Eternity Moment (CK)



Capítulo quatro: Dormindo juntos (Só dormindo!)





Olívio voava de lá para cá, em frente aos três aros da Grifinória. Acompanhava o time com os olhos, mas dava uma atenção especial a Harry Potter, o apanhador do time, quem definitivamente decidiria se a partida demoraria a terminar. Olívio sequer pensava na possibilidade de Cedrico Diggory, o apanhador da Lufa-Lufa, pegar o pomo ao invés de Harry.

“Vamos, Harry” – ele murmurava pra si mesmo, após quinze minutos de jogo, enquanto acompanhava Alicia Spinett do outro lado do campo arremessar a goles no aro direito da Lufa-Lufa e marcar um gol – “Pegue logo esse maldito pomo!”.

O vento uivava fortemente, fazendo-o se desequilibrar da vassoura quando tentava ficar parado; o jeito então era continuar em movimento. Defendia algumas goles arremessadas para suas balizas sem muito esforço: o vento ajudava-o, distorcendo o caminho da bola vermelha para o gol, e mandando-a para longe.

Olívio estava irritado. Os grossos pingos de chuva o encharcavam completamente, fazendo suas vestes pesarem, e ele se sentia mais cansado que o habitual, além do fato de quando ele olhava para cima para tentar ver se Harry chegara sequer perto pomo, quase se afogava com a quantidade de água da chuva que entrava por suas narinas. Após meia hora de jogo, que pareceram infinitamente mais, Olívio, encharcado até os ossos fez sinal, pedindo tempo a Madame Hooch. Ela pareceu não ver.

- TEMPO. – ele berrou, e apesar de um trovão ter ressoado perigosamente no campo àquela hora, a voz de Olívio, alta como sempre, se sobrepôs. Madame Hooch apitou, enquanto os jogadores dos dois times olhavam para seus respectivos capitães, e Olívio pousava no campo, que mais parecia uma grande poça de lama, e fazia sinal para seu time se juntar a ele.

Um a um eles pousaram, fazendo um círculo, e baixando a cabeça.

- O que foi Olívio? – perguntou Angelina com os olhos semi-cerrados para evitar que pingos de chuva a cegassem.

- Eu pedi tempo. – ele berrou, enquanto conjurava um guarda-chuva, e todos se apertavam para fugir da chuva violenta.

- Qual é o placar? – perguntou Harry enxugando seus óculos nas vestes.

- Estamos cinqüenta pontos na frente. – respondeu ele, e apesar de o time estar em vantagem, não parecia muito contente. Olhou para Harry, como se este fosse o responsável pela demora do jogo. – Mas a não ser que capturemos o pomo logo, vamos jogar noite adentro.

- Eu não tenho a menor chance com isto aqui. – respondeu o garoto agitando os óculos, que provavelmente não percebera o olhar acusador do capitão.

Olívio fitou o objeto na mão de seu apanhador com profunda irritação. Franziu o cenho pensando em uma alternativa para Harry não precisar usar os óculos, ou fazê-los repelir a água, quando viu uma garota descendo afobada pela arquibancada, com um grande sorriso estampado no rosto.

Ele observou ela falar com Harry, agitar a varinha e murmurar “Impervius”, e olhou para Olívio, como se adivinhasse seus pensamentos – Isso vai fazer os óculos repelirem a água! – ela exclamou, sorrindo para o capitão.

Wood não conseguiu disfarçar sua animação.

- Genial! – ele exclamou para a garota, sorrindo de orelha a orelha, enquanto ela desaparecia em meio à algazarra das arquibancadas – Muito bem, time, vamos arrebentar! – ele exclamou, e tentou dizer na voz mais animadora possível, mas o frio que congelava até seus ossos o impossibilitava de abrir um sorriso.

Wood voltou para as balizas da Grifinória, continuava observando Harry atentamente, além de prestar atenção no jogo e correr seus olhos sobre o campo, ajudando na procura à bolinha dourada.

