A Rainha das Fadas
A RAINHA DAS FADAS
O balão continuou voando pelo céu de Neopia em direção ao País das Fadas. Dali por quatro horas da tarde, o Kacheek serviu uns lanchinhos para os passageiros que incluíam surpresas como brinquedinhos de apertar para as crianças. Então, Hermione apontou excitada para o norte.
- Vejam! O País das Fadas!
Então, aquilo era o País das Fadas. Num ponto longínquo, eles avistaram uma nuvem com uma cidade estendida acima dela. O livro Neopedia que Hermione ainda carregava nos braços e que ela se dera ao trabalho de lê-lo novamente durante a viagem, informava que o País das Fadas se situava a três mil metros de altitude e a trezentos e cinqüenta e cinco quilômetros de distância de Meridell.
A enorme nuvem que era o País das Fadas estava rodeada por um globo transparente que se parecia com o escudo que Illusen conjurara quando Darigan os atacara com bolas de fogo.
Ao se aproximarem do globo transparente, o Kacheek anunciou:
- Bem-vindos ao País das Fadas, ou Mundo das Fadas, também conhecido como Faerieland.
E eles passaram pelo escudo transparente.
No momento seguinte, Hermione exclamou:
- Vejam só vocês dois!
E Harry reparou que tinha um par de asas azul de fada que saía de suas costas. As asas de Rony eram alaranjadas e as de Hermione cor-de-rosa. Ela flutuava alguns centímetros do cesto do balão.
Todos os passageiros do balão, inclusive o Kacheek cinza que comandava o transporte, estavam portando um par de asas.
- No País das Fadas, é essencial que você tenha um ar de asas ou será muito difícil para se locomover. – o Kacheek disse calmamente.
A enorme nuvem que era o País das Fadas se estendia por dezenas que quilômetros e foi se aproximando deles. Ao redor havia diversas nuvenzinhas, cada uma com uma placa indicando uma loja, um jogo, ou um edifício. Numa das nuvens lia-se Roda da Emoção, em outra se encontrava a Estação das Águas Curativas e numa outra uma placa indicava que ali se realizam as Corridas de Poogle.
Dentro do balão, Rony parecia muito ocupado com o Kadoatie porque ele não parava de lambê-lo. Mesmo assim, ele parecia estar gostando.
- Você não é assim com o Bichento. – Hermione disse desapontada.
- Acontece que o Bichento é um maluco que se atira na minha cara. – disse Rony, não dando a mínima atenção para Hermione.
- Tudo bem, ele é seu então. – ela disse
- Como assim?
- O condutor do balão deu o Kadoatie para você. Então ele é seu.
Rony pareceu pasmo.
- Harry, você concorda com isso?
Harry deu de ombros.
- Então está certo! Ele é meu!
Era bom que Rony estivesse se divertindo com o Kadoatie, mas Harry agora estava triste e sentia falta de Hogwarts, das aulas, de Hagrid e de Edwiges. Hermione, que parecia ter notado a tristeza do amigo, disse:
- Vai dar tudo certo, Harry. Assim que chegarmos na Cidade das Fadas nós daremos um jeito de voltar para Hogwarts.
Mal ela terminara de dizer isto e o balão pousou na nuvem fofa da cidade. Eles desceram do balão, enquanto o Kacheek dizia:
- Passageiros com passagens verdes permaneçam em seus assentos. O balão embarcará para a Ilha do Mistério dentro de quinze minutos.
Harry e Rony caminharam pela nuvem fofa, que parecia algodão, enquanto Hermione os acompanhava flutuando alguns centímetros do chão. Os garotos não pareciam muito ter gostado da idéia de ter asas.
- Não é muito confortável. – disse Rony – Depois de um tempo, você se cansa.
Eles estavam observando as placas. Uma placa apontava para a Estação das Águas Curativas que ficava numa nuvenzinha logo acima deles. Outra placa com asas que ficava flutuando mostrava a Fonte do Arco-íris um pouco a frente deles. Uma placa no chão apontava para o norte a Cidade das Fadas.
