Promesse (Cacharel)
Capítulo Onze: “Promessa”
Mia aparatou para o apartamento que dividia com Rachel, a cabeça pesando uma tonelada com toda aquela informação. Iria voltar para a Inglaterra depois de um ano... Voltar... Um sorriso nostálgico se abriu em seus lábios.
Para alguns, um ano pode parecer pouco tempo, alguns “um ano” realmente podem parecer poucos dias de tão rápido que passam; mas aquele ano custara a passar para Mia.
Ela levou as mãos automaticamente à barriga, e mordeu o lábio inferior em sinal de aflição. Abriu a porta de seu quarto e encontrou seu armário vazio e com as portas abertas; havia uma grande mala de viagem ao pé da cama de casal.
- Pronto! Acabei de fazer as minhas malas! – exclamou Rachel ofegante. Mia virou-se automaticamente para a porta do quarto, encontrando a amiga encostada na porta – Já fiz as reservas no hotel e o Frank nos mandou as passagens. Agora, é só esperar!
- Você já sabia disso tudo? – perguntou Mia com a voz fraca, encarando as orbes verde-esmeralda de Rachel.
- Há muito tempo. – respondeu ela simplesmente, sentando-se na cama de casal da amiga.
- E por que não me falou nada? – perguntou Mia indignada.
- Ora, se eu tivesse te adiantado alguma coisa, você voltaria para a Inglaterra? – ela ergueu as sobrancelhas de um modo inquisidor – Então, querida. Foi melhor assim. Finalmente vou conhecer Londres! Já estava meio cansada da “Big Apple” aqui.
Rachel começou a folhear distraidamente um livro de capa dura azul que se encontrava na cama de Mia, enquanto a mesma continuava em pé parada, absorta em seus próprios pensamentos. Voltar... Rever Olívio... Se ele soubesse... Como reagiria?
Levou as duas mãos à barriga de um modo protetor, enquanto algumas lágrimas brotaram de seus olhos.
- Uau Mia! – a mulher rapidamente enxugou as lágrimas nas vestes, enquanto Rachel erguia seu olhar do caderno para a amiga – Você nunca tinha me dito que o Wood era tão... tão... GATO!
- Acho que me esqueci de mencionar isso. – ela respondeu sorrindo, e voltou-se curiosa para o caderno azul nas mãos da amiga. Era o álbum de fotografias de Hogwarts.
- Nossa, e esse uniforme vermelho... hm... que sexy! – exclamou Rachel enquanto Mia apertava os olhos para ver melhor a foto.
Olívio estava no meio do campo de quadribol apertando a mão de Davies; o capitão da Corvinal parecia muito aborrecido com alguma coisa, enquanto Olívio parecia muito aliviado.
Mia respirou fundo, soltando um longo suspiro em seguida. Lembrava-se muito bem desse dia...
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- Olívio, por Merlim! Você quer me fazer o favor de relaxar um pouco? Já está me irritando!
Era madrugada de sexta-feira que antecederia o jogo de quadribol entre a Grifinória e a Corvinal e Olívio continuava andando de um lado para o outro no dormitório masculino, vestindo apenas um samba-canção. Arriscava uma vez e outra um olhar suplicante para uma Mia irritada sentada em sua cama envolta em um lençol de linho branco. A janela estava aberta, mostrando uma noite fresca de primavera.
- Eles estão fazendo apostas, Bolinha. – ele disse aflito, enquanto encarava o chão e continuava andando em círculos, com passos cada vez mais apressados – Eu VI! Fred e Jorge estão organizando. Aparentemente quem acha que vamos terminar antes do jogo começar vai embolsar quinze galeões!
Mia revirou os olhos, irritada e cansada ao mesmo tempo. Como Olívio podia ser tão neurótico?
- E daí que eles estão fazendo apostas? – retorquiu ela entediada – Por acaso nós vamos terminar?
Para a surpresa de Mia, Olívio não respondeu. Apenas mordeu o lábio inferior lançando à namorada um olhar confuso.
