Além do Túmulo



O céu antes esmaltado de púrpura e branco, agora refletia-se numa escuridão sem fim. A silhueta de todos as coisas atingidas por essa tão densa escuridão eram por demais horripilantes. Suas nesgas sem vida não refletiam mais nada a não ser o prenúncio de algo horrível que ainda estava para acontecer.
A garota recostada ao vidro da janela acordou bruscamente. Ouvira seu nome. Alguém a chamara. Seu olhar pousou no pequeno quarto e viu que um rapaz esguio encontrava-se parado a soleira do portal.
Mesmo com a escuridão, deu para perceber que era muito alvo e que possuía flamejantes cabelos vermelhos.
- Oi Rony, entra - disse a garota em voz baixa
O rapaz de nome Rony, aproximou-se de si e beijou-lhe brevemente a boca. Ele sentou-se ao seu lado e reprimindo um pequeno bocejo, sussurrou:
- O que aconteceu Hermione. Vai me contar ou não?
- Sabe que sei tanto quanto você. Por quê continua a insistir? - esbravejou irritada - mas isto não interessa mais. O que realmente importa nesse momento é saber se o Harry está bem.
Rony suspirou baixinho e num tom de voz diferente, falou:
- O Lupin me disse que ele desapareceu por completo. Disse que não está mais em Londres. Parece que será díficil de rastreá-lo.
- É isto que me preocupa. Aonde ele está? - sussurrou Hermione tentando conter novas lágrimas - Espero que esteja bem... só de pensar na possibilidade de que pode estar...
Rony precipitou-se sobre ela e a abraçou fortemente. Ela resflolegou e enterrou a cabeça nos seus ombros largos.
" ele está bem" pensou. Não podia ter morrido. Não o Harry, ele é forte demais para se deixar apanhar assim... não o Harry....
Em algum ponto abaixo deles soou uma voz abafada anunciando para que descessem.
Os dois se soltaram e um tanto que constrangidos, desceram pelas escadas, onde uma mulher esbelta e simplesmente bela os aguardavam.
- Então vocês não foram atrás deles... - disse a mulher em tom de aprovação - isto é bom, Dumbledore iria querer que fizessem isto.
Rony e Hermione a fitaram de modo insolente e deslocaram-se para a mal-fadada sala de estar.
A mulher fixou seus profundos olhos castanhos nos dois e perpassou sua mão ligeiramente bronzeada por seus sedosos cabelos louros. Seu nome ra tão confuso quanto suas idéias. Se chamava Nellanne Firefly, uma dos membros da ordem da Fénix, pelo menos essa era a idéia.
Rony sentou-se com ímpeto e quase arrastou Hermione para junto de si. Ela sorriu constrangida e sentou-se no outro sofá de frente para ele. Com algum esforço, ela murmurou:
- Rony, você sabe o que temos de fazer não é? Quer dizer... está acontecendo do mesmo modo como havíamos previsto.
Ele a escutou atentamente, mas não teve a reação que ela esperava que tivesse.
- Me escute Hermione - começou ele - não sabemos onde ele está! como espera encontrá-lo?
A garota o fitou aflita e quase num gesto impacinte, lhe sibilou:
- Quantas vezes tenho de lhe dizer que posso rastreá-lo? Esqueceu que dei a ele o botão cardeal? Apenas eu posso encontrá-lo.
- Então por que não me diz de uma vez por todas onde ele se meteu? já que sabe onde ele está...
Hermione o fixou um olhar irritado, e não passando de uma fúria fria, falou:
- É isto que estou tentando lhe contar desde ontem! mas sempre somos interrompidos e você também não parece estar interessado no bem-estar do Harry! O que houve? esqueceu que dissemos a ele que juntos procuraríamos as horcruxes restantes? Esqueceu? Rony! O que está havendo!?
O garoto levantou-se de um salto e recostou-se de frente à lareira, não ligando para o rastejar constante das pequenas salamandras. Subitamente, ele falou:
- Você deve estar pensando que eu desisti de ajudá-lo, mas não é isto. Será que você não vê? Está prestes a começar a verdadeira guerra! toda a minha família está na Romênia, e toda a sua na Suíça. Apenas eu fiquei para trás. Fiquei para ajudar Harry. E o farei, nem que seja a última cisa que eu faça!
Hermione levantou-se e passou seus braços nos seu pescoço, dando-lhe um meio abraço. Encostando sua boca ao ouvido de Rony, sussurrou:
- Eu sei o que estamos prestes a enfrentar é algo além de nossa compreensão. Não é isso que estou querendo lhe dizer. O que quero lhe dizer é que você nunca foi assim. Nem em nossos piores momentos. Parece que você perdeu o gosto de viver!
Rony, emudecido pela resposta simplesmente ficou calado. Hermione afrouxou o abraço e disse por fim:
- Harry iria gostar que você sorrisse de vez e quando. E sua família também.

