Durante a viagem
Capítulo 2 – Durante a viagem
Aquela viagem tinha tudo para ser ótima. Ela iria regressar para a escola onde aprendia as melhores coisas sobre magia, expandiria seus conhecimentos, voltaria a encontrar os amigos e, dentro de instantes, teria permissão para executar feitiços com a sua varinha mágica. Mas não era assim que as coisas decorriam, afinal. Lílian Evans, por ironia do destino, se encontrava na mesma cabine que Tiago Potter. Sim, ele mesmo, o chato e idiota do Potter. Lily não suportava aquele garoto por alguns simples, porém abomináveis motivos: ele era popular por causa das suas notas, das suas marotagens com os amigos, do jeito debochado como ele encarava a vida e, por último e mais importante, porque ele era uns dos melhores apanhadores que Hogwarts alguma vez viu, o que o transformava em uma pessoa extremamente arrogante e egocêntrica. Na opinião de Lílian, ele até poderia se inscrever em um grupo de pedintes profissionais e ir tocar bandolim para o metro que ele nunca deixaria de ser o chato e convencido do Potter. Mas o que mais a deixava com raiva era o fato dele estar sempre convidando-a para sair, e sua mania ridícula de assanhar os cabelos inúmeras vezes ao dia, se achando o último sapo de chocolate da DedosdeMel.
Perdida em seus pensamentos, certa de que era a pessoa mais azarada do mundo, ela nem percebeu que os outros conversavam quase animadamente.
- E então, vocês tiveram bons resultados nos NOM's? - Perguntou Remo, como sempre, honrando seu cargo de maroto responsável.
- Hum, os meus não foram assim tão maus – respondeu Mimi, um pouco sem graça. – Eu tirei um "Ótimo" em Transfiguração e Feitiços e o resto foi tudo "Excede Expectativas"... Ah – ela exibiu uma expressão pensativa – tive um "Aceitável" em Adivinhação.
- E você, Inês? – perguntou Sirius para a morena a sua frente.
- Ah, eu? – Ela suspirou. - Eu tive um "Ótimo" em Herbologia e Adivinhação e o restante foi "Excede Expectativas" também.
- Você teve um "Ótimo" em Adivinhação?! Como? - exclamaram Tiago e Sirius em coro, espantados, como se ela tivesse anunciado o Apocalipse.
- Sim, tive... Mas não me perguntem como, porque eu mesma não sei – ela admitiu, sentindo o seu rosto corar rapidamente. – Para ser sincera, eu até inventei um pouco na parte das folhas de chá. Nunca fui muito boa nisso... Mas enfim, por que o espanto?
Mas foi Remo que respondeu.
- Porque foi a única matéria que eles não tiveram um "Ótimo".
- Sério?! A Lily também teve um "Ótimo", não foi Lily?
Lílian, ainda imersa em seus pensamentos, olhou para a amiga, com um olhar de indagação.
A amiga suspirou.
- Os NOM’s, Lily. – Diante do mesmo olhar interrogativo da ruiva, Inês revirou os olhos e explicou. – Você tirou um “Ótimo” em Adivinhação.
- É, foi. Mas quem é que se importa com isso, afinal? – Ela deu de ombros, num tom de descaso. - Também nunca gostei muito dessa matéria, estou pensando seriamente em desistir dela agora – disse de uma vez só, apesar de demonstrar um pouco de chateação.
Talvez ninguém tivesse percebido, mas nos lábios de Tiago um sorriso enigmático acabava de se formar.
"Coincidência, Evans", pensou ele. "Eu também não gosto" .
- E só falta saber os teus resultados Remo – disse Mimi, olhando para o companheiro da frente.
- Eu tive um "Excede Expectativas" e restante foi tudo "Ótimo".
- Bem, então os marotos talvez não passem a vida só nas marotagens – comentou Mimi, e Remo corou levemente.
- Por falar nisso – começou Inês -, onde está o Pettigrew?
- É verdade – reforçou Lily, desconfiada. – Eu nunca vi os quatro separados por muito tempo.
