+ No território inimigo



– Que lindo! Por que nunca me contaram? Eu teria achado uma notícia fabulosa – Gargalhou Bellatrix. Harry e Marienne, por algum motivo, continuavam abraçados, com medo de se soltarem. Houve um estampido, seguido por um barulho de rodopiar de capa e uma exclamação sonora. Em seguida, um grito. Hermione tinha acabado de aparatar ali, presenciando toda a cena. A sua boca aberta estava um pouco destampada embaixo da mão que tentava cobrí-la.



– E a sangue-ruim chegou para comemorar também! Não está feliz pelo seu amiguinho, querida? Olhe só que cena mais linda! Espero que eu seja convidada para o casamento... ah, não, espere aí.... como vai haver casamento sem... noivos... – E deu mais uma gargalhada maníaca, antes de, com um gesto rápido, puxar Marienne pelo braço e sair correndo. Harry, sem nem ao menos pensar duas vezes, sem nem ao menos medir as conseqüências desse ato, desatou a correr atrás da bruxa.



Locomotor Mortis! – Gritou alguém às suas costas; caiu de borco no chão, os braços e pernas colados ao corpo e a si mesmos, e levou um tremendo choque ao ver Hermione correr ao seu encontro, vindo de trás dele. – Desculpe, Harry, mas eu não posso deixar que você vá atrás dela. Ela é uma Comensal da Morte, e mesmo que não queira, pode ser isca fácil para Bellatrix. Eu não posso permitir que ela faça um estrago desses.



Muito devagar, Harry abriu a boca; foi uma tarefa difícil, já que estava em um estado de quase-petrificação; mas conseguiu se fazer ouvir, alguns resmungos saindo de sua boca junto com suas palvras:



– M-one... gnão... eu... Au-gror...



– Do jeito que você é irresponsável, eu não faço idéia como conseguiu entrar no Centro de Treinamento! – Queixou-se Hermione, cruzando os braços. Harry conseguiu se mexer mais alguns centímetros... se conseguisse pegar sua varinha... talvez... esticou a mão, já que o braço estava imóvel e colado ao corpo... faltavam poucos centímetros...



– Você não tem o menor senso de responsabilidade! Se ainda estivéssemos em uma luta limpa com os Comensais da Morte, mas temos aqui um monte de inocentes! Pacientes que não têm nada a ver com isso!



Harry alcançou a varinha; agarrou-a com força, e deslocou-a, cuidadosamente, para o lado do corpo. Mirou seus pés, uma das únicas coisas que conseguia ver e mirar decentemente, e murmurou:



Finite Incantatem – Harry sentiu os músculos descontraindo-se; Hermione aparentemente não percebera, continuava falando seu discurso sobre o cuidado que deveriam ter com os pacientes, e como uma missão daquelas era importante para eles... Harry sentou-se antes de se levantar e esgueirar-se até a saída do consultório; sentia-se mal por enganar Hermione, provavelmente ela perceberia em poucos segundos que ele saíra, o que era tempo suficiente para aparatar atrás de Marienne. Ficou tanto tempo pensando, respirando profundamente e consultando suas articulações antes de aparatar que Hermione alcançou-o. Parecia afrontada.



– Harry, como você...?



Antes que a garota falasse alguma coisa, Harry puxou a garota pelo pulso e aparatou instantaneamente; apareceram no andar térreo, muito perto de Bellatrix Lestrange. A bruxa continuava segurando Marienne pelo braço, com muita força; segurava a varinha de Marienne na outra mão, juntamente com a sua. Falava muito rapidamente com um Comensal cabisbaixo, de maneira que Harry só conseguiu captar algumas palavras:



– Potter... emboscada... plano perfeito... leve... irmã...



O Comensal assentiu com a cabeça e puxou Marienne violentamente para seu lado. Harry rosnou, nervoso. Sem mais delongas, aparatou, de braço dado com Marienne. Bellatrix sorriu.



Hermione puxou Harry pela capa e o arrastou até atrás de um pilar que não estava em chamas; virou-o e encarou-o longamente.



– Harry, eu sei que você gosta dessa moça, mas por favor, é a sua vida que está em jogo! Você não percebe que ela, indiretamente, vai destruir você? Você é uma pessoa tão sensata na maior parte do tempo, tente pensar mais longamente, você acha que vale a pena se arriscar por ela?



Harry fitou a amiga.



– Você acha que eu estaria aqui se não fosse por ela? – Disse, encarando os olhos de Hermione, que estavam muito brilhantes. – Você acha que eu não me arriscaria por ela? E você acha que ela não está se arriscando por mim? Eu sou Harry Potter, e qualquer um que está ao meu lado está automaticamente se arriscando, não acha? No caso dela é pior, está enfrentando uma pessoa que está constantemente ao lado dela. Mas ela continuou a me ver.



Hermione ficou sem palavras. Emitiu um som que pareceu a Harry um soluço, mas quando levantou os olhos novamente para o amigo.



– Você... está certo, Harry... ela não tem o que ganhar, também... eu... eu vou lhe ajudar. Eu vou ajudar você com Marienne. – Hermione levantou a mão aos olhos.



