Red Door Revealed (Elizabeth A

Red Door Revealed (Elizabeth A



CAPÍTULO DOZE: “Porta Vermelha Revelada...”



- ... Sim, pó de chifre de unicórnio, mais benzoar... Não, não... não é benzoar! O que era mesmo...? – Mia murmurava sozinha em um canto próximo à lareira na sala comunal da Corvinal. Havia uma pilha de livros em sua frente e vários primeiranistas passavam por ela com expressões de assombro estampados no rosto.

- Mia... – chamou Emma receosa – Mia, não é melhor você descer pra jantar...? Você já não almoçou hoje e passou a noite passada acordada... –

- Já disse que não estou com fome! – cortou ela grosseiramente, sem tirar os olhos do pergaminho que examinava.

- Ok, ok. – disse Emma levantando as mãos em forma de rendição e sumindo pela escada que levava ao dormitório.

Faltava uma semana para o exame do N.I.E.M.´s e Mia perdera a maior parte do tempo que devia estar estudando ficando com Olívio. Amaldiçoava-se internamente por ter deixado isso acontecer; agora ela tinha que passar noites acordada e pular refeições para conseguir acompanhar todas as matérias. Para ajudar mais a ressaltar seu mal-humor, seus enjôos matinais não haviam cessado, apesar de melhorado significativamente, e vários colegas da Corvinal pareciam realmente irritados com o fato de ela ter boicotado o jogo contra a Grifinória a pedido de Olívio. Aparentemente eles achavam que isso fora uma traição de primeiro grau.

- Ih, olha lá a Chang traíra. – desdenhava uma quintanista ao passar por Mia e sua pilha de livros e pergaminhos – Bem feito, quem manda ficar se enroscando com o Wood por aí ago...

- EMMA! – berrou Mia furiosa, como um pedido de socorro. Isso parecia ocorrer com freqüência ultimamente. Imediatamente Emma apareceu descendo as escadas do dormitório feminino parecendo extremamente irritada.

- DETENÇÃO PARA AS DUAS! – Emma gritou, parando no último degrau da escada e apontando o dedo para a quintanista e sua colega – E COM O SNAPE! Pra vocês aprenderem a não perturbar o estudo de septanistas! – e saiu resmungando para seu dormitório.

As duas garotas lançaram um último olhar fuzilando Mia e foram se sentar com um outro grupinho de quintanistas a um canto mais afastado.

A sala comunal da Corvinal estava apinhada de gente naquela tarde amena de primavera; Mia resmungava a toda hora que “Se eles não têm nada pra fazer, por que não vão para os jardins, que raios!”, mas seus colegas corvinais pareciam ter juntado forças para irritá-la como forma de punição por ela ter faltado ao jogo.

- Merlim, Merlim, Merlim... – ela murmurava enquanto retirava um grosso livro de capa dura debaixo de duas dezenas de pergaminhos e começava a consultar alguma coisa sobre transfiguração – Dai-me forças...

Naquele momento ela sentiu um pequeno alvoroço na sala comunal, mas pareceu não se importar. Vários colegas levantaram dos sofás e cochichavam uns com os outros, o que a estava irritando profundamente. Ela respirou fundo, tentando se acalmar, e continuou sua leitura.

- O que ele está fazendo aqui..? – ela escutou uma garota sussurrar.

- Essa não é sua Casa! – um garoto exclamou corajosamente.

Uma veia começou a saltar na testa de Mia, e sua mão começou a tremer furiosamente de raiva. Ela tomou fôlego para pedir socorro a Emma novamente, quando se deparou com uma calça jeans esfolada parada em sua frente. Pedaços de pernas podiam ser vistos pelos rasgos da calça. E que pernas!

Não precisou nem ao menos erguer os olhos do livro para saber quem era. Conhecia muito bem aquele par de pernas e seu dono.

- O que você quer, Olívio? – perguntou ela com a voz cansada. Os olhos lacrimejavam por uma boa noite de sono e em protesto ao cansaço.

Olívio soltou um suspiro resignado, um pouco incomodado com a falta de atenção da garota.

- Quero que você seja a primeira a saber. – respondeu ele com a voz séria, o que a fez erguer a cabeça para encará-lo.