- Vamos caminhando até a cidade. – disse Rony
Ao longe, eles podiam ver a cidade das fadas. Havia um grande castelo cor-de-rosa e diversas torres e torrinhas cor-de-rosa ou amarelas, espalhadas por toda cidade. Também tinham casas com telhados que lembravam pontas de lápis.
Eles continuaram caminhando, encontrando aqui e ali neopets com asas de fadas. Ao chegarem na cidade, eles pararam para admirar a vista. Certamente, não era uma coisa que se viam todos os dias. A cidade tinha um aspecto fantástico.
A cidade tinha lojas espalhadas por todo lugar, mas não eram formadas em barracas como em Meridell, mas sim em um monte de casinhas amarelas com telhados cor-de-rosa.
Ao centro da cidade, ficava um castelo cor-de-rosa. Algumas torres do castelo tinham tons de rosa mais escuros, outras torres tons mais claros. O certo é que ali devia se concentrar a maioria das fadas, pois elas não paravam de entrar e sair do castelo, com grandes rolos de pergaminhos nas mãos.
Todas as lojas da cidade eram administradas por fadas, assim como os poucos jogos que ali tinham e os edifícios onde funcionavam diversas coisas. Próximo do castelo, num grande casarão rodeado por muitas casinhas, funcionava a Agência de Empregos e logo em frente num bonito edifício dourado, prateado e amarelo-creme ficava a Livraria das Fadas.
Mas agora eles não tinham tempo de ver nada daquilo, pois já estava anoitecendo. Eles se hospedaram num hotel que ficava numa das nuvenzinhas mais altas e jantaram deliciosos tacos-loucos crocantes e de sobremesa uma gelatina espumante de fada.
Na manhã seguinte, eles pagaram pelo desjejum (cereal de morango enfeitiçante) e foram andar pela cidade procurando adivinhar se alguém poderia saber alguma coisa sobre a Torre da Perdição.
- Poderíamos ir à livraria – sugeriu Hermione – Lá deve ter um monte de coisas.
Não se impressionando nada com a excitação de Hermione, eles foram até a livraria que ficava no bonito edifício. A livraria por dentro era ainda mais bonita. Tudo era bem arrumado, mas para compensar os livros eram caríssimos e eles não tinham dinheiro para comprar nenhum deles. Até mesmo o jornal The Neopian Times era mais caro do que o normal. No entanto, a manchete do jornal lhes chamou atenção e eles resolveram comprar mesmo assim.
A fada dona da livraria usava um longo vestido púrpura, tinha longas e bonitas asas púrpura e prateada e óculos cor-de-rosa. Eles pagaram pelo jornal e leram a notícia da primeira página.
O que está acontecendo com os neopianos?
Havia uma grande foto abaixo do título da Cidade de Darigan que depois se transformava num mar violentado por um grande redemoinho. Sem tentar qual a ligação de uma coisa com outra, eles começaram a ler.
O dia 07 de Armazenar de 1694 da Era IV ficará marcado como uma das datas mais tempestuosas de todos os tempos em Neopia. Não por causa de apenas um, mas dois acontecimentos terríveis ocorreram simultaneamente em dois países de Neopia, causando pânico e devastação.
Ambos os acontecidos foram provocados por amantes das Artes das Trevas, embora a Liga das Nações não queira confirmar esta informação. O primeiro deles aconteceu no país medieval de Meridell, governado atualmente pelo Rei Skarl, que sofreu uma grande dor de cabeça após a perda de metade das plantações da Fazenda Meri Acres no ano passado. Segundo fontes confiáveis do Castelo de Meridell, o responsável pelo tumulto em Meridell fora o Lorde Darigan, ex-governador da Cidadela de Darigan, que já atacara os domínios de Skarl no ano de 1690, na tentativa de assumir o Reino de Meridell.