- Olívio! – ela soltou um gritinho esganiçado.
- Eu não sei! – gritou ele, fazendo Eric soltar um resmungo na cama ao lado; a cortina estava fechada, mas Mia tinha quase certeza que o amigo de Olívio estava dormindo.
- Como não sabe? – retorquiu ela balançando a cabeça – Você realmente acha que um jogo de quadribol entre nossas Casas iria separar a gente?
Olívio parou de andar de um lado para o outro e começou a encarar o céu estrelado pela janela. Suspirou demoradamente e seguiu-se um momento de silêncio em que ele apertava os olhos contra lua crescente, e Mia o encarava com um semblante confuso e irritado ao mesmo tempo.
- Eu não sei. – sussurrou ele com a voz fraca – Quando estou dentro do campo, eu me transformo. Não sou eu mesmo. Às vezes falo coisas que até eu me surpreendo. Coisas que não queria falar pra você. Não quero te machucar.
Mia apertou os olhos, claramente irritada.
- Ora, e você acha que eu não sei me defend... –
- Eu sei que sabe. – cortou ele ainda encarando a lua – Mas imagina como você iria reagir se no meio da partida eu mandasse Fred ou Jorge arremessar um balaço na sua cabeça? Ou falasse para Angelina te derrubar da vassoura? – Mia fez uma careta – E isso são coisas que eu vou inevitavelmente dizer. Mesmo que seja contra você, ou contra minha própria consciência.
Olívio virou-se para encarar Mia com uma expressão triste no rosto, enquanto a garota o fitava pensativa. Olívio seria sim, capaz de mandar derrubá-la da vassoura, acertá-la com um balaço no meio da testa e coisas do gênero. Se ela fosse ver pelo lado do jogo, isso era perfeitamente normal, visto que os dois eram adversários, mas ela sabia que não o perdoaria depois disso. Sabia também, que de nada adiantaria pedir para Olívio NÃO fazer essas coisas. Era mais forte que ele. E talvez isso (de uma maneira um tanto sádica) fosse uma das razões pela qual ela se apaixonara.
Ela suspirou, e fechou os olhos lentamente.
- O que você sugere então?
Olívio suspirou, encarou o chão por um instante.
- Não... – começou, com um sussurro.
- O quê...?
Voltou seu olhar para Mia novamente.
- ...Não jogue amanhã.
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- Atrasada, como sempre! – Emma resmungou, revirando os olhos para amiga que tinha os cabelos negros esvoaçantes pelo vento.
- Dessa vez não foi minha culpa! – defendeu-se Mia prendendo os cabelos em um rabo-de-cavalo e deixando uma franja escorregar pelos seus olhos de um lado – Foi a Rach que se atrasou no banho! – e indicou com a cabeça a mulher ofegante ao seu lado.
- Olá Rachel. – cumprimentou Emma com um sorriso simpático, esquecendo-se do atraso (Mia bufou baixinho) – Eu sou Emma... –
- Wood. – cortou Rachel sorrindo de volta – Eu sei. A eterna cunhada e amiga de Mia. Muito prazer, querida.
Mia fez uma careta forçada, enquanto sentia as palavras de Rachel queimando sem eu coração... “Eterna cunhada...vou ser uma eterna cunhada...”. Emma apenas riu, lançando à Mia um olhar significativo e soltando uma exclamação de surpresa quando Rachel lhe abraçou daquele jeito maternal que ela sempre fazia com Mia, quando ela estava triste ou nervosa.
- Ho, acho que deixemos as formalidades de lado, então. – disse Emma olhando surpresa para Rachel, e a abraçando de volta.
- Ótimo. – concluiu Mia sorrindo, dando graças a Merlim que aquela história de “eterna cunhada” não se prorrogara – Agora, você dizia que estávamos atrasadas, não é Emm?
- Estávamos não! Estamos. – ela disse apressada, pegando sua bolsa e seguindo por uma escada rolante no aeroporto, que, como sempre, estava lotado.
