O Dia dos Namorados em Nowhere
Capítulo 8
O DIA DOS NAMORADOS EM NOWHERE – PARTE 2
N/A: Está contido neste capítulo alguns termos um tanto técnicos sobre a doença de Malfoy. Prevendo certa dificuldade por parte dos leitores, que convenhamos, não são obrigados a saber dessas porcarias de termos (pré-vestibulando é uma desgraça, precisa saber isso tudo!) eu as coloquei numa linguagem facilitada entre parênteses, o que considerei que fosse relativamente complicado.
Gina simplesmente estava chocada. Ela recebia um beijo de Malfoy. Não era nem de longe Vivian que estava ali, naquela praia super-romântica sendo beijada por Carter. Eram os mesmos lábios macios que provara na boate. Os mesmos com os quais ela vinha sonhando desde aquele dia, embora não admitisse tal coisa. Seus olhos se abriram para verificar se aquilo era realidade ou apenas mais um de seus devaneios. Afinal, mal podia crer que ele, Draco Malfoy, o cara mais orgulhoso de que se tinha notícia, e também que mais a odiava iria simplesmente se entregar às circunstancias e beijá-la.
Notou sua correntinha tocando bem de leve o tórax dele. Quer dizer, não era como em seus sonhos que sua correntinha tocava o ar, ou uma imagem irreal. Não era como se estivesse tocando apenas uma lembrança fria e tão distante. O corpo dele estava ali. De encontro ao dela.
Ele retinha os lábios dela entre os seus, mordiscando-os vagarosamente. Era tão bom sentir aquela sensação dos beijos de Malfoy novamente. Os movimentos lentos e ritmados dos lábios do loiro faziam seu coração descompassar. Era como se ela estivesse em meio a uma tempestade de raios e trovões, sendo ela apenas uma arvore frondosa, exposta aos riscos de se atingir pelos raios... Suas bases tremendo pela força das correntes de ar, com as folhas verdes, esvoaçando por todos os lados. Talvez ela se sentisse assim, porque apesar de tudo, era capaz de sentir Malfoy lhe acariciando os cabelos, com uma delicadeza que ela não pensou ser capaz de existir naquele ser hermético.
Não era o mesmo beijo que trocaram na boate, este era mais seguro, mais atencioso, mais delicioso. Ela reconhecia a paixão que ele impunha a cada um deles, contudo havia algo novo... Talvez fossem as circunstancias. Contudo, no momento em que a língua do bruxo tocou de leve os seus lábios, pedindo-lhe que lhe desse maior acesso para experimentar a maravilha dos prazeres que ele lhe oferecia, ela não pudera negar. Gina nunca se negaria a dar um beijo em Draco. Não quando tudo acontecia daquela forma terna e amigável.
Quando a língua dele começou a descobrir cada recanto de sua boca, ela simplesmente não pôde conter uma onda de arrepio ainda mais intensa, que começou bem dentro de si, onde podia sentir seu coração descompassado lutar pela sensação, tão calorosa quanto uma manhã grega. Uma sensação quase tímida, fraca, contudo tão sincera... Pura... Vinha do seu âmago, ansioso, pedindo por mais... Rezando baixinho aos céus para que os deixassem assim para sempre. Algo que até o presente momento só tinha lido em contos de romance, sem nunca experimentá-las assim com tanto vigor, com tanta realidade, com tanto... ardor!
Quase que instantaneamente passou os braços em volta do pescoço dele, suas defesas caídas por terra, como o grande Muro da Vergonha que privara tanto os alemães, sentia seu ser à mercê do desejo, da paixão tão peculiar, quase comparada à paixão das águas pela lua, sempre regendo os próprios movimentos e sua prosperidade, justamente pela consumação do amor intenso que havia entre esse elemento natural que a tanto inspirava. O retorno a um pequeno paraíso sobre a Terra que agora ela redescobria nos braços dele, enquanto impunha tal sentimento nos próprios lábios róseos com uma gérbera que florescia vigorosamente. Enquanto isso, ele a girou para debaixo de si, com a leveza e ternura de um pequeno, singular e apaixonado beija-flor, que tem a capacidade de parar no ar apenas para provar o néctar da flor que aprendeu a mar, tanto que ela mal pode acreditar se tratar do mesmo Malfoy... Parecia estar nos braços de Carter novamente... Do lugar onde jamais deveria ter saído.
Sentia coisas que jamais imaginara sentir de novo, como o ar subitamente ficar ainda mais quente, ela ver milhares de fogos de artifício explodirem em sua cabeça em comemoração por finalmente tê-lo encontrado, pareciam que as pequenas fagulhas coloridas incidindo em cima do fogo que ela pensara ter se extinguido por ele por completo anteriormente, haviam provocado um incêndio. Abrasador, aterrador, envolvente... Por mais que tal descrição já estivesse batida, não havia outro modo de expressar tal beijo.
Sentia-se leve, quase nas nuvens, voando sobre os ares sem nem precisar de vassoura para isso. O ar quente do amor parecia pairar por suas asas, fazendo-a sentir-se como se pudesse viver eternamente. Como se a vida fosse algo maior e mais grandioso quando era enlaçada pelos braços fortes e exuberantes dele. Quase como se ganhasse nova conotação, como a uma criança que acaba de ganhar o ovo de chocolate que tanto admirara na vitrine da loja de doces depois de tanto sonhar com ele, e o sonho dela, por mais romântico ou inconsciente que possa ter sido, consistia simplesmente em ser beijada de tal forma. Algo intenso... Algo tão distinto de tudo que já sentira antes... Podia ser qualquer coisa... Mas o que seria?
Era tudo tão maravilhoso, era apenas isso que sabia, melhor do que ela se lembrava na boate.
Talvez fosse porque dessa vez ela fosse ela mesma, sem se preocupar em ter-lhe reservas, como na fatídica noite. Ou porque sentia um fogo ainda mais intenso queimando dentro de si, como se fosse atirada em um vulcão de lava fervente. Mas essa lava não queimava, apenas a fazia sentir que estava... Estava... Deus! O que seria aquele sentimento supremo quase irreal?
Gina começou a beijá-lo com mais intensidade, já louca de desejo. Draco começava agora a percorrer seu corpo bem lentamente, como se quisesse gravar cada sensação de acariciar a pele alva da jovem em sua mente. E essa forma suave de acariciá-la parecia lhe oferecer mais prazer do que naquela noite, onde as carícias eram mais rápidas e provocantes. Contudo, não menos excitantes que agora. Mal pôde conter o gemido que foi abafado pelos lábios dele. Suas próprias mãos acariciando-lhe as costas bem lentamente, querendo devolver as mesmas sensações maravilhosas que ele lhe estava proporcionando. Um prazer que se experimentava aos poucos, apreciando cada sensação, por mais ínfima que pudesse parecer aos olhos de qualquer pessoa.
Podia sentir sua cabeça rodar bem devagar, como se experimentasse pela primeira vez algo tão forte capaz de fazê-la entregar-se, como se serpenteassem pequenas ramas da mais límpida, essencialmente bela e orgânica flor do amor, que parecia ter implantado uma pequena sementinha que germinaria conforme os dias se passassem na vastidão do tempo oferecido aos amantes, por mais que estes não enxergassem ou se manifestassem céticos.
Uma onda veio bater-lhe nos pés. A água fria fazendo-a acordar levemente daquele torpor que tinha lhe dominado o corpo. Um torpor tão bom, que a fazia se sentir amada e adorada por alguém, como jamais nenhum de seus ex-namorados havia conseguido fazer. E tudo isso através de um beijo! Um beijo de Draco Malfoy...
Deus, o que ela estava fazendo??? Ela, Gina Weasley, estava beijando seu pior inimigo em sã (?) consciência!!! Aquilo não podia continuar, teria que se desvencilhar dele! Não podia continuar! Era totalmente contra aquilo! E tudo começara de forma que ela mal percebera... Como podia ser?
Mas onde estavam suas forças para tal fim? Talvez aquela onda de devastação que se chamava o beijo de Malfoy a tivesse afastado. No entanto, ela sabia que tinha de ser capaz de afastá-la tão logo o começara. Era Malfoy quem a beijava. A euforia de ser beijada por Carter fora tanta que ela esquecera que o próprio era Malfoy. E que Malfoy era aquele cara que cismava em insultá-la de todas as formas possíveis e improváveis, inclusive com aquele beijo!