O motivo do ataque de ontem, segundo assessores do rei, fora porque Darigan perdera o seu precioso orbe em 1691, que jurara ter sido roubado e escondido pelo Rei Skarl. O Orbe de Darigan, um dos mais poderosos de Neopia, possui o poder de regeneração de corpo do seu dono e de congelar o tempo, além de uma considerável melhora no porte físico. Ao que parece, Darigan recuperara o seu orbe e atacara o Reino de Meridell ontem por volta das 15:24 em Meridell (13:24 NST).
No entanto, Darigan fora mais uma vez derrotado quando o campeão de Meridell, Jeran Borodere, de 19 anos, conseguiu extraviar o seu orbe com a ajuda de Illusen, de 21 anos, a atual Fada da Terra e fada residente de Meridell, cuja clareira se situa a 3km do povoado.
Hoje pela manhã, o Rei Skarl assinou um tratado de paz, o Tratado de Darigan, com a Cidadela de Darigan, agora governada pelo Lorde Kass.
A situação em Meridell pode ter melhorado, mas o clima em Maraqua é de pânico total. Ontem por volta das 11:30 na Ilha do Mistério (07:30 NST) muita gritaria pôde ser ouvida. O barulho vinha de Maraqua, cidade submarina a 200km da Ilha do Mistério, e o motivo era o ataque de um redemoinho. Fontes da Ilha do Mistério afirmam que o redemoinho não fora um fenômeno da Natureza, mas sim obra de uma maldição lançada por um pirata da Ilha Krawk. O suposto responsável pelo ataque não foi identificado, no entanto. De acordo com a Liga das Nações de Neopia, toda a cidade de Maraqua foi destruída. O Rei Maraquano está desaparecido e milhares de habitantes da cidade ainda estão soterrados nas ruínas de Maraqua.
A Ilha do Mistério alertou hoje a população para não entrar em alto mar durante as próximas semanas, pois não há previsões de quando um próximo redemoinho possa acontecer, visto que o responsável pelo ocorrido é desconhecido. A Liga das Nações de Neopia, no entanto, descarta a possibilidade do redemoinho ter sido obra de um feitiço, e diz que Maraqua fora destruída por “causas naturais”.
O Presidente da Liga das Nações, Sir Eric Ogrin, fará um pronunciamento hoje na Central de Neopia às 20:00 NST.
Da Redação.
Harry, Rony e Hermione leram a notícia três vezes até terem certeza de que haviam guardado tudo. Dois ataques... um em Meridell, outro em Maraqua. Parece que as coisas andam tão ruins para os neopianos quanto para os bruxos no mundo deles.
- Será que os maraquanos vão ficar bem? – perguntou Hermione
- Uau... uma cidade inteira embaixo d’água! Eu gostaria de ter conhecido... – disse Rony, obvervando a foto do jornal mais uma vez.
Harry sentia muito pela população de Maraqua, mas eles não podiam ficar ali discutindo esse assunto agora. Precisavam encontrar a Torre da Perdição. Rony e Hermione concordaram com Harry e eles foram conversar com a dona da livraria para ver se ela sabia de alguma coisa.
Hermione guardou o jornal nas vestes. A fada acabara de terminar de atender um Aisha quando avistou os três:
- Em que posso ajudá-los, queridos?
- Estamos procurando informações da Torre da Perdição. – disse Harry
- Torre da Perdição? Nunca ouvi falar nesse lugar. – ela disse – Mas talvez vocês possam encontrar alguma coisa no Livro dos Castelos Famosos de Neopia, custa apenas seis mil neopontos; embora eu não possa afirmar cem por cento de que irão conseguir achar sobre essa torre.
- É muito importante! – insistiu Harry – Um amigo nosso está preso nessa torre!
A fada mudara para uma expressão ao mesmo tempo preocupada e aborrecida.
- Bom, se vocês precisam tanto assim saber sobre essa torre, por que não procuram Fyora? Aposto como ela deve saber...
- Tudo bem, obrigado. – respondeu Hermione.
Os três saíram da livraria enquanto Harry e Rony perguntavam:
- Quem é Fyora?
- É a Rainha das Fadas. – disse Hermione – Temos que ir até o castelo falar com ela.
- Será que é tão fácil assim falar com a rainha das fadas? – perguntou Rony, erguendo as sobrancelhas.
