastando dos amigos enquanto ela apressou o passo para ficar ao lado dele.
-Oi Harry...
-Oi Ana...

Rony ficou rindo dos dois, sob os cutucões de Hermione que ficara mau humorada, com Neville e Justino os olhando torto, mas o que lhe importava? Ela parecia muito feliz em conversar com ele, quando saíram da estufa conversavam como se não houvesse ninguém a volta, mais ninguém no mundo, passaram pelo quadro de avisos, ela disse:
-Final de semana em Hogsmeade.
-Quer ir comigo?
-Quero sim.-ela disse pegando na mão dele.

O treino de quadribol foi especialmente chato, testar os vinte candidatos a artilheiros quase matou Harry de tédio porque ele não tinha muito o que fazer... os gêmeos bem que tentaram mantê-lo acordado mandando uns balaços na sua direção, mas nem os balaços podiam com sua Firebolt. Mais tarde quando iam voltando do jantar Ana acenou para ele, os amigos fizeram as mais estranhas caretas que ele já havia visto deixando-o de mau humor. Os gêmeos ficaram especialmente emburrados:
-Isso não tem graça...
-Se for oficial não tem sentido contar mais...
-Parem de me encher!
-Vou dormir, boa noite!-bufou Hermione.
-Eu vou também.-seguiu Rony.
-O que deu neles?-perguntou para Gina.
-Se você está cego,eu não vou abrir seus olhos...-disse Gina se afastando.

Porque eles não podiam ficar felizes quando ele estava feliz? Ele ficou mirando a lareira, só valia quando ele necessitava deles? Ele precisava estar ligado a eles para tudo? "Não, pense, pare pra pensar antes de falar besteiras Harry" mas não queria pensar, queria se sentir feliz, esticou os pés para a lareira, sua felicidade o aguardava no fim de semana...

Dormiu como nunca antes, acordou sem se importar com os cabelos brancos, as aulas se arrastavam principalmente porque os dois amigos haviam se afastado de novo, e foi no encontro com Graveheart, e desta vez não contou com ninguém para ajuda-lo, que mais coisas o chamaram a realidade fria.

MALDIDO FLÚ!!!

-Oi Harry...
-Olá...
Ele nem precisou perguntar, Graveheart começou a falar:
-Hagrid me contou que você ficou sabendo das minhas atividades no Ministério, apesar de Dumbledore não concordar, eu vou contar algumas coisas pra você,-ela lhe estendeu uma taça.- Me acompanha?
Harry nunca bebera algo além de cerveja amanteigada, a bebida desceu doce mas forte, ele se sentiu desperto.
-Estou estudando o véu, Harry.
-O véu... o véu onde Sirius...
-Sim Harry.-ela meneou a cabeça-O estudo de sua mãe...
-Minha mãe?
Outro aceno de cabeça.
-Quando me afastei do serviço de aurora, por motivos que não cabem explicar.-ela emendou quando ele ia perguntar o motivo.- comecei a ajudar sua mãe numa questão muito problemática do ponto de vista ético, começamos a estudar a morte...
Harry engoliu o resto do cálice com a revelação.
-O motivo era entender a obsessão de Voldmort pela imortalidade...
-Ele tem medo de morrer, não tem?-ele perguntou.
-Sim, mais medo que a maioria...
-Mas porque a minha mãe...
-Sua mãe postulou uma teoria sobre a imortalidade, Harry, algo que interessou muito o Voldmort.-ela pegou o cálice dele e tornou a encher.- Sua mãe disse que é possível trazer os mortos de volta, e que o véu era uma das formas...
-Trazer os mortos, pelo véu... -ele a encarou.- Trazer Sirius de volta?!!!
-É só uma teoria Harry, muito mal vista eu lhe digo.
-Como?
-Imagine se começarmos a trazer os mortos pra cá, invertendo o curso da natureza...
-Mexendo com a natureza...-ele repetiu bebendo mais.
-Mas há uma exceção, Sirius caiu no véu, caiu com seu corpo, caiu vivo, ele não morreu neste mundo...
Harry olhou-a com o coração acelerado, ou seria efeito da bebida?
-Estou refazendo o estudo de sua mãe, com um duplo objetivo, trazer Sirius de volta e encontrar uma forma de destruir Voldmort.
