Amor Amor (Cacharel)



Capítulo Três – Amortentia?





Mia desceu as escadarias correndo, deparando-se com a porta da enfermaria mais rápido que havia previsto. Abriu-a cautelosamente, encontrando Emma sentada em uma cadeira ao lado do último leito do aposento, próximo à janela.

- Mia? Conseguiu falar com a McGonagall? – perguntou Kahlen com a voz fraca, deitada na cama.

- Consegui. – respondeu a amiga esboçando um sorriso – O que aconteceu? Você está melhor?

Kahlen sorriu fracamente. Estava muito pálida.

- Não sei. Comecei a sentir umas tonturas, e começou a ficar tudo preto. Quando acordei já estava deitada aqui. Mas agora já estou bem melhor, desculpe se eu preocupei vocês. – acrescentou ela, provavelmente ao reparar que as amigas se entreolharam rapidamente, com expressões preocupadas.

- Imagina, Kah. – disse Emma gentilmente segurando a mão da amiga – Você sabe que estamos aí pra o que der e vier não?

Kahlen sorriu, assentindo com a cabeça.

- Mas o que a Madame Pomfrey disse? – perguntou Mia insistindo no assunto – É estranho você desmaiar de repente, sem nenhuma causa aparente.

Emma e Kahlen se entreolharam significativamente, enquanto Mia olhava de uma amiga para a outra.

- Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui? – perguntou Mia impaciente.

- Bom, Mia – começou Kahlen sorrindo sem jeito – Não foi a primeira vez esse ano, sabe... que eu passo mal... Nas férias eu desmaiei duas vezes em casa.

Mia abriu e fechou a boca espantada, porém sentia-se mais indignada pelo fato de a amiga não ter lhe contado.

- Mas conhecendo você – disse Emma antes que Mia pudesse falar alguma coisa – resolvemos não contar, pois sabíamos que você ia ficar toda paranóica com esses montes de doenças que você inventa na sua cabeça.

- Eu não invento! – retrucou Mia indignada – Doenças estão por aí sabiam? Um monte de germes, fora aquelas cobrinhas que saem das chamas... ah, francamente, vocês não assistem ao “Mundo Bruxo” não?

- Não. – responderam as amigas juntas.

- Bom, o que acontece – continuou Kahlen – É que meus pais são médicos, sabem – mas ao ver as expressões confusas nos rostos das amigas viu que elas não sabiam – São tipo, curandeiros dos trouxas. – explicou ela, enquanto as amigas soltavam um “Ah!” – E bem, quando eu desmaiei, eles fizeram uns exames trouxas comigo, e deu que eu tenho uma doença desconhecida no mundo bruxo. Chama-se labirintite. – continuou ela, enquanto Emma, que já sabia da doença da amiga assentia e Mia continuava a abrir e fechar a boca.

- Mas é grave? Tem cura? – perguntava Mia preocupada.

- Cura não tem, mas se eu quiser parar de sentir tonturas e desmaiar, não posso comer chocolate nem café, ou nada que tenha cafeína. – respondeu ela tranqüilamente.

- Não tem como Madame Pomfrey fazer uma poção pra te curar? – questionou Mia novamente

- Não, não tem. Mas não precisa ficar preocupada, Mia, é uma doença muito comum entre os trouxas, e com alguns cuidados talvez eu nem vá sentir mais tonturas.

- Então ta. Mas nada de chocolates hein!

- Pode deixar. – respondeu a amiga sorrindo. As três ficaram lá, conversando alegremente até dar o sinal do almoço, quando Madame Pomfrey entrou com a comida de Kahlen, e as expulsou da enfermaria. Kahlen ia ficar uns dias em observação para que a
enfermeira analisasse mais sua estranha doença.

Os dias se passaram rapidamente. Mia e Emma se revezavam para visitar Kahlen todos os dias. Na sexta-feira, quando Mia foi visitar a amiga antes do treino de quadribol, deparou-se com uma enorme quantidade de flores e caixas de chocolates da Dedosdemel, enviadas por seus admiradores preocupados.

- Ai, deve ser horrível pra você receber um monte de chocolates e não poder comer não é? – disse Mia sentando-se na cama junto com amiga.

- É. Pode comer se quiser. – respondeu Kahlen dando de ombros – A Emma já levou três caixas ontem.