- Eu não sei, vamos ter que tentar! – Hermione respondeu decidida.
Eles tomaram caminho até o centro da Cidade das Fadas, onde se situava o castelo. Era um castelo muito bonito e cor-de-rosa, com uma grande estátua de uma fada segurando uma varinha logo à entrada.
O castelo era muito diferente do Castelo de Meridell, e mais diferente ainda do Castelo de Darigan. Era todo rosa por dentro, tinha um cheiro leve de perfume de framboesa e muitas, muitas fadas andavam e flutuavam para lá e para cá. Fadas com pergaminhos, fadas com poções, fadas com equipamentos de batalha, mas nenhum sinal de Fyora, ou do trono da rainha.
- Hermione, onde exatamente fica a Fyora? – perguntou Rony. O mesmo pensamento parecia estar se passando por Hermione, mas então ela disse:
- Ela fica na Torre Oculta do castelo.
Mas afinal o que era essa Torre Oculta, ou onde ela ficava, nenhum dos três sabia dizer. O castelo tampouco ajudava: não havia nenhuma placa informando por onde eles deviam prosseguir para falar com a rainha.
- Não tem jeito, vamos ter que perguntar para alguém. – disse Hermione.
Eles se dirigiram até a fada mais próxima, que segurava uma caixa com um monte de poções que continham um conteúdo que lembrava leite.
- Com licença, você sabe nos informar onde fica a Torre Oculta? – perguntou Hermione formalmente.
- Ora, é claro que não! – respondeu a fada, e se afastou com uma expressão de quem tivesse acabado de ouvir alguma coisa muito ofensiva.
Eles ficaram observando pasmos para a fada.
- Sabe, eu acho que ninguém aqui sabe nos dizer onde fica essa torre. – começou Harry.
- Não é possível! – trovejou Hermione – Decididamente alguém tem que saber! Estamos nos referindo à Rainha das Fadas!
Ela caminhou apressada para fora do castelo, Harry e Rony precisaram acelerar o passo para acompanhá-la.
Eles voltaram para a Livraria das Fadas. Esperaram para serem atendidos pela dona da livraria, que continuava exatamente como antes.
- Ora, vocês voltaram! – ela os reconheceu – O que desejam?
- Pode nos informar onde fica a Torre Oculta? – perguntou Hermione, sem rodeios.
- Essa é uma informação muito sigilosa. – ela disse com ar importante – Por que vocês querem falar com ela?
- Mas você mesma nos recomendou a falar com Fyora. – rebateu Hermione
- Sim, mas eu esperava que vocês soubessem...
- Mas não sabemos! – disse Rony impaciente – Se você não sabe, então teremos de...
- Mas é claro que eu sei! – a fada disse indignada, como se alguém estivesse duvidando dela. – Aguardem um momento.
Os três se entreolharam, enquanto a fada puxava a sua varinha lilás e batia no balcão para lacrá-lo. Ela seguiu para fora da livraria, fazendo um gesto para que eles a seguissem. Parou logo em frente, onde podiam ter uma ampla visão do castelo.
- Observem o castelo. – ela apontou – Estão vendo que há três torres a oeste? No extremo oeste...
Demorou um pouco para perceberem, mas então Harry notou que havia três torres alinhadas para o lado em que a fada estava apontando. Harry indicou que entendera e ela continuou.
- A Torre Oculta seria como uma quarta torre desta linha. Voem até lá e assim que ultrapassarem a barreira vocês poderão vê-la. Mas lembrem-se de estarem com a necessidade de estar na Torre Oculta na cabeça, ou vocês simplesmente passarão reto.
A fada voltou emburrada para a livraria, onde agora tinha uma longa fila à espera no balcão e Harry, Rony e Hermione procuraram voar até onde devia estar a torre invisível. Não era uma situação muito confortável, pensou Harry, mas Hermione parecia estar se divertindo.