-E como está esse estudo...
-Mal, Fudge não gosta da minha presença, está interferindo, mas estamos contornando isso...
-Não entendo...Dumbledore sempre afirmou de que não há magia que traga os mortos de volta...
-Dumbledore não gosta dessa idéia Harry, Necromancia é uma das artes das trevas.
Ele a olhou, engoliu seco:
-Das trevas? Mas minha mãe...
-Sua mãe não era partidária das trevas Harry, não fique assustado, o estudo dela tinha como objetivo destruir Voldmort, mas quase ninguém entendeu...
-Nem meu Pai...
-Seu pai tinha um probleminha com as artes das trevas, bom a maioria dos aurores era assim...
-Auror?
-Harry... Dumbledore nunca conta nada pra você?
Ele se sentiu idiota, virou o rosto, terminou o segundo cálice e ele mesmo encheu-o novamente, sentiu um pouco da raiva e frustração que sentiu no dia em que saíra gritando com Dumbledore, ele não confiava nele, não totalmente...
-Ele... acho que não confia em mim...
-Confia sim... só é bondoso demais com você, quer protege-lo demais, -ela disse olhando a lareira.- É um defeito que ele tem, querer proteger e ajudar todo o mundo...
-Defeito?-riu amargo- É sim...
-Quero um favor seu Harry.
Ela a olhou, ele ergueu os olhos...
-Por pior que seja, não quero que alimente esperanças falsas, esse é o motivo de Dumbledore não querer que você saiba...
-Falsas esperanças?
-Eu estou tão perto de encontrar as evidências que sua mãe definiu quanto Voldmort está perto de se entregar ao Ministério pedindo perdão...
A pequena bolhinha de esperança estourou escurecendo seu interior novamente, sentiu Sirius indo embora de novo...bebeu mais um pouco, mudou de assunto.
-Soube do ataque?
-Soube sim Harry, eu estava lá.
-Porque você acha que...
-Pra causar confusão, Dumbledore acha que ele tem outras coisas em mente...
-Concordo...
-Você sabe de alguma coisa?
-Sei, sim... recentemente senti que ele estava feliz.
-Eu não consigo imaginar o que deve ser compartilhar sentimentos com aquele monstro...
Harry entornou o resto do terceiro cálice.
-Você é realmente um bruxo excepcional...-ela voltou a encher os dois cálices
-Se eu fosse tão excepcional tudo isso não teria acontecido...-disse amargo.
-Vou lhe contar o que aconteceu com o bruxo mais excepcional que eu conheci, ele tinha a sua idade Harry, estava em Hogwarts, mas era mais tímido e desajeitado que você, mas era mais inteligente e dedicado quanto sua amiga Hermione, ele tinha uma incrível capacidade de compreender as pessoas, o que o machucava muito, ele tinha essa capacidade de amar que você tem, de entender, de sofrer, sabe o que aconteceu com esse bruxo?
Harry pensou em seu pai, mas ele não era tímido, em Lupin, em Sirius, mas não era nenhum deles, era alguém depois? Ela conhecia, Harry via nos olhos dela que ela falava de alguém conhecido, talvez morto?
-Não...
-Ele foi tão perseguido por Voldmort que fraquejou...
-Se uniu a Voldmort?
-Sim, se tornou um comensal, não por acreditar realmente no que ele pregava, mas por perder a capacidade de acreditar nas outras pessoas, Harry não cometa esse erro, acredite nas pessoas, acredite quando elas dizem que você é forte, que você é especial, porque pra elas, você é.
-Esse bruxo morreu?
-Não Harry, está pior que morto...-ela olhou para o próprio cálice. -Existem aqueles que desejam morrer, Harry, é muito difícil salvar quem perdeu a capacidade de amar...
Eles ficaram em silêncio, "Acredite nas pessoas", ele acreditava nas pessoas, mas era ela que parecia não acreditar mais.
-Professora...
-Me chame de Morgan, Harry.
-Morgan... por que você odeia o Snape?
Ele se arrependeu na hora em que ela quebrou a taça com a mão, e falou olhando os cortes:
-Não odeio o Severo, Harry.
Ele sentiu arrepios em vê-la puxando os cacos da mão, devagar enquanto o sangue escorria, ele não acreditou nem um pouco no que ela falou, se levantou:
-Desculpe, vou embora.