Mia sorriu, e experimentou um chocolate de uma caixinha vermelha em formato de coração, e Kahlen sorriu maliciosamente ao ver a escolha da amiga.

- Hm.. deixe eu adivinhar. – disse Mia enquanto saboreava os chocolates deliciosos, que eram recheados com mousse de avelãs – Essa caixa foi... Nelson Friederich, quinto ano da Grifinória, quem te mandou? Acertei?

- Passou longe. – respondeu Kahlen sorrindo – Bem, a Casa você acertou, mas foi um garoto do sétimo ano, que você conhece muito bem. Aliás – começou ela sorrindo maliciosamente de novo – Você acertou em cheio. Incrível como, em meio a tantas caixas de chocolate – havia pelo menos umas vinte lá – você foi escolher justo essa.
- Por que? – perguntou Mia desconfiada, largando imediatamente a caixa na cama.

- Ah, porque digamos que foi uma pessoa muito... ahn... QUERIDA por você quem me trouxe esses chocolates.

- Sétimo ano da Grifinória... – disse Mia entendendo finalmente, querendo cuspir o chocolate de sua boca, mas era inútil, pois já havia devorado metade da caixa – Não foi...

Kahlen sorriu, assentindo com a cabeça.

- E VOCÊ VAI ME DIZER SÓ AGORA? – berrou Mia engolindo o chocolate com uma careta de horror – O Wood pode ter enfeitiçado esses chocolates sabia? – gritou ela em pânico.

- Ah, Mia, larga de ser exagerada! – retorquiu a amiga risonha – Aliás, ele falou que os amigos dele, o Eric e o Ed que tinham comprado esse chocolate pra mim, mas como tinham aula, pediram pra o Wood vir me entregar.

- Mesmo assim! – gritou a amiga novamente.

- Srta, Chang, isso é uma enfermaria, não um campo de quadribol! – ralhou a Madame Pomfrey, colocando a cabeça pra fora de sua salinha.

- É mesmo! – exclamou Mia dando um tapa na própria testa. – Meu treino de quadribol! Estou atrasada! – e saiu correndo pela porta da enfermaria sacudindo a vassoura e acenando para a amiga. – Se cuida Kah!

- Pode deixar! – gritou a amiga do leito, sorrindo.

Mia correu para o campo de quadribol enquanto fazia uma noite fria, chuviscava e um vento forte rugia em seus ouvidos.

- Desculpem o atraso. – murmurou ela para o capitão, Rogério Davies, que estava com uma expressão raivosa no rosto.

- Bom – começou ele – com esse tempo não vai dar pra treinar. Só queria avisar vocês, que amanhã, o jogo de abertura do campeonato não vai ser Grifinória e Sonserina, e sim Grifinória e Lufa-Lufa. – disse ele com uma expressão preocupada, enquanto o time resmungava e reclamava. – Não podemos reclamar, na verdade deveríamos agradecer por não termos sidos sorteados pra jogar no lugar da Sonserina, porque com esse tempo... – completou o capitão, fazendo uma careta ao ver os galhos de todas as árvores da Floresta Proibida ricochetearem perigosamente pelo vento.

- MAS POR QUE A SONSERINA NÃO VAI JOGAR? – berrou Mia, tentando sobrepor sua voz ao barulho de um trovão.

- Flint alega que seu apanhador está machucado. Mas é claro que ele está só fingindo! – exclamou Rogério nervoso. – Cho, seu joelho está melhor? – disse ele preocupado, virando-se para a garota três palmos mais baixa que ele.

- Estou me recuperando. – respondeu ela. – Até semana que vem estou melhor!

- Ótimo... – fez o capitão, sorrindo satisfeito, virando-se para Mia – Então Mia... eu avisei o time, antes de você chegar, que o nosso primeiro jogo vai ser contra a Lufa-Lufa daqui a duas semanas. Hoje não vai dar pra treinar, mas semana que vem treino na segunda, quarta e sexta-feira! Faça chuva, faça sol! Porque esse ano, o campeonato é nosso! – exclamou ele energicamente, enquanto o time dava vivas e concordava com o capitão.

- Então, amanhã, quero todos assistindo o jogo da Grifinória com a Lufa-Lufa, pois esse ano Cedrico Diggory foi escolhido como capitão, e, devo dizer que o time não está tão fácil quanto antes. – disse Rogério, enquanto todos caminhavam em direção ao castelo, pois começara a pingar mais forte.

