A Busca de Jhudora



HP e a Primeira Edição



CAPÍTULO SEIS
A BUSCA DE JHUDORA



Eles pousaram na nuvem negra, que não era muito grande. Nela havia apenas uma mansão que parecia estar abandonada. Era incrível como o cenário lembrava perfeitamente os típicos filmes de terror dos trouxas.
Não querendo pensar se poderia haver algum monstro dentro da mansão, Harry seguiu até a porta de entrada, seguido de perto por Rony e Hermione. Rony parecia estar aliviado de finalmente ter posto os pés no chão.
Harry abriu a porta e esta fez aquele rangido horrível. As coisas não estavam caminhando do jeito que ele queria: mais um pouco e podiam esperar por uma bruxa com uma verruga enorme no nariz querer cozinhá-los no caldeirão.
- Olá? – Harry chamou pelo dono da mansão aparentemente vazia, e sua voz ecoou pelo grande salão de entrada, todo escuro.
O salão não tinha nada apenas um grande lustre de velas – que estavam apagadas – ao teto e um grande lance de escadas logo à frente. Havia uma porta no extremo direito do salão, outra no extremo esquerdo, e Harry supôs que existissem mais coisas ao fundo do salão, onde não conseguiam ver nada.
Ao final do lance de escadas, no segundo andar da grande casa, esperava uma pessoa; ou melhor, uma fada. Era a fada de aspecto mais assustador e sombrio que Harry já vira, não apenas porque estava coberta nas sombras, mas porque ela parecia de adequar muito bem ao cenário de uma casa mal-assombrada. A fada desceu as escadas e Harry pôde ver seu rosto.
Ela tinha enormes olhos lilás e brilhantes, os olhos mais assustadores que Harry já vira e ele não suportou mirá-los por muito tempo. O seu nariz, no entanto, não era enorme com uma verruga, mas parecia normal, como de todas as outras fadas. Os lábios eram de um verde intenso, mas seus cabelos continham a mesma cor dos olhos. Suas asas pareciam com as de um morcego casado com um dragão e lembravam muito as asas de Darigan, o que com certeza não melhorou o estado de espírito de Harry. Ela trajava um longo vestido lilás e verde, suas unhas eram enormes e estavam pintadas de verde, e ela tinha um colar com um orbe de mesma cor.
Harry começara a reparar que as fadas sempre trajavam roupas e acessórios das mesmas cores que seus cabelos ou olhos, talvez para realçar suas cores, mas ele não tinha muita certeza: isso era um mistério.
- Bem-vindos à minha casa... – ela disse com sua voz cortante, que fez os cabelos de Hermione ficarem em pé.
- Estamos, estamos... – começou Harry, sem saber o que dizer, evitando por tudo fixar-se nos olhos da fada.
- Vocês estão muito atrasados. Muito atrasados. – ela os interrompeu.
O trio se entreolhou, com um ar de extremo espanto.
- Naturalmente, eu não tolero atrasos! Mas desta vez eu irei deixar passar. – ela disse
- Do que você está falando? – perguntou Rony, tomando coragem – Quem é você?
- Como assim quem sou eu? – a fada perguntou totalmente aborrecida, como se o fato de não saberem quem era ela fosse um insulto – Que tipo de... – ela os observou – Que tipo de... faeries vão a casa de alguém sem saber quem é o dono dela?
- Estamos perdidos. – disse Harry, e os olhos da fada brilharam.
- E não somos faeries, somos pessoas! – Hermione acrescentou, mas se arrependeu profundamente, pois os olhos da fada brilharam ainda mais.
Ela soltou uma gargalhada maléfica que combinava muito bem com ela e disse:
- Tudo bem. Deixe-me apresentar a meus... hóspedes! O meu nome é Jhudora, sou a Fada das Trevas.
Ela talvez pensasse que Harry, Rony e Hermione a olhassem impressionados por ela ser a fada das trevas, mas pareceu se aborrecer intimamente, pois eles lançaram um olhar de medo e desagrado, como se suas piores suspeitas tivessem sido confirmadas.
- Mas, então... – ela continuou, agora num tom de maldade – Vocês se perderam! Ora, ora, ora, isso não é nada bom! Eu suponho que queiram passar a noite aqui?
- Certamente. – disse Harry, embora ele preferisse passar a noite em qualquer outro lugar que não fosse sombrio como a casa de Jhudora.
- E suponho que vocês pensem que eu irei recebê-los na maior hospitalidade, sem mais, nem menos?
- Bom... – Hermione hesitou.