Exigindo de si todas as suas forças e sabendo que iria se recriminar e dormir mal por um bom tempo por ter feito isso, ela girou para cima dele e pôs a mão sobre o tórax definido, querendo se afastar. Ele parou instantaneamente de beijá-la, embora parecesse relutante, dando-lhe um pequeno selinho, com os lábios macios já levemente inflamados, como se prometesse que aquilo não acabaria ali. Ela sabia que se não o tivesse feito parar não teria conseguido se desvencilhar dele. Ela saiu de sobre ele e pôs-se de pé. Ensaiando a cara de maior irritação que conseguisse. Deus a ajudasse a fingir bem, já que nunca fora boa atriz!
-O que você pensa que está fazendo? –Gina disse pondo ambas a mãos na cintura- Acha que sou o quê?
-Estou te ajudando em suas pesquisas sobre ocitocina. –Ele disse levantando-se e fitando-a com um sorriso divertido- Agora você não precisa mais ficar perdendo seu tempo com essas inutilidades.
-Para de inventar desculpas esfarrapadas! –Gina disse com uma raiva crescente. O pouco de controle em sua voz esvaindo-se rapidamente, pois ao lhe sorrir vitoriosamente, ele lhe deixara claro que brincava com os sentimentos dela- Eu sei o que quer fazer comigo! Iludir, estraçalhar, humilhar! Como você fez com a Vivian!
-O quê? –Malfoy perguntou desfazendo seu sorriso e assumindo uma expressão séria- Com você sabe da Vivian?
-Eu... –Gina começou tentando bolar uma desculpa a tempo. Não deveria ter falado tanto e resistido à tentação de simplesmente provocá-lo como uma criança tola- Ela era minha estagiária! E estava de casamento marcado quando lhe conheceu, seu crápula! Prometeu-lhe o céu e a terra e nunca mais a procurou!
-Você não pode estar falando sério. –Ele apenas disse, atônito, ficando pálido subitamente- E ela me disse que o nome dela não era Vivian!
-E não é! –Gina acusou. Tinha começado a inventar, por isso continuaria, já não tinha como se desvencilhar. Nunca pensara que pudesse inventar tanta mentira, mas bem que valia aa pena para ver Malfoy completamente pálido e sem reação. Ela sentiu necessidade de deixá-lo mal por pura raiva, já que não saiba que aquele homem iria tão longe com ela. Maldito! Brincara com ela como se fosse de plástico. Não sentiria nem um pouco de remorso em jogar mentiras nas fuças dele! Aquele animal!- O nome dela é Valery! Valery Wilder! Ela me contou tudo no dia seguinte, se sentindo extremamente culpada por tudo! Era a despedida de solteiros dela! E sabe o que ela fez? Rompeu com o pobre Richard no dia do casamento! Ia todos os dias a sua procura naquela boate, mas pobrezinha! O senhor Mark Carter nunca mais tornou a aparecer!
-É mentira sua, Weasley! –Malfoy sorriu daquele jeito cínico ela já se habituara, no entanto, incrivelmente ainda tinha o poder de irritá-la. Com o ar superior que impostara em seu timbre, com certeza já se considerava vitorioso- Estive lá vários dias a procura dela. Ela não esteve por lá.
-Ah, é mesmo? –Gina respondeu com sarcasmo. Era verdade, ela não fora mais atrás dele, mas quem disse que ele precisava saber? O importante era fazê-lo provar um pouco do próprio veneno. Merecia por tudo o que ele fizera com ela! Merecia todos os insultos que proferira. Merecia por tê-la feito iludir-se por consigo- Talvez ela não fosse loira. Você não tem como saber, certo?
-Não acredito em uma palavra sua, Weasley! –Draco redargüiu, olhando-a com desdém- Você está blefando! Não sei como soube dessa história, talvez Carmem tenha te contado, mas não acredito que você saiba sobre Vivian.
-Oras, vá atrás de Valery e pergunte a ela. –Ela respondeu dando de ombros, pegando o livro que estava esquecido no chão- Não sou paga para te contar de minhas assistentes jovens que por acaso tiveram um affair com você. Já que tenho certeza que metade delas já deve ter dormido com o garanhão a minha frente. Estou até com medo de pegar sapinho agora! Ai! Acabei de me lembrar! Fui beijada por um homem que já trocou saliva com a Parkinson! Céus! Terei de fazer um exame urgente em mim mesma quando chegar ao laboratório!
-O que está insinuando, Weasley? –Malfoy perguntou erguendo as sobrancelhas em curiosidade. Ele parecia ter se recuperado com estrondosa velocidade e seu divertimento parecia ter se triplicado perante a situação. Parecia estar pagando pra ver até onde as palavras dela chegariam, ou talvez fosse apenas mais uma faceta que ele quisesse mostrá-lo, tentando convencê-la de que era invencível.
-Eu? Insinuando? –Gina perguntou enquanto recolhia as coisas que espalhara pelas areia- Não! Você me compreendeu mal! Eu não insinuo nunca. Eu acuso!
-Que drástico! –Draco respondeu num sorriso zombeteiro- No momento seguinte, vai estar tentando enforcar-se com os próprios cabelos para variar um pouco o clichê de suas palavras ou ações. Eu já esperava isso de você, Weasley! Tsc, tsc! Extremamente previsível! Eu sabia que você me atacaria por ter te beijado, como se tivesse matado alguém e comido a carne do defunto depois, num ato extremamente animalesco.
-Não me surpreenderia nem um pouco se você o fizesse. –Gina disse dando de ombros, mostrando-o claramente que não se importava com o que ele figurava dela- Sei que é capaz de tudo para satisfazer um desejo seu e se essa pobre alma estivesse em seu caminho, você não hesitaria em eliminá-la. Apenas faça o favor de cometer essas atrocidades bem longe de mim!
-Que bonitinha! –Draco tornou a bombardeá-la com seu sarcasmo profundo- Morre de medo da justiça! Será que tudo isso é medo dos aurores? Além de pobretona ainda tem antecedentes criminais, Weasley? Com certeza, seu crime foi não ter dado em cima o suficiente de Potter. Ou ter rejeitado casar e ter uma vida pateticamente abnegada com idiotas como Creevey ou Thomas para ter uma penca de filhos como seus pais. Cometeu o crime de esquecer-se da regra número 1 do livro dos heróis: Deve ser defensora dos fracos, fracassados e oprimidos, mesmo que isso inclua dividir o mesmo colchão, já que nenhum dos dois tinha muito dinheiro para lhe dar uma cama, não?
Gina sentiu os sangue fervilhar novamente em suas veias, porém não fora com a mesma sensação prazerosa de um beijo, mas sim com a insinuação desvairadamente inconseqüente dele. Sentia ódio dele e asco de si, por ter sido capaz de imaginar que ele podia ser capaz de dividir com ela algo como aquele maravilhoso sentimento que tiveram durante o beijo. Ele não era digno de nada!
Sem conter seu impulso, fechou os olhos e estendeu a mão esquerda, no minuto seguinte, foi apenas capaz de ouvir o estalo e sentir seus dedos sofrerem uma dor aguda, quase imperceptível como um formigamento.
Ao abrir novamente seus grandes olhos castanhos, percebeu o que tinha feito. O sonoro “Plaft!” não a iludira. Acertara um tapa exatamente na face de Malfoy.
Não sabia se se sentia horrorizada pela atitude impulsiva que tivera, ou se ria da cara incrédula de Malfoy, esfregando levemente a face atingida e marcada pelos contornos vermelhos exatamente onde Gina o atingira. Ela sorriu vagarosamente, com um ar irônico inundando suas feições, os olhos brilhando em divertimento, sem qualquer remorso por seu inconseqüente ato.
-Oh, pobrezinho! –Gina disse imitando a voz de uma fútil mulher penalizada, o tom agudo o suficiente para estabelecer que aquilo era mais uma das brincadeiras dela- Vai ficar com o rosto todo vermelho! Será que bati muito leve? Seu rosto devia ficar roxo, isso sim.
-Algo vai ficar roxo aqui! –Ele respondeu ainda esfregando o rosto sob o olhar amedrontado da jovem, contudo, no momento seguinte a enlaçou pela cintura e colou-a a seu corpo com força. Ela podia sentir a respiração cálida dele sobre sua face, e devia confessar que aquilo fazia seu sangue parar, seu ar faltar, como se esperasse o próximo momento, ansiosa pelo resultado- Mas vai ser o seu pescoço, quando eu terminar o trabalho.