Ele voou com velocidade ao aro da esquerda, para defender a goles que um artilheiro da Lufa-Lufa arremessara com uma força fora do comum, rebateu-a com a cauda da vassoura para Kate Bell, e seus olhos pousaram em Diggory: sentiu seu coração bater com violência em seu pomo-de-adão. Uma onda de desespero percorreu seu corpo.

- HARRY! – ele berrou angustiado para o garoto que voava sete metros acima dele, aparentemente em transe, tentando enxergar alguma coisa na arquibancada – Harry, atrás de você!

Cedrico Diggory subia em grande velocidade em direção a um ponto dourado reluzente a alguns metros da cabeça de Harry.

Olívio só pôde acompanhar o garoto com o olhar, enquanto este empinava sua vassoura para cima e emparelhava com Cedrico.

De repente, sentiu um frio apoderar seu corpo; não o frio que a chuva ou o vento gélido causavam batendo em eu corpo, mas um frio vindo de dentro de si mesmo; vindo de dentro de seu coração.

Olhou desesperado para o campo cinco metros abaixo de si, e viu, no extremo lado oposto três criaturas encapuzadas, deslizando perigosamente.

“O que...? Dementadores??” – murmurou ele angustiado. Seu primeiro impulso foi de olhar para Mia; encontrou a garota em um canto da arquibancada onde os torcedores da Grifinória se apertavam; ela se encolhera num canto e abraçava os joelhos com força.

“Agüente firme, Mia”, ele pensava, enquanto sentia toda a felicidade sendo sugada de si, toda sua esperança, de ganhar a Taça de Quadribol este ano, PRECISAVA ganhar; de ficar com Mia, estava evaporando no ar, dando lugar apenas a pensamentos negativos, tristeza, vergonha e lembranças ruins que ele queria apagar de sua memória.

Ele levou uma mão à testa, esfregando-a com força, e olhou desesperado ao ouvir um “Oh!” da torcida. Sem poder fazer mais nada, observou Harry cair velozmente em direção ao chão.

“Ele vai se estatelar!”, ele pensou, angustiado, mas quando o apanhador ia cair com um baque violento no campo, Olívio observou-o desacelerar, e cair de um modo desajeitado e um tanto violento.

Um som fez seu coração parar por um instante. Enquanto Dumbledore se levantava e espantava os dementadores, que fugiram enquanto uma fênix prateada irrompia da varinha do diretor e avançava para eles, Madame Hooch apitou, e Olívio imediatamente olhou para onde o pomo estava segundos atrás; Ele engoliu seco e fez uma careta desgostosa. Cedrico Diggory havia apanhado o pomo, e agora olhava confuso para tudo que acontecia à sua volta.

Olívio pousou no campo lamacento e seu time o acompanhou, ele andou em direção ao seu apanhador, preocupado, mas Dumbledore já fazia Harry levitar, e o levava em direção ao castelo; Diggory pousou ao lado de Olívio, e lançou um olhar preocupado a um Harry inconsciente.

- O que aconteceu? – perguntou Cedrico com a voz embargada, enquanto gotas de chuva entravam em sua boca a cada palavra que proferia.

- Harry desmaiou por causa dos malditos dementadores, enquanto VOCÊ apanhava o pomo. – Olívio respondeu secamente, quase gritando ao pronunciar `você´, com amargura. Sentia muita raiva de Diggory, aquela criatura burra e sem escrúpulos, que aparentemente ganhara o jogo de forma desonesta.

- O quê? Desmaiou? – indagava Cedrico confuso.

- É, é... desmaiou. – respondeu Olívio impaciente.

- Então, vamos anular o jogo! – gritou Cedrico, alto o suficiente para Madame Hooch ouvi-lo. – Não quero ganhar dessa forma!

Olívio fitou-o intrigado, e um pouco admirado. Se fosse o contrário, de maneira alguma ele pediria pela anulação do jogo.

- Diggory, não vamos anular coisa nenhuma! – retorquiu Madame Hooch vindo ao encontro dos capitães – Você capturou o pomo antes de Potter desmaiar, portanto não foi uma vitória injusta... E ponto final. – acrescentou ela ao ver que o capitão da Lufa-Lufa abria a boca novamente para discutir.
- Desculpe, cara. – Cedrico falou virando-se para um Olívio um pouco menos irritado, depois que Madame Hooch já desaparecera de vista.