Olívio vestia uma camisa azul-marinho com dois juncos cruzados no peito. Ele sorriu radiante quando Mia o encarou. Ela balançou a cabeça confusamente, custando a acreditar. Será que...?

Olívio virou de costas para ela, mostrando as costas da camisa. Estava escrito “Wood” em cima do número um, ambos com letras prateadas.

Mia levou as mãos à boca, reprimindo um sorriso escancarado. Em seus olhos brotaram lágrimas de excitação.

- Olívio... – ela sussurrou coma voz fraca, enquanto todos os corvinais paravam o que estavam fazendo para observá-los – Você...

- Consegui. – respondeu ele com a voz ofegante, parecia que havia corrido uma maratona para contar a novidade a ela – Consegui! – repetiu ele sorrindo.

Mia soltou um gritinho esganiçado, e sem se importar com os colegas que lhe lançavam olhares reprovadores, ou com a pilha de livros e pergaminhos que desmoronara no chão, ela saltou da poltrona em que se encontrava em direção aos braços de Olívio, envolvendo o pescoço do rapaz e beijando várias vezes sua face. O rapaz girou-a uma vez no ar e depois a depositou no chão.

- Você... – ela sussurrou, tocando a face do Olívio com a mão gelada.

- Eu entrei... – sussurrou ele de volta, depositando sua mão quente sobre a mão da garota, e entrelaçando seus dedos – Sou reserva do Pudd...

Mia não disse mais nada. Continuava encarando as orbes cintilantes do rapaz e sentindo sua respiração descompassada muito próxima ao seu rosto. Enlaçou o pescoço de Olívio com a mão livre, enquanto a outra continuava entrelaçada a mão do rapaz, e vagarosamente, tortuosamente, foi se aproximando de seus lábios, roçando-os, provocando o rapaz. Olívio sorriu com a boca entreaberta antes de puxá-la para um beijo arrebatador.

- Amo você. – ela sussurrou entre os lábios do garoto.


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- Mia, vê se não se atrasa para a coletiva amanhã hein! – foram as últimas palavras que Mia escutou de Rachel antes de aparatar com o velho para um pub bruxo no centro de Londres.

O bar estava relativamente vazio, considerando que era um sábado à noite na capital do país. Uma banda bruxa cantava músicas um tanto melosas, mas muito bonitas, em um canto com um palanque onde fora improvisado um palco. O velho, que agora acabara de se transformar em um belíssimo rapaz ao lado de Mia, tirou seu grosso casaco e puxou uma cadeira em uma mesa um pouco afastada da multidão, para Mia se sentar. Ela agradeceu com um sorriso, enquanto observava o loiro fazer sinal para o bartender e se acomodar na cadeira a sua frente.

- Enton.. – começou ele sorrindo – O que a trrrouxe aqu...?

Mia sorriu pelo canto dos lábios.

- Trabalho, é claro. – respondeu ela parecendo cansada – Você sabe muito bem que se não fosse praticamente obrigada, nunca mais voltaria para Londres... Não depois de tudo o que aconteceu.

Ela soltou um longo suspiro e Jean lhe lançou um olhar apreensivo.

- A prropósitè... vous estarr melhorr depouis qui...? – começou ele um tanto hesitante – Desculpe non terr podido ficarr mais, é qui...

- Melhorei. – cortou ela um tanto seca, prorrogar o assunto doía demais – Mas não estamos aqui pra falar de mim, não é, sensação do momento? – ela sorriu maliciosamente para o bonito rapaz, e ele apenas a encarou sorrindo divertido enquanto erguia uma sobrancelha, claramente estranhando o novo comportamento da ex.

- Ok, Ok... – disse ele em tom descontraído – Você querr uma entrrevistè, enton vamos lá... Mas antes – ele fez sinal para o bartender, e duas taças de vinho se materializaram na mesa – Crreio qui agoorra você poderr beberr, non?

Mia correu os olhos das taças de vinho às orbes azuis tão familiares de Jean.

- Creio que sim. – respondeu ela sorrindo.


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- Antes de saírem, gostaria de comunicar uma coisa. – disse McGonagall quando os alunos começaram a guardar seus livros e pergaminhos nas mochilas – Creio que seja do próprio interesse de vocês. – ela acrescentou, severa, enquanto os grifinórios e corvinais resmungavam e voltavam a se sentar.