Malfoy baixou os lábios passeando pela pele alva do rosto da jovem até chegar ao pescoço, deixando um rastro da doce carícia marcando-a para que ela tivesse lembranças nas noites frias. Ao acariciá-la na sensibilidade da região do pescoço, primeiro tocou de leve, apenas para senti-la estremecer em seus braços e prová-la que até mesmo ela possuía necessidades carnais. Lentamente passeou a língua por ali, como se testasse as resistências dela, querendo saber o quão longe ela podia ir.
Gina por mais que gostasse daquilo, por mais que estremecesse aos toques dele e tivesse seus pensamentos afastados como uma folha levada pelo Zéfiro, sabia que aquilo não era porque ele a amava e sim mais um dos testes que Carmem mencionara anteriormente, Malfoy apenas queria subjugar seu orgulho, para depois humilhá-la por ser tão frágil. Por isso, Gina tomou uma decisão...
Apesar de não estar conseguindo raciocinar direito devido a algo monstruoso que a fazia hesitar, ela apenas fechou os olhos, um tanto nervosa pela atitude que tomaria, no entanto, ria-se por dentro sob a perspectiva de ver Malfoy daquele jeito.
Malfoy começou a descer levemente os beijos até os decote do biquíni querendo afastá-lo, num ápice de desejo, ou loucura. Gina embaraçada, apenas levantou o joelho e...
-AI!!! –Malfoy gritou soltando instantaneamente a ruiva que correu e começou a rir da cara de quem sofria ao extremo dele, enquanto levava as mãos até “os países baixos” - Sua vagabunda!
-Você tinha razão Malfoy, algo realmente vai ficar roxo aí! –Ela disse pegando a cesta com demasiada rapidez e imprimindo força as suas pernas para que elas se apressassem ao máximo que podiam, quanto mais longe de um Malfoy ferido, tanto no orgulho quanto fisicamente, mais segura estaria- Jamais mexa com uma Weasley, ainda mais quando em trajes de banho!
Era a pura verdade. Gina considerava uma falta de pudor andar por aí com roupas minúsculas. Costumavam dizer que quem o fazia era por que não tinha um corpo bonito para se mostrar, não que fosse o caso dela. Ela achava errado justamente por isso. Mostrar suas curvas seria apenas uma forma de mostrar a “casca” para fazer homens interessarem-se por ela apenas devido ao que ela podia oferecer e não pelo que ela tinha dentro de si. Como se apenas se interessasse pela embalagem, esquecendo-se assim do conteúdo que vinha com o pacote.
Talvez se a imagem parasse de ser vendida, outras mulheres parassem de gastar tanto dinheiro com seu próprio corpo e passassem a se preocupar com a própria mente ao invés de apenas parecerem à idealização da mulher perfeita da Alta Sociedade ao qual os homens adoram exibir. Talvez fossem mais respeitadas e ganhassem mais espaço no meio considerado tipicamente masculino. Exatamente como ela fizera.
Tudo não passava de um estereótipo machista para manter os homens sob poder do conhecimento, enquanto criam mais coisas fúteis para entreter mulheres ainda mais fúteis, enquanto assumem o poder do mundo, explodindo-o como quiserem, enquanto as mulheres estarão felizes em seus lares pensando que possuem a vida mais perfeita do mundo e que a sua existência é como o feudalismo, os lacaios e camponeses em seu pouco conhecimento e estrutura, servindo cegamente seus senhores considerados nobres.
E é por isso que ela lutava contra toda a forma de machismo! Toda a tentativa de domínio a ela advinda pela parcela masculina. E Malfoy era justamente o que odiava! Ele era um desses machistas que se achava auto-suficiente, capaz de dominar as mulheres com a força da inteligência por estar convencido de que possui tal imenso poder...
Mas no fim, ambos sabiam que ele não passava de um garoto mimado que agora tinha que engolir o maldito orgulho e ser cuidado por uma mulher!
Andou pela areia ainda rindo do ocorrido, tentando recordar-se da expressão de Malfoy, que como tudo, quanto mais se pensa, mais se tem à impressão de que a imagem lhe foge. Caindo no esquecimento vagarosamente.
Fora um perfeito início de tarde. Talvez até mais que isso, pois a sensação de leveza que ela sentia, era exatamente impagável! Contrapunha com exatidão a irritação durante a parte da manhã. Não se sentia assim desde o dia em que fora a boate. E quem sabe tirando mais um sono agora à tarde ainda não se sentisse mais disposta pra cumprir suas obrigações?
Tocou de leve o cordão de prata que ganhara de sua mãe, quando se formara. O pingente era em forma de um tubo de ensaio, atrás estava gravado seu primeiro nome. Toque frio do metal sob a pele em chamas devido ao contato íntimo que tivera com Malfoy, fez com que a calma voltasse lentamente até seu ser. De forma que pudesse apaziguar novamente os malditos hormônios em ebulição, a impressão execrada de que os dedos e a língua dele ainda percorriam sua pele.
XXX
Malfoy apenas era capaz de sentir a dor extrema, no “seu motivo de orgulho”. Enquanto algumas lágrimas de dor lhe escapavam pelo rosto, embaçando-lhe a vista, ele a via partir com o maldito ar triunfal, de alguém que acaba de vencer uma batalha considerada impossível. E mesmo sob protestos de seu consciente, ele tinha que admitir: ela o fizera!
A Weasley se saíra muito bem do teste que ele impusera a ela.
O beijo que ele trocara com ela na areia, mesmo que lhe doesse admitir, não fora intencional. Ele simplesmente não se sentia apto a explicar o que ocorrera consigo, porque era incapaz de lembrar-se exatamente onde perdera a consciência de seus atos. Lembrava-se apenas de tê-la visto sorrir, o som da risada dela soando-lhe aos ouvidos como a carícia mais cálida e sensual que já tivera a oportunidade de sentir, sem nem ao menos ser tocado diretamente. Sabia que ficara alguns segundos apenas admirando-a no singelo ato de rir, como se aquilo não fosse algo que qualquer ser humano fizesse freqüentemente. Talvez o fizesse, mas não com a mesma graça dela.
Lembrou-se também de ter concentrado sua atenção na respiração dela, um tanto quanto mais acelerada, devido ao riso, vindo exatamente contra o peito dele, fazendo a pele de seus corpos queimarem, como uma fogueira em pleno vigor. Depois disso, não se lembrava do que fizera, mesmo porquê tinha a nítida impressão de que as sensações dos beijos dela, ainda tão presentes, o impossibilitaria analisar suas ações tão impulsivas naquele dado momento. Algo totalmente novo para ele, já que ele tinha o hábito de ter seus passos milimetricamente calculados, antes de dá-los justamente para evitar que esse tipo de coisa o acometesse!
Draco não devia ter se deixado guiar por um impulso idiota. E menos ainda ficar lembrando-se da situação! Não quando tal impulso dera resultado na possível impossibilidade de Draco gerar herdeiros! Maldita Weasley! Queria sinceramente que tivesse feito aquilo apenas no intuito de irritá-la, de vê-la submissa, caída aos pés dele, como tentara da segunda vez, no entanto, Weasley parecia ser bem mais esperta do que ele imaginara, percebendo suas intenções e dando um jeito de desvencilhar-se. Weasley era perigosa! Uma mulher de rosto angelical, contrapondo com a inteligência acurada e facilidade e rapidez gritante na réplica de ações ou palavras. Weasley, naquele dia conquistara seu respeito! Algo que poucos tinham a honra de receber. Não caíra em seu jogo, soubera relutar fortemente contra seus ataques além de vencê-los duas vezes, naquele mesmo dia. Não era uma façanha que muitos conseguissem. Weasley devia se preparar pra guerra, porque no momento em que ela o acertara bem em sua “virilidade” fora declarada Guerra entre eles. Virginia Weasley devia se preparar, pois não mediria mínimo esforço para denegri-la, tal como ela fizera ao chutar-lhe!
Algo que também o irritara, além da falta de autocontrole, fora o fato de que ela ainda blefara sobre Vivian! Duvidava que ela realmente soubesse de algo. Talvez fosse apenas a maldita imaginação dela que fora além e inventara coisas ridículas sobre Vivian apenas para amedrontá-lo ou pegá-lo desprevenido. Sabia que a Weasley faria qualquer coisa para deixá-lo irritado, principalmente depois de um beijo que NUNCA deveria ter ocorrido entre os dois.
Por isso, sua decisão de desposar Vivian tomou ainda mais vigor dentro da cabeça de Malfoy. Ele iria casar-se com ela e esfregar na cara de Virginia Weasley a verdadeira Vivian Winter! Gina Weasley iria sentir-se minimamente baqueada ao ver que a mentirinha que contara para amedrontá-lo, ou seja lá qual fora o intuito dela, dera errado. A cientista pecara feio ao declarar aquilo, e agora, pagaria caro! Muito caro!