-Sinto que não o estou ajudando, talvez devamos parar de nos encontrar.
-Não!
Ela o olhou, enquanto enrolava a mão em um lenço.
-Hermione tem toda a razão em não confiar em mim Harry, você devia escutá-la mais...
-Não... porque acredito em você.
Ela sorriu.
-Na próxima quinta então.

Quase esqueceu do pó de flú...

Se estatelou na lareira da sala comunal, só então percebeu o quanto estava bêbado."Essa mulher é louca...", pensou tentando não errar os degraus do dormitório, leu duas vezes o que estava escrito na porta para ter certeza, "sexto ano", tinha certeza que não ia dormir, sua cabeça estava a mil, "que diabos ela me deu?" . Caiu vestido na cama e desmaiou.

-Acorde!-disse Rony cutucando-o
-Não grite!
-Não estou gritando. Estamos esperando, se apresse.
Harry acabava de tomar conhecimento do que todos chamavam de RESSACA... dor de cabeça, sono, boca seca... se sentia horrível, se olhou no espelho e viu os malditos cabelos brancos, achatou-os, "vocês não vão sumir mais não?" , se vestiu, e desceu as escadas, sentou-se na mesa olhando os amigos, Hermione parecia especialmente emburrada.
-Precisamos conversar.- ele disse aos amigos ao tomar o terceiro copo de suco seguido.

O Professor Binns continuou com sua ladainha habitual, Hermione não pareceu se importar de não tomar notas, finalmente pareceu interressada:
-O véu... a morte... não faz sentido Harry!
-Não se pode trazer os mortos de volta. -disse Rony.
-Minha mãe não concordava...
-Então sua mãe era doida.-disse Rony.
Foi reflexo, ele meteu o livro na cabeça do amigo.
-A menos... -disse Hermione pensativa. -A menos que o véu seja um portal.
-Portal? Como assim?
-Harry... usar o véu seria como usar o viratempo... mas isso é errado...
-É claro que é errado. -disse Rony.
-Bem só poderia ser usado na teoria, porque ela disse que não está nem perto de saber como fazer...
-Ela também é doida.
-O pior é que até ela concorda.-ele disse pensando no que ela disse no final.
Os dois o olharam, ele suspirou:
-Perguntei sobre o Snape.
-E daí?-perguntou Rony interessado.
-Ela disse que não o odeia.
Rony pareceu murchar.
-E então esmagou a taça que estava segurando... acho que ela odeia sim...
-Taça?-perguntou Rony.
-É, a que ela estava bebendo...
-Ela estava bebendo?-disse Hermione o olhando.
-Nós estávamos bebendo...-ele complementou.
-Imagino que maravilha de aula de Oclumência que essa alcoólatra está te dando.-disse Hermione
Ele olhou a cara furiosa da amiga, " Hermione tem toda a razão em não confiar em mim Harry, você devia escutá-la mais", ele balançou a cabeça pensativo, e aquela maldita dor de cabeça, sinceramente era muita coisa na sua cabeça, "onde eu arranjo uma penseira?".
A aula de transfiguração foi um tormento a mais, Profa Minerva o olhou atentamente.
-Mal sinal, creio que alguns desses fios vão permanecer...
-Tem certeza professora?-ele perguntou ansioso.
-Infelizmente. Se não sumiram até agora vão levar meses pra sumir... Não tentem nenhum feitiço em cima desse, pode piorar.
Ele olhou de esguelha para Rony que o olhava martirizado.
-Poxa...foi mal.
-Fazer o quê... acho que já me acostumei.
Mas estava muito chateado, pensou que ia se livrar daquela aparência antes de seu encontro com Ana, o melhor veio com a aula de Hagrid, avisando para os grupos terminarem seus ensaios sobre as esfinges porque as próximas aulas seriam emocionantes, Leo parecia muito desapontada por não ter mais aulas com eles "vou pedir que Hagrid me deixe visitar vocês..." , como se ele precisasse de mais alguém estranho em sua vida. Hermione ficou muito preocupada sobre o que poderia ser "emocionante".

No jantar foram informados de que haveria um treino no sábado, pela primeira vez ele discutiu com Cátia.
-Eu não vou.