Mia e Rachel ajeitaram suas bolsas minúsculas no ombro e seguiram Emma, sendo observadas com olhares curiosos pelos trouxas que estranhavam o fato de elas não estarem carregando malas enormes de viagem.
- O que eles estão olhando Rach? – sussurrou Mia desconfiada, ao notar que todos as olhavam enquanto passavam.
- Acho que devem estar estranhando o fato de estarmos viajando apenas com essas bolsas. – respondeu a outra risonha.
- Ué, mas é só executar um feitiço simples de reduç... – Mia ia dizendo em alto e bom som, quando foi impedida por um olhar reprovador de Emma.
- Francamente, às vezes eu me pergunto como você conseguiu sobreviver em Nova York por sua conta. – resmungou ela enquanto passava direto pelos guichês de embarcação e caminhava apressadamente em direção aos toaletes que pareciam escondidos em meio àquele alvoroço de pessoas, malas e filas.
- Emm, onde estamos indo, afinal? – resmungou Mia enquanto apertava o passo para acompanhar a amiga, que mesmo sendo relativamente mais baixa conseguia andar bem mais rápido.
- Ao toalete. – respondeu ela sem nem ao menos movimentar direito a boca.
- Ah, faça bom proveito então. – retrucou Mia parando bruscamente de andar e soltando um gemido depois que Rachel, distraída, acabara por esbarrar nela.
- Mia, pelo amor de Merlim, quer ficar quieta? – ralhou Emma em um sussurro urgente – E continue andando!
Mia fechou a cara e continuou seguindo a amiga até a porta do toalete feminino, que era escondido por uma parede de cimento com algumas partes feitas de um vidro espesso e embaçado, semelhantes a janelinhas.
- Tem certeza que ninguém nos verá? – sussurrou Mia espiando por trás da parede o movimento de pessoas que pareciam extremamente interessadas em verificar suas próprias bagagens; Uma e outra resmungava que tinha esquecido de alguma coisa.
- Claro que tenho, Mia. – respondeu Emma impaciente – Agora veremos...
Mia observou a amiga retirar a varinha da bolsa, bater duas vezes com ela na plaquinha que dizia “Feminino”, e logo as letras da porta se contorceram como se fossem minhocas e formaram os dizeres: “Aparatação Internacional de Nova York – Friederich Upvalle III”.
Emma sorriu enquanto abria a porta, sendo seguida por uma Mia um tanto confusa. Nunca usara o aeroporto de trouxas em sua vida. Sempre que viajara para os outros países da Europa, e até mesmo quando veio para Nova York um ano atrás, fora por meio de chaves de portal e aparatações não-regulamentadas. Coçou a cabeça sentindo-se levemente preocupada; será que viajara todos esses anos de maneira ilegal?
Não teve muito tempo para pensar nisso, afinal, se nunca a advertiram não seria dessa vez que aconteceria, Emma a puxou para dentro do amplo salão bem iluminado, e ela precisou piscar o olho várias vezes para se acostumar à luz; Aquele era um ambiente relativamente menor que o aeroporto dos trouxas, mas ainda assim não deixava de ser enorme. Havia vários guichês de regulamentação e as filas eram igualmente grandes aos dos trouxas. Ela observou que toda aquela luz vinha de uma enorme janela que cobria toda a parede que se encontrava atrás dos guichês, e que aparentemente fora enfeitiçada para reproduzir o tempo lá fora.
Passou direto por três filas, onde vários bruxos reclamavam da demora.
- Ah, ali está ele! – exclamou Emma alegre, apontando para um dos bruxos que se encontrava no guichê – Vamos, Mia! – ela puxou a garota pelo pulso, que por sua vez agarrou Rachel pelo braço. Vários bruxos que estavam na fila protestaram quando as três mulheres passaram por eles e iam ao encontro de um dos moços atendentes.
- Hei, Emma! – o rapaz franzino que estava no guichê cumprimentou, e Mia observou que ele se assemelhava muito a alguma coisa, que naquele momento ela não conseguia se recordar.