- Tudo bem. – concordou o time, e alguns se dirigiram ao salão principal, enquanto outros, inclusive uma Mia encharcada, voltavam à Torre da Corvinal.

Mia conversava alegremente com William Gabriel, um dos batedores da Corvinal, quando de repente lhe bateu uma vontade, um desejo louco, delirante... de abraçar, de beijar... Olívio Wood. Cada fibra de seu corpo gritava por Wood. Em sua cabeça ela só conseguia pensar no garoto, pensar nos dois juntos...

- ... e eu disse pra ela que era impossível aquilo ser feito de prata... Mia? O que foi? – perguntava William com uma expressão assustada ao reparar que Mia parara de andar.

- É... vai indo na frente, William, depois eu vou! Esqueci de uma coisa! – gritou ela, correndo na direção do Salão Principal, por onde acabara de sair.

- Eu hein! – fez William, ao ver Mia correr feito louca, a vassoura balançando no ombro direito.




Olívio estava deitado de bruços em sua cama, debruçado sobre sua maquete de quadribol aberta, e o livro intitulado “Quadribol através dos Séculos” estava posto ao seu lado, na página que falava sobre os grandes feitios dos melhores goleiros do mundo. Mexia miniaturas idênticas de Alicia Spinnet, Angelina Johnson, Katie Bell, dos Gêmeos Weasley, de Harry Potter e dele próprio com sua varinha, com a língua entre os dentes e expressão de absoluta concentração estampada no rosto.

- Olívio, você vai ficar aí mesmo? – perguntava Eric, que estava arrumado.

- Vou. Preciso rever umas táticas já que vamos jogar contra a Lufa-Lufa amanhã. – respondeu o garoto mal-humorado.

- Ah, você e suas táticas. – disse Eric desdenhoso – Não acredito que você vai perder a primeira festa do ano no salão comunal com todas as gatas mais quentes de Hogwarts: Corvinais, Lufa-Lufas, e Grifinórias é claro, pra ficar no quarto mexendo nessas miniaturas!

Wood meramente soltou um muxoxo e fez um gesto de impaciência com a mão, enquanto o amigo saia do quarto, ainda resmungando coisas como “ermitão” e “não pega ninguém”.

Olívio revirou os olhos, irritado. O amigo o atrapalhara completamente e agora ele não se lembrava mais qual tática ia armar para bloquear a lateral forte que Diggory montara. Ele olhou de soslaio para o livro aberto ao lado de sua maquete e parecia travar uma luta interiormente.

“Pra quê você quer olhar para Chang, Olívio?” – ele pensava, nervoso, enquanto uma voz dentro de sua cabeça respondia “Ela te faz relaxar... Você é muito estressado, muito neurótico...”

- Ela só me faz ficar mais nervoso ainda! – resmungou ele em voz alta, derrubando a maquete e o livro no chão e esparramando-se na cama, enquanto esfregava os olhos com uma mão e bocejava. Virou-se de lado na cama, de costas para a porta, e fechou a cara ao escutar o som alto que vinha do salão comunal.

Muito contrariado, ele deixou o dormitório e desceu as escadas, a cara amassada e os cabelos bagunçados. Ao descer espantou-se ao observar a quantidade de pessoas que cabiam naquele salão. Havia pelo menos umas trinta pessoas lá, além dos próprios grifinórios. Olhou para o quadro da Mulher Gorda, e viu mais pessoas entrando. Uma delas o fez franzir o cenho.

- Chang? – disse ele ao observar a garota bonita, três palmos mais baixa que ele de cabelos muito negros e lisos entrar com a roupa e os cabelos encharcados, uma expressão tímida, mas com um brilho obsessivo nos olhos. De repente ela virou-se e seus olhos brilharam ainda mais quando encontraram os de Olívio. Ela andou com passos apressados em direção ao garoto, esbarrando em várias garotas pelo caminho, os olhos brilhavam intensamente a cada passo que dava. Olívio apenas conseguia observá-la, incapaz de fazer qualquer movimento, ou de desviar seu olhar do dela. Quando ela chegou bem perto do garoto, seus lábios estavam a dois dedos do dele, ela dirigiu-se ao ouvido do rapaz, e sussurrou “Quero você hoje, Olívio...”, enquanto o garoto se arrepiava e apenas conseguia balbuciar “O-o-o-quuee..”, deixou-se levar pela garota, que o conduzia ao seu próprio dormitório. Ela entrou no dormitório e puxou-o para dentro, fechando a porta logo em seguida com o pé.