Era a última aula da tarde daquela sexta-feira ensolarada e a maioria dos alunos do sétimo ano não viam a hora de sair daquela sala de aula e ir para os jardins aproveitar suas últimas semanas em Hogwarts. Alguns poucos, como Mia e Emma, sairiam de lá direto para a biblioteca. Faltavam dois dias para o exame do N.I.E.M.´s começarem e Mia continuava atrasada e conseqüentemente, irritada. Olívio não colaborava muito com o humor da garota, resmungando a toda hora em seu ouvido que precisava treinar mais, mas Madame Hooch e Sirius Black não estava colaborando com ele.

“- Raios! Por que será que ele está atrás do Harry? – resmungava ele certo dia na biblioteca, sem nem ao menos estar com o livro aberto – Podia estar atrás do Flint, e me fazer o favor de exterminar aquele verme desse mundo!”.

Mia revirou os olhos quando Olívio bufou ao seu lado na sala de Transfiguração, claramente irritado por ter seu treino atrasado pelo comunicado da professora.

- Creio que muitos de vocês – continuou McGonagall lançando olhares reprovadores por trás dos óculos quadrados – Estão animados com a formatura – um burburinho de animação correu como um raio pela sala, e a professora teve que pigarrear duas vezes para se fazer silêncio novamente – Mas fui encarregada de lhes informar, que a festa de formatura dos septanistas não ocorre aqui no castelo.

- Onde é feita então? – perguntou Kahlen, enquanto vários garotos lançavam a ela um olhar cobiçoso.

McGonagall percebera os olhares famintos dos rapazes em cima da garota e ajeitou os óculos, levemente incomodada.

- Será feita em um salão alugado no centro de Londres, e realizada após o término das aulas, no dia quinze de julho. – respondeu a professora erguendo as sobrancelhas ao observar a animação da sala – Como todos os estudantes do sétimo ano são maiores de idade, Prof. Dumbledore, apesar da minha nítida reprovação – suas narinas inflaram, e ela ressaltou bem o “nítida” enquanto erguia as sobrancelhas novamente – Não achou necessária a supervisão de um professor, ou seja, a noite será de vocês.

Alguns alunos exclamaram excitados. Outros poucos (como Emma) suspiraram resignados e outros, como Olívio e Mia, apenas sorriram, pensando que talvez essa fosse uma despedida dos melhores anos de suas vidas.


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- Mia, acorde! Vamos! A coletiva começou há dez minutos!

Mia virou o rosto a fim de escapar dos raios de sol que penetravam no aposento pela ampla janela ao lado direito. Sua cabeça latejava fortemente nas duas extremidades; era sempre assim quando bebia vinho demais.

- Deixa pra lá. – resmungou ela com a voz abafada, depois que cobrira o rosto com o travesseiro – Já consegui minha entrevista com Jean.

- Mas a coletiva não é com o time da França, querida! – insistiu Rachel com seu tom maternal, mas havia certa urgência em sua voz – É com o time da Inglaterra. O Wood estará lá!

Mia sentiu uma pontada forte no centro da cabeça ao escutar o nome do rapaz.

- Mais um motivo pra eu não sair da minha cama! – resmungou ela de volta, puxando o edredom até cobrir o rosto.

Rachel soltou um suspiro cansado.

- Mia, é sério! Se você quiser voltar para a América como editora do Nova York Bruxa você precisa fazer algum esforço! – disse Rachel em tom sério, enquanto sentava-se na cama ao lado da mulher – Querida, eu sei como deve ser difícil vê-lo depois de tudo o que você passou, mas é a sua carreira que está em jogo! – disse ela adquirindo novamente seu tom carinhoso – Lembre-se que você jogou tudo para o alto aqui em Londres em busca desse sonho! Vai desistir agora só por causa de um ex-namorado?

As palavras de Rachel pesaram no coração de Mia. O problema que Olívio não era somente um ex-namorado. Olívio era mais. Olívio era parte dela. Parte de seu corpo, parte de sua alma que ficara distante por tempo demais. Tinha medo que, depois de tanto tempo longe, seu corpo estranhasse sua volta.