-Como assim Harry?
-Eu não vou treinar no sábado, vou sair.
-O nosso jogo é no próximo final de semana!
-E daí?
-O time vai treinar neste sábado!
-Sem mim.
-Harry você quer continuar no time?
-Quero.
-Então vai treinar no sábado.
-Então estou fora.
Meia mesa parou de jantar.
-Como você se atreve!
-Não dá pra treinarmos no domingo?
-Não! Sábado é o único dia que não estava reservado.
Eles se encararam, os outros encarando-o principalmente.
-Saco!-disse se levantando da mesa.- espera!
Atravessou o salão e chegou na mesa da Lufa-lufa, metade da mesa parou de comer, Ana ficou vermelha:
-Ana.-ele acenou com a cabeça.
Ela levantou, sairam do salão, ele fraquejou quando olhou nos olhos dela:
-Que foi Harry?
-Diz que não vai ficar furiosa comigo...
Ela o olhou, Deus como era bonita...
-Fala...
-Não posso ir pra Hogsmeade com você no sábado.
-Ah! Harry, porque não?
-Treino de quadribol...olha... é que não dá pra mudar... tentei dizer que não ia, mas a Cátia me ameaçou de tirar do time...
-Ela fez isso? Não Harry! Vai treinar...
Ela parecia desapontada, ele balançou a cabeça:
-Eu juro que preferia sair com você...
-Eu sei. -ela sorriu.
-Porque você não vai, e eu te encontro lá depois do treino...
Ela abriu o maior sorriso.
-Eu te espero e a gente vai a tarde. Eu vou assistir o treino... ah... não vão me querer lá.
-Porque?
-Cátia vai dizer que estou espionando...- ela riu.
O jogo era contra a Lufa-Lufa.
-Eu te encontro no três vassouras certo?
-Tá certo.-ela sorriu
Antes de voltar a entrar ela lhe deu um beijo no rosto, fazendo umas alunas calouras da Lufa-lufa, que provavelmente tinham saído pra espiar, passarem indo pra escada aos risinhos. Ele viu ela entrar no salão, entrou pouco depois e voltou pra sua mesa, Cátia ainda esperando ao lado da sua cadeira de braços cruzados:
-E então?
-Tá eu vou treinar... não diga que não me esforço pelo time.
Cátia deu um enorme sorriso. Ele se sentou, se sentiu repentinamente furioso com ela.
-Precisava esse escândalo?- falou Hermione secamente.
-Precisava sim.- ele respondeu secamente.
-A Ana te pôs uma coleira bunitinha.- disse Jorge desdenhosamente.
-Vá se catar Jorge!-ele falou sério.- Perdi a fome. -se levantou e foi até a sala comunal.
Incrível como tinha gente naqueles corredores naquele horário.
-estrelas cadentes.
-Com certeza.
O quadro girou e ele entrou, por um segundo percebeu que havia algo errado no repentino silêncio daquela molecada do primeiro ano, sentiu no ar e nas caras constrangidas:
-O que vocês estão aprontando?
-Nada!-disseram as duas meninas.
Ele só precisou dar uma olhada séria para Marcos e Liceu, os dois tremeram nas bases.
-Nada... nada...
-Aceitamos o desafio do Arlam e do Dion... vamos até a sala de troféus...
-Vocês são burros?!-então algo maldoso passou em sua cabeça.- Espera aí... me contem mais...
Das duas uma, ou era um desafio idiota ou Malfoy queria encrenca,uma encrenca bem burra e repetida por sinal, encrenca por encrenca ele voltou ao salão:
-Fred ,Jorge...
-Ah! se não é...
-Que cara é essa?
Pegou Rony pelas vestes...
-Você também.
-Eu não terminei de comer...
-Isso é mais importante!
Saíram sobre o olhar de Hermione e Gina, no corredor contou a história.
-Esses moleques são definitivamente burros.-disse Rony zangado.
-Isso não é importante caro irmão-monitor.-riu Fred.
-Se Harry estiver certo alguém da Sonserina vai ser expulso hoje!-disse Jorge.
-Ou a gente vai ser, Harry você não vai fazer o que acho que vai né?-disse Rony.
-Se eu quisesse esse tipo de reação tinha chamado a Mione também...-ele respondeu.