- Mia – sussurrou Rachel em seu ouvido, enquanto o rapaz conversava em voz baixa com Emma – Ele não parece com um mosquito?
Mia abafou o riso naquela hora; Rachel era simplesmente uma profissional em assemelhar as pessoas a qualquer tipo de coisas; desde um animal até um bule de chá.
- É mesmo! – concordou ela em um sussurro, enquanto atraia o olhar do amigo de Emma.
- Você que é a famosa Mia Chang? – perguntou ele abrindo um sorriso que aparentemente pretendia ser galanteador.
Mia franziu o cenho levemente, pretendendo ser educada.
- Hã? – fez ela erguendo as sobrancelhas – Famosa?
- É. – respondeu ele alargando o sorriso, enquanto Emma revirava os olhos – Famosa pela sua coluna de esportes no Nova York Bruxa, que aliás, que eu leio fervorosamente todos os dias – Emma soltou um som agudo pelo nariz – E por ter dado um fora no meu primo querido...
Mia ergueu as sobrancelhas. Esse ano que se passara havia dados muitos foras, sem, contudo, ter ficado com homem nenhum. A lembrança de Olívio continuava viva em sua memória, e simplesmente não sentia vontade de sequer aceitar um convite para jantar.
- Primo? – ela balbuciou, erguendo ainda mais as sobrancelhas – Que primo?
O rapaz estreitou os olhos ainda com um sorriso dançando nos lábios e respondeu:
- Ora, no xodó da família, o irmãozinho de Emma aqui.
Mia sentiu uma pontada no coração. Olívio... Levou a mão direita à barriga em um movimento automático, isso virara um tique nervoso desde que...
- Ora, deixe de ser infantil, Francesco. – disse Emma irritada – Você e suas irmãs, francamente, achei que você era melhor que elas, mas pelo visto não tem como negar o sangue que tem.
- Sangue que corre em suas veias também, não se esqueça prima. – retrucou ele imediatamente. Mia percebeu que eles já deviam ter tido essa mesma discussão uma série de vezes antes.
- Ok, não vamos discutir mais. – disse ela pondo fim na conversa – Vamos logo que já estamos atrasadas! – ela pegou no pulso de Mia e Rachel e as puxou para uma plataforma ao lado de seu primo – Nos vemos no casamento então? – ela acrescentou, para Francesco, que apenas deu de ombros.
- Se ao menos eu tivesse sido convidado...
- Oh – fez Emma, claramente desconfortável – Então nos vemos por aí! Tchau! – e, sem nem ao menos um aviso, ela aparatou, levando consigo uma Mia confusa e uma Rachel divertida.
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- E eu achando que o neurótico do casal fosse eu. – disse ele abrindo um fraco sorriso.
Mia levantou seu olhar da privada para encará-lo. Olívio estava recostado no vão da porta do banheiro do dormitório feminino da Corvinal, parecendo magnífico com um lençol enrolado nos quadris, deixando visível seu peitoral formidável, e seu abdômen definido.
- O que aconteceu? – disse ele se agachando ao lado da garota e segurando seus cabelos para trás enquanto ela vomitava mais um pouco na privada – Nervosismo pré-jogo?
- Não sei. – respondeu ela com a voz fraca e o olhar sonolento – Acho que comi demais.
Olívio riu fracamente com a observação da namorada; realmente, nesses últimos dias ela tem comido quase tanto quanto ele próprio, e olha que não era pouco...
- Você acha? – indagou ele ironicamente divertido, sentando-se ao lado da garota e passando o braço forte em volta de seu ombro – Bolinha, se você continuar a comer desse jeito, as pessoa vão pensar que eu te dei esse apelido por causa da sua forma!
Mia riu, encostando sua cabeça no peitoral do rapaz, enquanto ele acariciava o topo de sua cabeça. O piso do banheiro estava gelado, o que não incomodava nem um pouco nenhum dos dois; aquela noite de primavera estava abafada e parecia que todo o vento da Inglaterra fora sugado pela floresta proibida. Olívio recostou suas costas no mármore frio e aconchegou a namorada em seus braços.