- Rach. – chamou Mia com a voz pidona – Por favor, não me faça ir. Por favor, não quero vê-lo. Não desse jeito. Tomei vinho demais. Estou de ressaca, por Merlim! Vou reencontrá-lo nesse estado? Oh, Rach, ele vai me olhar com tanto desprezo, tanto repúdio! Não vou agüentar...

E para a surpresa de Rachel e da própria Mia, ela começou a chorar. Lágrimas escorriam involuntárias por seu rosto, e ela soluçava de um modo deprimente.

- Oh, querida, não fique assim. – Rachel a envolveu em um abraço apertado – Você sabe que, uma hora ou outra você vai ter que reencontrá-lo. Afinal, ele é o goleiro da seleção inglesa e você está aqui para cobrir a Taça de quadribol não?

Mia assentiu com a cabeça, as lágrimas encontrando seu triste fim na blusa caríssima que Rachel usava, mas a loira pareceu não se importar.

- Vamos! Agora você vai tomar um bom banho de água fria que eu vou pedir uma poção para essa sua dor de cabeça! – ela ajudou Mia a se levantar da cama, puxando a amiga pelas mãos e lhe entregou uma toalha limpa – Agora vai!

Mia sorriu agradecida. Às vezes Rachel parecia muito mais sua mãe do que a própria Sra Chang. Ela entrou no banheiro da suíte exclusiva de sua família, que ocupava todo o último andar do hotel, e antes de entrar no banho, colocou a cabeça para fora do banheiro a fim de pedir mais uma coisa à amiga.

- Rach, aproveita e pede também uma... –

- Grande xícara de café? – completou Rachel dando dois toques com a varinha no intercomunicador – Já providenciei. Agora, Mia, se não se importa, estamos atrasadas!

- Oh, ok! – respondeu ela sorrindo e se apressando em tomar um banho.


Exatos vinte e três minutos depois se podiam ver duas mulheres excepcionalmente bonitas, descendo as escadarias do hotel feito loucas. O contraste entre as duas parecia fazê-las ficarem ainda mais bonitas. Enquanto uma era mais baixa, tinha cabelo louro escuro longo e ondulado e olhos verde-esmeralda, a outra era um pouco mais alta, tinha traços orientais e cabelos na altura dos ombros tão negros e lisos quanto uma mortalha-viva.

A morena descia as escadas ajeitando um sapato com uma mão, enquanto a loira ocupava-se em não deixar o conteúdo do copo na outra mão da amiga cair. As duas mulheres pararam em meio ao saguão principal para logo desaparecerem ao som de um ruidoso “craque”.

No segundo seguinte, as duas apareceram em um bonito salão bem iluminado, com uma bancada ao fundo e várias cadeiras enfileiradas viradas para a bancada. Vários jornalistas sobressaltaram-se com a chegada das duas, mas logo voltaram suas atenções para as penas, pergaminhos e máquinas fotográficas.

- Será que ainda não começou? – perguntou a morena consultando um relógio de pulso.

- Provavelmente já deve ter acabado. – constatou a loira observando os jornalistas que conversavam em voz alta em rodinhas de dois ou três.

- Ai! Será que perdemos muita coisa? – lamentou-se a morena, espiando por cima do ombro um pergaminho que flutuava ao lado de um jovem repórter.

- Pra falar a verdade, não muita. – respondeu uma voz masculina ao seu lado, e ela se sobressaltou.

- Mesmo? – a morena virou-se para o rapaz ao seu lado e ergueu uma sobrancelha enquanto a loira sorria divertida.

- Sim, Mia-Chang-do-Nova-York-Bruxa – o jovem repórter de cabelos castanhos respondeu sorrindo – Mesmo.

- Como sabe...? – começou a morena Mia com uma ruga entre as sobrancelhas.

- Essas palavras viraram seu bordão no mundo do jornalismo esportivo. – respondeu ele sorrindo – Sou...

- Gavin Galé, do “Paris en Feu”. – completou ela sorrindo e apertando a mão estendida do rapaz – Muito prazer.

A loira meneou a cabeça, ainda sorrindo divertida. Pigarreou brevemente, fazendo-se presente.

- Oh, essa aqui é Rachel Pearl, minha editora – apresentou Mia indicando Rachel que até instantes havia sido ignorada.