- Ora, por favor, tenham a paciência! Eu estava tão ocupada, e vocês vieram me incomodar porque se perderam? Isso é demais para a minha cabeça... – ela trovejou.
- Mas você... mas você não disse que estava nos esperando? – perguntou Hermione, incerta.
Jhudora pareceu se acalmar e lançou um sorriso.
- Ah, mas eu claro que eu estava esperando! Por favor, se acomodem, se acomodem!
Os três deram apenas uns poucos passos para frente, como se sair dali fosse uma idéia muito melhor.
- E então? Para onde vocês desejavam ir? – ela perguntou sonsamente.
- Pra nenhum lugar! – respondeu Hermione antes dos outros – Estávamos passeando e nos perdemos!
- Mesmo? – ela perguntou fingindo estar muito surpresa. – Que tragédia!
Ela fez uma cara de quem olha para um pobre coitado. Seguiu-se um silêncio doentio, quando ela gritou de tal forma que fez os três pularem.
- NÃO MINTAM PARA MIM! COMO SE ATREVEM?
Eles tentaram se desculpar, mas o que ela disse a seguir fez os três se calarem.
- Não precisam me ocultar a verdade porque eu sei, eu sempre sei! Vocês estão seguindo conselhos daquela fajuta, aquela burra, estúpida, idiota, horrorosa, com péssimos gostos e péssimas atitudes! Não sei como virou Fada da Terra se não consegue nem fazer um feitiço de levitação... Aquela ILLUSEN!!!
Era óbvio que Jhudora sentia um ódio profundo por Illusen, mas isso não vinha em questão agora. Como ela sabia que eles seguiram o conselho dela, para começar?
- Como...?
- Ah, eu disse que sempre sei. Agora, eu os deixarei dormir em meus aposentos e seguir em frente a sua viagenzinha estúpida, apenas se fizerem o que eu pedir!
Houve um silêncio, no qual Harry, Rony e Hermione apenas se olhavam, como se estivessem discutindo a questão em silêncio. Mas foi Hermione quem decidiu por eles.
- Está certo. O que você quer?
- Vocês farão uma busca para mim! Não é nada como aquelas buscas idiotas daquela Illusen orelhas-de-duende. É muito, muito mais interessante...
Harry reparou então, pela primeira vez, que de além das asas, e do aspecto maléfico, algo mais diferenciava ela das outras fadas. As suas orelhas não apareciam. Os cabelos cobriam suas orelhas, de modo que não pudessem vê-las.
- Vocês irão até os Bosques Mal-Assombrados e trarão para mim a seiva da Árvore Cerebral. Apenas isto. Tragam a seiva para mim, e eu os deixarei passar a noite aqui. Mas não queiram se fazer de espertinhos! Se não me trouxerem a seiva, mesmo me prometendo, eu irei amaldiçoá-los! – Jhudora continuou, sua voz ficando mais rouca e ameaçadora a cada palavra. No entanto, as palavras seguintes foram ditas num tom quase como se estivesse cantando – E então? Temos um pacto?
- Temos um pacto. – confirmou Hermione
Ela fez um aceno e um grande bastão apareceu em suas mãos. O bastão era roxo com uma grande pedra verde na extremidade, rodeado do que parecia ser a “mão” de um dragão.
Ela apontou o bastão na direção deles e enormes tatuagens apareceram em seus pulsos. Era uma tatuagem negra de um dragão.
- Isso é para garantir que vocês irão cumprir com sua palavra. Se falharem, eu terei como localizá-los. – ela fez outro gesto com a varinha, desta vez para trás dela – Agora, vão dormir. Vocês ficarão em quartos separados porque a minha casa não é um motel. – ela apontou para o corredor atrás delas.
Muito constrangidos, Harry, Rony e Hermione subiram as escadas e seguiram pelo corredor, onde havia vários quartos, mas apenas dois continham as portas abertas. Rony foi dizendo no caminho, enquanto Jhudora seguia por outro corredor.
- Você ficou maluca, Hermione? Aceitar um convite para a morte?
- Aqui não. Amanhã eu explico tudo. – ela sussurrou.
Hermione entrou num quarto, enquanto Harry e Rony seguiram para o outro que restara. Os lençóis estavam encardidos, os colchões mofados, e os travesseiros cheiravam a álcool, mas mesmo assim Harry não conseguiu dormir muito bem.
Quando eles acordaram e desceram as escadas, Jhudora já os aguardava no salão escuro da noite anterior. A casa continuava mal iluminada mesmo que já estivesse dia, e a nuvem decididamente continuava negra.