Mia soltou um suspiro cansado, e manteve seus olhos fechados enquanto apreciava o carinho de Olívio. Simplesmente não agüentava mais acordar de madrugada para ir ao banheiro; era quinta noite seguida que ela sentia enjôos.
Sorriu, quando Olívio roçou a ponta do nariz em seu rosto. Sentia que com Olívio ali com tudo ia ficar bem. Odiava admitir sua dependência, mas em seus braços sentia-se tão protegida e segura que sentia que longe do rapaz sua vida desmoronaria.
- Acho melhor você ir ver a Madame Pomfrey. – disse Olívio gentilmente, beijando a testa da garota, que suspirou longamente – Você deve estar doente, eu te disso isso da primeira vez que você passou mal, mas você é cabeça-dura, nunca me escuta...
- Eu estou bem. – respondeu ela com a voz fraca, e Olívio sentiu um tremor no estômago, odiava vê-la daquele jeito. – Já disse que vou à enfermaria depois do jogo amanhã.
- Você ainda pensa em jogar? – indagou ele erguendo as sobrancelhas em sinal de desaprovação – Mia, pelo amor de Merlim, você não... –
- É claro que vou. – cortou ela parecendo levemente emburrada – Já não joguei contra a Grifinória, por sua causa – acrescentou ela, no que Olívio franziu o cenho – Não me perdoaria se abandonasse meu time contra a Sonserina, ainda por cima!
- Mas...
- Porquinho, eu estou bem! – respondeu ela com a voz cansada – Daqui a pouco vou estar bem melhor, você sabe... Esses enjôos estranhos só acontecem quando está pra amanhecer.
- Ainda assim, Bolinha. – insistiu ele em um tom de súplica – Tenho certeza que o Flint vai tentar alguma coisa contra você, ele vai querer te machucar para me atingir!
- Olívio – começou ela com um tom sério – Quantas vezes eu preciso te dizer que sei me virar muito bem sozinha? Antes de a gente namorar, eu jogava muito bem contra a Sonserina! Por que agora seria diferente?
- Eu já te disse. – respondeu ele cansado – O Flint vai querer te machucar pra me atingir. E eu vou ter que assistir esse showzinho sentado na arquibancada, sem poder fazer nada. Eu não ia conseguir ficar quieto, ia acabar fazendo uma besteira.
- Então não assista. – retorquiu ela, enquanto Olívio erguia as sobrancelhas espantado – É, isso mesmo que você ouviu. Não assista e pronto. Fique aqui no dormitório, estude um pouco para o N.I.E.M.´s pra variar.
Olívio fez uma careta, e estava prestes a retrucar que ele não precisava estudar para o N.I.E.M.´s, que suas notas eram mais que satisfatórias pra ele entrar para um time de quadribol, quando uma voz sonolenta urgiu da porta do banheiro.
- Mi... Mia? – Emma chamou, seus cabelos estavam desgrenhados e ela coçava os olhos, o que a impedia de perceber uma outra figura presente.
- Estou aqui, Emm. – respondeu Mia com a voz rouca.
- De novo enjoada? – perguntou ela entre bocejos – Não acha melhorar ir procurar Madame Pomfrey de uma vez? Essa já é a quinta noite seguida...
- Quinta?! – gritou Olívio espantado – Mia, você não me disse que essa era a quinta vez que você passava mal!
- OLÍVIO? – gritou Emma arregalando os olhos sonolentos – O que você está fazendo aqui?
- Ora, não é óbvio? – disse ele desdenhoso – Passei a noite aqui.
- O... O QUÊ? – gaguejou ela entre berros – Isso é proibido! Como você ousa?
- Ora, Emma. – disse ele impaciente – Já passei uma centena de noites aqui, e você nunca percebeu...
- O QUÊ?! – berrou ela ainda mais alto – EU VOU DESCONTAR CINQÜENT...