O rapaz encarou Rachel com profundo interesse.

- Encantado. – respondeu ele piscando o olho para a loira e sorrindo pelo canto dos lábios.

Rachel apenas sorriu, ainda meneando a cabeça.

- Você poderia fazer um grande favor e nos contar o que aconteceu nessa coletiva, afinal? – perguntou Rachel calmamente.

Gavin sorriu, e pareceu pensar um pouco antes de responder.

- Bem, entrevistamos o técnico e quase todo o time da Inglaterra. – respondeu ele franzindo o cenho – Só faltou o Wood, que furou de novo. Francamente, parece que ele faz isso de propósito! Quanto mais ele foge dos holofotes, mais as pessoas querem saber sobre ele, e mais nós temos que nos virar atrás de uma matéria. Não sei o que essas garotas vêem nele e naquele Morlevat. – resmungou, abrindo uma careta em seguida – Esse é outro que foge da gente igual basilisco foge de galo!

Mia continuou parada, a expressão impassível no rosto, enquanto Gavin continuava reclamando do mau gosto das garotas espalhadas pelo mundo. Perdeu-se em pensamentos enquanto Rachel agradecia o jovem repórter francês e puxava-a para um canto afastado no salão.

- Você sabe o que isso significa não? – sussurrou Rachel, o rosto iluminado como toda a vez que ela tinha uma idéia realmente brilhante e maquiavélica em mente.

- O quê? – respondeu a morena confusa.

- Mia! Olívio e Jean são as sensações do momento! Eles jogam juntos no Puddlemere, e provavelmente a final da Taça será Inglaterra contra a França! – disse Rachel animada, mal contendo sua empolgação.

- Ainda não entendi. – respondeu Mia um tanto constrangida.

- De acordo com Gavin, nenhum outro jornalista conseguiu alguma declaração de nenhum dos dois sobre o campeonato, sobre a rivalidade, ou sobre nada! – respondeu ela animada – Você já tem a opinião de Jean, eu vi no pergaminho da entrevista que você perguntou a ele como seria jogar contra seu companheiro de time! Agora, se você conseguir a de Wood...

- Ah não! – interrompeu Mia olhando para a amiga incrédula – Uma coisa é eu vir a uma coletiva e entrevistá-lo, é minha obrigação! Outra totalmente diferente é eu sair à sua caça atrás de uma declaração, isso é ridículo!

- Não. – corrigiu Rachel encarando a amiga seriamente – Isso é ser profissional.

Mia olhou deprimida para expressão impassível no rosto de Rachel. Sim, elas eram grandes amigas, mas ela não podia se esquecer que Rachel era também sua editora. Ainda tentou protestar mais um pouco, mas Rachel lhe sorriu confiante.

- Emma me disse que Olívio não está concentrado no hotel junto com a seleção inglesa. – continuou a loira – Ele está em seu apartamento.

Mia suspirou derrotada.

- E a Emm, como boa amiga que é, já te passou o endereço antes mesmo de eu encontrá-la na Big Apple, não é mesmo? – disse Mia com a voz cansada; conhecia bem demais as duas amigas.

Rachel apenas lhe sorriu, tentando encorajá-la. Mas naquele momento, Mia pensou que nenhuma poção do mundo poderia lhe tirar aquela sensação de náuseas que tomava conta de seu estômago.


(* Big Apple: para quem não sabe, é como os nova-iorquinos chamam Nova Iorque, é como chamar São Paulo de “Terra da Garoa”).


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- Atenciosamente... Amélia Lie Chang.

Mia encontrava-se há meia hora escrevendo algo absolutamente confidencial no dormitório. Por sorte, era um sábado ensolarado e todas as suas colegas de quarto estavam nos jardins, curtindo o solzinho de início de verão e aproveitando para descansar um pouco antes dos temíveis N.I.E.M.s. Ela espreguiçou-se lentamente e esfregou os olhos com as mãos geladas, abrindo um sorriso satisfeita.

- Acho que está bom assim. – disse para si mesma, começando a dobrar a carta.

Suspirou profundamente, imaginando se essa era mesmo a decisão que queria tomar.