- Vocês têm 72 horas para cumprir minha busca, ou sabem o que lhes aguarda. Portanto, dêem o fora, pois estarei contado o tempo a partir de... agora! – ela acenou para um enorme relógio de corda que Harry não havia reparado. O relógio começou a trabalhar, embora Harry não conseguisse entendê-lo.
Eles saíram rapidamente da casa, como se fosse um grande alívio, mesmo que Jhudora não tivesse oferecido nada para o café da manhã, o que Harry teria certeza que seria de má vontade.
Eles prosseguiram até chegar na Cidade das Fadas, já à altura do almoço. Passaram no Comidas de Fadas e se serviam de panquecas fofinhas da fada, quando Rony finalmente perguntava:
- Agora você quer me explicar o que aconteceu? Por que você aceitou a proposta daquela... fada?
- Não tínhamos escolha, Rony. Era aquilo ou continuarmos o vôo até não sabemos quando! Sem contar que uma vez que entramos na Nuvem de Jhudora, não teria como sairmos sem uma busca para realizar. Ela é extremamente malvada e seria capaz de nos torturar para nos fazer aceitar o pacto!
Rony pareceu extremamente enjoado, mas Harry perguntou:
- Você tem idéia de como encontraremos essa Árvore Cerebral no Bosque Não-Sei-Das-Quantas?
- Não é difícil, Harry. A Árvore fica bem no centro do bosque, segundo o Neopedia.
- Ótimo, assim que completarmos a busca continuaremos a procurar onde fica a Primeira Edição. – anunciou Harry
- Foi bom ela ter dado três dias. – comentou Hermione – Ela é uma piada, sabe. Assim, como Illusen, ela manda fazer buscas, mas vive se gabando porque se acha melhor do que ela. As duas se odeiam. Imagino que ela andou espionando Illusen, de que outra maneira saberia que estivemos lá?
- Mas ela é a Fada das Trevas! – disse Rony aterrorizado.
- Pode até ser, mas é muito burra e incompetente. Segundo o Neopia, ela foi exilada naquela nuvem. Não pode passear por aí, ou será repreendida.
- Não sei por que simplesmente não ignoramos essa tarefa da Jhudora. – disse Harry.
- Por causa disto! – disse Hermione apontando para a tatuagem no pulso – Ela pode estar impedida de sair de sua nuvem, mas com certeza deve ter mandado espiões atrás da gente. Assim, se passarem as setenta e duas horas e não tivermos entregue a seiva, aposto como ela mandará os espiões nos levarem até ela para nos maltratar.
- Isso é ridículo. – disse Rony - Buscas de fada... parece uma piada!
- Eu sei, mas é coisa séria! – disse Hermione – Agora nossas vidas estão em risco.
- Por que será que Illusen e Jhudora mandam fazer estas buscas? – perguntou Harry, pensativo, enquanto terminava o seu mousse de fada de limão.
- Não faço idéia. – respondeu Hermione – Elas guardam muitos segredos. Mas um dia, todos saberão, eu suponho. Bom, é melhor nós irmos logo, se quisermos chegar nos Bosques Mal-Assombrados antes do anoitecer. Precisaremos pagar um transporte, ou não chegaremos lá nunca. – ela terminou, se levantando.
- Você disse mal-assombrados? – perguntou Rony, embora já soubesse a resposta – Ela não podia ter nos mandado para lugar melhor...
Após quinze minutos, eles estavam andando pela cidade, procurando por algum transporte que os levasse para os Bosques Mal-Assombrados. Mas nada parecia levar àquele lugar. Os balões partiam para a Ilha do Mistério, de lá partiam para o Deserto Perdido, e só depois chegavam nos Bosques, mas eles não podiam esperar tanto tempo.
Já estavam desanimados, quando se sentaram nos banquinhos em frente ao Comidas de Fadas, pensando no que podiam fazer. Não muito longe deles, estavam sentados dois neopets, aparentemente discutindo um artigo de jornal.
- É um babaca, esse presidente Ogrin, é o que digo. Ignoram o fato de Maraqua estar amaldiçoada enquanto milhares de maraquanos morrem soterrados.
- Não entendo porque eles querem manter os olhos fechados, realmente. Quando perceberem que estão enganados, será tarde demais.
- Pode ter certeza que sim. O rei desapareceu... aposto como a população de Maraqua deve estar desesperada.
- Eu não gostaria de estar lá agora. A última vez que passei por Maraqua foi há uns quinze dias. Era uma bela cidade... se ao menos eu soubesse o que ia acontecer.