Remo ia responder, mas Tiago falou na sua frente.
- Não sei – respondeu de imediato.- Aliás, não sabemos.
Mimi não sabe se estava ficando maluca, mas teve quase a certeza de que viu Tiago fazendo um sinal de ok para Sirius.
*****
- Isso tudo é fome, Pettigrew?
Pedro voltava do carrinho com as mãos carregadas de sapos de chocolate, feijõezinhos de todos os sabores e tudo que lhe era possível comprar, sentando-se ao lado de Alex Madisom, um rapaz alto e corpulento, de cabelos e olhos castanho-escuro, que era um aluno do 6º ano da Grifinória.
- Sim, Bedingfield, muita! – respondeu Pedro, ligeiramente corado, para Claudia; uma morena de cabelos castanhos-escuros, compridos e ondulados, muito bonita e que também estava no 6º ano na casa da Grifinória, sentada ao lado de outra sextanista da Grifinória, Joana, uma garota de pele bem clarinha, cabelos e olhos castanho-escuro.
- Hum... assim, que mal lhe pergunte, onde estão os outros marotos? – perguntou Joana. – Vocês estão sempre juntos.
- Ah, o Tiago me pagou para não me sentar com eles hoje. – respondeu Pedro enquanto abria um sapo de chocolate.
- Ele te pagou? – indagou Claudia, muito curiosa. – Por quê?
- Eu não entendi muito bem, mas parece que ele tinha um plano, que era qualquer coisa para ele conseguir que a Evans deixasse ele se sentar na mesma cabine que ela. Só que como nós éramos muitos e ele achava que ela não iria estar sozinha, um de nós teve que ficar de fora desse plano.
- Meu Merlim, o Tiago é doido! – opinou Claudia, rindo da situação. – A Lily vai matá-lo se descobrir isso.
- Mas será que deu certo? – perguntou Joana para Pedro.
- Num xei – respondeu ele com a boca cheia de chocolate. – Elinda num dixe nad.
*****
Ainda não estavam na metade da viagem, mas para Lílian já havia se passado uma eternidade.
"Meus Deus, como alguém consegue ser assim tão inconveniente?", perguntava-se, olhando de soslaio para Tiago, como se olhasse para o seu pior pesadelo.
Mais algum tempo se passou, mas o ambiente continuava o mesmo. Aquilo já estava ficando realmente incômodo, e Mimi resolveu falar alguma coisa para quebrar o clima.
- Sirius, você não passou o resto das suas férias na sua casa, passou?
- Não – respondeu ele. - Mas como é que você sabe?
- Meu avô foi na sua casa semana passada e eu tive que ir com ele, mas você não estava lá – comentou Mimi, sem perceber que Tiago começara a sorrir.
- E quem é que estava lá? - Perguntou Sirius.
- Estavam tua mãe e o teu irmão mais novo, tuas primas Narcisa e Belatriz, os Lestrange e os dois filhos e os Malfoy.
- Hum, eu já imaginava – afirmou Sirius, com uma expressão chateada.
- Ah, mas a tua prima Belatriz perguntou-me se eu não podia levar o resto das suas coisas. Eu não entendi muito bem o que ela quis dizer com isso...
- É que eu fugi de casa – admitiu o maroto com toda a naturalidade do mundo.
- Você o quê?! – perguntou Mimi, mesmo tendo escutado perfeitamente o que ele havia dito.
- Fugi de casa – respondeu ele claramente.
- Mas por quê? – inquiriu Inês.
- Porque eu já estava farto daquela casa, daquela família... Se é que posso chamá-la assim.
- E você está onde agora? – perguntaram Mimi e Inês em uníssono.
- Na casa do Tiago – respondeu Sirius com satisfação. – E olha que é lá que eu me sinto em casa.
- Por que será? - Ironizou Lily baixinho.
- Disse alguma coisa, Evans? – perguntou Sirius.