– E pode contar comigo também, cara – Disse uma voz atrás de Hermione. A garota gritou de susto ao ver Rony bem atrás dela, e Harry não podia deixar de admitir que nem tinha notado a presença do amigo. Rony parecia muito pálido e ainda um pouco doente, mas sustentava um sorriso confiante no rosto branco, seus cabelos contrastando fortemente com sua palidez. Hermione, que parecia a beira das lágrimas, abraçou o noivo e beijou-o, coisa que, na visão de Harry, tinha tentado evitar fazer desde que o amigo chegara na Ordem da Fênix.



– Obrigado, gente. – Sorriu Harry, de maneira que jamais imaginou capaz de fazer naquele momento. Então saiu de trás do pilar e olhou para Bellatrix. – Hum... vocês têm algum plano?



Os dois amigos abanaram negativamente a cabeça, os cabelos espessos de Hermione esvoaçando para todos os lados. Harry calou-se, pensando... Foi então que sobressaltou-se; três Comensais gigantescos, de altura e largura, seguravam um corpo muito pálido entre eles, que parecia absolutamente sem forças para resistir, embora se mexesse incomodamennte. Trouxeram o corpo até Bellatrix, que encarou-o.



– Você vai ter o destino que merece, seu mestiço imundo! – Riu Bellatrix, quando encarou o rosto do homem. Hermione gritou ao perceber quem era. Os óculos de Harry estavam muito sujos, então os retirou, limpou as lentes apressadamente na roupa e colocou-os de novo; em seguida, reprimiu um grito.



Era Lupin.



Harry mexeu-se inquieto, murmurando palavras que nem ele mesmo sabia o que significavam. Hermione, percebendo o que Harry pretendia fazer, segurou o seu braço para contê-lo, mas o garoto se desvencilhou dela e, com muita rapidez, esgueirou-se alguns passos. Estava bem atrás de Lupin... será que pular e tentar tirá-lo dali era o mais sensato? Não, não.. tinha que pensar depressa...



– Leve esse saco de pulgas até a nossa sede... e ele irá receber uma visitinha de alguém que está louquinha para vê-lo... – Gargalhando furiosamente, Bellatrix se afastou. Os Comensais andaram alguns passos, obviamente procurando espaço para aparatar, já que eram maçudos e carregavam uma pessoa entre eles.



“Essa é a chance, pensou Harry consigo mesmo... os Comensais estavam perto... muito perto...



– Segurem-se em mim – Pediu Harry para os amigos. Hermione tremia.



– Harry, o que você quer fazer, Harry...



Harry não respondeu. A amiga, desconsolada, segurou de leve o casaco de Rony, que se segurava, obedientemente, na gola da capa de Harry. Os três muito juntos, Harry agarrou um calcanhar de Lupin e outro do Comensal da Morte mais próximo, que já estava girando nos calcanhares...



Os seis (Harry, Rony, Hermione, os dois Comensais e Lupin) desaparataram imediatamente do St. Mungus... Em uma fração de segundo, sentiu a mão de Rony escapando da gola da sua veste... ouviu dois gritos e olhou para trás; tinha soltado-se do Comensal, imerso no nada, mas ainda continuava próximo a Lupin.



PAF.



Estava ainda segurando no pé de Lupin; soltou-se imediatamente, olhando tudo a sua volta. Estava em um quarto velho, empoeirado e que emanava fedor de mofo; havia uma cama de dossel quase inteiramente carcomido, e tapetes imundos que levantavam poeira à simples menção de pisar neles. Lupin estava desacordado, e só havia no quarto mais um Comensal da Morte, que parecia desmaiado também. Harry levantou-se e procurou sua varinha para reanimar Lupin; no instante que a localizou, dentro do bolso esquerdo da capa, o Comensal da Morte parecia estar acordando. Harry andou na ponta do pé até uma porta próxima. Era um banheiro. Escondeu-se lá e deixou a porta entreaberta, para escutar o que estava acontecendo.



O Comensal da Morte estava definitivamente acordado; Harry atreveu-se a espiar, sutilmente, o que ocorria; o Comensal levantou-se, muito vagarosamente, e em seguida abaixou-se; no momento seguinte, estava segurando os pés de Lupin, e arrastou-o até a cama de dossel, jogando-o lá sem o menor cuidado. Harry reprimiu a vontade de estuporar aquele idiota... se estivesse aonde pensava que estava, teria que ser extremamente cauteloso com os seus atos.



O Comensal desapareceu do campo de visão de Harry. Com um movimento mais cuidadoso de cabeça, percebeu que ele havia saído do aposento. Estava saindo daquele banheiro imundo quando a porta novamente se abriu; era Marienne, acompanhada de outro Comensal, que trazia uma cadeira e um lenço. A moça parecia ter chorado, e estava extremamente nervosa. Suas mãos tremiam descontroladamente e, Harry notou, ela parecia acometida de freqüentes arrepios, apesar de não haver o menor sinal de vento.