- Chang, o que... – Wood tentou falar, mas foi interrompido pelos lábios molhado de Mia. Ela o beijou acaloradamente, enlaçando-o pelo pescoço, e enquanto a mão da garota descia pelas suas costas e subia novamente arrancando sua camiseta fora ele sentiu um arrepio percorrer seu corpo e tremeu levemente. Wood não conseguia pensar em nada, além de sua própria mão agarrando a cintura da garota, e a outra mão perdida no emaranhado negro que eram os cabelos de Mia. Ele respondia os beijos dela com fervor, e deixou-se levar por ela, que o empurrara para sua cama, fazendo o garoto se desequilibrar e deitar, enquanto ela subia em cima dele e continuava beijando-o. Olívio só foi tomar consciência do que estava acontecendo quando sentiu a aliança de Mia arranhar seu braço forte.

- Mia, - começou ele, parando de beijar a garota, mas vendo que ele não respondia mais aos seus beijos ela havia descido para o pescoço do garoto – por favor Mia, assim não... O que... – com um movimento rápido, ele inverteu as posições, deitando-a na cama e pondo-se de pé, afastando-se o máximo que podia da garota que se sentara na cama, emburrada.

Wood ofegava, e sentia seu corpo todo tremer e se arrepiar enquanto observava a garota em sua cama cruzar os braços e bater o pé impaciente.

- Mia... o... que... acon...teceu? – ofegava ele com a mão no peitoral bem definido.

- Como assim? – perguntou ela numa voz inocente, e ao mesmo tempo sedutora, enquanto se levantava da cama e caminhava na direção do garoto, que se desesperava a cada passo. Mia chegou bem perto de Olívio, encurralando-o na parede, aproximou seus lábios do dele a tal ponto que eles quase se tocaram. Mas ela permaneceu estática, apenas sussurrando frases provocantes como “se você quiser sair, vai ter que me beijar”, seus lábios quase colados do dele...

Olívio estava prestes a enlouquecer. Seu corpo inteiro tremia levemente e cada fibra do seu ser gritava para ele agarrá-la, sua respiração estava ofegante, e ele pôde observar pelo canto dos olhos a garota começar a despir sua blusa molhada e a ficar de sutiã preto e calça jeans.

“Calma, Olívio, ela está fora de si... provavelmente deve ter tomado um balaço na cabeça”, ele pensava, e fechou os olhos com força ao sentir a mão da garota deslizar por seu abdômen e subir devagar, pousando em seu peitoral. Ele abriu um olho e espiou o corpo da garota, sua barriga lisinha, seus seios fartos escondidos no sutiã de rendas preto... “Não Olívio!”, ele pensou, repreendendo-se e fechando os olhos novamente “Não olhe! Senão dá mais vontade...! Ah, mas só uma espiadinha não vai fazer mal...” e abriu os olhos, dessa vez os dois, e viu Mia sorrindo maliciosamente, e encostando seu corpo ao do rapaz, encurralando-o mais ainda.

- O que foi Olívio? – ela perguntava enquanto mordiscava a orelha do rapaz e beijava seu pescoço dando leves mordidas também, a mão caminhava entre o abdômen e os peitorais bem definidos do rapaz – Por que você não consegue? Está pensando na Kahlen?

Olívio ficou sério, e segurou as mãos da garota, afastando-a de si.

- Não, não estou Mia. – continuou ele sério – Mas parece que VOCÊ esqueceu de alguém não? – disse ele olhando profundamente nos olhos da garota, que continuavam a brilhar intensamente.

- Esqueci. – sussurrou ela no ouvido do rapaz, fazendo-o se arrepiar novamente – O único que povoa meus pensamentos é você, Olívio. – disse ela encarando os olhos do rapaz que sentiu que seus olhos talvez brilhassem na mesma intensidade do que os de Mia, com a mesma paixão. Ele esqueceu-se de tudo e de todos ao escutar aquelas palavras vindas da boca de Mia, e não lhe interessava mais saber porquê ela estava agindo daquela forma... Naquele momento ele só queria abraçá-la, só queria beijá-la, só queria sentir seu corpo quente no dele... Ele a beijou loucamente, descendo seus beijos pelo pescoço da garota, que sorria satisfeita, enquanto Wood a pegava no colo, e a pousava delicadamente na cama, ainda beijando-a loucamente, suas mãos passeavam pela barriga lisa de Mia, e subiam, meio receosas, para seu colo. Enquanto seus lábios alternavam entre os lábios de Mia e seu pescoço.