Mas Lily não teve tempo de responder, porque neste momento a porta da cabine se abriu e lhes permitindo a visão de uma garota de cabelos negros, lisos até a cintura e olhos castanhos, que estava acompanhada por uma outra garota de pele bronzeada, olhos verdes, cabelos num tom castanho-avermelhado, ondulados até a cintura.
- Ora, ora, veja quem está aqui. Não é a santa Evans? A protetora dos pobres sangues-ruins da escola – desdenhou a garota de cabelos negros com um sorrisinho afetado nos lábios, e a outra garota que estava com ela deu uma gargalhadinha estúpida, apesar de ninguém, com exceção das duas, ter achado a mínima graça no comentário.
Lílian sabia que aquela garota, Monica Mckeough, estava ali só para provocá-la. Monica provinha de uma família antiga e de longa linhagem de bruxos e não suportava Lílian por ser filha de trouxas. Nem ela nem qualquer outra pessoa que descendesse de pais não-bruxos. Mas, por mais que Monica a provocasse, hoje ela não lhe daria o gostinho de vê-la perdendo a calma.
- O que foi Evans, ficou surda? Não está me ouvindo? Ou será que tem algum problema em entender as coisas? – perguntou Monica, no que a sua amiga deu outra risadinha estúpida.
- Problema, eu? – perguntou Lily pousando a mão sobre peito, fingindo-se surpresa. – Não, eu não tenho problema nenhum. A única pessoa aqui que tem problema é você.
- Você deve pensar que é muito boa – replicou Monica, com um ar superior, embora ligeiramente desconcertada.
- Não, muito pelo contrário. Eu ia dizer isso de você, mas depois lembrei-me que talvez você não faça isso, porque pensar deve ser muito difícil para o seu pequeno cérebro.
Todos que estavam presentes na cabine riram do comentário feito por Lily, mas Monica parecia que havia sido esbofeteada.
- Sua sangue-ruim idiota, ainda continua pensando que aqui é lugar para ralé como você? – e olhou também para Inês. - Vocês devem aproveitar enquanto podem.
O comentário de Monica não foi bem recebido. Lily e Inês, por mais que tentassem impedir, ficavam muito chateadas quando as chamavam sangue-ruim, e os marotos, fizessem o que fizessem, era totalmente contra o preconceito.
- Se eu fosse você, McKeough, não diria esse tipo de coisa – disse Sirius, muito sério. – Um dia você ainda poderá ser muito mal interpretada.
- Isso é uma ameaça, Black? – inquiriu Monica sarcasticamente, olhando para Sirius.
- Não McKeough, é só um aviso – mas foi Tiago quem respondeu.
- Não sabia que agora você tinha um grupinho defensor, Evans! – disse Monica para Lily. – Deve mesmo estar com medo agora.
- Medo do quê, Monica? – perguntou Lílian impaciente. – De você? Saiba que eu não tenho medo de nada – e a olhou de cima a baixo -, nem de ninguém.
- Ah, mas infelizmente não é de mim que você e esses seus amigos ranhosos tem que ter medo.
- Então é do que? – insistiu Lílian.
- Não sabe? - e agora foi a vez de Monica se fingir surpreendida. – Pensei que sabia... – e olhou para Tiago, Remo, Sirius e Emily – pensei que seus amigos a tivessem avisado.
- Avisado sobre o quê? – perguntou Inês, já sem paciência.
- Vê-se mesmo que você e esses seus amigos sangues-ruins não fazem parte do nosso mundo; nem sabem o que se passa!
- Monica, saia daqui! – disse Emily muito chateada.
- Até você decidiu se juntar aos sangues-ruins – disse, sem se importar com o pedido de Emily. – Pensei que já tinha cansado dessa brincadeirinha ridícula de se juntar a eles – e depois olhou para Sirius -, talvez esteja na moda se juntar aos trouxas e ser a vergonha da família – e olhou também para Tiago – e da comunidade bruxa decente.