– Vou deixar os dois sozinhos – Disse o Comensal com uma voz arrastada, um tom irônico na maneira que falava. Pousou a cadeira de costas para a parede, deixando a pessoa que sentaria nela diretamente em frente à cama, que seria majestosa se não fosse tão velha e mal-cuidada; em seguida, saiu pela porta, exatamente como o outro fizera. Marienne se dirigiu até Lupin, um olhar pesaroso no rosto.



Enervate – Disse a bruxa, com suavidade, apontando a varinha para Lupin. O bruxo acordou, parecendo atordoado por um momento, até encarar Marienne, como se nada ali o surpreendesse. Sentou-se na cama, e disse, agradavelmente:



– Há quanto tempo não nos falamos, hein? – Sorriu. A bruxa pareceu desesperada.



– Por favor, Remus, não torne tudo ainda mais difícil do que já está sendo... – Pediu Marienne. Lupin expressou em seu rosto os sentimentos de Harry; parecia não ter compreendido o que a bruxa dissera.



– Desculpe, Mari, mas receio que não tenha ouvido o que você disse.



Marienne não respondeu. Com um aceno da varinha, ergueu Lupin até a cadeira e pousou-o lá, como se o bruxo fosse um leve objeto. Em seguida, conjurou cordas, que se esgueiraram no chão como serpentes beges e amarraram-se à cadeira, prendendo Lupin até o pescoço. Harry segurou uma exclamação.



– Mari, o que é isso, exatamente? – Perguntou Lupin, sem nenhum vestígio de sorriso no rosto, agora.



– Um juramento imprudente me obriga a fazer isso, Remus... e só assim poderei ser livre, poderei voltar para Harry. – Marienne não olhava para Lupin quando disse isso, olhava resolutamente para o chão, parendo decidida a não desgrudar os olhos do soalho.



– Você acha que Harry vai aceitar você caso você me matar? – Perguntou Lupin, a voz fraca mas inacreditavelmente calma.



– Não tenho opção! – Chorou Marienne. Ela correu até a cama e as lágrimas escorreram por todo o seu rosto. – Eu simplesmente tenho que me vingar, tenho que lhe matar! Eu não quero mais ser uma Comensal da Morte! Eu prometi a Milt! – Guinchou, aterrorizada, ao dizer aquele nome, e escondeu o rosto nas mãos.



– Milt? Milt? – Repetiu Lupin, perplexo. – Ah, Marienne, não me diga que ele tem algo a ver... por favor, não diga que ele convenceu você...



Marienne soluçou.



– Antes de morrer, ele... ele me fez prometer... prometer não, jurar... que eu vingaria a morte dele, me tornando uma Comensal e matando quem o matou... e foi você, Lupin, foi você! Algo imutável e terrível, que eu não queria conviver!



A boca de Lupin estava entreaberta.



– Mas...Marienne, eu nunca matei o Milt....



– Matou, eu sei, foi em um duelo...



– Não, não é nada disso... você entendeu tudo errado... deixe-me explicar tudo, ou você pode fazer algo que não quer... por favor... – Lupin parecia mais nervoso do que Harry jamais o vira; a cena era simplesmente terrível demais, estava mergulhado em um estupor de que tomara consciência só agora... a mulher que mais amara estava prestes a matar um dos seus melhores amigos e tutor ideal... O que podia fazer?



– Desculpe, mas eu não preciso ouvir mais, eu sei tudo... não quero me arrepender disso, esse deveria ser um dos momentos mais felizes da minha vida... eu estou me libertando da minha prisão, Lupin...! entenda isso...



– Não há quem matar! Não há culpado! Por favor, Marienne, escute a minha história, é a verdade, vai fazer sentido, por favor... Se ao menos você me der uma chance, vai esclarescer tudo... tenho certeza de que você não mataria um inocente, Marienne!



Essas palavras causaram forte impacto sobre a bruxa. O rosto manchado de lágrimas, os olhos rasos, ela disse, quase num sussurro:



– A coisa que eu mais fiz na vida foi matar inocentes, Lupin. Eu quero sair dessa vida.



– E vai sair. – Afirmou Lupin. – Olhe – Disse ele, tenso, olhando as cordas, mas não fazendo comentário algum sobre elas, e sobre como deveria estar incômodo ali –, eu só quero dizer que... quem matou Milt foi o próprio Milt. Sabe... era um duelo de rua, realmente, um confronto entre Aurores e Comensais da Morte... olhe... não será possível lhe contar com palavras – Disse Lupin, e Harry achou que o amigo estava anunciando seu fim. Mas, para sua surpresa, Lupin mexeu-se incomodamente na cadeira, apanhando sua varinha, como se pudesse fazer isso há qualquer hora, mas não o fizera para deixar Marienne satisfeita consigo mesma. A bruxa parecia tão assombrada quanto Harry, mas também não falou nada; estava mergulhada em um estupor profundo de tristeza. Lupin, percebendo que a moça não reagira de forma alguma, conjurou uma penseira luminosa, ainda sentado e com cordas segurando suas pernas, e em seguida acrescentou à ela um pensamento prateado. No instante seguinte, mergulhou a ponta da varinha dentro da bacia e retirou-a rapidamente, apontando bruscamente para a parede, como um pintor que pincela quadros à distância. Uma imagem iluminada e perfeita refletiu-se diretamente na parede branca atrás dele, e ele arrastou o assento com os pés, para garantir uma visibilidade melhor da cena.