- Tudo bem, foi uma vitória justa. – murmurou Olívio fitando seus próprios pés.

- Eu tentei... – começou Cedrico, mas Olívio levantou sua mão fazendo sinal para ele parar de falar. Acenou brevemente com a cabeça e se encaminhou para os vestiários. Sua cabeça latejava fortemente, seu corpo tremia de frio e de nervoso. Perdera. O primeiro jogo da temporada. Não podia ter acontecido. Não podia acreditar.

“Para a Lufa-Lufa ainda por cima!”, ele pensava amargurado, enquanto despia-se e entrava na banheira. Sentiu-se mal por Harry, mas não estava com cabeça para visitar o apanhador àquela hora. Só queria ficar sozinho e tentar digerir sua derrota. Ficou na água quente por tempo suficiente para seus dedos enrugarem a ponto da sua mão parecer a de um velhinho de oitenta anos.

“Hora de voltar para o castelo”, disse ele para as paredes do vestiário. Suspirou, e com esforço saiu da banheira quente, vestiu uma calça jeans e uma camiseta branca, um tanto pequena para seu corpo musculoso, e se dirigiu ao castelo, caminhando pesadamente com o vento rugindo sem seus ouvidos e a chuva encharcando-o novamente.

Passou direto pelo corredor que levava à enfermaria, chegou ao quadro da Mulher Gorda, murmurou a senha e entrou, passando direto pelo salão comunal apinhado de pessoas curiosas, que o bombardeavam de perguntas sobre Harry. Ele apenas ignorou toda aquela gente e subiu as escadas em caracol para seu dormitório. Jogou-se na cama, cansado, e Ed e Eric se entreolharam e resolveram deixar o amigo em paz: sabiam muito bem o quanto quadribol significava para Olívio, e o quanto uma derrota devia estar doendo para o garoto. Para a surpresa de ambos, no segundo seguinte Olívio levantou-se lentamente, evitando encarar os amigos, despiu a calça jeans que o incomodava, e sua camiseta, largando-se na cama novamente, agora só de samba-canção. Fechou os olhos com força, tentando apagar a derrota da sua cabeça, mas não conseguia parar de pensar: estava escapando, seu sonho de três anos escapava de suas mãos.

“Você vai sair daqui como um nada”, dizia uma vozinha desdenhosa dentro de sua cabeça, “Do que adianta ser capitão do time se você não ganhou NENHUMA Taça nesses seis anos que você joga?”.

Olívio virava de um lado para outro na cama, agitado. Pensamentos como aqueles alfinetavam-no, não deixando o garoto dormir. Ele sentou-se com um impulso na cama, e viu o cortinado de Eric e Ed fechados, o que significava que os amigos já estavam dormindo. Afundou o rosto nas mãos, esfregando os olhos com força, e deitou-se novamente, tentando dormir.

Marcos Flint, o capitão da Sonserina, erguia a Taça do Campeonato ao ar, e uma onda verde e prata aplaudia-o. Para maior desespero de Olívio, ele viu um emaranhado de cabelos muito negros e lisos indo ao encontro de Flint, abraçando-o e... – Olívio abriu a boca, espantado e enojado ao mesmo tempo – beijando-o. Mia abraçava seu maior rival, o capitão da Sonserina, e o olhar da garota encontrou o dele. Ela riu, cochichando algo no ouvido de Flint, e os dois apontaram para Olívio, gargalhando da cara do garoto, enquanto todas as pessoas vestidas de verde e prata apontavam para ele também, gargalhando, Mia gritou “PERDEDOR!”, ainda rindo e apontando para ele...

Olívio acordou com um pulo, gotas de suor escorriam pelo seu rosto. A chuva caia um pouco mais fraca, mas o vento ainda rugia, balançando ferozmente a janela do dormitório. Ele enxugou a testa com uma das mãos, balançando a cabeça negativamente. Estava muito tenso, muito estressado... precisava relaxar... Repentinamente, como se tivesse acabado de ter uma idéia, lançou um olhar esperançoso para sua vassoura.