**************

Harry fitou estupefato a garota cujo nome era Mallory. Ela só podia estar louca! não poderia haver filiais da sede da Ordem da Fênix em outros países, era uma completa loucura!
- Não sei se você bebeu, ou se enlouqueceu de vez. Tudo o que sei é que tenho de sair daqui urgentemente! - bradou Harry exasperado
Mallory não o estava ouvindo; tinha toda a atenção voltada para os ruídos do lado de fora da cabana.
- Acho que estão se distanciando... - murmurou - eles pensam que não há nada aqui... pelo menos o Dumbledore fez um bom trabalho em encantar esta casa...
Harry que estava para lá de irritado com ela, ficou bastante impressionado em ouvir o nome de seu antigo diretor pela boca da garota.
- Quem diabos é você? - perguntou com certa displicência - Você não pode ser uma bruxa normal! tanto que na primeira vez que você me vê, começa a gritar feito louca anunciando que é uma bruxa! E se eu fosse trouxa? Como ia ser? Iria revelar que no mundo sempre teve bruxos e que as histórias que inventavam sempre foram reais?
Mallory esqueceu os comensais da morte e com uma certa fúria fria, falou:
- Eu nunca iria me arriscar a revelar a identidade bruxa a ninguém ouviu!? Eu só gritei aquilo porque calculei que nem um troxa seria capaz de aparatar do nada e trazer consigo uma rara capa de invisibilidade!
Harry abriu a boca para argumentar mas calou-se ao ver a expressão séria no rosto da garota.
- E eu só te ameacei daquela maneira por que não sei mais em quem acreditar. Você poderia muito bem ter sido um comensal da morte. Eu só fiz o que pensei ter sido certo. Depois do que aconteceu a Hogwarts eu não sei mais...
- Você conhece Hogwarts? - interompeu Harry surpreso.
Ela achou graça da pergunta, mas ainda assim respondeu :
- É claro! onde acha que aprendi magia! na minha casa ?
Harry fez menção de responder, mas foi interrompido por um pequeno estampido. Já que estava acostumado a ouvir tal som, percebeu logo que deveria se tratar de alguém aparatando. Empunhando a varinha soergueu-se e atravessou em silência a penumbra da cabana, sentindo que invísiveis pares de olhos o observavam de algum olhar.
Mallory fez sinal para que voltasse e ficasse junto a ela, mas ele a ignorou continuando sua curta caminhada através do seco assoalho da malfadada cabana.
Subitamente ecoou um grito de algum lugar acima deles, e em seguida um som abafado de alguém caindo. Depois silêncio.
Harry estreitou seus olhos pela escuridão e percebeu que havia altas escadarias à um canto da sala. Estranhou como não havia percebido que havia um outro andar na cabana. Havia pensado que só havia o térreo e nada mais. Pelo jeito àquela pequena casa era igual à tenda do Sr. Weasley na copa mundial de quadribol. Pequena por fora, grande por dentro.
Então de repente, Alguém pulou das escadas e gritou com infindável alegria o seu nome fazendo com que salatasse para trás de susto e perdesse sua varinha por alguns dos inúneros vaõs ligados às vigas da casa.
Sentindo que mãos o puxavam, tentou acertar com pontapés a pessoa que o segurava. Esta, atingida por um chute nas canelas, largou-o rapidamente e virou-se para encará-lo.
Era uma mulher de longos cabelos vermelhos, com um sorriso exulberante. Sua pele era alva como neve e seus olhos de uma alegria penetrante. Mesmo sob àquele diferente aspecto, Harry jamais esqueceria daquele par de olhos. Era Tonks, Uma das integrantes da aliança da Ordem da Fênix.
- Caramba Harry, sou eu! calma! - replicou ela tentando fazê-lo parar de chutá-la.
Harry levantou-se de um salto e corando de vergonha, olhou de Tonks para Mallory em seguida sorriu envergonhado.
Mallory sorriu triunfante e aproximou-se dos dois
- Então agora acredita que estou falando a verdade não é? Acredita que a Ordem da Fênix não é a única? - falou ela com um sorrisinho zombeteiro nos lábios
Harry não respondeu de imediato. Era um tanto doloroso admitir que errara ao duidar dela. Mas deixando o orgulho de lado, assentiu.
Ela sorriu e fitou Tonks com o canto do olho.
Esta percebeu o olhar da garota e desviou o olhar, fixando-o para o lado de fora de sua janela.
- Harry tenho más notícias. Sente-se. Será melhor se estiver sentado.
Ele a fitou com um olhar inefável e dirigiu-se lentamente para a acabada sala de estar da casa, Mallory e Tonks o acompanharam.
Tonks fez um gesto para que sentassem, para depois também fazer o mesmo.