Harry nunca tinha visto nada parecido. Sabia que era perfeitamente capaz de entrar em uma Penseira, mas jamais cogitou a hipótese de que poderia retirar a idéia de dentro daquela bacia, afim de haver um número maior de espectadores do pensamento ou lembrança em questão. Harry assistiu, em silêncio, uma série de imagens se projetando na parede, como um filme de cinema.



Harry assistiu em silêncio o pensamento de Lupin projetado na parede; a boca de Marienne estava ligeiramente entreaberta.



De início, aparecia uma rua... uma rua de pedras, muito comprida, as lojas e casas ao seu redor completamente fechadas. Algumas pessoas entraram em cena; vestiam-se completamente de negro, e gargalhavam muito alto. Raios surgiam ali e aqui, iluminando a cena como um todo. No momento seguinte, uma senhora gritava extremamente alto em uma das casas fechadas, ao verificar, pela janela, o que ocorria na sua rua.



– Vamos lá, Milt, acabe com ela! – Gritou uma voz conhecida para Harry. Ouviu alguém rindo, e em seguida a resposta:



– Nem precisava pedir! – O bruxo que falara virou-se em direção à casa em que a velhinha espiava para fora, aterrada; um jato de luz verde atingiu em cheio a janela, e o rosto da senhora não era mais visível. Marienne sufocou um grito, uma das mãos cobrindo a boca, os olhos fixos nas imagens projetadas.



– Estão ali! – Gritou uma outra voz, aparentemente de alguém que não estava na cena, pois todos os encapuzados se entreolharam, curiosos. A voz repetiu o alerta, e, no segundo seguinte, cerca de vinte bruxos aparataram imediatamente na rua, os braços cruzados. O batalhão começou a estuporar cada um dos encapuzados, que, ao contrário, enviavam luzes vermelhas em direção aos bruxos recém-chegados, que vestiam grandes capas azul-petróleo, com um “M” pequeno bordado do lado esquerdo do peito.



Um dos bruxos vestido com o “M” virou-se; era Lupin, decididamente mais novo, o rosto tenso. Lutava furiosamente com um dos encapuzados; os dois deslocavam-se pela parede, até que a cena focou-se somente nos dois, algo natural, quando se tratava das lembranças íntimas de Remus Lupin.



– Você nunca irá me pegar, seu cachorro velho! – Gritou o encapuzado, o capuz caindo pelo lado do rosto; era loiro, ligeiramente sardento, e jamais teria convencido Harry de que era um Comensal da Morte. Seu rosto era pálido e marcado por uma longa e fina cicatriz que corria por toda a extensão da bochecha esquerda; seus olhos, astutos e frios, eram de um azul cinzento e marcante. Lupin não respondeu à ofensa: lançou um Expelliarmus, mas o Comensal da Morte desviou, indo parar atrás de uma grande lata de lixo.



– Não faça isso consigo mesmo, Milt! O Ministério está em peso aqui, você não vai ficar impune por muito tempo... – Avisou Lupin, mas o homem meramente levantou a mão por cima da borda da lata e anunciou “Avada Kedavra!”. Lupin, por impulso, acabou desviando assim que a Maldição passou perto dele. Escondeu-se atrás de um poste.



– Eu não me importo que você me mate, porque sei que você não vai sair ileso disso! – Gritou Lupin, a voz um pouco mais enfurecida, quando o homem mirou, desatentamente, outra Maldição da Morte nele. – E, se quer saber, você merece isso não somente pelas pessoas que matou, mas pelo que está fazendo com Marienne! – Disse o bruxo, e o outro, a meio caminho de enviar outra Maldição Imperdoável, estacou. Levantou-se de trás do latão e disse, a voz trêmula.



– Ela não está sofrendo. Eu não estou fazendo isso pelo mal dela. Muito pelo contrário. Crucio! – A Maldição passou raspando a ponta da orelha de Lupin. Ele deu uma cambalhota e caiu, mas desviou-se do feitiço.



– Você acha que ela não está sofrendo, mas eu não me surpreenderia se ela estivesse justamente agora chorando, preocupada com você e aonde você anda, e, principalmente, com quem anda... vamos lá, Milt, se você não se importa consigo mesmo, pelo menos faça isso pela Marienne!



O homem saiu de trás da lata de lixo, encarando Lupin com os olhos desfocados. Fora da cena, Marienne encarava a parede com os olhos úmidos. Estava prestes a chorar, segurando um pedaço do dossel da cama entre os olhos.



– Quando o Lorde voltar, Lupin, é melhor estarmos do lado dele. Eu não quero que ela sofra. – Disse o homem, embora parecesse um tanto incerto de suas palavras.



– Mas ele pode não retornar, Milt. E, se retornar, o mundo bruxo estará preparado para recebê-lo outra vez. Venha, vamos lá. Entregue-se aos Aurores e aos representantes do Ministério, será mais fácil...



Milt pareceu enfurecido.



