O Plano Maléfico



HP e a Primeira Edição


CAPÍTULO DEZ
O PLANO MALÉFICO



- Agora eu sei que não podemos confiar em mais ninguém neste lugar. – disse Rony aborrecido, enquanto tentava se livrar das cordas que o prendiam, mas era completamente inútil.
O Kadoatie de Rony guinchava alto, pois as cordas estavam apertando demais o petpet, e o mesmo acontecia com Edwiges. Por várias vezes, Harry tentou chamar a atenção de Sloth, xingá-lo, lançar palavras que não produziam efeito nenhum, e Sloth permanecia sentado numa pedra observando-os divertido.
Eles permaneceram assim durante toda a noite, até o amanhecer. Sloth continuara imóvel sentado numa pedra, como quem estivesse esperando alguma coisa.
A manhã chegou e correu rapidamente. Harry começava a se sentir cansado de continuar numa mesma posição durante horas. Suas pernas estavam formigando e as marcas vermelhas deixadas em seu corpo por causa das cordas apertadas começavam a ficar a cada tempo mais profundas.
Harry e seus amigos nem tinham mais esperanças em entregar a seiva da Árvore Cerebral a tempo. Não conseguiriam chegar na Cidade das Fadas tão rapidamente a não ser que aparatassem, mas Harry ainda não aprendera a aparatar, e tampouco tinha idade para conseguir a permissão para isto. Embora não soubesse se as mesmas leis do Ministério da Magia se aplicassem em Neopia, Harry não parava de pensar em meios para tentar chegar na Cidade das Fadas o mais rapidamente possível; isto é, caso eles conseguissem escapar dessa enrascada, o que Harry não sabia como fariam para acontecer.
O Sol já estava firme e forte no céu, e as sombras de Harry começaram a diminuir, o que significava que muito provavelmente o meio-dia se aproximava, e o tempo para completar a busca também.
No entanto, os pensamentos de Harry sobre o que Jhudora faria quando o tempo se esgotasse foram varridos quando Sloth se mexeu ansiosamente em sua pedra. As árvores se moveram novamente e alguém saíra de onde elas estavam. Era uma fada.
Aquela fada se parecia um pouco com Jhudora, mas Harry soube na hora que com certeza Jhudora ainda estava em sua nuvem, à espera dele, Rony e Hermione.
- Tudo pronto, Sloth. – ela disse e Sloth se levantou de sua pedra.
Era a mesma voz da risada que Harry ouvira na noite passada. A risada que agora Harry desconfiava que tivesse causado algum mal a Sloth, para ele se comportar daquela maneira.
A fada tinha cabelos compridos e cinzentos-escuros, com mexas de um cinza azulado que realçava a cor de sua pele. Ela era extremamente pálida, os olhos amarelados, as pálpebras escuras, os lábios muito vermelhos. As suas asas de fada eram como as de Jhudora, pareciam-se com asas de morcego, mas eram vermelhas e da cor cinza de seus cabelos. Ela usava um vestido azul não muito longo e segurava um enorme bastão cinza com globo anilado na extremidade.
- Por mil anos eu estive afastada... e agora, é a hora de minha vingança. E você, Sloth, vai me ajudar em meu retorno.
- Sim, milady. – ele disse
E Harry sentiu uma sensação horrível em seu estômago. Sloth tratava aquela fada de uma maneira que ele bem conhecia. Pela primeira vez desde que esteve em Neopia, Harry se lembrou de seus sonhos em Hogwarts.
- O que devo fazer com estes faeries? – Sloth perguntou
- Eles não são faeries. Não é não, Harry Potter? – ela disse, dirigindo-se até onde Harry estava.
Harry sentiu mais calafrios. A fada o conhecia. Sloth contara sobre ele, ou ela o reconhecera pela cicatriz? Quem era aquela fada? O que ela sabe?
- Sua cicatriz é uma lenda, Harry. Assim como eu. Os neopianos não acreditam mais em mim, sabe. Eu fui banida por mil anos. Estive presa. Mas agora eu voltei. E vou mostrar a todos do que sou capaz. Você terá o prazer de presenciar minha grande volta.
A fada tocara seus dedos na face de Harry e ele sentiu como se estivessem impregnando cubos de gelo nele. A mão da fada era tão fria quanto a mão da morte.
- Vamos esperar por mais um tempo, Sloth. Eu sei que você mal espera para começar. Mas a tudo tem o seu momento. E é claro, nós o faremos na maior calma. Eu não tenho pressa.
- Do que está falando? Quem é você? – perguntou Harry. Não sentia medo nenhum daquela fada.
- Quieto, Potter. – ela disse secamente.
