Na mira da morte
m Selene Hallerie, atrevessou tranquilamente a rua Neoport no centro da bela Paris. Pensando como a rua estava deserta para um dia de sábado a noite, tentou buscar na memória qualquer coisa que fosse lhe ajudar no que tinha de fazer logo mais.
Sabia que se fosse pega, não era apenas a sua vida que se despedaçaria. Havia gente envolvida demais. Mas procurou não pensar nisso. Tudo o que não queria no momento era preocupar-se ainda mais com o assunto.
S uspirando e observando o formoso céu escuro acima de si, Selene subiu a calçada e olhando para os lados atenta, entrou sorrateiramente no beco azul, assim chamado por suas diferentes tonalidades de azul em toda a sua extensão. Sabia que se quisesse continuar vivendo, tinha de ser o mais cautelosa possível. Não podia realizar o mais ínfimo erro. Pois qualquer que fosse, iria ser fatal.
Selene balançou a cabeça instintivamente como se para afastar tais pensamentos e tentou focalizar sua atenção para o final da rua, onde erguia-se uma imponente catedral de origem asteca, uma famosa igreja da cultura em todo a FRança.
Mas não era nisso que estivera pensando; aquilo não lhe interessava nem um pouco. O que realmente lhe interessava no momento era o que talvez viesse a descobrir dentro de seu interior frio e lúgubre. Todo o peso de seu destino estava a lhe agulhar os ombros.
" Não posso errar... eles não podem descobrir... se isto acontecer... "
Selene aproximou-se cada vez mais da catedral, sentindo que uma misteriosa garra lhe perfurava o peito e a alma.
Sabia que era apenas impressáo, mas estranhamente sentia que desde que entrara na rua, havia alguém a espreita observando-a. Era loucura. Simplesmente loucura.
Respirando fundo, finalmente chegou em frente a catedral. Seus imensos e tortuosos degraus de entrada erguiam-se até o alto, elevando a altitude da igreja, fazendo-a se tornar imensa sendo observada de baixo. Selene começou a subir, e ao fim de que lhe pareceu ser uma eternidade finalmente chegou em frente às portas de entrada da catedral. Mesmo sob o peso obscuro e sinistro da escurídão do céu acima de seu telhado, a igreja estava aberta. Sabia muito bem que ela não era aberta à noite. Raramente tal fato ocorria. Sabia que o motivo de ela estar aberta era outro. Um motivo ainda mais sinistro e aterrador do que ver às portas àquela maneira.
Selene fechou os olhos, contemplou a escuridão de sua mente e suspirou fundo. Logo em seguida, os reabriu e encaminhou-se lentamente para as portas.
Após alguns segundos, entrou na imensa igreja. Uma claridade bruxuleante provinha de algum lugar mais ao fundo do salão de entrada. Tentando manter-se calma seguiu até lá, não ligando para ruídos de trituração que circundavam o ar.
Antes de chebar ao fim do salão e ver de onde luzia àquela luz, uma voz fria e ríspida, que não passava de um sussurrou, ouviu-se dizer:
- Então você veio. Me admira a coragem. Venha até aqui Selene.
Ela virou-se bruscamente para trás e tentano não sufocar um grito, viu algo que jamais em sua vida pensou que iria presenciar. Um homem de pele cadavérica, branca como mármore, adiantou-se e dirigiu-se sem demora até a
sua presença. Selene viu que o homem não tinha um nariz propiamente dito. Parecia-se mais como narinas de cobra.
- S-sim, estou aqui. Trago notícias sobre o menino - disse ela não tendo coragem de fitar o homem nos olhos. Mesmo que quisesse não podia. Eles eram vermelhos como fogo. Se ousasse olhá-los provavelmente se dilaceraria perante tamanha aura de poder.
O homem desviou o olhar e fixou-o na imensa abóboda acima deles. Em seguida, disse de forma ríspida e sibilante:
- Sabe que quem me ajuda acaba se tornando infindavelmente poderoso?
E também sabe que quem ousa a me trair acaba se enterrando nas teias da morte e da dor?
" ele me descobriu! "
Selene ergueu o olhar e tentando não balbuciar, falou:
- S-Sei sim senhor...
O homem se aproximou cada vez mais de si. Selene fez de tudo para não demonstrar repulsa pelo homem. Se fosse descoberta...
Ele levou as mãos à um dos bolsos da veste e retirou-se um pegueno graveto de cor negra e cintilante. Ele ergueu o graveto até ficar perante os olhos da mulher. Ela, arreagalada de choque e horror, tentou não demonstrar fraqueza ou similaridades. Tudo o que tinha de fazer era permanecer forte e áustera .
- Você foi bastante útil, até mais do que poderia supor. Mas pensa que não sei que você não é nada do que aparenta ser?
Num minuto em que todo o peso de sua vida, passado e futuro pesava-lhe nas costas e machucava-lhe as entranhas, Selene fitou o os olhos do homem e o graveto mirado em si.
Pôs as mãos disfarçadamente dentro de um dos bolsos da calça e numa velocidade sem igual, empurrou o homem e ergueu também um graveto igual ao do homem, só que em vez da cor negra, era da cor de bronze.
- Levante-se idiota! - gritou ela num acesso de fúria contida - pensou mesmo que as informações que tenho lhe trazido são reais? Que são verdadeiras? engana-se tolo! pagarás por tudo que fez e tem andado feito!
Selene ergueu o graveto e mirou no coração do homem. Numa exaperação de ódio gritou:
- Avada Kedavra!
Um jorro de luz verde saiu da ponta do graveto, que por sinal não era graveto coisa nenhuma, e sim uma vara mágica e atingiu com ímpeto o chão polido da catedral, ricocheteando com altivez pela aura negra do prédio.
O homem lançoú-lhe um último sorriso debochado, e com um forte estampiodo desapareceu em pleno ar, como fazem os mágicos em shows ´para tal propósito.
Selene urrou de raiva e sentou-se suspirando em um dos bandos de madeira polida da catedral. Como pudera ter errado? estava tão próximo...
Levantando-se de um salto, voltou-se para a entrada da abóboda, sentindo que um grande peso nos ombros comoeçava a perfurar seu coração.
Abanando a cabeça e com um forte estampido, desapareceu.
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Aos poucos e muito lentamente, Harry começou a acordar. com a visão ligeiramente embaçada e turva, notou de imediato que não estava mais num cemitério ou em sombras de alguma floresta.
Estava deitado numa espécie de celeiro, isto em vista à grande quantidade de feno e excrementos. Também notou que estava só no celeiro e pior, sem sua varinha.
Levantando-se cautelosamente sondou o espaço à sua volta e dirigiu-se sem fazer ruídos para a grande arcada de madeira, que servia como porta de entrada ao celeiro.
Estava fechada.
Afinal o que estava acontecendo?
Apenas lembrava-se totalmente difusamente de Mallory lançando-lhe um feitiço, e depois disso não se lembrava de mais nada. Agora que conseguia pensar com mais clareza, uma repentina e assustadora idéia começavam a sobressair-se de sua mente.
Será que Mallory...?
Não, não pode ser...
Era loucura pensar em tal hipótese. Simplesmente loucura...
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