“Não, Olívio, isso é loucura” – aquela mesma vozinha desdenhosa dizia dentro de sua cabeça – “Você vai fazer o quê? Voar até a Torre da Corvinal e procurar pelo dormitório dela?”.

- E por que não? – disse ele, em tom de desafio.

E foi isso que ele fez. Vestiu seu roupão de qualquer jeito, abriu a janela com cuidado para os amigos não acordarem, e passando a perna pela vassoura, voou céu afora, a chuva diminuira drasticamente desde que ele entrara no castelo; mas ele ainda se molhava com as finas e gélidas gotas d´água.

Olívio estava prestes a se arrepender de ter deixado seu dormitório quentinho, à procura de uma, entre as centenas de janelas que haviam em Hogwarts, sob aquela chuva gélida e cortante, quando se deparou com uma coruja castanho-claro bicando furiosamente uma janela trancada de uma torre exatamente do lado oposto à da Grifinória. Deu uma guinada para baixo com sua Nimbus 2000 e abriu a janela para deixar a coruja entrar. Ela piou agradecida, e ele observou-a largar um rolo de pergaminho em um criado-mudo ao lado de uma cama, e sair novamente, em direção ao corujal.

Olívio fitou o quarto com curiosidade: era exatamente igual ao dormitório masculino da Grifinória, exceto pelo fato de estar incrivelmente arrumado, e de haver um mural com fotos em um canto próximo a cama que a coruja deixara a carta. Um pouco receoso, ele desmontou de sua vassoura, entrando no quarto com muito cuidado para não fazer nenhum barulho e acordar as garotas.

“É, provavelmente é um quarto de garotas” – ele pensou, pois todos os cortinados das camas de colunas estavam fechados, mas pela organização e pelo cheiro doce do quarto, ele concluíra que era um dormitório feminino. O garoto caminhou vagarosamente em direção ao mural pendurado ao lado da cama mais próxima à janela, e sorriu satisfeito ao ver uma foto de Emma, Kahlen e Mia na praia, outra de Mia vesga fazendo uma careta, uma de Emma quando criança, e outras de garotas que Olívio não sabia o nome, só conhecia de vista.

- Entrei no quarto certo, então. – ele sussurrou abrindo um sorriso satisfeito, e se dirigiu novamente à janela, fechando-a, pois um vento gélido irrompia da mesma, que Olívio esquecera aberta. Virou-se para as camas, todas com o cortinado fechado: “Agora... qual das cinco é a cama dela?”, murmurou pensativo, enquanto se dirigia àquela mais próxima da janela e do mural, curioso para saber quem recebera a carta no meio da noite.

Abriu o cortinado com delicadeza, e abriu um enorme sorriso.

Sentou-se na cama devagar, tocando com delicadeza o ombro da garota que dormia profundamente, os cabelos negros esparramados na cama pareciam nunca embaraçar.

- Mia – ele a chamou, sussurrando em seu ouvido. A garota se mexeu levemente, mas não acordou. – Mia, sou eu. – ele sussurrou novamente, e desta vez a garota virou-se vagarosamente para encará-lo.

- Olívio? – disse ela com a voz enrolada.

O garoto sorriu, assentindo para ela.

Mia sorriu de volta, mas para o espanto de Wood ela soltou um resmungo e virou-se de costas para dormir novamente. Olívio fitou suas costas tristemente. Ela não o queria ali. Ou apenas... estava dormindo ainda?

- Mia, posso dormir com você? – ele disse com a voz muita baixa.

- Sonho...? – ela murmurou, os olhos semi-cerrados .

Olívio sorriu. Ela ainda estava dormindo, e achava que ele fazia parte de seu sonho.

- Não, Mia, não é um sonho. Estou aqui.

De repente, ela virou-se para ele, os olhos apertados.