Draco mal podia esperar para que a noite caísse e finalmente pudesse encontrar Vivian. Linda, apenas o esperando para lhe dizer o famoso: “Sim!”.
XXX
***Gina Sonhando***
Gina estava no laboratório, mais uma vez entretida em seus estudos e anotações, um pequeno tubo de ensaio estava sendo aquecido por fogo brando em sua frente, enquanto outro estava em sua mão.
De súbito, Gina sentiu uma dor forte e arrebatadora, numa estranha sensação de algo dentro dela se rompendo. Foi intenso o suficiente para fazer com que Gina se segurasse firmemente à bancada e imperceptivelmente pressionasse o tubo de ensaio, fazendo com que partisse em sua mão.
No minuto seguinte, sentiu que algo lhe molhava as pernas, mas ela tinha certeza de que não fora o conteúdo do tudo de ensaio. O líquido que escorria pelas pernas era morno e ralo, diferente do conteúdo do frasco, que também era morno, só que com uma consistência similar a uma batida de abacates, no entanto este tinha uma cor bruxuleante azul celeste, brilhante como um diamante.
Olhou para suas próprias mãos, manchadas pelo líquido azul, misturado ao escarlate de seu sangue. O líquido quase lhe embaçava as vistas devido ao brilho emanado, apenas não o fazia por estar misturado ao sangue, que começava a escorrer e gotejar com leveza no chão.
Gina olhou sua mão, com alguns cacos entranhados em meio a sua pele, e com a outra trêmula pela dor aguda tanto devido à primeira súbita dor que ela ainda não identificara do que se trata, quanto a do corte, que parecia ínfima, comparada a primeira. Posicionou a mão direita no primeiro caco que percebera e fechou os olhos fortemente, puxando-o com toda a força que pudesse, pouco se importando que com essa ação o sangue fluía com mais facilidade, escorrendo pela palma e também indo manchar o chão branco do laboratório.
Abriu os olhos embaçados, devido à aparição de novas lágrimas que se formaram com essa atitude, já que no momento em que retirou o caco, sentiu o pedaço de vidro abrindo uma ferida maior em sua mão, entretanto não emitiu nada mais que um pequeno gemido de dor, sentindo que até mesmo este soara muito baixo ou fraco. O que estava acontecendo consigo? Por quê não estava usando as luvas de borracha que sempre usava? Talvez o estrago não fosse tanto...
Encostou-se na bancada, apenas sabia que as lágrimas que se formavam em seus olhos, não eram simplesmente pela dor que sentira...
-Três meses de trabalho jogado fora! –Ela sussurrou olhando fixamente a própria mão- Esta solução vinha mostrando-se eficaz... Tenho certeza de que com um pouco mais de estudo ficaria perfeita. Mas acabei de destruir a única amostra que sobrara!
Gina não entendeu muito bem as palavras, apenas era capaz de sentir uma grande tristeza no coração. Obviamente aquela fórmula que estivera nas mãos, era importante de alguma forma. Sentiu um vazio muito grande dentro de si, as lágrimas agora escorrendo finalmente de seus olhos com espantosa rapidez. Ela sequer precisara piscar pra lhe clarear as vista, pois essas pareciam ter vontade própria e queriam neste momento, desabafar a enorme dor e decepção que confundia a cabeça da jovem.
-Céus! Ele não tem mais três meses! –Gina gritou para o laboratório vazio, tentando culpar as paredes ou qualquer objeto inanimado por seu próprio deslize, ou ao menos se irritar com alguém já que o ser humano possuía uma capacidade um tanto egoísta de se firmar em algo ou ter a consciência mais limpa colocando a culpa em alguém, no entanto, sabia que a culpa era somente sua. As lágrimas tenras escorriam pela face com velocidade estrondosa, enquanto ela se deixava deslizar pela parede da bancada, bem devagar devido a uma impossibilidade...
Finalmente olhou para si e percebeu qual era a impossibilidade: Ela estava grávida e quase na época de conceber, pelo tamanho de sua barriga e dilatação.
Com a mão direita retirou um outro caco e depois a pousou sobre seu ventre, com seu coração batendo descompassadamente, os olhos fechados firmemente devido ao medo. Mas o que ela temia?
Conhecia aquela sensação... Sabia o motivo de estar encolhida ali, esperando... Esperando que alguém descobrisse o que ocorrera, e ao mesmo tempo com medo de ser descoberta. Era a mesma sensação que sentia quando era pequena e aprontava alguma coisa. Escondia-se dos pais por ter medo das conseqüências que aquilo acarretaria. Desde cedo, sempre se preocupara com a implicação que suas falhas traria, tanto para ela, quanto para os irmãos, que certamente seriam acusados injustamente... Como quando se escondera no celeiro, morrendo de medo de que algo de ruim lhe acontecesse, contudo, querendo saber logo qual seria sua punição, com medo de ter de fugir eternamente, convivendo com a culpa.
A ruiva abriu os olhos e ia levar as costas da mão esquerda até a face no intuito de secar as lágrimas, quando percebera algo diferente... Algo que realmente lhe chamou a atenção.
Sua mão emanava uma luz azul-celeste, enquanto com rapidez estrondosa, o sangue de sua mão secava e no segundo seguinte cicatrizava, deixando em segundos, sua mão como antes de cortá-la, mas sem o elixir... Sem o elemento no qual trabalhara tanto pra conseguir.
Gina olhou espantada para a própria mão e não pôde deixar de sorrir!
-Então... Tudo o que faltava na minha fórmula eram... –Gina continuava incrédula, tocando com cautela a sua palma, sem sequer sinal de seqüelas, ainda espantada pela reação química- lágrimas! Todo esse tempo, e tudo o que precisava era... chorar dentro da substância que consegui?
Ela continuou sentada ali, sem saber exatamente como se sentia. Estava feliz por ter achado a cura para o que queria, mas triste por saber que novos testes só poderiam preceder daqui a três meses. Meses esses que poderiam ser decisivos para Malfoy... Não restavam mais de 8 semanas para ele.
Sentiu novamente aquela dor, vindo em ondas fortes, que se mesclavam ainda ao ruído de sua respiração alterada devido ao choro. Foi mais forte dessa vez, era como se estivessem a rasgando no ventre, e a vista se escureceu.
Ela gritou até sentir sua garganta se negar a continuar pouco se importando se sua garganta ficaria doendo, rompendo o silêncio na qual a casa ficara desde cedo. Ela tinha medo do escuro! Ela odiava o escuro! Ela precisava enxergar. Ela precisava recomeçar logo a fórmula! Ela precisava SALVÁ-LO!!!
Apenas sentiu mais lágrimas brotarem e correrem o seu rosto, lamentando-se por sua vista nem meramente ficar nublada.
Com a garganta ardendo e o silêncio modorrento do início de noite, apenas contado com a companhia dos pingos grossos de chuva lá fora, Gina sentiu-se perdida. Como se estivesse no mar revolto, enquanto um ciclone passava bem ao seu lado. Incapaz de saber se devia pular para tentar se salvar ou ser pega mais rapidamente pelo ciclone ou ficar no barco rezando para que o ciclone não a pegasse. Chances iguais, riscos iguais, embora Gina não fosse mulher de esperar.
Não ficaria ali para morrer, simplesmente porque não queria ficar ali! Levantou-se totalmente desnorteada, tentando se lembrar onde fora que se deixara cair. Tinha que alcançar a porta, sem esbarrar em nada! Gritar por ajuda.
Sem esperanças começou a andar, sentindo a dor incomoda, em meio à respiração acelerada. Sabia que continuava a chorar pela forma que sentia os pingos salgados percorrerem sua face. Queria parecer forte ou decidida, sem lágrimas ou piedade de si mesma, contudo não conseguia, admitia-se que estava em uma situação delicada e que não haveria uma santa alma capaz de tirá-la. Não daquela vez. Agora contava apenas consigo e se safaria dessa como boa feminista e ser capaz de se virar.
De súbito sentiu que alguém a segurava pelos braços, os dedos pressionando com leveza a sua pele, mais como uma carícia do que como algo que a pudesse deter. O local onde tocavam-na, de súbito esquentara como se tal toque fosse capaz de lhe passar um conforto terno, acalmar a amálgama que se estabelecera dentro de si... Aquele maldito transtorno, tão inconstante quanto as ondas do mar, que a fazia temer... Temer como alguém que tem consciência de que jamais poderá ver o seu amado novamente.