- Emm, pelo amor de Merlim, fale baixo! – sussurrou Mia em um tom de súplica – Agora que vocês finalmente estão se falando, não era pra ser aos berros! Desse jeito você acordará toda a Torre da Corvinal!
- Ora, não me interes...
- Bolinha, eu já vou indo. – interrompeu Olívio antes que a irmã tomasse fôlego para continuar. Ele agachou-se defronte à garota, encarando-a nos olhos – Me promete que, se Flint tentar te machucar, você pedirá para sair do jogo?
Mia fitou-o totalmente perplexa. É claro que não ia pedir pra sair! Que raios! Essa mania de Olívio de querer protegê-la de tudo até que era bonitinha e tal no começo, mas agora estava começando a irritá-la.
- É lógico que nã... – começou ela, mas Olívio pôs seu dedo indicador sobre os lábios da garota, impedindo-a de continuar.
- Por favor, me prometa. – sua voz parecia suplicante.
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Mia e Rachel chegaram ao hotel luxuoso enquanto Emma voltara para seu apartamento a duas quadras dali. Logo que adentraram no saguão bem iluminado por um enorme lustre ao alto, deram de cara com centenas de bruxos que vestiam um colete alaranjado escrito “Imprensa” nas costas. O saguão estava movimentado, os bruxos com coletes estavam sentados a um canto, alguns cochichavam, outros fumavam um cigarro parecendo entediados, enquanto outros arrumavam as câmeras fotográficas e ditavam às suas penas a matéria do dia.
- Parece que chegamos atrasadas. – sussurrou Rachel ao ouvido de Mia, que apenas assentiu.
As duas mulheres se dirigiram ao balcão da recepção, e foram atendidas por uma simpática bruxa que sorria.
- Em que posso ajudá-las?
- Temos uma reserva para uma suíte com duas camas de solteiro. Está no nome de Rachel Pearl. – disse Rachel simpática, enquanto a recepcionista checava com a varinha uma enorme pilha de pergaminhos. – O que foi, Mia? – perguntou ela, ao ver que a amiga parecia muito incomodada com alguma coisa.
- Não gosto desse hotel. – respondeu a amiga simplesmente, sem se importar com a careta que a recepcionista lhe dava.
- Do que está falando? – retorquiu Rachel intrigada – Esse é o hotel bruxo mais famoso de Londres!
- Eu sei que é. – retrucou Mia parecendo entediada – Mas não gosto dele mesmo assim.
Rachel abriu a boca para dizer que a amiga era exigente demais, e que não existia outro hotel bruxo mais luxuoso que aquele, quando ouviu-se uma voz masculina alegre, vindo de trás do balcão.
- Senhorita Mia! – saudou um homem baixinho com um bigode que se assemelhava a uma lagarta contornando os lábios finos, e uma plaquetinha escrito “Gerente” colada ao peito – Quanto tempo!
Mia sorriu sem graça para Rachel, enquanto a amiga a olhava intrigada.
- Olá Terêncio. – cumprimentou Mia em um tom de voz anormalmente educado, na opinião de Rachel – Como vai?
- Tudo ótimo! – respondeu ele risonho – Suponho que tenha vindo para a Taça de qudribol não? – Mia abriu a boca para responder, mas Terêncio continuou tagarelando – O seu pai passou por aqui para recepcionar a seleção da França, depois disse que tinha outros assuntos para resolver na Bulgária...
Rachel virou-se para Mia, totalmente confusa.
- Senhorita Pearl. – chamou a recepcionista , parecendo tão intrigada com o comportamento do gerente quanto a própria Rachel – Aqui está sua chave!
- O que? Chave? – fez o gerente balançando a cabeça confusamente, enquanto Mia bufava baixinho – Do que está falando, Miranda? Elas vão ficar no último andar!
- No último andar?! – gritou a recepcionista espantada – Mas senhor Phillips... O último andar não é somente para...