– Nunca irão me pegar! Está ouvindo? NUNCA! Se me pegarem, serei morto! Jamais me perdoarão! – E lançou mais uma Maldição, que Harry não conhecia. Assim que um jato arroxeado saiu da ponta da varinha de Milt, Lupin berrou “Protego!”, desviando o feitiço, que ricocheteou...



O feitiço arroxeado disparou ao seu emissor; Milt, que não esperava por isso, estacou no mesmo lugar, abobalhado... o feitiço o atingiu em cheio, deixando-o caído no chão.



– Por Merlin... – Murmurou o Lupin da cena. No mesmo momento, uma comitiva de bruxos do Ministério apareceu, todos parecendo arfantes; ao encontrarem Milt, estacaram e ergueram as varinhas, mas Lupin colocou-se à frente deles:



– Não! Não... vamos levá-lo ao St. Mungus, ele se feriu... – E, junto com mais dois representantes mal-encarados e bravos, Lupin conseguiu erguer Milt do lugar, aparatando em seguida, as capas rodopiando...



As cores e luzes que vinham da parede foram minguando... houve um rodopio de cor e luz e uma nuvem surgiu no lugar da lembrança projetada de Lupin; o pensamento tinha acabado, então, estava escoando de volta para o seu lugar, a Penseira. Ouviu alguns soluços, e observou que Marienne tapava o rosto com as mãos. Lupin levantou-se da cadeira e começou a consolá-la. Harry só conseguia ouvir algumas poucas palavras inteligíveis, pois a moça chorava realmente alto.



– Eu não presto... ia fazer uma burrada... deixei-me enganar... eu sempre acreditei.. ela me enganou...



– Algo que é realmente normal., quando sua irmã pretende ter você como aliada... – Disse Lupin, a voz só um sopro. – Olhe, Marienne, se eu fosse você, não ficaria chorando pelos cantos. Iria fazer alguma coisa.



– Você tem toda a razão, Remus! Eu me deixei levar e... e fui enganada! Por todos! – Marienne levantou-se, parecendo que, assim, iria tomar coragem para fazer o que ia fazer. – Eu cansei, sabe! Cansei de ser idiota! – E tentou sair pela porta, as vestes rodopiando, mas Lupin a conteve.



– Espere. Você deve explicações à mais alguém. – Marienne o encarou por alguns segundos, parecendo um tanto atordoada, até que ele completou a frase. – Harry. Se você quer ter uma relação aberta com ele, receio que não possa esconder isso por mais muito tempo..



– Mas... – Marienne baixou os olhos. Parecia que iria chorar outra vez. Mas não o fez, para o alívio de Harry, que espreitava toda a cena, já cansado de ficar de pé, na mesma posição, para não chamar a atenção de Lupin ou Mari. – Sim, realmente, você tem toda a razão, de novo. Mas como eu vou contar para Harry que a única coisa que me obrigou a entrar para os Comensais da Morte foi uma promessa infundada? Ele me acharia ridícula!



– Na verdade – Harry surpreendeu até a si mesmo, falando pela primeira vez no que parecia um bom tempo. Marienne e Lupin viraram-se, Marienne parecendo completamente temerosa, Lupin, em compensação, sorrindo, como se soubesse que Harry estava lá o tempo todo –, eu não acharia, não.



Marienne correu até Harry e o abraçou com muita força, talvez até demais. Harry, porém, não ousou separar-se dela, mesmo que seus ossos saíssem triturados do abraço. A jovem chorava e soluçava descompassadamente no ombro de Harry, e o garoto, sem saber o que fazer, alisou o topo da cabeça da namorada. Lupin encarava a cena com um olhar embevecido.



– Ah, Harry, eu tinha tanto medo de lhe contar! Eu... eu... ah, me desculpe! Eu... – Harry ignorou suas palavras, beijando-a com rapidez. Marienne pareceu surpresa por um momento, mas logo tratou de retribuir o beijo que Harry lhe dera. Os dois se beijaram por mais alguns momentos, até que foram interrompidos por Lupin, que encarava o quarto atentamente.



– Hum-hum – Pigarreou o bruxo, com muita discrição, e os dois se separaram, um tanto constrangidos. Harry sorria; sabia que um enorme peso na consciência de Marienne tinha se esvaído, e se sentia muito feliz ao saber que mais nada prendia a namorada aos Comensais da Morte. Estava tão satisfeito quanto ela, no mínimo, que sorria por debaixo das lágrimas já despencadas. – Desculpe-me se estiver enganado, mas... por acaso aqui é a sede dos Comensais da Morte, Mari? – Perguntou, em tom trivial.



– É sim – Disse a bruxa, enxugando um olho. – Aqui é... hum... o quarto aonde Milt ficava, quando tinham que combater... sabe, a sede principal é a antiga casa dos Riddle, mas agora é muito difícil se estabilizar por lá, o local está lotado de Aurores... da última vez que estiveram lá, acabaram largando para trás um refém... – Marienne tampou a boca e encarou Harry, assustada.



Então era por isso que Duda Dursley fora encontrado na frente da casa dos Riddle... lá tinha sido um ponto de fuga para Voldemort, e os Comensais da Morte o usavam agora, também... por isso...



