O Décimo Sétimo Aniversário
No dia de seu aniversário de 17 anos Harry acordou cedo. A promessa que fizera a Dumbledore acabara ali. Estava decidido a mudar-se para o Largo Grimmauld, já que a casa lhe pertencia. E dessa forma, sair definitivamente da vida da família Dursley.
Ah, que dia tão sonhado... pena que em circunstâncias tão tristes. A morte de seu padrinho, Sirius, ano passado, a de Dumbledore meses atrás... Fizera bem em ter terminado com Gina, tentou convencer-se novamente. Ah, o que não daria para ser um garoto normal somente por alguns dias. Edwiges movimentou-se na gaiola para chamar sua atenção. Sua coruja branca, fiel companheira, estava estressada porque não pôde sair do quarto desde que retornaram de Hogwarts.
Com esse pensamento iniciou a arrumação de seus pertences, que não eram muitos. As vestes da escola, penas, tinteiros, livros, fotografias, tudo para o malão. Eram 07:30 da manhã quando Harry guardou seus últimos livro sobre Táticas de Quadribol. Tia Petúnia bateu em sua porta resmungando um – voê-já-fez-o-café-da-manhã – com uma voz mal-humorada. Pegou a gaiola, o malão e sua Firebolt, atravessou o corredor e desceu as escadas.
Embora a única carta que recebeu desde que chegara da escola, de seu amigo Rony, lhe dissesse para não sair de casa, seu limite chegara ao fim. As cobranças diárias que os Dursley lhe faziam de quando iria embora eram as únicas palavras que lhe dirigiam.
Foi caminhando até a porta. Olhou ao redor e viu que a casa estava silenciosa, ninguém havia descido ainda. Chegou à soleira da porta, respirou fundo, mas saiu sem olhar para trás. Não haveriam despedidas, nem abraços, nem lágrimas. E foi assim que o Menino-Que-Sobreviveu foi se embora da R. dos Alfeneiros, número 4. Para nunca mais voltar.
Harry atravessou a rua e esticou a varinha. Logo um ônibus grande e desengonçado, o Nôitibus Andante, transporte de bruxos perdidos, apareceu e parou à sua frente. Harry não conhecia o motorista atual. Sabia que o anterior, Lalau Shupinke, fora preso a mando do novo Ministro da Magia querendo mostrar algum serviço. Esse foi um dos motivos de desentendimentos entre Dumbledore e o Ministro da Magia. Pagou os nuques pela viagem em silêncio, murmurou o destino e sentou-se no fundo do ônibus, vazio. Rapidamente chegou a Hogsmeade, o vilarejo bruxo bem próximo a Hogwarts, seu destino final.
Estava indo ao Castelo para pegar de volta o livro de Poções Avançadas que pertencera a Snape, e que Harry escondera na Sala Precisa. Um sonho lhe dera uma intuição a respeito daquele livro. Não tinha ainda nenhuma pista sobre Horcruxes e seus grandes inimigos Snape e Voldemort. Intuição e pressentimentos era tudo que lhe restara seguir já que seu tutor de fora para sempre. Graças ao traidor Snape. O ódio que alimentava do seu antigo professor era tão grande quanto o que sentia por Voldemort. Ambos haviam lhe tirado a vida de pessoas muito preciosas. Mas isso iria parar. Harry com certeza faria isso parar. Só precisava descobrir como.
Desceu do Nôitibus no vilarejo e foi direto ao Cabeça de Javali. Iria hospedar-se ali aquela noite, já que não sabia quanto tempo demoraria com sua busca. O garçom alto e magro que Harry sabia ser irmão de Dumbledore não estava lá. Foi recebido por um rapaz jovem, simpático, que lhe instalou num quarto pequeno e simples. Lá dentro Harry escreveu um pequeno bilhete dizendo a Rony que passaria a noite no Cabeça de Javali e depois iria para a mansão dos Black, para que ninguém se preocupasse com seu sumiço. Edwiges saiu da gaiola agradecida e pareceu muito feliz em voar rumo à Toca.
Harry caminhou durantes longos minutos levando consigo somente sua varinha e sua capa da invisibilidade no bolso. Não era um caminho tão curto assim, pensou.
Já eram dez horas da manhã quando parou diante do Castelo. Estava suado e com sede. Os portões da Escola, silenciosa, estavam trancados. Aguardou alguns minutos e logo apareceu o inspetor da escola, o azedo Argo Filch e sua gata, Madame Nora. Ao ver o garoto exclamou com uma careta:
- O que você quer Potter???? A escola está fechada!!!