- Sim, é claro. – cortou ele impaciente – Mas você provavelmente não conhece a filha mais velha do senhor Chang! – disse ele lançando um olhar significativo a Mia, enquanto a recepcionista arregalava os olhos espantada.
- Perdoe-me Srta. Chang! – ela seu gritinho esganiçada, erguendo-se de um salto da cadeira em que se encontrava e fazendo uma reverência exagerada – Eu... eu... eu re-realmente não fazia idéia que...
- Deixa pra lá. – respondeu Mia parecendo extremamente incomodada – Você foi muito simpática, não se incomode. Não sou igual à minha irmã, não vou pedir para meu pai te demitir, ou coisa assim.
A recepcionista sorriu nervosamente, enquanto Rachel olhava Mia parecendo realmente intrigada.
- Bom, vamos, Srta. Mia, eu acompanho vocês até o último andar. – interrompeu Terêncio sorrindo e indicando as duas uma enorme escadaria de mármore que bifurcava ao topo, e era coberta com um longo tapete azul e bronze – O hotel está cheio, graças à Merlim! O que nos incomoda um pouco é esse pessoal da imprensa... – ele continuou tagarelando enquanto eles atravessavam o enorme saguão em direção à escadaria, passando pelo pessoal de imprensa, enquanto alguns jornalistas viravam o pescoço para observar melhor Rachel e Mia – Eles vêm todo o santo dia aqui! Incomodam os hóspedes, querem entrevistar a seleção da França... Até hoje não conseguiram “pegar” o Morlevat... Esse é esperto! Foge deles, usa feitiços de disfarce, sem contar que correm boatos de que ele é um animago ilegal... A senhorita sabe alguma coisa? – perguntou ele com um brilho esperançoso no olhar, mas Mia parecia não escutá-lo. Fitava atentamente um senhor de idade que passava com um xale azul marinho e ajeitava os óculos com a mão livre; a outra se encontrava apoiada a uma bengala elegante.
Mia sorriu, deixando o gerente à espera de uma resposta, enquanto andava com passos elegantes em direção ao velho que sorria com uma expressão travessa no rosto.
Ela se aproximou por trás do velho, e sussurrou em seu ouvido:
- Quanto tempo, não?
O velho virou-se bruscamente para encará-la, com uma agilidade impressionante para sua idade, e sorriu ao encará-la. Um sorriso jovial e sensual.
- Oh, olá Mia. – ele respondeu, sua voz carregada com um sotaque francês.
N/A: sim sim siiiiiimm!! Acabou-se mais um capítulo... dessa vez escrevi rapidinho não? Obrigada para as pessoal que comentaram... E muito Obrigada para quem leu a fic.. desculpa, não foi nesse capítulo que vocês ficaram sabendo quem é o noivo da Kahlen, mas vocês conseguiram desconfiar de alguma coisa? O___O hohohoho é isso aí!
P/ Thata lindaa: amooorrr!! Aqui está!! Hahaha desculpa, quando a gente se encontrar no MSN eu te falo quem é seu noivo, oka? Te amo muuuito!! Bjuus!! Saudades de vc! ^^
P/ Thaty Brown: Heheheh esperto que tenha gostado desse capítulo... logo, logo será a festa do seu casamento! Hauhauhaha espero que tenha ficado bom e não muito confuso o novo jeito que estou escrevendo!! Hahahahah o Noivo vocês terão que ver depois... mas te dou uma dica: é um dos seus palpites! Hahahaha um bjão! Obrigada por comentar!
P/ Luisa ( _-_-_ ): Oiiiii querida! Hahahah desculpa, vou te deixar na desconfiança de quem é o noivo na próxima... hehehehe espero que tenha gostado do capítulo! Obrigada por comentar! Bjuuuss
Agradecimentos fervorosos à: Rachel, Vani, Nash (sumidonaaa!! Cadê vc???), Fê FtLouie Wood, Livy Malfoy, Susan Wood, Ligia Saraiva Melo, Erika Fernand aDa silva Arruda e à todos que lêem à fic! Muito Obrigada pelo apoio!
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