Eles continuaram até chegar onde devia estar a tal torre. Parecia inútil, pois não havia nada ali. Teriam de voltar e dizer a fada da livraria que ela se enganara, mas então Harry sentiu como se tivesse passado por uma cachoeira e eles se viram diante de uma enorme torre branca, a mais bonita de todo o castelo.
Eles pousaram no alto da torre e desceram as escadas até chegar num grande salão, que era repleto de prateleiras e estantes.
Parecia uma grande loja, com todo tipo de coisa para se vender, desde Boneca da Fada da Fonte do Arco-íris e Estrume Bélico até Dobrão de Platina. No entanto, tudo ali era caríssimo e Harry nunca sonhara em ter tanto dinheiro para poder comprar sequer um Grimoire de Thade, que custava cinco milhões de neopontos.
A loja aparentemente estava vazia e no balcão do outro lado do salão, estava a fada mais impressionante que ele já vira. Não foi preciso Hermione dizer que aquela era Fyora, Harry sentiu na hora que só podia ser ela. A fada refletia um ar de grandeza e bondade que até então apenas Dumbledore fora capaz de fazê-lo. Fyora tinha os cabelos compridos e numa cor que parecia ser uma mistura entre um lilás claro e um rosa escuro, Harry não sabia dizer. As orelhas eram incrivelmente grandes e ela tinha os olhos e os lábios num tom roxo berrante. Usava um longo vestido de alça cor-de-rosa e as suas asas tinham o formato das de uma borboleta, eram brancas com rosa nas bordas. Ela segurava um enorme bastão azul-turquesa, quase do tamanho dela, com um grande globo cor-de-rosa na sua extremidade. Harry supôs que aquele bastão fosse a varinha da fada, lembrando-se de Illusen.
Na parede do balcão havia uma espécie de quadro com o desenho de um livro azul dentro que dizia Galeria dos Heróis. O livro parecia lacrado, dado o seu cadeado que era dourado. No centro da capa, tinha um brasão vermelho e branco, e dele saíam asas de um anjo. Harry observava o livro dentro do quadro com muito interesse, enquanto Hermione dizia:
- Com licença, Majestade.
- Olá, neopianos. – ela disse com sua voz suave, embora não tivesse tanta certeza de que eles fossem neopianos – Há algum produto da loja que está em falta?
- Não, não é sobre isso que viemos falar. – disse Hermione, e Harry voltou sua atenção para a conversa. A Fyora agora demonstrava uma expressão no rosto que parecia severidade, o que lhe trouxe uma pequena lembrança da Prof.ª McGonagall, embora Fyora parecesse muito mais jovem.
- Nesse caso, o que desejam?
- Precisamos de sua ajuda. – disse Harry – É uma longa história.
- Pois então a conte para mim!
- Nós não somos daqui. – começou Harry – Somos de outro mundo. Viemos de Hogwarts.
- E o que os traz aqui em Neopia? – interrompeu Fyora
- Não viemos porque queríamos. – respondeu Hermione – Nós fomos trazidos para Neopia através deste livro. – ela apontou para o Neopedia que carregava nas mãos.
- Mas isso é impossível... – ela disse quase como para si mesma
- Não, não é não. Eu recebi este livro de aniversário, e... – disse Harry
- Você o quê? – Fyora quase não parecia acreditar – Quem lhe deu este livro?
- Isso também não sabemos. O cartão de aniversário foi assinado com as iniciais S e B. Há um bilhete no livro, e parece ser dessa mesma... pessoa. – Harry não soube dizer se o bilhete, de fato, era de uma pessoa, dado o lugar onde se encontrava agora.
Fyora, porém, pareceu não se importar com a palavra “pessoa”.
- Deixe-me ver este livro. – ela pediu.
Harry entregou. A fada folheou o livro e quase levou um choque quando viu a foto do Salão Comunal da Grifinória nas páginas iniciais do livro. Mesmo assim, ela não fez perguntas sobre Hogwarts.
- Este livro pertence à Primeira Edição. – ela disse – Mas pensei que todos estivessem destruídos.