-Gina. –Ela ouviu a voz rouca e profunda na qual seus ouvidos já estavam acostumados, ao menos àquela altura... Era o seu Carter! Malfoy! Ao invés de se sentir assustada e arredia, ou meramente irritada, quem sabe mais nervosa ainda, sentiu-se de súbito aliviada. Como se alguém tivesse apagado o fogo do medo e confusão que brilhava no auge em seu âmago com as águas mais límpidas e plácidas que das cabeceiras das fontes- o que houve?
-Draco... –Ela falou num fio desesperado de voz, tão tênue, quanto o brilho da luz do dia lá fora- Eu não vejo nada!
-Acalme-se, querida! –Ela pôde notar um tom de preocupação bem expresso no tom de voz dele, algo que provavelmente jamais ouviria, e que talvez não estivesse realmente ouvindo, já que um devaneio não lhe seria algo estranho naquele momento de total vulnerabilidade. Tanto quanto jamais se sentira antes, era tão diferente quanto saltar de pára-quedas. Ele a abraçou. –O que aconteceu?
-Acabou, Draco! –ela disse soluçando, tateando o rosto dele desesperadamente, queria ver-lhe o rosto, sentir-lhe como ele a sentia através da expressão- Eu perdi o último frasco da fórmula. Eu tinha conseguido Draco! Eu sei como salvá-lo, só que não há mais tempo! Acabou Draco! Deixe-me aqui! Deixe-me sozinha! Eu não quero te ver partir. Eu quero ir primeiro! Largue-me aqui e aproveite enquanto ainda pode! Eu quero que tudo acabe aqui.
-Não, Gina! Ainda temos tempo! Venceremos juntos e viveremos o suficiente para ver nossos bisnetos crescerem. –Draco disse em um sussurro tão leve quanto uma brisa oceânica. Ela se sentiu envolvida pelos braços fortes dele, seu corpo vibrava ao som da batida do coração dele contra o seu. Ambos acelerados. Ele pelo susto, ela pelo medo. Uma única batida, no entanto. Um só compasso, um só ritmo. Mostravam nitidamente que jamais se abandonariam, pois corações que batem tão vigorosos e juntos são apenas aqueles das quais as almas entrelaçadas jamais conseguiram se desunir...
Tão forte e tão rápido... Como a batida de uma bateria... “TUM, TUM, TUM...”
XXX
Tum, Tum, Tum!
Gina acordou assustada com as batidas vigorosas em sua porta. Que sonho besta! Vê? Ela e Malfoy? Juntos? Não nessa vida! E provavelmente, a menos que Hitler volte, nem nas próximas! Aquele beijo na praia parece ter sacudido seus miolos! Como se aquilo tivesse significado alguma coisa... Um beijo jamais mudaria o fato de que ELE era um Malfoy, um insensível nojento, egoísta até o último fio de seus cabelos, sardônico a um nível quase insuportável. Talvez não! Decididamente insuportável!
Isso gerou uma nova questão. Se ela o achava tudo isso e mais um pouco, caprichando nas palavras de baixo-calão, por que se deixara beijar por Malfoy na praia? Apesar de negar pra si mesma com veemência que o fizera, havia na sua consciência uma voz bem baixinha que seu orgulho jamais deixara que ela ouvisse, mas que pela primeira vez ganhava uma voz ativa, interrompendo o curso natural de seu amor próprio, de seu ódio quase palpável por aquele ser e levando-a lentamente a um caminho racional, despida de seu próprio sangue Weasley. Será que ela o fizera por que pensara ser Carter? Ela podia seguramente culpar seu subconsciente enganado, que apesar de relutar a um mês contra a imagem ou a associação de Malfoy com Carter, ela não podia deixar de esquecer que o mês que prosseguiu àquele na boate, passava as noites agarrada ao seu travesseiro, esperando que de súbito ele tomasse a forma do belo loiro!
Não foi difícil chegar e odiar Malfoy. Essa sempre seria uma tarefa fácil para um Weasley, ou melhor, para qualquer pessoa que ama a boa educação. Contudo, há uma diferença entre odiar o homem com quem antipatiza desde menina, e odiar o ser com que você dormiu! O detalhe é: ela dormiu com o ser que mais odiava e conseqüentemente tinha que abominá-lo, pois eram a mesma pessoa. É como estar em um abismo, onde ela esteja andando em uma ponte estreita e velha, que está prestes a arrebentar. De um lado do abismo, há um paraíso, de onde saíra e sabia já não poder voltar, pois os primeiros degraus rudimentares de madeira estavam quebrados e podres. Do outro, tudo o que pode ver eram trevas, arvores secas e sem vida, pessoas morrendo por necessidades insatisfeitas. Contudo, ela não consegue se decidir se é melhor ficar e esperar a ponte ceder ao seu peso, ou correr pra junto de seu maior pesadelo.
Cercada. Confusa. E isto tudo por culpa dele! Maldito! Como ele pôde fazer algo como isso? Deixá-la entre a cruz e a espada?
Não importava agora! Realmente não fazia diferença alguma! Era tarde agora, mas e daí? Se acontecera uma vez, tudo o que ela tinha que fazer agora era continuar fingindo que nada acontecera. Que não se importou com aquilo que ocorrera. E daqui pra frente era mais que necessário que ela mantivesse uma distância segura. Se possível o evitar ainda mais que antes.
TUM! TUM! TUM!
Batidas mais vigorosas e urgentes. Ela devaneara e esquecera completamente do que ou quem a acordara. Sem mais delongas ela olhou para a porta e soltou o travesseiro que estivera abraçando. Não estava irritada por acordarem-na e mesmo que estivesse jamais seria tanto quanto se sentia consigo mesma. Queria simplesmente poder fechar seus olhos e não mais sentir os lábios macios dele junto aos seus, queria meramente ter alguma capacidade para encarar ambiguamente a forma como ele a tocara.
Imaginando que com um gesto pudesse livrar-se da lembrança dele, fechou os olhos fortemente e passou as das mãos rudemente pelos próprios lábios esperançosa de que a sensação da pele queimando de Malfoy sobre si desaparecesse. Pensou ser uma atitude inegavelmente infantil, mas o que poderia fazer? Não diria que se sentia suja ou contaminada, embora assim o pensasse, talvez afirmasse que fosse fraca. Sim! Era essa a palavra! Fraca! Cedeu seu corpo e espírito a Malfoy por um pequeno momento e não se sentia satisfeita por isso, fora tão fraca quanto fora ao ceder aos caprichos de Riddle há vários anos atrás. Manipulada por uma conspiração da natureza, que cooperou com todas as peças para que fosse perfeito o momento. Um encontro inesperado, uma discussão, um acidente e um beijo. Coisas que só acontecem em livros, que no entanto, jamais a pareceu tão real como agora, jamais imaginara que clichês baratos um dia fariam parte de um contexto tão singular em sua vida. Afinal, não é todo mundo por aí que beija o inimigo por acaso.
Abriu a porta sem mais delongas, deixando o caminho livre para que o ser que estivera a chamá-la entrasse. E deparou-se com um Tobby realmente preocupado entrando no aposento. Seus grandes olhos verdes, tal como os de Dobby transmitiam extrema angústia.
-Devo dizer, senhora, que lamento o incômodo! –O elfo desculpou-se antes de qualquer coisa, hábito com o qual ela já se acostumara.
-Não há problemas, Tobby. –Gina respondeu fazendo um gesto pra que ele entrasse- Novidades? Reações?
-Infelizmente sim, minha senhora. –Tobby respondeu levemente temeroso, parecia triste por tal resultado.
-E qual foi a reação? Queda de pêlos? O sangue com alguma espécie de alteração além das esperadas? –Gina perguntou pegando um jaleco branco limpo que devia ter sido colocado cuidadosamente dobrado na cabeceira da cama por Carmem.
-Como a senhora previu, o uso das propriedades medicinais da planta causaria certa dependência, como com qualquer outra substância. –Ele disse enquanto observava-a vestir o jaleco por cima de uma blusa larga de crochê verde-clara da qual ela lembrava, por ainda conter o cheiro de lavanda característico das mãos de sua mãe. Ela o enfeitiçara para que jamais perdesse esse cheiro que lembrava tanto a mãe.
-Então temos reações mais sérias, estou certa. –Gina disse caminhando apressadamente até a porta- Eles devem estar se matando! Não é algo muito agradável de se ver.
-Basicamente. –O Elfo respondeu enquanto acompanhava os passos largos da moça- Sem o controle do estimulante ao aumento dos anticorpos dos ratos, a doença parece ter aumentado sua força, tentando recuperar a população perdida. População é o termo certo, não é?