Quando entraram a molecada estava sentada enfileirada direitinho no sofá como ele tinha deixado, os gêmeos o olharam:
-Você devia ser professor Harry, eles obedecem você...-disse Fred
-Vamos lá molecada, vai começar a operação "na Sonserina só tem Trasgos..."-disse Jorge.
Os calouros riram, Rony os olhou angustiado.
O mais difícil não foi conseguir esperar calmamente até a maior parte dos colegas irem dormir, o pior foi irritar Hermione e Gina para que as duas fossem dormir, Os gêmeos deram um jeito, os três calouros desceram conforme o combinado, um pouco seguros demais, mas era necessário, Harry, Rony e os gêmeos iam depois, com o resto dos calouros, Harry estava com a capa, para o caso de uma emergência, o grande perigo estava no fator Filch, Mas eles tinham o mapa do Maroto, o silêncio era opressor, mas nenhum sinal estranho até aparecer um grupo de doze Sonserinos.
-Parem. -ele disse sério.- São doze deles.
-Doze?-Gemeu Rony.
Fora os três garotos que tinham ido na frente, eles estavam em sete, Harry sentiu as entranhas revirarem, se virou para os três calouros:
-Voltem!
Os três ficaram desapontados.
-Agora!
Eles saíram correndo, os gêmeos o olharam:
-Tá, gênio, erámos dez, agora somos sete, isso que três estão lá na frente. -disse Jorge.
-São doze Jorge, não esperávamos tantos, tem algo mais aí.-disse ele sério.
-Aonde eles estão?- disse Fred.
-Estão subindo em direção a sala de troféus.-ele disse.
-Plano B.-disse Fred.
-Claro!-disse Jorge.
-Plano B?-Harry fechou a cara.- Não temos Plano B!
-Dividir para conquistar!-Os dois riram.- Vocês dois resgatam os moleques, eu e Fred vamos asonsar os Sonserinos...
-Não acho boa idéia.-disse Rony.
-Tive uma idéia.- disse passando a capa e o mapa para Rony.- Pegue os moleques e volte a sala comunal. Fred vai por cima, pelo atalho que vai pra biblioteca, Jorge vai pelo corredor do Paracelso, eu vou por trás deles para chamar a atenção.
-Vamos!-disse Fred já correndo.
-Isso vai dar errado!-falou Rony.
-Não vai não.-disse Harry.
Se separaram, ele corria o mais leve que podia, praticamente não fazia barulho, subiu as escadas e viu o grupo avançando devagar em direção a sala de Troféus, parecendo uma massa sólida escura de alunos veteranos. Entrou no corredor:
-Passeio noturno em grupo?!-falou alto.
-Potter! -gritou Malfoy- Peguem!
Fred e Jorge irromperam em pontos diferentes do corredor, na hora que os feitiços pararam , Harry viu alegremente que Fred e Jorge acenavam positivamente, um deles tinha o cabelo em pé, mas nada mais grave, deixaram os sonserinos azarados e voltaram correndo pelos mesmos caminhos, mas Harry teve que se esconder em um nicho quando a voz de Filch surgiu a sua frente, passando por ele resmungando:
-Eu escutei o barulho minha querida, se for o Pirraça...
Ele respirou aliviado, pisou no corredor e deu mais alguns passos quando viu. Duas vezes maior do que antes, não parecia mais um gato, parecia um leão, vinha andando pelo corredor, olhos cegos dourados lhe encarando agourentamente, esticou as asas fechando o corredor, ele chegou a dar dois passos para trás,mas parou, aquele era um dos quatro.
-Quem é você?-perguntou baixinho.
A criatura pareceu não tomar conhecimento dele lembrou do que Graveheart lhe falara a algum tempo..."cuidado com eles quando for passear por aí", sentiu um tremor passar por sua coluna, estavam a alguns centímetros quando a criatura simplesmente passou por ele, passou no meio dele, como se fosse um fantasma, aquela coisa não era sólida, mas também não era um fantasma , não era frio, pelo contrário, era quente, como se estivesse sob o sol, sentiu um gostoso aroma de flores, ele se virou para vê-lo seguir em frente, quando a criatura se virou e com um abano da cauda leonina falar, sim ,falar em alto e bom tom, movendo a boca:
-Vá dormir em paz, senhor meu , que nenhum mal irá cruzar teu caminho nesta noite.-ergueu a pata e fez um imenso rasgo no chão de pedra com as unhas douradas.-nada passará daqui até seu lugar para lhe fazer mal, amigo ou inimigo. Vá senhor Mago.Boa noite.