- Mia, me empresta aquele seu suéte... – a voz de Emma a fez pular de susto na cadeira – O que você está fazendo aí? – perguntou a amiga desconfiada, aparecendo na porta do dormitório.

- Estou mandando uma carta para meus pais. – mentiu ela acabando de dobrar a carta tranqüilamente, embora seus dedos tremessem levemente à medida que Emma se aproximava da escrivaninha.

- É? – Emma arqueou uma sobrancelha de um modo inquisidor – E você estava falando sobre o quê na carta?

Mia desconcertou-se por um instante, mas logo assumiu uma postura de falsa indignação.

- Ora, acho que não preciso dizer tudo o que faço pra você não é Emm? – ela levantou-se da cadeira, empertigando-se – Mas se é do seu absoluto interesse – Emma fez uma careta muito parecida com a de Olívio – Eu os estou avisando que está tudo bem comigo e com Cho. Eles estão preocupados por causa de Black. – ela espantou-se consigo mesma. Normalmente não conseguia inventar desculpas tão rápidas.

Emma estreitou os olhos antes de resmungar um “Ah tá” em resposta, sinal de que não se convencera nem um pouco.

- Bom, o que você estava falando? – Mia decidiu que mudar de assunto seria o certo a fazer – Antes de entrar – explicou, quando Emma lhe lançou um olhar confuso – Você ia me pedir emprestado alguma coisa.

- Ah, seu suéter azul. – respondeu Emma desviando seu olhar, que até aquele instante se encontrava fixo na carta em cima da escrivaninha.

- Ah, ok. Vou pegar. – respondeu Mia prontamente, dirigindo-se ao closet do dormitório.

Mia jogou as longas madeixas negras para trás, fazendo um movimento circular com os cabelos a fim de evitar que eles caíssem em seus olhos. Agachou-se defronte de uma das gavetas e começou a vasculhar em busca de um de seus suéteres favoritos. Sorriu ao lembrar-se que o vestia quando ela e Olívio se beijaram pela primeira vez, ainda que ela estivesse enfeitiçada por uma poção do amor.

- Bom, meio enfeitiçada. – sussurrou ela pra si mesma, abrindo um meio sorriso.

Continuou desarrumando sua gaveta, fazendo caretas cada vez mais impacientes, quando finalmente o encontrou. Retirou o suéter de qualquer jeito e empurrou a gaveta com um chute.

- Aqui está Emm. – disse alegremente aparecendo na porta do quarto novamente, mas seu sorriso murchou automaticamente ao ver que Emma segurava um pergaminho na mão e o lia atentamente, com o olhar cada vez mais triste.

A carta... A carta... Ela estava lendo a carta!

Uma fúria descomunal passou pelo seu corpo e ela tinha a voz trêmula quando berrou o nome da amiga.

- EMMA! – adiantou-se em direção a garota que havia pulado de susto com o grito, e arrancou-lhe a carta das mãos de um modo violento – O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?

Emma não parecia envergonhada ou sequer arrependida. Apenas fitava a amiga com os olhos marejados e seus lábios tremiam quando ela se pronunciou.

- É verdade? – sussurrou com um fio de voz – Você... vo-você pretende mesmo ir?

Mia encarou os olhos cor-de-mel da amiga que eram idênticos ao do namorado... Podia ver a cena em sua cabeça quando contasse para Olívio sobre seus planos... Os olhos do rapaz estariam exatamente como os olhos da amiga a sua frente. Uma mescla de tristeza, decepção, esperança... e no caso de Olívio, Mia sabia muito bem... de raiva.

- Se me aceitarem. – respondeu simplesmente, soltando um longo suspiro em seguida. Mia desviou seus olhos do olhar que Emma lhe lançava, sentando-se em sua cama e abraçando os joelhos.

- Mia, - começou Emma com a voz ainda trêmula – Por que você não me contou? Aliás, por quer ir para Nova York? Nós temos jornais bons aqui na Inglaterra! Não só jornais, aliás! Revistas, editoras de livros!

Um silêncio incômodo se instalou pelo dormitório até Mia se pronunciar.

- Emm. – ela desviou o olhar do chão para encarar a face confusa da amiga – O Nova York Bruxa é simplesmente o melhor jornal bruxo do mundo. Eu duvido muito que eles vão me chamar pra trabalhar lá. Seria muita sorte! Mas eu só acho que não custa nada tentar...