- A Prof.ª MacGonagall está?
- Não, ela foi ver o Ministro da Magia. – resmungou. - Algo mais?
- O professor Hagrid? – disse isso enfatizando Professor, pois sabia que Filch, um aborto, ou um bruxo que nasceu sem poderes, tinha muitos ciúmes de Hagrid, porque o ex-Diretor o protegia, ainda mais depois que o promovera a professor.
- Ele acabou de entrar no Castelo, não pense que vou procurar aquele grandalhão agora. Diferente dele e de vocês eu tenho muitos afazeres, Potter. Dizendo isso deu as costas a Harry junto com Madame Nora.
Já estava decidido a ir embora para tentar novamente no dia seguinte quando viu uma senhora de vestido e chapéu pontudo pretos saindo do Castelo ao lado de um homem bem maior que ela. Era Hagrid ao lado da profª MacGonagall, que, com um aceno de varinha, fez o portão do Castelo se abrir.
- Feliz aniversário, Harry!!! Bem vindo à maioridade, falou Hagrid lhe dando um abraço de quebrar as costelas. Eu lhe mandei o presente por coruja, eu não sabia que você estaria aqui e ...
- Potter? O que faz aqui? Está andando sozinho?, perguntou Minerva num misto de surpresa e preocupação. Venha, vamos entrar!!!
Caminhar pelos gramados de Hogwarts sem alunos era muito estranho. Mais ainda dentro do castelo, com seu corredores grandes e silenciosos. Harry viu de longe o Nick-Quase-Sem-Cabeça, fantasma da Grifinória que vagava parecendo pensativo. Até os fantasmas estariam preocupados?, pensou o garoto.
Passaram pelas gárgulas que davam acesso à Sala do Diretor. Harry sentiu um aperto atravessar-lhe a garganta enquanto subiam as escadas. Entrar na sala que pertencera a Dumbledore lhe incomodou muito. Não haviam na mesa os instrumentos estranhos de sempre, se mexendo e soltando fumaça. O poleiro de Fawkes, a Fênix que se fora como o seu dono, ainda estava lá. Todos os quadros com retratos de antigos diretores de Hogwarts se movimentaram com a entrada de Harry Potter. O retrato de Dumbledore piscou e sorriu para o garoto, sob os oclinhos de meia-lua. Harry sorriu de volta, abobado, quando a professora Minerva lhe disse suavemente:
- Sente-se, Potter. E você também, Hagrid... Os Weasley me avisaram que Arthur iria buscá-lo com uma comissão antes do casamento de Gui!
- Sim, professora, o Rony me escreveu uma carta dizendo isso. O problema é que já suportei demais, seria im-pos-sí-vel permanecer mais de 16 anos naquela casa. Vou me mudar para o Largo Grimmauld.
Harry disse isso com tristeza e mágoa visíveis em sua voz. Isso comoveu a professora, que respondeu:
- Pois muito, Harry. Seja bem vindo à maioridade! Temos assuntos importantes a tratar. Primeiro preciso lhe dar uma notícia muito difícil. Estive com o Ministro da Magia hoje. Vão fechar Hogwarts por tempo indeterminado.
- Mas professora, como? Dumbledore jamais permitiria uma coisa dessas – o garoto se levantou da cadeira e olhou para o retrato do Diretor falecido como se esperasse uma resposta.
- Acalme-se, acalme-se. Agora nós precisamos LUTAR. Vamos ganhar essa Guerra, entendeu?
- Sim, professora!
- Como você é o mais novo de seus amigos e agora todos são maiores de idade, vamos, finalmente, admiti-los na Ordem da Fênix. Esse era um dos desejos de Dumbledore.
- Isso me deixará imensamente honrado. E posso falar também por meu amigos.
- Agora, Potter, você precisa me contar tudo o que aconteceu naquela noite que vocês saíram da escola. O que aconteceu?
Harry contou para os dois em detalhes o que aconteceu. Desde a lembranças do professor Slughorn e as outras sobre o passado de Tom Riddle; até a última noite, a busca do Horcrux que no final descobriu-se ser falso, a cilada que Draco armara e como Snape matou o Alvo Dumbledore. Nessa última parte Hagrid chorou silenciosamente. Engolindo seco a professora perguntou:
- E vocês não descobriram quem é RAB?
- Não professora, ainda não temos idéia.
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