E seguiu seu caminho deixando Harry boquiaberto, gelado e trêmulo.Quando a criatura dobrou o corredor ele recuperou a sensação das pernas e correu o máximo que pode até o retrato, que estava aberto, quando pulou o buraco do retrato reparou que Hermione e Gina encaravam os três furiosas,Rony estava chateado, um dos gêmeos estava com os cabelos em pé meio chamuscados enquanto o outro se esforçava para não rir, e quando Hermione se virou para provavelmente brigar com ele estacou e parou boquiaberta:
-Harry o que... o que houve com você?-ela disse olhando-o.
-Parece que viu um fantasma...-disse Rony
-Que cheiro de flor é esse?-perguntou Gina.
-Encontrou uma garota no caminho Harry?-sorriu Jorge.
-Deixem ele falar...-disse Fred.
-Vo... Vocês.... Vocês... não imaginam o que eu encontrei...foi... a coisa mais esquisita que já vi na vida...
-Levando em conta que é um cara que já viu, o vocês-sabem-quem pessoalmente... deve ser uma coisa bem esquisita mesmo.-disse Jorge.
Os outros deram um olhar de censura e ele se calou, Harry sentou e respirou:
-Onde estão os outros?
-Na cama, seu demente.-disse Hermione.- Que idéia imbecil Harry, tinha tudo para dar errado.
-Tem razão... -ele disse vagamente.
-E aí? O que você viu?
-Um dos quatro.
-Um dos quatro de Hogwarts?-perguntou Rony.- Mas você já não tinha visto antes?
-É mas quando eu os vi antes eles tinham tamanho de um gato.-fez o gesto para indicar o tamanho com as mãos.- mas o que eu vi agora tinha o tamanho de um leão...
-Do que ele está falando?-perguntou Fred para Gina que encolheu os ombros.
-Ele anda vendo os espíritos guardiões do castelo.- disse Hermione como se dissesse que ele estava vendo coisas.
-Tá Harry continue assim e vamos ter que concordar que você tem algo de pirado.-disse Jorge.
-Devo ter pirado mesmo, porque ele falou comigo...
Os cinco calaram a boca e o olharam ansiosamente. Agora sim todos tinham na cara a expressão de terem certeza que ele pirara, e quando ele repetisse que ouviu daquela criatura?
-O que ele disse?-perguntou Rony.
-Me mandou dormir...
Fred e Jorge começaram a rir,
-Foi mais ou menos assim, muito esquisito,-disse para que entendessem.- ele passou por mim como um fantasma, mas não era frio e tinha esse cheiro, -ele pegou e puxou suas vestes, o cheiro parecia tramado no tecido.- então depois de me atrevessar ele se virou, parou e disse algo como "Vá dormir em paz, senhor, que nenhum mal irá cruzar seu caminho nesta noite." daí ele arranhou o chão e continuou "nada vai passar daqui até seu lugar para lhe fazer mal, amigo ou inimigo. Vá senhor Mago.Boa noite."e continuou andando até dobrar o corredor... foi muito esquisito.
Os gêmeos continuaram rindo, mas os outros pareciam sérios, Gina se aproximou e puxou as vestes de Harry e cheirou:
-O cheiro é real, e eu nunca tinha sentido esse cheiro antes...
-Ele te chamou de Mago?-disse Hermione.
-Chamou, porquê?-ele perguntou ansioso.
-Por nada-ela desconversou.- Vou pesquisar amanhã. Boa noite.
A saída de Hermione o deixou apreensivo
Subiu para o dormitório e entrou no quarto com Rony calado.
-Os garotos prometeram não causar mais confusão.
-Que bom, espero agora que eu pare com essa mania de me meter.-disse se virando na cama.