– Mari... por acaso você sabe... quero dizer, alguma coisa.... sobre.... o P..



– Infelizmente, Harry, não sei nada de concreto sobre o caso do Percy. – Disse a moça, em tom desconsolado, cortando e completando a fala de Harry – Veja bem, quando ele foi raptado, eu ainda trabalhava no... CT.... – Encerrou a bruxa, parecendo completamente infeliz agora. Harry abraçou sua cabeça, mas não disse nada. Marienne se afastou, parecendo tão infeliz quanto antes.



Durante todo o tempo deixou-se enganar pelas falsas pretensões de Bellatrix... imaginava que, se realmente havia acontecido alguma coisa com Milt, realmente teria que se vingar, mas tudo não passava de um erro que seu antigo namorado cometera... Lupin apenas se defendeu, não quis matá-lo... e Bellatrix sabia disso, pois sabia que Lupin estava relacionado com tudo... E ela tinha perdido tantas oportunidades! Poderia ter feito uma carreira brilhante como administradora de Poções, no Ministério, mas sabia que haviam olhares de esguelha em sua direção toda vez que se virava... sabia que era encarada, por muitos, como uma assassina, uma vilã... e, de fato, tinham sua parcela de razão... mas... ela poderia mudar a sua imagem, mas não conseguiria fazer isso, sabendo, intimamente, que de fato merecia todos aqueles adjetivos que as pessoas lhe chamavam na surdina...



Mas agora ela ia se vingar de quem lhe fizera tanto mal. Ah, se ia.



Marienne encarou Harry novamente. Estava se sentindo extremamente mal, mas não iria verbalizar isso para o namorado. Contentou-se em lhe dar um abraço desamparado e abrir a porta do dormitório. Sabia que Lupin a encarava profundamente, como se analisasse tudo em Marienne, mas nem ao menos reagiu aos olhares; sabia que o amigo e instrutor estava imaginando o que passava em sua cabeça, e Marienne não ia contar, não ia mesmo. Forçou um sorriso.



– Vamos? – Perguntou, em uma imitação medíocre de simpatia. Harry a encarou.



– O que há, Mari? Algum problema? – Ele a observava, nervoso.



– Problema? Não, nenhum, somente estou aqui, perdida nos meus pensamentos... não ligue, isso é bom – Sorriu a moça, e Harry continuou observando-a. – Significa que eu penso. – Marienne nem reconheceu sua voz dizendo aquilo, e nem fazia parte do seu temperamento dizer algo assim, mas resolveu calar-se. Era muito ruim compartilhar seus conflitos interiores com mais alguém além de consigo mesma. Saiu pela porta aberta do quarto, e deixou escapar um grito. Harry correu até ela, e entendeu as razões da namorada.



Havia um verdadeiro conflito lá embaixo; pessoas duelavam furiosamente, parecendo uma dança muito bem ensaiada, os lampejos de feitiços iluminavam o andar superior da casa. Sim, porque agora Harry descobrira; no momento em que ele e o outro Comensal se separaram, meramente foram parar em lados opostos da casa; o quarto de Milt era no andar superior, e ainda havia mais uma escada de acesso à outro andar, ainda mais acima. Era realmente um casarão gigantesco. Harry estava olhando distraídamente para um ponto à esquerda, quando um grito lá embaixo chamou completamente a sua atenção:



– Rony, cuidado! – Alertava a voz. Harry entortou-se completamente para ver melhor; sim, era Hermione quem falava, os cabelos castanhos e volumosos evidentes à distância. Ela estava abraçada a algo extremamente pálido e de cabelos flamejantes, que era Rony. Alguém – um ponto minúsculo lá embaixo – apontava a varinha diretamente para os dois.



– Cuidado! – Gritou Harry, sem nem ao menos pensar. Marienne soltou um grito e desceu as escadas, correndo. Uma grande quantidade de pessoas olhou para o ponto acima da escada, que era Harry. Alguns exclamaram, outros proferiram feitiços, mas Harry só distinguiu uma pessoa que riu. Era Bellatrix Lestrange, que olhava para ele, triunfal.



– Não acredito que eu tenha tamanha sorte! Ah, Potter... por tanto tempo nós, Comensais, procuramos você, e, no fim, você gentilmente cai em nossa toca, sem o menor trabalho! Ah, Potter... sinceramente, estou agradecida. Vou poder acabar com a sua raça, sem interrupções.



Dizendo isso, Rony e Hermione viraram-se para Bellatrix, as varinhas em punho, mas Draco conjurou pesadas cordas, que se arrastaram como cobras, antes de atarem-se fortemente aos garotos. Com as pernas sem ação, ambos caíram no chão, pesadamente. Bellatrix soltou mais uma risada gostosa, antes de comentar:



– Muitíssimo bem pensado, Draco! Agora ninguém no mundo vai me interrompe, nem mesmo uma leve distração... ah, quantas noites eu sonhei com esse momento... – Harry estava paralisado, as mãos no corrimão. Sentia que, mesmo que quisesse, não iria conseguir sair dali. Era terrível, uma sensação de que suas pernas haviam se tornado cimento seco – Estou tão agradecida, Potter, que vou lhe contar uma pequena historinha. Sente-se, acomode-se – Bellatrix nem se deu o trabalho de sair do lugar; com um gesto rápido de varinha, conjurou uma grande poltrona com garras, e, com mais um suave toque de varinha, obrigou Harry a sentar-se nela, as garras mordendo os seus pulsos, e em seguida uma mordaça tampando sua boca, o garoto tentando por tudo se desvencilhar... sentia, agora, que o fim estava tão próximo que poderia sentí-lo no ar...