-Sim, biologicamente falando é o termo perfeito. –Gina teria sorrido para o elfo, que parece estar se aplicando nos estudos, contudo sua preocupação parecia ter redobrado. Era alarmante esta nova descoberta sobre a doença de Malfoy! Parecia haver um número padrão ou considerado ideal para o agente biológico, ou seja, o vírus que provocava tal doença, não deixando que fosse conseguido um retardamento de seus efeitos. Ela havia conseguido um certo anacronismo com a flor, no entanto, parecia que a substância devia ser tomada com certa periodicidade, tornando a vítima escrava de tal medicação. E se uma vez provada a “cura” e depois abandonada havia uma reação gigantesca do vírus reproduzindo-se de tal maneira que chegava a sobrepor sua média ideal. É como se algo fosse ativado no interior do vírus e trabalhassem sem parar de produzir mais e mais. O que conseqüentemente tornaria o processo que levaria a morte do organismo hospedeiro, as cobaias, rápida. Claro que essa era apenas uma teoria. Ela teria de fazer testes para confirmar tal tese. Teria de recolher uma quantidade de sangue de um rato saudável e inserir nele um pouco dos vírus que sobreviveram à primeira leva do remédio.
-Acho que devíamos abandonar a flor, minha senhora. –O Elfo permitiu-se opinar.
-Eu discordo, Tobby. –Gina disse distraidamente, ainda imersa em teorias, enquanto empurrava a porta do laboratório que fora encostada- Essa flor, de alguma forma, foi capaz de reduzir o número de vírus presente. Talvez estejamos usando-a com os ingredientes errados. Devemos descobrir qual é a propriedade que está sendo usada erroneamente e achar qual é a parte do vírus afetada por ela. A paciência é um dos principais requisitos para um cientista. Apenas falhamos uma vez. É preciso sacudir a poeira e continuar com o serviço.
-Entendo. –Tobby apenas respondeu, passando a moça a máscara branca de proteção- Foi realmente uma sorte o suprimento de flores ter acabado. Lembro-me de tê-la ouvido dizer que começaria a aplicar o antídoto no mestre assim que conseguisse mais dessas flores.
-Realmente. Malfoy poderia sofrer os efeitos que teria ao longo de um ano em um dia. –Gina disse calmamente, tentando ignorar a voz que dizia que pagaria pra ver Malfoy sucumbindo. “Ora! O que é isso, Gina? Você é uma profissional! Não pode sucumbir a tentação dessa forma! Por mais que Malfoy seja estúpido, se você conseguir a cura, pode salvar muitos outros e não só esse grande imbecil!”
Gina levou pouco mais de duas horas para fazer o que programara. Constatara que os ratos tinham morrido realmente graças ao número enorme de organismo estranhos no corpo. Todos que morreram não tinham sequer vestígios do tecido de seus órgãos vitais. Deve ter sido algo extremamente doloroso. Em apenas um dia, os pobres ratinhos foram esfacelados, até restar muito pouco de ou nada de seus órgãos. Era como se fosse uma arvore que fora corroída por cupins. Por fora, a cortiça, uma fina capa de madeira, por dentro, completamente oca.
-Senhora. –O elfo chamou-a enquanto fazia suas últimas anotações sobre o dia e suas reações em uma agenda- Já são quase 7 e meia da noite.
-Céus! As plantas! –Gina disse ao absorver as palavras, um tanto alarmada.- Vou tomar um banho e pegar tudo o que precisarei para a extração das plantas. Você poderia listar o que se exige para que a colheita delas sejam perfeitas? Lembro-me de ter me deparado com algumas requisições peculiares.
-Sim! –Eu elfo disse num sorriso. Sentia-se feliz em ser útil- Farei agora mesmo!
-Se houver algo que necessite de atenção imediata, não hesite em me procurar. –Gina avisou tirando o jaleco e saindo do laboratório, estava consternada.
Não podia negar que achava os resultados dos exames desanimadores. Não podia negar que estava se saindo muito mal com toda essa pressão contra ela. Ela conseguia detectar o maldito vírus, mas porque o organismo não conseguia fagocitar (engolir) o vírus? Seriam como a Aids e atacariam os Linfócitos T4 (célula de defesa que comanda os anticorpos, enviando mensagens para que os outros “subordinados” fagocitem o organismo estranho no corpo)? Teriam como a Aids a enzima (proteínas catalisadoras) transcriptase reversa (transforma o vírus de RNA para DNA)? Talvez ela se camuflasse dessa forma das células de defesa. Ela já descobrira a cura para a Aids. Talvez devesse fazer todos os teste nesse vírus para que descobrisse o que diabos era aquilo. Não parecia nada que ela já tivesse visto antes.
Não podia negar que isso a preocupava. Jamais até momentos anteriores duvidara que não conseguiria salvar Malfoy, entretanto, agora mais que nunca, duvidava até mesmo de que conseguisse algum progresso. Não quis falar isso ao pobre Tobby, pois ele se sentiria bastante triste e ela não queria isso. Entretanto, Gina não via muita saída para a situação de Malfoy. Apenas rezava para que o vírus tivesse realmente algo em comum com outros vírus, de forma que ela não ficasse tão perdida e soubesse o que realmente fazer.
Não sabia por que, entretanto sentia algo dentro de si sacudindo-se firmemente contra tudo isso. Algo que doía e queria chorar por saber que pouco podia ser feito a não ser presenciar um ser vivo definhar ao longo de um ano.
Gina já estava na segurança de seu quarto e agora tirava sua roupa com uma certa raiva muito mal-contida. Queria rasgá-la, liquidá-la, imaginando que talvez assim ela pudesse espantar todos os problemas. Como se quisesse triturá-los um a um. Não conseguia pensar em nada a não ser que deveria conversar com Malfoy urgentemente sobre sua situação, pois ela sinceramente não sabia o que fazer. Nem mesmo os anos longos trabalhando em uma grande empresa nas situações mais adversas lhe davam a resposta agora.
Seria uma conversa difícil, ela tinha vaga noção disso. Sentia frêmitos intensos apenas com a menção de tal conversa. Como poderia vir andando calmamente e simplesmente anunciar, com a maior tranqüilidade que ele iria morrer? Por mais que ele fosse Malfoy, ela tinha certeza que ele ainda tinha amor ao menos para com a própria vida. Ela não poderia simplesmente chegar e dizer: Boa-noite, Malfoy! É, acho que esse é o último boa-noite que você vai ouvir de mim, porque eu estou indo embora. Eu não posso fazer nada! Você vai morrer mesmo e eu não posso fazer nada a não ser rezar pra sua alma!
Credo! Que coisa horrível! Sentia asco dos próprios pensamentos! Era insensível demais! O homem ia morrer e ela ia apenas se mostrar uma covarde, indo embora quando ele mais precisa. E daí que ele é um Malfoy? Ele é tão frágil quanto qualquer um e certamente vai morrer e se transformar em adubo pra terra se ela continuar com pensamentos como esse! Por Deus! Ela era a responsável pela saúde dele e não podia ficar pensando coisas assim sobre seu paciente se queria realmente salvá-lo.
Gina olhou-se no espelho do banheiro. Depois de um mês, finalmente estava fitando a sua própria imagem. Algo estava diferente nela. Fitou os próprios olhos castanhos levemente esverdeados. Pareciam ser os mesmos que fitava no espelho do banheiro de seu chalé, com a diferença de que não brilhavam tão vivazes como antes. Mais pareciam duas orbes escurecidas e maculadas pela dor e desesperança. Ela não gostava muito disso.
Observou-se por mais um momento e percebeu que sua pele parecia estar mais acetinada que o normal. Estranho... Ultimamente ela não estivera se cuidando como devia, no entanto, parecia melhor do que se estivesse se esforçado para que a pele assim ficasse. Apesar do ar abatido devido suas crises de tonturas e vômitos, a palidez constante e as dores ocasionais nos seios, ela parecia ainda mais bonita.
Gina riu admirada. Quem diria que a tímida Weasley, apesar de muito desejada pelo sexo oposto, estaria finalmente a se achar bonita? Como a vida é irônica!
XXX
Gina estava enrolando seus cabelos na toalha, quando ouviu batidas na porta de seu quarto. Amarrou o roupão firmemente e foi até lá, levemente sobressaltada. Tinha certeza de que Tobby havia achado alguma especificação maluca.
-Sim, Tobby? –Gina começou a falar enquanto abria a porta.