- Não haveria nada que você pudesse fazer a não ser dar avisos, Kevin. O que, pode apostar, não adiantaria nada. A Liga acha que já teve problemas demais com Darigan, e nos cuidados de manter Jhudora afastada.
- Mas a Liga não fez nada! Ogrin não fez absolutamente nada! Quem salvou Meridell? Jeran e Illusen! Quem exilou Jhudora? Fyora! O que a Liga tem a ver com essas coisas?
- Eu sei, mas ela quer manter a popularidade, né? Agora com tantos se rebelando, não podemos confiar nem no país vizinho.
- Certo, pra mim já chega. É melhor irmos andando, Lucas. Com sorte, chegaremos ao Lago Kiko até de noite...
- Tudo bem, Kevin, mas eu gostaria de dar uma passadinha no nosso vilarejo antes...
Os dois neopets se levantaram e iam se afastando, ao que Hermione imediatamente os seguiu para alcançá-los. Harry e Rony não tiveram outra alternativa a não ser fazer o mesmo.
- Com licença, com licença! – chamou Hermione – Desculpe, mas será que os senhores poderiam nos ajudar?
- O que você precisa, senhorita? – disse um dos neopets.
O primeiro deles, chamado Lucas, era um Scorchio, que tinha a aparência de um dragão. Era parecido com o Shoyru, exceto que suas asas ficavam mais amostras e decididamente se pareciam muito mais com um dragão, e ele tinha mais chifres saindo da cabeça. O outro, chamado Kevin, era um Mynci, e tinha a aparência de um macaco. Ambos pareciam ser pescadores.
- Os senhores vão para o Lago Kiko? – perguntou ela esperançosa.
- Sim, logo após de passarmos pelo nosso vilarejo. – respondeu Lucas
- Será que poderíamos ir junto? Precisamos chegar aos Bosques Mal-Assombrados para resolver uns... probleminhas o quanto antes!
Por um momento, eles pensaram que os pescadores fossem recusar, mas enfim, eles aceitaram com um grande sorriso.
- Claro que sim! O nosso navio pesqueiro não é muito grande, mas certamente há espaço para três faeries encantadores!
Hermione não fez menção de corrigi-los, e eles prosseguiram pela cidade, atravessando as várias lojas e casinhas amarelas com telhados cor-de-rosa. Harry e Rony tinham o mesmo pensamento: não sabiam onde era o Lago Kiko, e muito menos onde diabos ficavam os Bosques Mal-Assombrados. Precisavam urgentemente de um mapa. Quando Harry disse isso a Hermione, ela pareceu muito irritada. Arrancou o livro que Harry carregava intitulado “Neopedia” e abriu bem na página central.
Ocupando as duas páginas do centro, estava o mapa-múndi de Neopia. Era esplêndido e fazia parecer com que toda Neopia se abria para ele através daquele mapa, embora ele não fosse tão prazeroso quanto o Mapa do Maroto.
- Neopia não é muito grande, não é? – disse Harry, olhando para o mapa.
- Ah, é maior do que você pensa. – disse Hermione – Aí no mapa só tem quatorze países, mas existem outros que se mantêm ocultos. Meridell, por exemplo, era desconhecido há até pouco tempo. Mas imagino que seja menor que o nosso mundo, sim.
Rony também observava o mapa de Neopia nos livros nas mãos de Harry, ligeiramente interessado. Eles continuaram atravessando a cidade, Rony fazendo carinho no Kadoatie e Harry ainda vendo o mapa.
- Onde fica o vilarejo de vocês? – perguntou Hermione.
- Na Ilha Krawk. – respondeu o Mynci Kevin.
- Não é essa a ilha de onde acham que é o pirata que...?
- Sim, é. – respondeu logo Kevin – A Ilha Krawk é cheia de piratas, e muitos são de aparência estranha. Mesmo assim, eu não saberia dizer se o responsável pela maldição em Maraqua é de lá. O nosso vilarejo fica num lado mais exilado da ilha, sabe, nós somos apenas pescadores e não gostamos de criar confusão com os piratas.
Harry identificou no mapa uma ilhota ao litoral sul da Ilha do Mistério que estava indicada como Ilha Krawk.
Eles continuaram até chegar a um extremo da nuvem da Cidade das Fadas, de modo que só era possível continuar voando. Mas bem diante deles, estava um pequeno navio pesqueiro, postado ao lado da nuvem, como se esta fosse terra firme, e o ar fosse o mar. Era um navio fabuloso, um navio que flutuava.
- Sejam bem-vindos ao Doce Dobrão.

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