Lançou mais um olhar de desprezo para Lílian e saiu, com a sua amiga seguindo-a, não sem antes dar um de seus estúpidos risinhos. Remo se levantou para fechar a porta e voltou a sentar-se, mas agora no seu rosto havia uma expressão muito mais séria. E ele não era o único. Sirius, Tiago e Emily também estavam com expressões preocupadas, e Lily tinha quase que eles sabiam do que Monica havia falado, que não parecia ser boa coisa.
- Vocês sabem... – começou Lily, mas Inês segurou na sua mão. Ela virou-se para ver o que a amiga queria, e Inês meneou a cabeça.
"É, talvez seja melhor mesmo eu não perguntar nada por agora", pensou Lily. “Mas do quê será que ela estava falando?”.
Lily teria muito tempo para formular várias teorias sobre o assunto misterioso de Mônica, sobre o que estaria acontecendo de tão grave no mundo bruxo e o que os filhos de trouxas tinham a ver com isso, se neste exato momento as luzes do trem não tivessem se apagado e, como lá fora a noite já havia atingido a paisagem, a cabine envolvida por um profundo breu.
- O que foi isso? – perguntou uma voz à esquerda de Lílian, que ela reconheceu como sendo de Mimi.
- Eu não sei, mas parece que a luz foi interrompida – constatou Remo.
- Interrompida? – perguntou Inês, estranhando. – Como assim interrompida?
- Bem, não há como a luz acabar, como acontece nas casas trouxas, por falta de energia. Alguém fez algum feitiço para que ela acabasse, e olhem que o trem ainda está andando.
- Aluado, como é que você consegue pensar tão rápido nessas teorias? – perguntou Sirius, em tom de falso espanto.
- Isso não importa agora – disse Remo.- Nós temos que saber é o que aconteceu.
- Nós? – perguntou Tiago.
- Nós, quero dizer, eu e a Lílian, que somos monitores.
- É verdade – confirmou Lily. – Eu vou ver o que aconteceu. – Ela levantou-se e foi tateando no ar a procura da maçaneta da porta.
- Quer que eu vá contigo? – ofereceu-se Remo.
- Não, não é preciso – respondeu, encontrando a maçaneta da porta.
Mas quando Lílian foi abrir a porta pelo lado de dentro, outra pessoa tentava fazer o mesmo do lado de fora.
- Quem está aí? – perguntou Lílian para a suposta pessoa a sua frente.
Mas ela não respondeu. No lugar disso, passos apressados foram o único som que eles ouviram. Parece que a pessoa não queria ficar mais tempo ali.
N/A: Bom, eu sei que não ficou lá grande coisa, mas eu espero que vocês tenham paciência, porque às vezes o capítulo pode parecer sem graça ou não ter muita lógica, mas saibam que cada capítulo tem um significado, nem que seja só para o fim que isso seja revelado, mas um dia todas as peças vão se encaixar. Queria pedir-vos para comentar, porque quanto mais comentário houver, mais rápido eu posso atualizar. Sei que isso é muita presunção da minha parte, mas é verdade. E já agora, eu queria agradecer a minha mana das Perversas, Gábi das Fadas, que aceitou ser minha beta. Mana, você é uma fofa e uma querida, sabe que eu te adoro³³³³³. XD Então vai um beijo especial para a mana e para a minha Mamys Lety (Lisa Black) que serve de inspiração para as fanfics.
Beijos e comentem!
July Evans
N/B: ahh, que emoção! *-*
É minha primeira experiência como beta, por isso perdoem-me se eu deixei passer alguma coisa.
*olha pra N/A e ergue uma sobrancelha*
Naaada a ver! O capítulo ficou maravilindo! *-* Eu adorei! É super misterioso e deixou com gostinho de quero mais ^^
Err... não sei pelo que ela me agradeceu, mas tudo bem *revira os olhos*
Eu quero mandar beijo especial pra mamys também! ^^
Bem, eu reforço o pedido de reviews [pedido duplo de manas Perversas tem que ser atendido, gente!], apesar de saber que, do jeito que vai indo, elas vão chegar como conseqüência mesmo.
Não deixem de acompanhar a fic maravilinda, ok?
;**~
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