Mia o abraçava com força, arranhando as costas do garoto com suas unhas compridas que mais pareciam garras afiadas. Enquanto ele beijava seu pescoço loucamente.

- MIA! – gritou uma voz trêmula na porta do dormitório, e com o susto, Mia sentou-se na cama tão de repente, que Olívio se desequilibrou e caiu com um baque no chão.

Ela virou-se para encarar a dona da voz, e viu Emma muito corada, uma expressão horrorizada no rosto, Kahlen estava logo atrás de Emma e parecia estar se divertindo, enquanto Eric e Ed fitavam a cena boquiabertos.

Wood logo se recuperou do susto e do tombo, e cobriu Mia, que parecia ter se esquecido que estava de sutiã, com um lençol, enquanto coçava a nuca um pouco sem jeito, e sentava-se na cama ao lado da garota.

- OLÍVIO, SEU TARADO! – berrou Emma furiosa, caminhando perigosamente na direção dos dois – VOCÊ APROVEITOU QUE MIA ESTAVA ENFEITIÇADA COM A POÇÃO DO AMOR PRA TIRAR UMA CASQUINHA NÃO É?

- Poção do amor? – indagou Wood com o cenho franzido – Quem fez Mia tomar uma poção do amor pra ficar obcecada... por mim, ainda por cima? – perguntou ele encarando todos.

Eric e Ed se entreolharam sem jeito.

- Bem – começou Eric – Na verdade, era pra Kahlen ser enfeitiçada, sabe? Você sempre ficava sonhando com ela, e dizia como ela é linda... Mas você não fazia nada pra chegar nela, então resolvemos te dar uma forcinha....

- É, mas a Kahlen deu o chocolate que enfeitiçamos... que aliás, VOCÊ levou pra ela – foi a vez de Ed falar, e ele acrescentou, ao ver Olívio erguer a sobrancelha para o plano mirabolante dos amigos – Bem, ela o deu para a Mia, e o resto da história você já sabe, estava hm... Vivenciando até agora. – acrescentou ele com um sorriso malicioso, olhando de Mia de sutiã, para Olívio sem camisa com peitoral e as costas cheias de vergões vermelhos e marcas de unha.

Mia, que aparentemente ainda estava sobre o efeito da poção, parecia não estar gostando nada da presença dos quatro no dormitório, eles simplesmente estavam atrapalhando e não se tocavam.

- Emma, não fica me olhando com essa cara. – disse ele emburrado para a irmã – Você pensa que eu não estranhei? Que eu não tentei resistir?

- Você não parece que tentou resistir muito. – alfinetou ela irônica, levantando uma sobrancelha. E a ergueu ainda mais ao ver Mia abraçar o irmão por trás e lançar a Emma um olhar irritado.

- Ah, gente, vocês não estão vendo que estamos atrapalhando? – disse Kahlen risonha. De todos no quarto, ela era a única que não parecia aborrecida com a situação. – Deixemos os pombinhos a sós!

- Kahlen, isso não tem a mínima graça! – ralhou Emma irritada – Se você se esqueceu, Mia está NOIVA... N-O-I-V-A! – repetiu ela olhando diretamente para Olívio, que fitava os próprios pés, corando furiosamente.

- Vamos, Mia! – disse Emma puxando a amiga pelo braço. Essa, por sua vez, agarrara-se na cintura de Olívio e não queria soltar de jeito nenhum. – Mia! – ralhou Emma impaciente, ainda puxando a garota pelo braço, inutilmente.

- Larga ela, Em. – disse Olívio encarando a irmã. – Deixa que eu mesmo levo ela pro dormitório de vocês.

Emma abriu e fechou a boca várias vezes, encarando de um Olívio cansado para uma Mia decidida. Bufou com raiva, e com um suspiro cedeu.

- A senha é “Pássaro noturno”. – disse ela secamente dando as costas para o irmão e a amiga e desaparecendo na escada em caracol, no que era seguida por Kahlen ainda risonha e por Eric e Ed que resolveram deixar os dois a sós.