Num tom completamente diferente do qual estava habituada, ela falou:
- Harry escute: aconteça o que acontecer ao lhe dizer o que tenho de lhe dizer, terá de prometer que não sairá desta casa, pelo menos por enquanto. ´Talvez aqui seja um dos únicos lugares do mundo que pode estar protegido.
Harry a olhou de maus modos e fez um gesto impaciente para assentir.
Tonks o fitou seriamente, e começou a falar:
- Harry, aconteceu algumas coisas enquanto esteve confinado na casa de seus tios...
Ele fez menção de argumentar, mas Mallory calou-o com um olhar cortante.
- ... uma delas é que a ORdem da Fênix foi descoberta.
Harry arregalou os olhos e fazendo força para não demonstrar fraqueza ou similaridades, falou:
- Era de se esperar não é? O Snape não era um sabiso do segredo? já esperava que ele fosse dar a língua nos dentes.
Tonks não respondeu, em vez disso continou a falar:
- Há muito mais coisas urgentes do que a Ordem. Lupin, Moody, Arabella Figg e alguns outros estão internados nos St. Mungus. Além disso, A família Weasley se mudou para a Romênia e está também sobre o feitiço do segredo. Ao que parece o própio Voldemort quer matá-los.
Harry boquiabriu-se de horror.
- Não se preocupe! - apressou-se ela a dizer - eles estão bem! Além disso Rony e Hermione estão em Londres, na sede provisória da Ordem.
- O que e-eles estão fazendo lá?
- Te esperando acho.
Harry levantou-se repentinamente e atravessou a sala em direção à porta de entrada.
- O que pensa que está fazendo? - gritou Mallory exasperada.
- Estou fazendo o que têm de ser feito. Tenho de ir a LOndres.
Tonks ergueu a varinha e num sibilo furioso, retrucou:
- TRate de voltar pra cá agora mesmo! Ainda não acabei!
- Você não me enfeitiçaria! - replicou
- Atreva-se a me desafiar!
Harry voltou a sentar-se no sofá, só que de maus modos fitou a metamoformaga.
- Ainda há uma coisa que precisa saber - voltou ela a falar, não ligando para a tromba dele - Ouve baixas no nosso lado no último conflito.
- Quem? - perguntou ele alerta, esquecendo-se da ameaça dela.
Tonks suspirou e após uma longa pausa falou:
- Bem, não sei se ele é realmente do nosso lado... Bom, é o Rufo Scringeour.
Ele morreu na semana passada. O pai do Diggory também morreu na semana passada e a família chang foi...
- O quê!? - gritou aterrorizado
- Calma, eles estão bem... é que por pouco eles também não morreram...
Tonks fitou por um momento o piso aos seus pés, e por fim disse:
- E também ouve a morte de Fudge.
Harry não se importou muito com a última notícia. Era óbvio que não desejava a morte do ex-ministro, mas também não morroa de amores por ele...
- Agora tenho de ir, Rony e Hermione precisam de mim!
Harry levantou-se mais um avez e correu até a porta, tendo uma surpresa Tonkz ao seu encalço.
- Harry não! Pode haver comensais aí fora!
Ele não ligou para a mulher e precipitou-se para a floresta. Mallory e Tonks o seguiram. Harry corria como o vento para a direção onde escondera os Dursley. Tonks o amaldiçoava a altos brados e Mallory corria impassível pala estreita trilha de terra da floresta.
Nessa corrida desenfreada subitamente aconteceu uma coisa estranha.
À frente deles numa grande clareira erguia-se um pequeno cemitério de aspecto sombrio e familiar, e até singular se não estivessem preocupados demais em um xingar o outro.
Harry parou e quase foi derrubado quando Mallory e Tonks fizeram o mesmo.
- Ai, não empurra! - gritou Mallory num assomo de raiva.
Repentinamente, uma forte rajada de vento perpassou pelo cemitério, levantando incríveis nuvens de pó e folhas ressecadas pelo tempo pra o ar.
- SE abaixem! - gritou Tonks aos dois erguendo a própia varinha acima da cabeça.
Harry foi empurrado por Mallory e os dois caíram em cima de uma tumba .
Tonks caiu no chão nitidamente estuporada, o que fez com que Harry imediatamente saltasse de cima da tumba e erguesse a varinha para o alto, lançando inúmeras fagulhas vermelhas no céu profundamente negro.
Mallory também sacando a varinha murmurou palavras desconexas em direção à Harry e à Tonks.
- O que pensa que está fazen... - balbuciou Harry antes de cair com força no chão úmido de terra do cemitério.
Antes de seus selarem-se, Harry teve uma última visão:
Mallory estava se debruçando sobre si. Com uma expressão que não se podia exprimir por palavras.
Uma expressão que mesmo em sonhos, lhe provocava medo.

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