- Como assim? – perguntou Hermione sem entender
- O Neopedia que você recebeu de aniversário – ela disse observando Harry -, pertence à Primeira Edição. Vê a marca? – a fada apontou para um brasão em marca d’água na contracapa do livro que Harry não reparara. O desenho trazia uma fada segurando uma varinha, o como na estátua que havia em frente ao castelo.
- E o que os livros da Primeira Edição trazem em especial? – perguntou Harry
- Isso nem eu sei dizer. – disse Fyora – Agora, o que vocês querem exatamente?
- Queremos saber como podemos voltar para o nosso mundo de outro modo que não seja pelo livro. – disse Harry – Illusen nos disse que não poderíamos mais usar o livro para viajar, pois já teríamos ultrapassado o limite.
- Illusen é muito jovem. – comentou Fyora – Faz pouco tempo desde que ela assumiu o cargo de Fada da Terra. Uma função muito importante. Mas suponho que ela esteja certa. Infelizmente, não sei de outra maneira para se viajar de um mundo a outro, que não seja o Feitiço do Convite, o que provavelmente foi lançado neste livro. Não conheço sequer outros mundos Além-Neopia.
- Mas você é a Rainha das Fadas! – insistiu Rony
- E o que você esperava de mim? – perguntou Fyora, aborrecida – Não sou um livro que responde a todas as dúvidas e tira qualquer um de uma enrascada.
- Nós achamos que podemos encontrar um jeito de voltarmos ao nosso mundo se falarmos com a pessoa que mandou o convite a Harry... – Hermione tentou começar outra vez, mas Fyora a interrompeu.
- Não se ninguém que utilize essas iniciais.
- Achamos que se formos à Torre da Perdição...
- Também não sei dessa torre. – ela disse como pondo fim à conversa.
Harry, Rony e Hermione se afastaram um pouco desapontados.
- Tem certeza de que ela é a Rainha das Fadas? – Rony perguntou – Ela não sabe de nada!
- Sim, certeza absoluta. – respondeu Hermione com convicção.
- Certo, e desde quando rainhas são donas de lojas? – Rony tornou a perguntar, erguendo as sobrancelhas.
- Acontece que você não reparou no que está sendo vendido aqui? – Hermione disse – São artefatos raríssimos e muito caros, e que são muito poderosos! Quase ninguém deve saber onde fica a Torre Oculta, mas tenho certeza de que muita gente que saiba queria vir aqui para furtar! Imagine o quão rica uma pessoa ficaria se roubasse apenas três desses objetos...
- Ta, ta, já entendi. Ela fica aqui para proteger. – disse Rony com menos impaciência ainda – Que coisa mais banal. Tínhamos depositado toda a nossa confiança nessa fada, e agora...
- Realmente, eu também esperava que pudéssemos resolver alguma coisa aqui, mas não progredimos em quase nada! – concordou Hermione – A única coisa de importante que ficamos sabendo foi sobre essa Primeira Edição, que não aparece na Neopedia.
Eles continuaram na Torre contemplando a loja, sem saber aonde ir, ou o que fazer. Fyora pareceu se irritar que eles não tivessem ido embora ainda, pois ela disse:
- Há mais alguma coisa que eu possa fazer? – ela perguntou em voz alta
O trio voltou até o balcão de Fyora.
- Por favor, Majestade, não temos idéia do que possamos fazer. Não há nada que possa ser feito para nos ajudar? – perguntou Hermione em um tom de desespero
A fada ficou observando os três como se os analisasse. Então ela disse.
- Sim, há algo que vocês possam fazer. Mas não creio que vá ajudá-los.
- Nós vamos tentar qualquer coisa. Não podemos ficar sem fazer nada. – disse Rony
- Vocês só podem ir até à Primeira Edição e buscar por mais informações lá. É só o que podem fazer. – a fada, enfim, disse.
- O que é a Primeira Edição, e onde fica esse lugar? – perguntou Harry
- Não sei exatamente. Apenas o que sei é que a Primeira Edição é fabricante destes livros. – ela apontou para a Neopedia – Só isso.
- Tá, e como chegamos lá?
A fada deu um leve suspiro.