– Deixe-me contar esta historinha: era uma vez uma linda garotinha, que nasceu sob uma turbulenta família. Oh, sim, pequeno Potter, a família da garotinha era muito má! E, além disso, a garotinha não era querida naquela família... não era amada, sabe? Então, a mãe desta garotinha a levou embora de sua casa, com menos de um ano de idade. E essa mãe, Potter, deixou uma das filhas mais velhas completamente sozinha e isolada do mundo... é, pequeno Potter... a garotinha cresceu, e se tornou uma moça respeitável, que nem ao menos podia ouvir o nome dos Comensais da Morte, que haviam lhe tirado tudo e, principalmente, a companhia das irmãs...



Harry ouviu alguém suspirar com força lá embaixo e reclinou-se na cadeira. Era Marienne, que encarava os cabelos de Bellatrix, a varinha abaixada, aparentemente absorta em cada palavra que a irmã dizia. Estava pálida, nervosa, tremia o corpo todo. Agora Harry percebia como estava enganado; Marienne era completamente diferente da irmã... podiam ser muito parecidas fisicamente (aliás, Harry acreditava que Bellatrix deveria ser ainda mais parecida com Marienne antes de ir para Azkaban), mas de longe eram identificáveis... Bellatrix jamais demonstraria um sentimento tão humano, que era o medo, como Marienne fazia agora, e isso diferenciava as duas, mais do que qualquer outra coisa...



– E então, querido – Dizia Bellatrix, a voz da bruxa forçando-o a olhar novamente para ela, mesmo não querendo –, esta bruxa crescida se relaciona com um rapaz... adivinha o que ele era, Harry? Um Comensal da Morte! – A Bellatrix ria; Harry imaginou, por alguns instantes, se seu riso correspondia à euforia de matá-lo ou se o nível de insanidade da bruxa tinha chegado à um ponto realmente crítico – Pois é! Como a vida é, não, Harry... então, ela reencontra sua querida irmã, e descobre que não tem saída além de se tornar uma Comensal... que tocante... mas não é o melhor! Ela ainda se apaixona pela pessoa que matou o mestre dos Comensais! E ficou feliz com isso! Ela...



– CHEGA! – Gritou Marienne, a voz desafinando. Até Rony e Hermione pararam de lutar contra as cordas para observá-la. – CHEGA, SUA IDIOTA, CHEGA! Basta! Eu já sei de toda a verdade! – Marienne despiu a capa preta que carregava sobre o seu corpo. – NÃO SOU UMA COMENSAL DA MORTE, E NUNCA PRECISEI SER! Você me enganou! – Nisso, estendeu a varinha para a frente do corpo. Evidentemente, queria luta. Bellatrix sorriu.



– Se é o que você quer... – Ergueu a varinha e lançou um raio roxo no ar. Marienne desviou-se com habilidade, e em seguida atacou. Harry assistia a tudo, petrificado... se ao menos alcançasse a varinha...



Uma mão, surgida do nada, agarrou, meio bruscamente, as golas da veste de Harry. O garoto estava pronto para reagir, morder, lutar, se soltar das cordas e socar quem quer que fosse, quando descobriu que era Lupin que o puxara. Os dois estavam no chão.



– Harry, antes de qualquer coisa, fique quieto e me escute. – Pediu Lupin. Parecia muito nervoso, então Harry não fez objeção, embora as cordas em suas pernas o incomodassem muito. – Aurores estão vindo para cá. Eu não sei como eles souberam que estamos aqui, só sei que sabem, e isso basta.



– E ixchu naugof é excelghente? – Perguntou o garoto, a mordaça atropelando suas palavras. Por sorte, Lupin o compreendeu inteiramente.



– Sim, é... se nenhum de nós cometer um erro – Assim que Lupin disse isso, Harry imaginou que a idéia fosse direcionada a ele; mas, então...



– Vochêg está queguendu diszher que a Marienne... ecsthá em per-iggu? – Perguntou Harry.



– Eu estou querendo dizer que a Marienne foi enganada por muito tempo, e que essa enganação estragou a sua vida... nada mais fácil do que querer uma desforra... mas não no momento errado, entende o que eu digo, Harry? – Disse Lupin, rapidamente.



O garoto calou-se, por dois motivos: o primeiro, porque estava falando tão bem quanto um trasgo querendo aprender chinês; dois, porque também precisava de um tempo para raciocinar...