- Mas e se eles te chamarem? – insistiu ela com a voz engasgada – Você se mudaria para a América?

Mia abriu um fraco sorriso, voltando a encarar o chão.

- Eles não vão me chamar. – respondeu, com a voz trêmula – Eu sei que não. – sussurrou para si mesma.


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Olívio aparatou novamente em seu dupléx, largando-se em uma das poltronas de couro de dragão. Automaticamente a enorme lareira da sala de estar se acendeu, aquecendo-o da mudança repentina de tempo. Era verão em Londres, e aquele temporal de fim de tarde que caia lá fora vinha muito bem a calhar, apesar de ter escurecido o céu bem mais cedo que o habitual.

Espreguiçou-se, levantando-se com um pulo do sofá, os cabelos molhados caindo em sua testa lhe davam um ar descontraído e desleixado que agradava (e muito) as garotas.
Caminhou lentamente em direção a sua suíte, que ficava na parte de cima do apartamento, enquanto uma trilha de roupas se projetava por onde passava. Ao chegar à suíte vestia penas um samba-canção azul marinho de seda, deixando visível todo o seu corpo atlético.

Entrou no banheiro, massageando a nuca enquanto soltava um gemido de dor. Havia duas semanas que aquela maldita batedora das Harpias lançara-lhe um balaço na cabeça, e a dor ia e voltava sem previsão.

Ouviu-se um rangido melancólico do boxe de vidro e logo o barulho de água caindo. Fechou os olhos, deixando a água quente escorrer por seu corpo.

Ficou debaixo do chuveiro por uma eternidade, ao que lhe parecia, enquanto se lembrava mais uma vez dela. Soltou um punhado de maldições e palavrões enquanto desligava o chuveiro e se secava com uma toalha macia.

Por que? Por que Merlin? Já se passaram treze meses! Treze meses sem uma notícia sequer da criatura e ele ali, pensando nela. Pensando em como fora feliz, em como só ela o fazia estremecer daquele jeito. Depois que se tornara goleiro no Pudd, e depois que entrara como titular na seleção inglesa, uma fila de mulheres passou por ele, mas nenhuma o conhecia como ELA o conhecia. Nenhuma sabia beijar como ELA, enlouquecê-lo como ELA. Nenhuma tinha sua risada, sua careta de indignação, suas palhaçadas... Nenhuma era igual a ELA. Até mesmo do mau humor da garota ele sentia falta.

- Como será que ela está...? – sussurrou baixinho para si mesmo, enquanto envolvia uma toalha na cintura e secava os cabelos com outra. Sorriu ao passar em frente ao espelho e ver-se daquela maneira. Certa vez ela lhe dissera que teria um enfarte caso o encontrasse daquele jeito sem um aviso prévio.

Caminhou de volta a seu quarto, sentando-se na luxuosa cama de casal e vasculhando uma gaveta do criado-mudo. Retirou um grosso álbum de dentro e folheava-o caminhando de volta à sala de estar.

Ainda vestindo apenas uma toalha, depositou o grosso álbum de capa vermelha em cima da mesinha de centro, em frente à lareira, e caminhou em direção ao mini bar da sala. Abriu uma garrafa de whisky de fogo e depositou dois dedos em um copo com gelo.

Suspirou pesadamente, e estava a meio caminho de engolir um grande gole da bebida quando a campainha tocou.

- Emma. – resmungou, lembrando-se da discussão que tivera com a irmã na noite anterior, e imaginando se ela teria vindo para desculpar-se ou para ralhar ainda mais com ele.

Sorriu amargamente. Conhecendo a irmã gêmea como conhecia, era óbvio que ela vinha esclarecer seu ponto de vista e obrigá-lo a admitir que estava errado.

Pensou duas vezes antes de caminhar em direção à porta. Estava tentado a deixar a irmã esperando por um bom tempo lá fora. Quem sabe ela não desistia e ia embora...?

A campainha soou novamente. Ainda praguejando, engoliu uma grande quantidade do whisky e caminhou pesadamente em direção à porta. Com um suspiro resignado, ele a abria enquanto resmungava com a voz cansada:

- O que você quer Emm...?