- Bom, onde paramos? – disse Mia beijando o pescoço do garoto como se não tivessem sido interrompidos.

- Mia, não posso fazer isso. – disse Olívio se desvencilhando da garota e a encarando tristemente – Emma está coberta de razão, embora eu nunca vá admitir isso na frente dela... Você ESTÁ NOIVA! – disse ele com amargura – Eu não posso fazer isso. E além do mais, você ia me matar quando o efeito da poção passasse.

- Não, não ia. – respondeu ela sorrindo docemente, no que o garoto deu um sorriso sarcástico e retrucou “Você fala isso agora...”.

- É por isso que falo que não ia te matar. – respondeu Mia tranqüilamente, pegando do chão e vestindo sua blusa rosa, que estava aos pés de Olívio. Ela ajeitou os cabelos, abraçou o garoto pela nuca, que a fitava meio desconfiado meio preocupado, e sussurrou em seu ouvido – O efeito da poção passou antes de Emma nos interromper. – e assim dizendo ela beijou a face vermelho-tomate do rapaz, abriu a porta do dormitório e desapareceu pela escada, como havia feito Emma cinco minutos antes, deixando um Wood abobalhado no dormitório.





Mia caminhou pelos corredores do castelo cautelosamente para não encontrar Filch nem Madame Nor-ra nos corredores, enquanto pensava no que acabara de fazer, sentia seu coração pesar de remorso – nos momentos com Wood esquecera-se completamente de Jean. Sentindo-se a cada passo pior, ela começou a se lembrar das vezes que Jean dissera que a amava, e ela respondia, sem muita certeza, que o amava também; lembrou-se do primeiro encontro, do primeiro beijo, do pedido de casamento, e seus olhos começaram a arder, e sentiu lágrimas quentes escorrerem pelo seu rosto.

- Pássaro da noite. – soluçou ela para a princesa do quadro, e dirigindo-se para seu dormitório, amaldiçoava-se e xingava-se internamente, querendo apagar os momentos de sua infidelidade da cabeça, mas eles insistiam em voltar.

Ela passou direto pelo salão comunal da Corvinal anormalmente cheio àquela hora da noite, enquanto alguns alunos a lançavam olhares curiosos. Subiu a escada em caracol, abriu a porta vagarosamente e encontrou o cortinado da cama de Emma fechado, o que significava que a amiga estava dormindo, ou que não queria falar com ela, o que nos dois casos para Mia, estava muito bom. Ela jogou-se na cama, as lágrimas quentes insistiam em rolar pelo seu rosto, e suspirava o mais baixo que podia, às vezes engasgando com as próprias lágrimas.

“Preciso esquecer o Wood”, ela pensava, enquanto um grande suspiro irrompia de seu peito involuntariamente, “Preciso me afastar dele!” – completou, decidida, em voz alta, e virou-se, sonolenta para o lado e adormeceu.



- Mia, acorde! – ela sentiu alguém sacudi-la – Mia, já são quase nove e meia!

- Me deixa em paz, Em. – a garota resmungou, virando-se para o lado oposto que a amiga se encontrava. Emma bufou irritada.

- Daqui a meia hora vai começar o jogo! Você não vai assistir não?

Mia acordou com um pulo. Esquecera-se que tinha que assistir o jogo da Lufa-Lufa para observar o goleiro. Correu em direção ao banheiro, e em milagrosos dez minutos ela estava pronta e descia com Emma para o Salão Principal. Chegando lá, Kahlen automaticamente se juntou a elas, sorrindo maliciosamente para Mia.

- Hmm... Mia... e essa cara de cansada? – disse ela num tom insinuante – Afinal de contas que horas você saiu do quarto do Wo –

- Ai, com essa chuva vai ser horrível ficar naquela arquibancada gelada. – cortou Emma, fuzilando Kahlen com os olhos – Olha esse vento!

Emma estava certa. A chuva de hoje estava definitivamente dez vezes mais forte do que aquela que Mia e o time da Corvinal pegaram no dia anterior. O vento rugia fortemente, quase arrancando os galhos das árvores.

- Prefiro mil vezes estar na arquibancada do que no campo, com esse tempo. – comentou Mia, que percebera que Emma achava que ela não se lembrava de nada dos acontecimentos na noite anterior, e que não pretendia contar a ela, e ela se sentia muito grata à amiga por isso.