-Weasley, você tem problemas de visão? –Gina ouviu a voz grave, profunda e zombeteira da pessoa que menos queria ver em sua frente no momento- Não sabe sequer identificar a diferença entre uma obra prima da natureza, um presente dos deuses a humanidade como eu e um simples ser decadente que apenas serve a bruxos como escravos?
-Sinto muito, mas não vejo muita diferença entre você e um elfo doméstico. –Gina obtemperou a autoconfiança maldita de Malfoy. Achava que ele merecia uma resposta à altura. Parecia ter esquecido completamente sua determinação em fazer algo por ele- Ah, sim! Há uma! Os elfos doméstico são mais gentis e servis que você. Também tem um ego bem menor. Temo ter que pedir desculpas a Tobby depois por ofender a sua raça ao comparar com você.
-Não será preciso. –Malfoy sorriu levemente, tentando disfarçar o quanto ela o irritara com esse comentário- Como vocês Weasley são parentes bem próximos dos elfos, por sua subserviência e adoração aos trouxas, não haveria motivos para pedir desculpas a sua própria raça.
-É verdade. –Gina redargüiu com a voz levemente trêmula devido à ira mal-contida- Por que eu pediria perdão a qualquer uma raça, quando fica tão claro que você devia pedir perdão a Deus por nascer? Você é até um pecado por ser tão arrogante.
-Weasley, falando em Deus! –Malfoy riu com desdém- Com certeza deve estar se referindo ao Santo Potter.
-Realmente! Ele, se comparado a você é um Deus, Malfoy! –Gina disse dando de ombros, enquanto entrava no jogo dele. Fazia um esforço extremo para não se perder a paciência de vez e acabar por jogar-lhe na cara o que a afligia. Mesmo que usando a notícia para deixá-lo calado, introspectivo ou depressivo- Chega, Malfoy! Não estou com paciência para seus joguinhos verbais. O que você quer comigo? Tenho meu tempo cronometrado essa noite e não posso atrasar nem ao menos um minuto.
-Hum... –Malfoy voltou ao tom de escárnio- Weasley, com pouco tempo? Achou um babaca pra sair com você essa noite?
-E se tivesse achado? –Gina questionou-o desafiadora- Isso não seria de sua conta de qualquer forma.
-Ok, Weasley. –Malfoy disse levantando as mãos como se tivesse sido rendido- Não precisa ficar histérica. Eu sei que causo esse efeito nas mulheres, mas vê se pelo menos disfarça. Não vai pegar bem pra minha reputação uma pobretona no meu pé.
-Ai! –Weasley disse perdendo por completo sua paciência- Você quer saber aonde vou com tanta pressa? Eu te respondo! Eu vou procurar os ingredientes específicos para fazer o seu remédio! Uma vez a cada lua cheia! Por isso pare de me irritar! E deixe-me expressar meu repúdio por suas palavras! Só porque uma garota solteira está com pressa, não significa que ela realmente vá sair com alguém. Essa é uma concepção um tanto machista, quanto a mulher ser uma espécie de objeto que precise passar pelas mãos de homens todos fins de semana.
-Não se esqueça que sou um homem, Weasley. –Draco disse dando de ombros, parecendo sequer ter sido afetado pelas palavras dela- Se eu não tivesse pensado assim, não seria um homem. E sim, a mulher é uma espécie de objeto. Atualmente há mais mulheres que homens no mundo, o que pré-supõe que a procura por homens seja quase que desesperada por parte das mulheres, o que as torna... Como posso dizer sem ofender? Comercializáveis... Não, não é essa a palavra.
-Malfoy preocupado em não ofender o sexo feminino? –Gina aproximou-se dele e colocou a mão sobre sua testa, contudo arrependeu-se no momento seguinte, pois sentiu sua mão queimar levemente onde suas peles se tocavam- Acho que você vai precisar fazer uma outra bateria de exames! A doença está mais avançada que pensei! E comprometendo seriamente sua sanidade.
-Bem, por mais que eu não considere você comercializável ou pouco interessante para alguém do sexo oposto, ainda é uma mulher. –Draco respondeu simplesmente- Por mais que você pense ao contrário, minha mãe me ensinou a respeitar uma moça! Ou ao menos não expressar minha verdadeira opinião sobre a mulher objeto em frente a uma.
-Você não parece perder seu tempo tentando fazer isso comigo! –Gina respondeu desconfiada- Ou talvez apenas lembrou-se da educação de sua mãe agora.
-Esqueça isso, Weasley. –Malfoy respondeu, aparentemente cansado dessa troca de farpas verbais- Carmem está ocupada no momento e pediu que eu viesse até aqui avisar que a casa estaria vazia por hoje. É o dia de folga dela e Mark foi até a cidade comprar suprimentos. O outro elfo que ajuda Carmem, foi-se com ela, sobrando apenas Tobby. Ela perguntou se deve deixar o jantar pronto para você.
-Você está ajudando Carmem? –Gina riu diante do que ele falava. Ele pareceu levemente irritado e pronto para redargüir, todavia ela foi mais rápida que ele, resolvendo sondá-lo- Bem, se eu ficaria só em casa, significa que você também sairá. Será que sinto o cheiro de uma pobre mulher sendo tratada como um objeto? Quem é a pobre vítima da vez, Malfoy?
-Certamente uma mulher desejável e que ao invés de chutar as partes vitais do parceiro, faz coisas maravilhosas com a boca! –Malfoy respondeu sarcasticamente fazendo-a corar. Obviamente não corara por ter chutado as partes dele, queria mais é que estas se explodissem! Mas sim pelo fato dela se envergonhar por ele ter se lembrado do que ela fizera com ele naquela noite.
-Queria saber como mulheres podem deixarem-se ser debeladas assim por homens como você! – Gina respondeu, resolvendo ser tão cínica quanto ele. Mesmo porque, ela não tinha muitas opões. Caso não fizesse observações desse tipo, ele poderia suspeitar dela- Você finge que é o príncipe encantado que elas sempre esperaram e as leva pra cama. No dia seguinte, elas nem conseguem vê-lo partindo. Não é assim, Malfoy?
-Você soa como uma virgem conservadora! –Ele olhou-a, rindo com desdém- Mas tenho certeza de que você seguiu o código dos heróis e fez alguma caridade para aqueles fracassados!
-Você é digno de pena, Malfoy! –Ela respondeu mal podendo crer em seus próprios ouvidos. Como ele ousava? Cara de pau!- Pare de me fazer perder tempo e vá dizer a Carmem para que não se preocupe comigo, pois estarei de plantão essa noite atrás dos ingredientes.
-Não sou seu garoto de recados! –Malfoy disse levemente contrariado com o tom imperativo dela. Substituindo sua expressão depois para um sorriso malicioso- Se quiser que eu o faça terá de me dar algo em troca.
-Perfeito! –Gina disse severamente- Eu te dou outro daqueles chutes se você não parar de me atrasar!
Com isso Gina fechou a porta na cara de Malfoy.
-Weasley! –Malfoy disse socando o outro lado da madeira maciça- Jamais deixe seu patrão falando com as portas! Ele pode não gostar e dar um chute no seu traseiro! Isso vai ter volta!
-Largue de infantilidades inúteis, Malfoy! –Gina respondeu do outro lado da porta- Vá logo jantar a pobre moça e me deixe trabalhar!
Gina não pode deixar de reparar como ele parecera um pouco mais gentil consigo. Claro que foi só um pouco! Tão pouco quanto o volume de um torrão pequeno de açúcar. Quer dizer, por que tivera o trabalho de vir ele mesmo avisá-la? E por que ele quisera explicar suas concepções sobre as mulheres a ela? A doença devia estar afetando-o com mais vigência quanto supôs.
Novamente bateram em sua porta. Concluiu que dessa vez fosse Tobby. Claro que imaginou que Malfoy não fosse capaz de voltar tão cedo, ele não estava arrumado pro encontro com a pobre coitada...
“Ei! Espere um momento! Eu sou a pobre coitada!” Ela pensou depois de um tempo. Esteve tão perturbada com suas descobertas que se esquecera completamente.
Vestiu-se rapidamente com um vestido simples e sem estampas índigo e abriu a porta apressada, tentando mentalmente repassar o lugar onde pusera o anel que recebera de Malfoy.
-Já está tudo pronto, Tobby? –Gina perguntou ao elfo que trazia um livro e uma folha de papel. Ele confirmou com a cabeça- Espero que não tenha qualquer problema.
-Creio que haja, minha Senhora. –Tobby respondeu temeroso, aproximando-se de sua Senhora para mostrar algo num livro- Essa flores não podem ser retiradas.