- Olívio?! – ela exclamou, a voz ligeiramente alta. Ela apoiou-se no travesseiro pelos cotovelos, e encarou os olhos castanhos do garoto, que brilhavam intensamente.

- É. – disse ele, e mexeu-se um pouco constrangido – Hm.. não estava conseguindo dormir... será que ahn... poderia dormir com você?

Mia o fitou desconfiada.

- Só dormir. – acrescentou ele nervoso.

Seu olhar percorreu dos cabelos molhados do rapaz, ao roupão desamarrado, que mostrava um abdômen bem definido e um samba-canção de seda azul-marinho.

A verdade era que, desde que Mia vira a Grifinória perder e Olívio sair arrasado pro vestiário, ela queria abraçá-lo, confortá-lo, mas parecia que o rapaz queria ficar sozinho. Ela sorriu ao vê-lo encharcado em seu dormitório, no meio da noite, pedindo para dormir com ela, como uma criança com medo do bicho-papão.
- Claro que pode, Olívio. – disse ela sorrindo, afastando-se para o lado para dar espaço para o rapaz se deitar. Olívio levantou-se, despiu o roupão molhado, ficando apenas de samba-canção; e Mia, ao percorrer o olhar por seu abdômen e seus peitorais muitíssimo bem definidos, milagrosamente conseguiu afastar Jean de seus pensamentos, mandando-o dar uma voltinha.

Olívio deitou sua cabeça nos braços de Mia e abraçou a cintura da garota, enquanto ela lhe fazia cafuné carinhosamente. Ele fechou os olhos, e em instantes, deixou-se levar por um sono profundo, dessa vez, sem pesadelos. Mia parou de afagar o rapaz, ao perceber que ele já dormira, e seu olhar repousou sobre o pergaminho sobre seu criado-mudo. Ela se desvencilhou de Olívio, cuidadosamente para o rapaz não acordar, e ainda deitada na cama pegou o pergaminho e tentava lê-lo sob a luz do luar que entrava pela janela. Ela soltou um longo suspiro ao reconhecer a letra, e sem nem ao menos começar a ler a carta enrolou o pergaminho novamente e o depositou na gaveta do criado-mudo. Sorriu ao ver Olívio: ele dormia com as pálpebras ligeiramente levantadas e a boca aberta. Deu um beijo na testa do rapaz, abraçou sua cintura, e apoiando sua cabeça em seu peitoral ela adormeceu, com pensamentos de culpa povoando sua mente.

Mia acordou no domingo chuvoso repentinamente. Sentou-se na cama e olhou seu relógio de pulso: faltavam cinco para as oito da manhã. Fitou Olívio profundamente adormecido na cama, e abrindo um sorriso começou a sacudir o ombro do rapaz delicadamente.

- Olívio? – ela chamava num sussurro, mas o rapaz sequer se mexera – Olívio! – ela chamou novamente, e tornou a chamar mais umas vinte vezes, sem sucesso, sacudindo-o cada vez com mais violência. Já estava perdendo a paciência.

- Olívio, anda! – exclamou ela irritada, dando um tapa no braço do rapaz. E então o garoto abriu um dos olhos, e ao fitar o rosto vermelho e emburrado de Mia, ele abriu um enorme sorriso.

- Então... não foi um sonho? – disse ele com a voz rouca.

- Não, não foi. – disse ela, esquecendo sua irritação e abrindo um sorriso – Mas vai ser um pesadelo se a Emma acordar e te encontrar aqui!

- Que horas são? – perguntou ele, sentando-se lentamente na cama.

- Cinco para as oito. – informou Mia prontamente – Ou seja...

- Daqui a cinco minutos minha irmã vai acordar. – completou Olívio, que vivera desde a barriga da mãe com a irmã gêmea e sabia que para ela não existiam domingos e feriados; todo santo dia ela acordava as oito em ponto. Ele soltou um longo suspiro, e olhou para Mia, que estava com os cabelos bagunçados, o rosto amassado e os olhos ligeiramente inchados, e procurava algo na gaveta de seu criado-mudo. Olívio sorriu; mesmo quando acabava de acordar continuava linda.