Harry achava que Marienne era uma pessoa essencialmente boa, doce, educada e meiga (e os adjetivos carinhosos formavam uma lista de mais de três metros), mas também conhecia o seu lado perseverante. Se alguém lhe fizesse mal, Harry não tinha dúvidas de que a pessoa estava literalmente ferrada. Marienne era impulsiva e tinha sangue fervente correndo nas veias. Além disso, mesmo que não quisesse, havia sido uma Comensal da Morte, e era bem capaz de... matar qualquer um que precisasse ou sentisse ódio. Algo incomodou Harry naquele momento... o incomodou profundamente.



Harry olhou para o lado, tentando escapar de seus pensamentos, e encontrou um Lupin encarando-o atentamente. O bruxo, com um gesto simples, soltou Harry de suas cordas e disse-lhe, bem baixo:



– Não permita que ela cometa um erro irreparável, Harry.



Harry assentiu. Mesmo que estivesse sem sua mordaça, sentia-se melhor não abrindo a boca, pois achava que talvez suas entranhas escapassem por ela. Apenas concordou com a cabeça e desceu as escadas, correndo; Bellatrix e Marienne lutavam furiosamente, de modo que nenhuma das duas o viu passando. Harry fez uma volta pela sala de modo que Bellatrix não o visse, e silenciou todos os Comensais que apareceram em seu caminho para detê-lo ou avisá-lo.



Encontrou uma cortina e escondeu-se atrás dela; estava bem atrás de Rony e Hermione, Draco Malfoy de costas para ele. Hermione exibia um risco sangrento por toda a extensão do rosto, e Rony parecia ainda mais fraco do que no St. Mungus. Ainda assim, os dois lutavam com raiva e se moviam com considerável agilidade, sem mencionar o raciocínio rápido; Draco lançou um “Avada Kedavra” mirando certeiramente Rony, mas o oponente, num impulso, conjurou uma grande estátua de pedra, protegendo-o. Hermione olhou admirada o noivo, e sorriu, mas por apenas alguns instantes, quando Draco lançou , a milímetros dela, mais uma azaração fatal. Draco estava aparentemente nervoso, o que fez Harry sorrir interiormente.



– Protego! – Exclamou o loiro, desviando-se bem de um encantamento de Hermione. A garota ajeitou os cabelos, concentrada, e os seus olhos encontraram os de Harry, mas apenas por um segundo – obviamente querendo disfarçar que o vira, voltou os seus olhos castanhos para encarar Draco. Mas Hermione pagou por aquele segundo de desconcentração; Malfoy lançou um feitiço que Harry nunca ouvira antes, certamente não era uma Maldição Imperdoável, mas os efeitos pareciam tão fortes quanto uma: Hermione foi atingida em cheio pelo feitiço, e caiu no chão de joelhos, o rosto pálido; em seguida capotou no chão frio, o rosto voltado para o soalho. Rony grunhiu, esquecendo a varinha, e se lançou pra cima de Draco com a maior violência; o loiro nem ao menos titubeou; ao ver aquela massa ruiva voando para cima dele, lançou o mesmo feitiço que executara em Hermione; o amigo caiu no chão, duro como uma pedra, o feitiço possivelmente fazendo efeito. O coração acelerado, Harry saiu de trás da cortina, apertando a varinha com muita força: Draco mal virara para encará-lo, quando o garoto reagiu:



– Estupore! – Gritou Harry; Draco caiu no chão, ainda mantendo as feições surpresas e furiosas que fizera ao descobrir Harry atrás dele. Uma parcela de preocupações esvaiu-se de Harry; agora ele tinha vingado os amigos desacordados. Agora, o garoto tinha que avisar Marienne a não fazer nenhuma espécie de estupidez, pois os Aurores já estavam chegando, mas como faria isso sem que ninguém visse, especialmente Bellatrix? Harry tinha pavor do que poderia acontecer caso seus planos dessem errado, mas tinha que arriscar.



O garoto esquadrinhou rapidamente todo o território, e descobriu que, se aparatasse nos últimos degraus da escada, poderia falar com Marienne sem que alguém o visse, já que Bellatrix estava de costas para a escada. Bastava agitar as mãos para chamar a atenção da jovem e expicar rapidamente; não via outra solução. Girou rapidamente sobre os pés e apareceu no último degrau da escada. Sentiu alguém passar rapidamente por ele, e se apoiou no corrimão.



– Mari! Mari!! – Disse Harry, primeiramente sussurrando, mas depois, mandando toda a cautela para os ares, gritou:



– MARIENNE! – A resposta daquele ato foi parcialmente boa; de fato, Marienne levantou os olhos para encará-lo. No entanto, o seu ato de concentração chamou a atenção da irmã, que duelava com ela, e Bellatrix virou-se completamente para encarar Harry.



– Vou acabar com isso rápido! Diga adeus, Potter! – Guinchou Bellatrix, parecendo extremamente furiosa. No entanto, a mulher ria, de um jeito maníaco. Sim, desde quando Bellatrix não era uma pessoa controversa e confusa?!



A cena pareceu correr em câmera lenta. Primeiro Harry fechou os olhos, decidindo que não queria assistir o raio chegar em sua direção; ouviu um farfalhar de vestes, alguns gritos, alguns sussurros, e uma voz gritando “Avada Kedavra!”... viu a luz verde, por debaixo das pálpebras, se aproximar...



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