Mais cordas apareceram e desta vez elas amordaçaram Harry em sua boca. Ele não conseguia mais falar.
- Suponho que esteja aqui há menos de uma semana, Harry. Ou então você já saberia sobre mim, é claro. Mas, bem, vou responder suas perguntas. Eu, Harry, sou a Fada Tenebrosa.
As palavras não surtiram o efeito em Harry que ela esperava, então ela explicou:
- Há mil anos, eu reinava em Neopia. Era muito bom, era lindo. Era muito mais do que qualquer fada das trevas pudesse imaginar. Mas, bem, vieram aquelas faeries nojentas. Elas se uniram e conseguiram e derrubar. Todas as outras fadas importantes fizeram isso. A fada da terra, do fogo, da luz, da água e do ar. Então veio aquela Rainha das Fadas estúpida e me transformou numa estátua de pedra. Eu estive exilada por mil anos. Mil anos... mas agora eu voltei. Eu estou sedenta por vingança, Harry. Não é nada que você possa imaginar. Não é nada que o seu Lorde das Trevas possa imaginar.
Harry tentou falar novamente, mas não conseguiu. As cordas o impediam. Mas mil perguntas pipocavam agora em sua cabeça. Ela conhecia Voldemort? Mas como? Quando? Não esteve exilada por mil anos? Qual seria a diferença entre o tempo em Neopia e o tempo no mundo de Harry?
A fada deu meia-volta e postou-se ao lado de Sloth. Eles permaneceram em silêncio por mais quinze minutos. Então a fada finalmente disse:
- Está na hora, Sloth. É agora. Eu desenharei o emblema no chão enquanto você fica atento. O que eu vou fazer pode chamar a atenção da Rainha das Fadas. Eu não a quero xeretando por aqui enquanto nada estiver pronto.
A fada segurou o seu bastão, foi até um espaço da área que estava livre de qualquer planta e fez um aceno com o mesmo que soltou uma rajada de vento. A terra ficara com a superfície plana, tal como uma folha de escrever. E a fada começara um desenho no chão.
Ela projetou uma cruz, contornou-a com um círculo e envolveu o círculo com uma espiral. Repentinamente ela parou como quem pensasse no que deveria fazer a seguir, mas então Harry ouviu mais movimentos vindos das árvores, e que também chamaram a atenção da fada.
Ela imediatamente olhou para as árvores, mas estas permaneceram imóveis. A fada voltou sua atenção para o desenho, enquanto Sloth a observava perplexo.
Depois de acrescentar mais uns símbolos que Harry desconhecia, a fada se deu por satisfeita. E então ela falou:
- O feitiço durará sete anos, Sloth. E você sabe o que fazer.
- Sim, milady. Mas e depois disto?
- Você aguardará por mais instruções minhas. Agora vamos esperar até o meio-dia.
Se ela desejava esperar até esse tempo, Harry não via como entregar a seiva a tempo. O frasco estava salvo em seu bolso e por pouco não se quebrara quando Harry caíra no chão ao ser atingido pelas cordas.
Eles continuaram sem nenhuma ação durante um longo tempo. As árvores ao longe novamente se moveram, mas nem a Fada Tenebrosa, nem o Dr. Sloth, deram atenção.
Quando o barulho que vinha da floresta tornou-se alto, a fada levantou-se nervosa. Ela mirou para o lado em que as árvores se moveram. Permaneceu concentrada por alguns minutos, e quando pareceu ter chegado a uma conclusão, levantou o bastão e gritou:
- Estupore!
Um guincho veio das árvores e eles puderam ouvir um baque surdo. A fada dirigiu-se até o local e arrastou um neopet que estava desacordado.
Era um Kacheek. Harry reconheceu imediatamente como o Kacheek que encontrara na Clareira de Illusen. Um dos primeiros neopets que vira. As mesmas orelhas compridas e abaixadas, o mesmo rabo de raposa, as mesmas vestes de bruxo e a pelagem amarelada.
O neopet ficou estirado no chão por algum tempo enquanto a fada o analisava. Depois, levantou novamente o bastão e disse:
- Enervate!
O Kacheek acordara. Parecia muito cansado e tinha enormes olheiras. Ele primeiro observou Harry, Rony e Hermione amarrados. Depois seu olhar caiu em Dr. Sloth e finalmente parou para observar a fada.
- Há quanto tempo Jhudora sabe? – a fada perguntou
- Duas horas. – o Kacheek respondeu um pouco tímido e assustado.
- Foi muita indecência dela mandar você para vir me espionar. – a fada disse
- Não vim para espionar você. – o Kacheek retrucou – Estou numa tarefa.
- Não precisa me enganar. – a fada exclamou – Eu sei que você é um espião de Jhudora.