Mia finalmente achou o que procurava: uma escova de cabelo. Começou a pentear seus cabelos, sentada na cama, quando viu Olívio observando-a com um sorriso bobo no rosto.

- Que foi? – perguntou ela tentando tirar um nó insistente da ponta.

- Nada não. – respondeu o rapaz corando levemente e balançando a cabeça. Olívio levantou da cama lentamente, vestiu o roupão do chão, e apoiando um joelho na cama, deu um selinho em uma Mia espantada, abriu a janela com cuidado, e antes de montar em sua vassoura que o aguardava do lado de fora, virou-se para Mia.

- Obrigado, Mia. Foi o melhor sonho da minha vida. – agradeceu ele, dando uma piscadela pra garota, e desaparecendo de vista.

Mia continuava fitando a janela por onde Olívio desaparecera abobalhada. Custava a acreditar que aquela noite realmente havia acontecido.

- Mia? – ela escutou a voz de Emma na cama ao lado – O que você está fazendo, acordada a essa hora?

Mia despertou-se do transe, e virou-se para encarar a amiga, sorridente.

- Não sei. Acordei cedo. – respondeu, dando de ombros e se dirigindo ao banheiro.

- Acordou cedo? – repetiu Emma confusa, o rosto amassado e os cabelos bagunçados – Essa é nova pra mim! – exclamou, e deitou-se na cama novamente; agora que a amiga entrara do banheiro, custava a ela esperar por mais meia hora, até poder se lavar.

Mia finalmente saiu do banheiro, exatos trinta minutos depois, e uma Emma rabugenta tomou seu lugar. A garota sentou-se na cama, abriu a gaveta do criado-mudo e tirou um pedaço de pergaminho enrolado de dentro. Com um longo suspiro, ela começou a desenrolá-lo, sem muita emoção.

“Não acredito que você vai fazer isso!” – uma voz ecoava com raiva em sua cabeça - “Pense bem, antes de se arrepender!”

- Já pensei muito. – ela murmurou irritada para si mesma – E além do quê, não vou fazer... já fiz!

A verdade era que, na noite anterior, logo após a derrota da Grifinória, Mia percebera o quanto ela queria estar com Olívio àquela hora, o quanto ela queria abraçá-lo e confortá-lo, e decidiu escrever uma carta para Jean, pedindo para ele encontrá-la o mais rápido possível, que ela precisava urgentemente falar com ele. E agora, a resposta de Jean estava em suas mãos.

Ela começou a ler a carta, com letras borradas, parecia que o rapaz havia escrito com muita pressa.
“Mia,

Querida, fiquei preocupado com sua carta. O que de tão urgente você tem pra falar comigo? Aconteceu alguma coisa? Aparecerei aí na minha primeira folga.

Com amor, Jean”


Mia soltou um suspiro, e guardou a carta apressadamente ao ver que Emma saia do banheiro. “Aparecerei aí na minha primeira folga”? – ela pensava, confusa – “E quando é que vai ser isso?”.

- Alôoo?? – chamava Emma balançando a mão para Mia despertar de seus devaneios – Miaaa?? Caféééé???

- Hm, vamos sim. – respondeu a garota ainda aluada.

As duas desceram para o Salão Principal, encontrando Kahlen, distraída, no meio do caminho, murmurando algumas palavras sem sentido.

- Bom dia, né, Kahlen! – chamou Emma em um falso tom ofendido, depois que a amiga passou reto por elas lendo um pergaminho lilás com muito interesse.

- Hm? – fez Kahlen, virando-se para trás e encarando uma Mia com o cenho franzido, e uma Emma emburrada com as mãos na cintura – Ah, oi minhas florzinhas. – cumprimentou ela abrindo um sorriso aluado.

Mia encarou a amiga com as sobrancelhas erguidas, e Emma bufou, e revirou os olhos.

- Já não basta UMA vivendo no mundo da lua, agora tenho que agüentar DUAS, francamente. – disse Emma, puxando as amigas pelo braço.