Elas tomaram o café, conversando animadamente; Kahlen tentou tocar no assunto “Mia-e-Wood” mais duas vezes, recebendo um beliscão e um pontapé de uma Emma extremamente irritada e corada.

Emma fora buscar capas de chuvas e elas se dirigiram ao campo de quabribol lá fora. Ventava muito forte, e os pingos d´água cortavam seus rostos. Mia abaixou a cabeça pois várias gotas atingiam seus olhos, impossibilitando-a de enxergar o caminho à frente, quando sentiu alguém tocar seu ombro. Virou-se automaticamente, e viu Olívio encharcado e pálido, muito sério, encarando-a.

- Mia, precisamos conversar. – disse ele, parecia que estava prestes a vomitar.

- AGORA? – berrou ela, quando um trovão particularmente alto irrompeu dos céus.

- Não consegui dormir! – exclamou ele, puxando-a pelo braço para um canto afastado, pois vários alunos que passavam agora, olhavam para os dois soltando risinhos.

- Olívio, esquece. – disse ela, sem conseguir encarar o garoto nos olhos. Fitava com uma extrema curiosidade uma formiga tentar vencer o vento e carregar sua folha para o formigueiro – Esquece o que aconteceu ontem, e eu vou fazer o mesmo, ta bom?

- ESQUECER? COMO EU POSSO ESQUECER DEPOIS DAQUILO QUE VOCÊ ME DISSE? – bradou ele com a voz engasgada.

- Foi uma grande besteira minha. – disse ela com a voz trêmula, e Mia agradeceu aos céus por estar chovendo àquela hora, pois assim Wood não saberia que aquelas gotas em seu rosto eram lágrimas.
- Foi um erro, não uma besteira. – disse ele com a voz tão trêmula quanto à de Mia, e segurando a garota pelos ombros, encarou-a profundamente nos olhos – Mia, eu entendo que talvez você esteja assustada e confusa. Eu estava também. Mas quero que você saiba de uma coisa: não tenho um pingo de dúvida que eu gosto de você... que eu quero ficar com você. – e abraçou a garota fortemente, enquanto ela soluçava nos braços fortes do rapaz, e lutava interiormente para não dizer a Olívio que também gostava dele, que também queria ficar com ele; pois antes ela precisava conversar com Jean, acertar tudo: terminar o noivado.

Quando finalmente Wood a soltou, ele parecia estar um pouco mais calmo, e deixando uma Mia soluçante para trás, encaminhou-se ao vestiário na ponta esquerda do campo. Chegou lá, soltou um longo suspiro e encarou seu time um a um. Não conseguia falar nada, pela primeira vez em três anos, desde que fora nomeado capitão, palavras de incentivo ou de alerta faltaram à sua boca. Agora ele havia esquecido completamente Mia, Jean, ou sua conversa dois minutos atrás. Só conseguia pensar no jogo. O time continuava encará-lo, provavelmente à espera de seu habitual discurso pré-jogo, no que ele apenas conseguiu pronunciar um “Vamos!”, com uma voz que não parecia a dele. O time se encaminhou para o campo, o vento uivava em seus ouvidos, e parecia querer arrancar seus cabelos e levá-los para longe dali; grossas gotas de chuva caiam pesadamente em suas vestes, que em dois minutos já ficaram encharcadas. Eles esperaram Madame Hooch apitar para chamá-los ao campo, enquanto Wood, nervoso, corria os olhos pela arquibancada, e não a encontrava. Ele escutou o apito, e estava pronto para voar em direção ao céu iluminado por um raio, quando sentiu alguém puxá-lo pelo ombro. Virou-se desesperado, pois seu time já estava no ar, e sentiu lábios quentes encostarem-se aos seus. Espantado, deixou-se beijar e sorriu ao ver Mia sorrir pra ele e murmurar um “Boa sorte”, enquanto corria em direção à arquibancada. Wood, meio abobalhado, mas agora mais do que nunca com uma vontade de vencer, voou em direção às balizas do lado da Grifinória.







*N/A: ficou curtinho, mas foi o que eu mais amei, apesar do Jean ter levado um chifre não-merecido (? Será? ó___Ò) heheheheh espero que vocês tenham gostado... mas ainda vou fazer esses dois enrolarem um pouquinhooo... -^__________^-" nhaaa... PLEASE, POR FAVOR, ONEGAISHIMASSU, SVP, PER FAVORE, BITTE,

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