- Não, não, eu realmente estou numa tarefa. Para espionar. Mas não a você. Ela nem sabia de você. Estou aqui para espionar eles.
O Kacheek apontou para onde estavam Harry, Rony e Hermione amarrados.
- Os humanos? – ela indagou – Por que Jhudora se interessaria por eles?
- Eles têm uma busca a completar. – o Kacheek respondeu – Mandou-me verificar se estão cumprindo tudo direito. Ela nem precisaria vir se você não tivesse atrapalhado tudo...
- Como assim? Ela está vindo?
- Está sim. Ela ficou furiosa quando eu contei de você.
A fada riu.
- Jhudora é uma vergonha de fada das trevas.
O Kacheek ficou mais nervoso.
- Não é não! Ela é brilhante e vai me ensinar tudo sobre magia. Sou o aprendiz dela.
- Ela só te usa para espionar Illusen. Posso ter ficado durante mil anos isolada, mas pude acompanhar tudo o que acontecia. Mal esperava para voltar...
- É mentira! – o Kacheek gritou – Jhudora gosta de mim!
- Pode ser, mas ela não vai gostar nada de saber que você falhou, aprendiz.
- O que você quer dizer com isso? – o Kacheek perguntou. Sua voz agora demonstrava temor.
- Suponho que não era para eu ter te descoberto. – a fada disse com calma – Você estava me espionando desde a noite passada, eu presumo.
- Desde que você os prendeu com aquelas cordas. – o Kacheek corrigiu
- Não fui eu, foi o Dr. Sloth.
- Mas foi você quem o estimulou a fazer isso. Eu sei todo o seu plano. E vou contar tudo para Fyora!
- Como se ela fosse acreditar no aprendiz de Jhudora. Ninguém confia em Jhudora.
- Sim, mas você sabe que Fyora vai acreditar em mim!
- Não vai, não. Você está blefando. Jhudora nem poderá vir aqui, para começar. Eu soube que ela foi proibida de sair de sua nuvem,
- Mas isso não a impede de voar para onde quiser. Para Jhudora, o que a espera aqui vale o risco.
- E o que ela pretende fazer aqui? – a fada perguntou
- Você vai ver. – respondeu o Kacheek
- Diga-me! Agora!
- Eu já disse, você vai ver. Mas não vai gostar nem um pouco. Quando Jhudora sair de sua nuvem, Fyora imediatamente vai perceber. E então a rainha será conduzida até aqui, para te banir novamente.
- Está enganado. Fyora não vai me poder me prender dessa vez e ela sabe disso.
- E por que não?
- Pergunte para a sua mestra, Kacheek.
- O meu nome é Dennis. – ele falou aborrecido.
- Certo, Dennis.
Eles permaneceram por alguns minutos em silêncio, quando o Kacheek Dennis voltou a falar:
- Você não vai fazer nada?
- Vou esperar até o meio-dia. Suponho que já saiba disso. – a fada respondeu
- Certamente. Eu ouvi. Quero dizer quanto a mim. Não vai fazer nada?
- O que você espera que eu faça?
- Eu não sei... – o Kacheek ficou em silêncio.
A fada começou a rondar Harry, Rony e Hermione pensativa. As nuvens agora estavam cobrindo o sol, de modo que eles não sabiam dizer se o meio-dia estava longe ou perto.
- Sloth, se prepare. Só faltam trinta minutos. – a fada falou, mas Sloth nem se mexera.
Harry reparou que as feições de Sloth ficaram ainda mais assustadoras. Mas ele não estava mais pálido como antes. A pele voltara a ficar da cor verde.
- Sloth, o que está fazendo? – a fada parou de rondar Harry e agora parecia muito nervosa.
- Doutor Sloth para você, fadazinha. – ele disse com uma voz muito rouca e muito diferente da que Harry conhecia.
A fada não respondeu
- Foi muito inteligente da sua parte tentar me dominar. E o seu plano é muito interessante, eu devo dizer. – ele disse animadamente
- Eu sabia que você voltaria a si antes que o tempo chegasse. Mas, Sloth, eu te peço. Junte-se a mim! Juntos poderemos fazer coisas em Neopia que ninguém jamais fez.
- Como eu disse, o seu plano é muito interessante. – Sloth continuou, como se não houvesse interrupção – Mas eu devo constatar que aliens não firmam parceria com faeries. E eu não tenho paciência para sete anos.
Foi a vez do Kacheek falar.
- Você é um alien? Pensei que fosse um cientista!
- E eu sou um cientista! – Sloth respondeu – Estou estudando Neopia há dois anos. Mas então a Fada Tenebrosa apareceu e ela devia saber minhas intenções, ou não teria me procurado. Eu não vou ajudá-la, é claro, contudo ela me fez ver que já estudei tempo suficiente. Muito obrigado, Tenebrosa.