- Que pergaminho é esse? – perguntou Mia curiosa, apontando para a mão de Kahlen, enquanto as duas eram arrastadas por uma Emma irritada.

- Ah – Kahlen corou – Depois eu falo pra vocês. – ela cochichou baixinho.

As três chegaram ao Salão Principal, àquela hora já com um número considerável de alunos, e sentaram-se na mesa da Corvinal. Um segundo depois, no que Mia observou, Cedrico Diggory juntara-se a elas.

- Oi, Emma. – ele cumprimentou sorridente, e demorou alguns segundos para ele reparar que Mia e Kahlen também se encontravam ali – Mia, Kahlen. – ele acenou com a cabeça para as garotas.

- Oi, Cedrico. – cumprimentaram Mia e Kahlen num uníssono, trocando olhares divertidos, enquanto Emma corava levemente e lançava às duas amigas um olhar de repreensão.

- Oi, Cedrico. – cumprimentou Emma, passando geléia em uma torrada, sem nem ao menos encarar o garoto.

- Ah, Emma, queria que você soubesse, que ontem, eu tentei anular o jogo, sabe? – ele falava um pouco constrangido, enquanto Mia e Kahlen observavam atentamente o garoto se explicar, tentando segurar o riso, e Emma fitava com profundo interesse sua torrada – É, pra você não pensar que ganhei de forma desonesta. – completou ele, encarando a garota, que apenas deu de ombros.

- Ora, não sei porquê você está se explicando pra mim. – respondeu Emma virando-se pela primeira vez para encarar o garoto – Caso você não tenha reparado, EU não sou da Grifinória.

- Eu sei que você não é. – retorquiu ele, mexendo-se incomodado com os olhares divertidos de Mia e Kahlen – Mas, seu irmão é capitão da Grifinória, então, pensei que...

- Ah – fez Emma balançando a mão em um gesto de impaciência – Nada que se relacione ao meu irmão é do meu interesse.

Mia ergueu as sobrancelhas, espantada. “Se não é, por que todo aquele escândalo quando você nos pegou juntos?”, pensava ela indignada.

- Ah, sim. – fez Cedrico corando levemente; provavelmente ele percebera que sua conversa não ia muito longe com o mau humor da garota – Então, é melhor eu ir... – começou ele, mas Kahlen o interrompeu.

- Imagina, Cedrico – começou ela, provavelmente fazendo um enorme esforço para não rir – Fique aí aproveitando o humor “maravilhoso” da nossa amiga. Mia e eu temos muitas coisas pra fazer, não é Mia?

- É claro, muitas coisas. – repetiu Mia atrapalhada, e no instante seguinte ela e Kahlen se levantavam e se dirigiam à mesa da Grifinória, deixando um Cedrico sem graça e uma Emma irritada para trás.

- Esses dois. – falava Kahlen balançando a cabeça negativamente – Que bobos.

- É. – concordou Mia – Coitado, a Em não dá uma chance para ele!

- Pois é. – repetiu Kahlen, retirando novamente o pergaminho lilás que ela havia colocado no bolso da calça jeans.

- Ah, agora me conta, Kahlen. – disse Mia curiosa – Que é isso hein?

A amiga sorriu, corando levemente.

- Ah, eu recebi hoje de manhã, quando estava descendo para o café. – respondeu ela, abrindo o pergaminho que estava dobrado e mostrando para a amiga. Mia franziu o cenho – não havia nada escrito.

- Um papel em branco, que legal. – comentou ela sarcástica, erguendo uma sobrancelha para a amiga.

- Não, Mia. – corrigiu a amiga pacientemente, mas um pouco ofendida – É uma cartinha, mas eu só vou conseguir ler quando eu adivinhar o nome de quem me mandou!

Mia ergueu as sobrancelhas novamente.

- Como assim? – indagou confusa.

- Olhe. – disse Kahlen, virando o pergaminho, onde lia-se em letras prateadas:

“Para Kahlen Reed, a dama mais bela de Hogwarts, quem povoa meus pensamentos dia e noite. A princesa dona do meu coração, a mais linda, a mais perfeita. Escrevi o que sinto nessa carta, mas você só poderá lê-la se descobrir quem sou. Diga meu nome, minha linda, e as palavras aparecerão, junto com o pobre coração desse vassalo apaixonado.”