"Vá senhor Mago, Boa Noite"
Quando se levantou e desceu o time todo já estava comendo, inclusive Simas que era o novo artilheiro, "Gina não pareceu gostar da idéia",o treino foi puxado mas ele não conseguiu se concentrar e quase que Jorge o derruba com um balaço, quando terminaram ele quase sentiu alívio, nunca se sentira tão mal em um treino, sentia que ia pirar com tanta coisa na cabeça, voltou ao dormitório correndo e antes que os amigos aparecessem estava pronto e descia para dar uma corrida a Hogsmeade.
Quando entrou no vilarejo se sentiu muito melhor, mais calmo, passou pelas vitrines para ter certeza que ficara bem,"malditos cabelos..." pensou quando se olhava em uma vitrine quando viu algo que chamou sua atenção, tinha certeza que seria adequado, comprou e mandou embrulhar, colocou no bolso e foi feliz ao três vassouras, estava cheio como sempre, mas reconheceu o cabelo curto e dourado de Ana na primeira olhada, estava de costas para a entrada conversando com o famoso grupo de amigas, ele se aproximou devagar, elas não perceberam, sentiu ela estremecer quando colocou as mãos nos ombros dela e disse para as amigas que olharam surpresas:
-Posso roubar a Ana de vocês?
Ouve um murmúrio geral do tipo: "claro" "pode sim" e vários risinhos, Ana estava corada mas se levantou, estava linda, falou:
-Lá em cima tem mesinhas com sofás vamos lá? Não é tão cheio...
-Vamos.
A parte de cima lhe lembrou um pouco o Madame Puddifoot, haviam uns sofazinhos com mesinhas onde grupos e casais conversavam mais intimamente, Ana escolheu um mais perto da lareira, era quente aconchegante e mais silêncioso ali.
-Eu nunca tinha subido aqui.-ele disse.
-Eu vim aqui com as meninas uma vez, só pra conhecer.
-Mas eu quase nunca te vi por aqui...
-É porque você sempre vinha com coisas pra fazer...-ela sorriu.-Você não olha muito para os lados olha?
-É eu sou meio distraído mesmo... Como é que eu nunca reparei em você?
Ela riu, Madame Rosmerta apareceu:
-Vão pedir o quê, queridos?
-O que você quer?-ele a olhou.
-Podiamos pedir uma cerveja... eu gosto...
Ele acenou com a cabeça, Rosmerta sumiu.
Foi muito diferente do encontro com Cho, na verdade ele mal lembrou daquele desastre, Ana parecia fascinada em tudo que ele falava, e ele não conseguia desgrudar os olhos dela, as cervejas chegaram e a conversa foi pros primeros anos deles, descobriu que ela gostava dele desde o primeiro ano, mas tinha vergonha de se aproximar, lembrou um pouco a Gina, foi quando ele lhe deu o presente, achou que ia combinar com ela, disse que era um pedido de desculpas pelo atraso, ela sorriu:
-São quartzo-azul,-ela disse admirando as pedrinhas da pulseira.- minha pedra.-ela disse o olhando.- Como você sabia?
-Intuição...gostou?
-É lindo, você é um anjo Harry!- ela o abraçou e beijou.
Então um tropel de passos irrompeu no segundo andar, ele olhou por entre os cabelos dela, que foi soltando-o devagarinho:
-Que foi Harry?
Ele olhava sério para um certo grupo de Sonserinos que parou encarando-os, eram oito, alguns pertenciam ao grupo que ele e os Gêmeos tinham deixado pra trás naquela noite, o trio Malfoy, Goyle e Crabble não estava presente, mas era Pansy Parkinson que estava na frente do grupo com a cara mais assassina do mundo:
-Levanta Potter!-ela sibilou.
-Deixem a gente em paz.-respondeu Ana.
-Cala a boca, Abott! Levanta seu desgraçado...
-O que foi Parkinson?-ele disse suspeitando de que algo estava muito errado.-Pare de agir como doida...
-Doido é você!-ela ergueu a varinha.- Sua brincadeira deixou eles na ala hospitalar!
Ele mal reparou que haviam oito varinhas apontadas pra ele, apenas reparou que Ana puxou a própria varinha e disse meio furiosa:
-Já disse pra deixar a gente em paz!
-Mandei calar a boca Abott! Silencio!
Ana usou o feitiço do escudo que rebateu em um dos Sonserinos, ele levantou e ficou na frente de Ana e disse:
-Você não é tão burra de começar um duelo no meio dos três vassouras!Pense Parkinson!
