Sem Máscaras



Eu estava deitada na cama, me revirando sem parar e sem qualquer sucesso ao tentar dormir. Pensar na dor de Severo me deixara exausta, mas mesmo assim o sono fugia de mim. Logo que o abracei, ele ficou extremamente tenso, como se ponderasse que atitude tomar. Deveria me azarar, me matar ou...retribuir o gesto? Demorou algum tempo até que ele resolvesse me envolver com seus braços e se render ao momento. E ficamos abraçados por longos minutos, sem emitir qualquer som. Eu sentia a necessidade que vinha dele, a ânsia por afeto, por compreensão. E um contentamento por poder oferecer isso a ele me inundou. Mais tarde, seguimos cada um para o seu quarto e nos despedimos apenas com um meio sorriso. Mas minha mente ainda fervilhava, cheia de informações que me ajudariam a construir e entender o novo Severo Snape. O homem depois da guerra. Devia ser horrível ser perseguido por recordações tão horríveis. Os olhos azuis de Dumbledore perdendo o brilho instantaneamente, seu corpo estirado abaixo da torre após ser atingido por aquela Maldição Imperdoável. A mesma que matara Lupin durante a última das batalhas. Remo... Remo... Remo...

Ouvi batidas na porta. Não queria me levantar. Mais batidas. Eu não respondi, achando que fosse alguma camareira, com a varinha em punho, querendo arrumar o quarto. E então ele chamou meu nome. A voz inconfundível.

Caminhei sem vontade até a porta depois de me trocar com um passe de mágica. Cabelos negros e longos. Eu precisava ser legal com ele por um tempo depois de saber como ele se sentia. E lá estava ele, o mesmo Snape de sempre, com as mesmas roupas de sempre, sem faltar uma única camada. E o mesmo rosto de pedra, como se nada tivesse acontecido na noite anterior e ele ainda fosse uma muralha impenetrável.

"Bom dia, Ninfadora".

Dessa vez quem rolou os olhos fui eu. Ele nunca ia desistir de me chamar daquela maneira. "Bom dia, Severo. À que devo a honra?".

O pseudo-sorriso. "Vim me certificar de que a senhorita tomará seu café da manhã".

Eu ri. "Isso é algum tipo de pegadinha?".

O pseudo-sorriso um pouco mais caprichado. "De modo algum".

"Então quer dizer que você veio, de livre e espontânea vontade, solicitar a minha companhia durante o café da manhã?". Talvez eu ainda estivesse dormindo.

"Perfeitamente" disse ele, fazendo uma reverência e me oferecendo o braço.

"Poção Polissuco! Quem é você? Onde está Severo Snape? O que você fez com ele?" brinquei, com uma expressão de falso pavor.

E, finalmente, ele riu de verdade. Sem máscaras. Nota dez. Um milagre, posso dizer. E, felizmente, ele já estava olhando para o corredor em frente, porque eu não ia querer que ele lesse minha mente e percebesse o quanto eu o estava achando interessante, charmoso e...de sua maneira, lindo.


**********

Eu ria como uma desvairada na solidão do meu quarto. O que estava acontecendo comigo? Severo Snape e eu? Que piada! Só porque ele era inteligente, lindo, elegante, lindo, educado (bom, quando lhe interessava, claro), lindo, misterioso, lindo, corajoso, lindo e charmoso? Isso não queria dizer que eu estava me interessando por ele! Não mesmo! E nem que aquela vontade enorme de bater na porta dele fosse saudade. E eu me questionava sobre Remo... Será que eu o estava esquecendo? Não! Severo era apenas um amigo...muito querido, mas um amigo. Todo o resto era apenas alucinação causada pela minha carência.

Ele havia me escutado durante horas na noite anterior. Eu finalmente desabafara sobre Remo. Falara de nossa vida juntos, dos planos de casamento, de como eu o amava e era feliz. Depois, tudo desabou e eu me transformei em outra pessoa. Perdi a antiga Tonks em algum lugar dentro de mim e só agora, naquele retiro e com a ajuda dele, estava conseguindo me encontrar aos poucos. Eu falei, falei e falei. E ele me escutou como se eu estivesse recitando os ingredientes de alguma poção muito importante, atento e sem demonstrar desinteresse um só segundo. Depois, eu chorei. Muito e de forma intensa. E então ele retribuiu o meu gesto anterior de amizade e também me abraçou. E enquanto eu me desfazia em lágrimas, ele me embalava e afagava os meus cabelos. Preparou uma poção para facilitar meu sono, que me fazia tanta falta. A dica que ele me deu foi evitar a poção sempre que eu pudesse, que eu tentasse dormir por mim mesma, porque o uso prolongado poderia causar dependência. Eu só deveria tomar depois de qualquer pesadelo e poderia dormir em paz o resto da noite. Quando eu adormeci, ele me levou até meu quarto e me ajeitou em minha cama antes de se retirar.


*****************************************************
Oi para todos novamente! :o)
Obrigada, Morgana e Christy pelos comentários! Fiquei muito feliz! Queria também agradecer a LadyStardust pela linda capa e também pelos comentários!
E quem ainda não comentou, sinta-se à vontade! :o)
See you soon!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.