A fada deu um muxoxo de impaciência.
Harry olhava incrédulo de um para outro, procurando digerir todas as informações. Era muita coisa para um dia só.
Primeiro, a Fada Tenebrosa. Ao que parece ela ficara mil anos exilada e agora voltara sedenta por vingança. E ela parecia conhecer Voldemort, mas Harry não fazia idéia de como isso poderia ser possível.
Sloth, afinal, mostrara sua real identidade. Harry pensara que ele fosse um bom neopet cientista que os ajudaria a voltar para a Cidade das Fadas, quando agora ele revela ser um alien com más intenções.
E por fim, o Kacheek que Harry encontrara na Clareira de Illusen. Era o último quem se passaria por um malfeitor. Mas agora Harry sabia que ele era um espião de Jhudora e muito provavelmente foi através dele que a fada das trevas soube que Harry e seus amigos estiveram na Clareira de Illusen.
Depois de tudo isso, Harry concluiu que assinaria em baixo nas palavras de Rony quanto a não poder se confiar em ninguém em Neopia.
Sem mencionar, é claro, a quantidade de vilões que Harry encontrara enquanto andava pelos Bosques Mal-Assombrados. Vira, com seu espelho deformador, Balthazar, e sua loja de fadas presas em garrafas, além de Hubrid Nox e Eliv Thade.
O que mais o esperava ainda?


Sloth postou-se ao meio do desenho que a Fada Tenebrosa fizera. Ele juntou as mãos e um globo fosforescente esverdeado surgiu delas.
- Não, Sloth, você não pode fazer antes senão vai dar errado! – a fada trovejou
- Eu já disse que não me unirei a você. Só vou usar esse seu feitiço para sumir daqui.
A fada tentou impedi-lo, mas era tarde demais. Sloth jogara o globo brilhante para o alto. Ele foi invadido por nuvens verdes, que rapidamente se tornaram negras. O lugar ficou carregado de relâmpagos, e Harry se abaixou para tentar ver melhor o que acontecia. Tão subitamente quanto apareceram, os relâmpagos sumiram.
A Fada Tenebrosa ficou furiosa e começou a gritar, puxar os cabelos, fazer gestos bruscos com o bastão.
- Eu não posso acreditar! Isso é demais para a minha conta!
- Você mereceu. – O Kacheek falou, enchendo-se de coragem – Você usou ele.
- Assim como Jhudora está usando você agora. – a fada replicou – Não venha me atormentar agora, Kacheek. Preciso pensar no que fazer...
- O meu nome é Dennis!
- Que seja.
A fada sentou na pedra onde Sloth estava e cobriu o rosto com as mãos. Murmurou coisas do tipo “Não tenho mais tempo até o meio-dia” e “Vou ter que lançar outro feitiço”.
Então ela se levantou e disse:
- Não tem outra maneira. Vou ter que usá-lo, Kacheek.
- Do que você está falando?
- Você não disse ter ouvido o meu plano? – indagou a fada
- Sim, mas... – o Kacheek gaguejou
- Pareceu que temos um mentiroso aqui... – ela riu
- Eu sei o seu plano! Sei sim! Por que não usa eles?
- Eles são humanos, seu tolo. Não posso usá-los.
O Kacheek pareceu aterrorizado. Então bradou:
- Só faltam cinco minutos! Não vai dar tempo para fazer o desenho novamente! Você sabe disso!
- É, eu sei. – a fada disse desconcertada.
Foi a vez do Kacheek rir. A fada ficou inquieta.
- Fyora já vai chegar a qualquer momento. Basta apenas Jhudora sair de sua nuvem. O que vai acontecer assim que o tempo da busca terminar.
A fada mirou o Kacheek com interesse.
- Jhudora vai ser burra de sair daquela nuvem. Ela vai ficar furiosa quando souber que eu te encurralei.
- Estou aqui por livre e espontânea vontade! – o Kacheek replicou.
- Duvido muito. – a fada sussurrou
- De qualquer forma, Fyora vai encontrar muito mais do que ela procurar, não é? Vai ter um ataque quando ver você!
- Pouco me importa.
- E ela vai banir você novamente! – o Kacheek continuou
- Não vai, ela não pode.
- Fyora é muito poderosa, ela vai encontrar uma maneira!
- Cale a boca, Kacheek. Você fala demais!
E a fada levantou o seu bastão e clamou:
- Avada Kedavra!
Com um baque surdo, o Kacheek caiu no chão. Morto.
Harry mal acreditava no que estava presenciando. A Fada Tenebrosa parecia muito satisfeita por ter feito alguma coisa, e agora observava ele, Rony e Hermione.

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