- Vocês devem seguir ao sul até chegar numa nuvem transparente. É um pouco antes de passar os limites do País da Fadas; portanto, não se preocupem, vocês não perderão suas asas sem que tenham chegado lá.
- Ao sul? Exatamente em qual lugar do sul? – perguntou Rony
- Ora essa, eu não sou um mapa! Agora saiam da minha torre! – ela disse com um aceno para as escadas.
Eles não tiveram outra opção a não ser subir as escadas até o topo da Torre Oculta, enquanto Rony reclamava:
- Não gostei dessa Fyora. Ela nem parecia que queria nos ajudar. Viram como ela praticamente nos expulsou da sua torre malcheirosa?
- Só espero que seja lá quem estiver na Primeira Edição possa nos ajudar. – disse Hermione
- E que eles não nos mandem para outro lugar. – acrescentou Harry – Estou cansado de viajar!
- Realmente, mal posso esperar pela comida de Hogwarts! – disse Rony esperançoso, enquanto eles chegavam às nuvens fora da Torre Oculta – Falando nisso, estou faminto.
- Vamos comer alguma coisa, depois partiremos para procurar essa Primeira Edição. – sugeriu Harry
- Harry, não seria melhor deixarmos para amanhã? Nós nem sabemos onde fica esse lugar e já vai anoitecer... – começou Hermione
- Não importa! Quanto antes chegarmos àquele lugar, melhor para nós! – disse Harry – Eu estou cansado! Estou farto! Quero voltar para Hogwarts! Não suporto mais este lugar, nem esses bichos horríveis, nem essas asas estúpidas saindo de minhas costas!
Harry começara a gritar, fazendo os passantes observarem os três. Hermione, um tanto assustada e compreensiva, resolveu não contrariar.
- Está bem, vamos comer alguma coisa.
Eles foram até o Comidas de Fadas e pagaram por três poções de salada celestial, três sanduíches pernildelícia e três terraroles de chocolate. Quando terminaram e já estavam fartos de tanto comer, Harry foi o primeiro a falar.
- Agora vamos.
Hermione e Rony não estavam muito animados. O céu já estava escurecendo.
- Harry, tem certeza de que não quer deixar para amanhã...?
Mas nada parecia convencer Harry, e tudo o que ele queria era partir o quando antes em busca da Primeira Edição.
E assim foi.
Eles voaram incansavelmente rumo ao sul. Como Fyora dissera que a nuvem ficava pouco antes dos limites do País das Fadas, eles decidiram voar até a borda do globo prateado e então seguir a borda até conseguir encontrar a Primeira Edição.
Mas afinal, voar uma longa distância era muito mais cansativo e lento do que eles pensaram, e Harry desejou mil vezes que estivesse com a sua Firebolt, que certamente resolveria esse problema facilmente.
Mesmo assim, eles continuaram voando. Dez minutos. Vinte minutos. Trinta minutos, e Rony já estava reclamando que estava cansado, mal conseguindo se sustentar no ar.
- Agora, não podemos voltar. – disse Harry – Demoraríamos mais voltando do que se seguirmos em frente. Não devemos estar muito longe, agora.
No entanto, parecia que eles estavam longe, sim. O globo de prata se estendia por mais e mais quilômetros, de modo que eles não conseguiam vislumbrar a sua borda. Continuaram durante um longo tempo voando, o mais lentamente possível, de modo que o céu escureceu, mas Rony e Hermione não se atreviam a se queixar mais de cansaço.
Ao longe, do outro lado, na cidade que eles deixaram para trás, as nuvens continuavam brancas como algodão. Era incrível que mesmo a noite não pudesse deixá-las escuras. Mas então Harry disse:
- Vamos descansar naquela nuvem. Continuamos amanhã.
Não muito longe deles, havia uma nuvem negra que até então se camuflara no céu escuro. A nuvem não era nada convidativa, e Harry tinha a estranha sensação de que seria mais seguro se continuassem seguindo em frente. No entanto, não tinham escolha. Estavam muito cansados e não parecia haver outra nuvem num raio de um quilômetro.
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