Mia ergueu as sobrancelhas e olhou para amiga, que sorria abobalhada. Desde seu quinto ano Kahlen recebia muitas cartas de admiradores, mas nenhuma surgira tanto efeito na amiga como aquela.

- Quem você acha que mandou? – perguntou Mia tolamente. Era óbvio, que se ela soubesse, a carta já teria se revelado.

Kahlen deu de ombros.

- Já tentei tudo quanto é nome, mas não acertei. – respondeu ela, e Mia sentiu seu estômago revirar. E se fosse...?

- Hm.. você já tentou... Olívio Wood? – perguntou Mia tentando parecer o mais natural possível, mas ela corou ao dizer o nome do rapaz.

Kahlen sorriu, franzindo a testa para amiga.

- Já. – respondeu ela sinceramente – Mas pode ficar tranqüila, não é ele Mia. – acrescentou, rindo ao ver a careta que Mia fazia.

Mia sentiu-se muito aliviada, e logo já ajudava a amiga a descobrir seu admirador secreto sugerindo um nome atrás do outro, enquanto Kahlen murmurava os nomes para o pergaminho.

- Não, não é ele. – disse Kahlen cansada, logo após de murmurar Sean Gand, o nome de um sextanista da Corvinal, que sempre fora apaixonado por ela.

- Hm.. – fez Mia, pensativa, enquanto observava seu capitão Rogério Davies entrar no Salão Principal e cumprimentar algumas garotas enquanto se dirigia à mesa da Corvinal para tomar café. - Tenta Rogério Davies. – disse ela confiante para amiga, que a olhou espantada.

- Mia, acho que não é o Davies, não. – disse Kahlen, também observando o garoto forte e bonito, de cabelos negros arrepiados sentar-se na mesa, enquanto três garotas o cercavam, lançando-lhe sorrisos abertos.

- Por que não? – perguntou Mia, apesar de saber muito bem a resposta: Rogério não fazia muito o tipo romântico que manda cartas, era mais o tipo galinha que usa, abusa e joga fora.

- Ora, você sabe muito bem. – retorquiu Kahlen.

- Ah, mas não custa nada tentar não é? – disse Mia erguendo as sobrancelhas.

- Ah, Mia, eu não vou dizer o nome do Rogério... – começou Kahlen corando, e ao receber um olhar divertido de Mia ela logo corrigiu – Davies.

Magicamente, letras prateadas começaram a surgir no pergaminho lilás, Mia riu ao ver a expressão de espanto de Kahlen, que abria a boca mais e mais enquanto palavras como “minha linda” e “Amo-te demais...” iam surgindo no pergaminho.

- Realmente... o Rogério me surpreendeu! – exclamou Mia risonha, enquanto Kahlen olhava do pergaminho para Rogério, na mesa da Corvinal, e sua boca se abria e fechava, como se quisesse dizer alguma coisa, mas palavras faltavam à sua boca. Ela recolheu o pergaminho, dobrou-o e o enfiou no bolso, corando furiosamente, enquanto Mia exclamava indignada “Ei! Também quero ler!”.

Mia tentou tirar o pergaminho do bolso da amiga, que a impedia com uma força que Mia não sabia da onde Kahlen poderia ter tirado. Mas logo as atenções de Mia foram canalizadas para outro lugar, quando ela sentiu duas mãos tapando seus olhos delicadamente. Ela sorriu radiante, e logo ia dizendo “Olívio...” (deu graças a Merlin segundos depois por não ter dito nada) virando-se para o dono das mãos, quando sem que ela pudesse se conter, o sorriso murchara de seu rosto e ela exclamou, espantada:

- Jean?!

- Surrprrresa em me verrr amorrrr? – ele sorriu, dando um beijo apaixonado em uma Mia horrorizada.



N/A : COMENTEM PLZ PLZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!






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