-Você os deixou doentes!-ela tremia de raiva.- Malfoy vai perder o distintivo dele por sua causa!
-Ele não é criança, sabia o que podia acontecer quando saiu passear a noite!-gritou Jorge por trás do grupo da sonserina, Harry percebeu um grupo bem maior, maioria esmagadora da AD que havia subido a escada.
-Seu desgraçado!-Pansy ainda apontava a varinha para Harry.
-Posso saber o que está havendo aqui?!
Era voz sonora de Graveheart, estava subindo as escadas.
-Melhor cessarem as hostilidades crianças, estão atrapalhando os casais e os bebedores em geral...Rosmerta vai proíbi-los de entrar aqui o que seria uma pena...-ela foi abrindo caminho.
-Cuidado com as costas, Potter... vamos pegar você...-sibilou Parkinson de modo que só ele e Ana escutassem, Ana segurou o braço dele quando escutou.
O grupo da sonserina foi saindo sob a vista de Graveheart, que falou quando Parkinson ia passando por ela:
-Ah... a sonserina definitivamente está perdendo o charme... Vou ter que falar com Prof Snape... e ele já está definitivamente aborrecido.
O grupo apressou o passo e Graveheart se virou para o grupo que ficara:
-Dispersar... aqui é um lugar para namoro e bebedeira em geral.-ela começou a separa-los em pares, enfiando Hermione no braços de Rony e eles ficaram se olhando vermelhos, ela enfiou os gêmeos um nos braços do outro então parou.- Isso não é um casal...-meteu a mão na cabeça deles e os fez girar e empurrou-os nos braços de duas garotas terceiranistas da corvinal.-Bem melhor agora não é?
Ficaram olhando ela descer as escadas, ela parou e olhou pra cima:
-Comecem a treinar já, porque vai haver um baile para casais antes do natal, divirtam-se!-deu um tchauzinho e desceu.
-Essa mulher é doida.-disse Hermione dando uns passos para trás enquanto Rony olhava pra cima vermelho como o escudo da Grifinólia.
-Não sei não, ela tem umas boas idéias, você não acha?-disse Jorge abraçando a menina para qual foi empurrado.
Muita movimentação depois, Rony e Hermione acabaram sentando junto com eles:
-E então gostou do resultado?-falou Hermione para ele.
-Então é verdade que eles foram parar na ala hospitalar?-ele perguntou
-Harry,-disse Ana séria.- Você azarou eles de verdade?
O coração dele perdeu uma batida, ele a olhou triste, "ela vai me odiar..."
-Azarei sim, ontem a noite.
Para surpresa geral ela começou a rir, riu e colocou a varinha de volta na bolsa.
-Eu queria ter visto.
Hermione olhou dela para Harry com a mesma expressão que olhava para Graveheart, "essa aí também é louca..."
-É cara, Filch os achou e Malfoy, Crabble , Goyle e Zabini estavam muito mal, foram para ala hospitalar, Snape está dando ataques...-disse Rony muito sério.- Não sei não Harry, vai sobrar pra gente.
Ele se encostou no sofá e pôs a mão sobre a testa, "aonde está a minha sanidade?", "eu não tinha que me meter!", "era só não deixar os moleques irem...", então lá no fundo, uma vozinha maldosa o incomodou:
"Mas você gosta disso, gosta de fazer uma maldade..."
Saíram dos três vassouras e estavam andando pela rua, Neville e Gina, que pareciam ter estado juntos, se juntaram a eles andando pelas rua do povoado,voltando ao castelo, os gêmeos juntos, enchendo as paciências por serem três casais, Neville e Gina estavam prá lá de vermelhos, então atacaram:
-Sabe, acho que daqui só o Harry e a Ana vão ao baile.-disse Fred.
-Porque se depender desses dois...- disse Jorge, apontando Rony e Hermione.
-Não por mim.-disse Rony meio bravo, se virando agarrando Hermione e fazendo-a arcar pra trás, tascou nela o maior beijo da paróquia.
-OW!- exclamaram os gêmeos.
O que surpreendeu a todos não foi Rony a soltar com cara "ai tô ferrado" e sim Hermione tirar o cabelo do rosto e sorrir vermelha na mesma proporção que o Rony.
-Até que enfim!-Harry exclamou animado.

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