“Alguém, por favor, poderia me dar uma sacudida agora?” – Olívio pensava, enquanto sua boca abria e fechava – “Merlim, Merlim, Merlim! Por que faz isso comigo? Vamos Olívio! Faça alguma coisa! Mexa-se! Diga alguma coisa! Oh, Raios! Droga de chuva! Por que ela tinha que estar assim...?”

Olívio continuava atônito. Os olhos arregalados e o queixo caído. Não somente pela presença da mulher que assombrara seu sono durante um ano inteiro, mas pela forma que ela se encontrava.

Mia estava encharcada. Os cabelos estavam colados em seu rosto. Ela vestia uma saia pregada vermelha, que naquele momento encontrava-se tão justa ao seu corpo quanto a camisa branca que se encontrava transparente. Um par de sandálias vermelhas de salto agulha completava o visual. Salto agulha enlouquecia Olívio, e ela sabia muito bem disso.

Olívio percorria os olhos por todo o corpo da mulher parada á sua frente. Não conseguia pensar que ela estava com frio e arrepiada por causa disso. Só conseguia pensar naquele corpo que aparecia todas as noites em seus sonhos. Ela havia mudado, oh, como havia! Seu corpo tomara formas definidas, e parecia mais maduro, assim como seus olhos. Ah, aqueles olhos negros cintilantes! Como sentira falta de encará-los!

O rapaz continuou correndo os olhos pelo corpo de Mia, quando eles pararam em seu colo. Ao mesmo tempo que se sentia aliviado por a mulher estar usando um sutiã, sentia seu subconsciente amaldiçoando aquela peça que ele queria ver longe do corpo de Mia.

A mulher fechou os olhos por um instante, e Olívio resolveu desviar seu olhar da peça maldita, sentindo seu rosto ferver. Ela obviamente percebera o olhar faminto do rapaz e se constrangera.

“Muito bom, Olívio! ÓTIMO!” – pensou ironicamente.

Soltou um longo suspiro, e fechou os olhos, abrindo-os quase que instantaneamente para encarar as orbes negras da mulher.

- Será que eu poderia entrar? – ela disse com a voz um tanto trêmula.












N/A: Eeeeiii já não sofro mais de surtos de falta de criatividade!! O enredo está prontinho, só falta escrever... =P hahaha “só”... e vcs, comentareeeemmm!! =) Por favor!! ^________^ eu sei que está em época de fim de provas e etc, mas um comentariozinho não faz mal a ngm nééé:??? Espero que tenham gostado do Capítulo!!! Mil beijinhos a todass!! ^^

Thata: Lindaa!! Amo vc!! Saudades!! Obrigada pelo apoioooo!!! ^^ Qm vc acha q eh?? O__O agora fiquei curiosaa!! ^^ hahahah Bjão Amoree!!

Tati: Meoooww!! Mil perdões! Esqueci de você no último cap!! Nossa, tenho MUITO o que agradecer a você viu? Obrigada mesmo por todo o apoio!!! Heheheh Beeeem.... a seqüência vcs vão ver... sim, a Mia ficou grávida, mas não é por isso que ela e o OLi terminaraaam... ^^ hehehehe todas as suas dúvidas serão esclarecidas no decorrer da fic (assim espero!) huahauahua!! Boa sorte nas provas!! Espero q tenha gostado do Capítulo!!! Bjão!

Thaty Brown: Heiii!! Obrigada por sempre comentar!! Muito obrigada mesmoo!! Hahahah vou te deixar na expectativa por mais um tempinhooo >____< hehehehe espero q tenha gostado do cap! Bjão

Luisa ( _-_-_ ): Oooii!! Mais uma vez, te deixei sem saber!! Heheh no próximo, PROMETO... q vai ter mais mistérioo!! Hahahahahhahahah obrigada por comentar! Espero que tenha gostado!! ^^ Super bjo!

Tammie: Obrigada pelso elogios, e pelo comentário na “Forever Love” muito obrigada mesmo! Fiquei mto feliizz! ^^ Espero q tenha gostado do capítulo! Bjão


Agradecimentos fervorosos à Rachel e VAni, e a NAsh q continua sumida, e a todos aqueles q leram e comentaram! Muito obrigada! ^^




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