-Como? –Gina perguntou parecendo que ainda não digerira tais palavras. Não teria como as flores não serem arrancadas se ela as tocara há algum tempo atrás- Então como foram conseguidas as primeiras?
-Num armazém místico, aqui na ilha do Sr Malfoy. –o elfo respondeu com simplicidade- Contudo, a colheita é feita apenas nos meses ímpares por algum motivo que desconheço. Este é um mês par, então não haverá colheita. Como a quantidade que a Senhora quer não é para suprimir as necessidades de uma ilha inteira, então seria mais fácil que a senhora mesmo o fizesse.
-E como eu poderia se é impossível de se arrancá-las? –Gina perguntou erguendo levemente as sobrancelhas, parecendo bastante contrariada.
-Eu mencionei que não poderia ser arrancadas, -O elfo começou consultando rapidamente o livro- mas a planta deve lhe ceder as flores.
Gina arregalou os olhos, espantada. Com toda a sua experiência, jamais ouvira falar em plantas que “davam” suas flores.
-Então não é tão difícil! –Gina respondeu com um sorriso aliviado- É só chegar até a planta e pedir educadamente.
-O detalhe é: a planta não vai te dar a flor simplesmente porque a Senhora foi bem educada com ela, se é que me entende. –O elfo comentou olhando diretamente para o sorriso de Gina que se apagava lentamente- Ela obviamente quer algo em troca.
-Quem mundo é esse, onde até as plantas aderiram ao sistema capitalista de exigir algo em troca por um favor? –Gina resmungou baixinho, mais como um comentário pessoal. Depois ela levantou a cabeça, ainda contrariada e questionou- E o que seria a oferenda à planta?
-Essa é a parte mais complicada! –O elfo comentou, franzindo levemente o cenho- Há uma lenda que conta a história da planta. Diz-se que a planta era filha da lua com a Terra. Obviamente tornou-se uma bela garota tão segura e protetora quanto a Terra e ao mesmo tempo tão brilhante e tão inatingível quanto a lua.
“No entanto, a garota provocava tamanho furor entre a população masculina, que passava a perseguí-la e incomodá-la durante seus rituais de dança em homenagem a seus pais que ela preferiu simplesmente deixar de existir, para que casamentos parassem de ser rompidos por sua culpa e laços de amor verdadeiros desfeitos pelo brilho que ela emanava. Os pais compadecidos com o dilema da filha, concordaram em transformá-la em uma planta que ficaria em um lugar específico onde a terra e lua antes de passar um tempo sem tocar a terra, se encontrassem para se despedir de sua filha e da Terra antes que desaparecesse e ficasse sem aparecer por alguns dias.”
-É uma bonita história. –Gina comentou um tanto impaciente- Não me admiraria com sua origem grega. Apenas me diga o que tem demais nessa história.
-Essa planta, durante as noites de lua minguante, emana um brilho especial, que exulta ainda mais quando a lua se vai, com a saudade de uma despedida. Deste brilho, nem mesmo os pais da jovem conseguiram livrá-la. É como uma sina que a persegue. Então ela resolveu dividir seu brilho natural em prol das mulheres, ofertando a estas, uma vez a cada dois meses, as flores que desabrochavam todos os meses na exata hora em que a lua toca seu último brilho em suas folhas. Contudo, ela condiciona suas flores as mulheres que ela considera tão digna quanto a si mesma de fazer uma oferenda perfeita aos pais, que com tanto amor ela costumava tributar sua dança, como um presente de despedida.
-Então eu terei que dançar para convencer uma planta de que sou capaz de oferecer essa mesma dança aos pais dela? –Gina perguntou levemente indignada com o absurdo que ouvia. O elfo confirmou, parecendo um pouco temeroso com a reação dela- o que mais ela quer? Que eu leve bombons e coloque em suas raízes?
-Não exatamente... –O elfo respondeu parecendo ainda mais preocupado com a reação de Gina- A planta só entrega as flores àquelas que já dançaram alguma vez e cumpriram com perfeição ao ritual.
Gina deixou-se cair de qualquer jeito no colchão, profundamente abalada com o que ouvira. Não haveria jeito de conseguir a planta. Não haveria mesmo! Nunca estivera em um ritual de dança antes. Nunca mesmo! O que tornava impossível que conseguisse da planta uma única flor.
-Eu nunca participei de um ritual como esse. –Gina começou, externando sua consternação- Não há como conseguir.
-Sim, há. –O elfo respondeu aproximando-se dela- Como as mulheres da aldeia passariam a suas filhas tais conhecimentos se fossem obrigatoriamente alguém que já fez a dança? A planta reconhece a atração exercida por um pedaço fornecido dela mesma e assim sabe quem esteve ali e quem não. Afinal, quem possui um pedaço dela é porque conseguiu que ela cedesse algo de si a eles.
-Quer dizer que eu devo estar usando algo com a essência da planta? –Gina perguntou observando algumas partes do livro onde o elfo marcara de azul- Mas o que?
-Eu sei que é errado, minha Senhora. –O elfo disse ajoelhando-se, parecia estar a implorar seu perdão- Contudo, eu não pude deixar de reparar no brilho que aquele vestido que recebeu possuía e...
Ele parou deixando Gina na expectativa. Ele parecia tomar coragem para admitir o que fizera.
-Eu não vou te castigar, Tobby. –Ela disse com um sorriso encorajador.
-Eu... Eu... Eu peguei um pedacinho dele, agora à tarde e ele é compatível com a flor, sendo o vestido feito com resíduos da planta. –Tobby disse em um tom agudo, levemente envergonhado.
-Está tudo bem! –Gina disse sorrindo a ele, acariciando levemente sua cabeça careca- Você tem a alma perspicaz de um bom pesquisador. Foi bastante observador. Creio que terei de vestir-me para ir atrás dessas flores.
Ele anuiu parecendo levemente desconfiado.
-Quer que eu o busque no laboratório? –Tobby ofereceu-se timidamente.
-Sim, claro! –Gina respondeu levantando-se da cama. Ele fez uma mesura e em um segundo, ela ouviu aquele barulho característico de aparatar.
Gina olhou ao redor do quarto, procurando um chinelinho de dedos que ganhara de Hermione, há alguns anos atrás. Gostava bastante dele por serem bastante confortáveis. Achou-os do lado de suas pantufas peludas e rosas, com a aparência de coelhinhos. Calçou a pequena sandália que era revestida por pequenas flores de miçangas, com solado de madeira, contudo, muito leves, quase imperceptíveis a quem os usava. Tinha a sensação de andar descalça.
Um minuto depois, ouviu o elfo desaparatando. Virou-se para ele, e deparou-se com mais uma grande reverência.
-Aqui está, minha Senhora. –Disse o elfo entregando a caixa a Gina- Tomei a liberdade de trazer também a caixinha da jóia que a Senhora ganhou, se não se importar.
-Obrigada. –Gina respondeu, preferindo talvez não ter ouvido a segunda parte do que ele lhe informara- Deixe tudo em cima da cama.
-Certo. –Disse o elfo, deixando sobre a cama as coisas dela, como a ruiva pedira- Deseja mais alguma coisa, minha Senhora?
-Não, obrigada. –Gina dispensou-o enquanto voltava-se para as coisas deixada sobre a cama, ignorando a deferência do elfo. Gina ainda estava considerando a lenda, quando finalmente lembrou-se de um detalhe- Espere.
O elfo voltou e olhou-a, na expectativa de servi-la de alguma forma.
-Lembro-me que disse que a flor só se entrega nos meses ímpares. –Gina começou lentamente, como se ainda assimilasse a própria pergunta- Como eu as conseguiria se estamos em um mês par?
-Creio que a Senhora terá de convencê-la, com ainda mais afinco do que faria. –O elfo disse sorrindo e indo-se embora no outro instante. Ele parecia gostar de deixar palavras com um certo impacto no ar.
Gina devia admitir que isso funcionara, porque subitamente ela se sentiu mais fraca, mais incapaz. E por mais estranho que pareça, começou a ouvir a música de um filme que assistira com Hermione há muito tempo na casa da diplomata. Não se lembrava exatamente de como era o filme, mas jamais esqueceria a música que tocava sempre que o Tom Cruise estava em perigo. Realmente não tinha como esquecer do nome do homem que tinha o traseiro mais lindo que já contemplara, mesmo sendo nas telas. Correção: O segundo melhor. Embora Malfoy fosse um tanto arrogante, ninguém podia negar que tinha um belo traseiro!
XXX
-Carmem, estou saindo. –Gina avisou ao passar pela cozinha, onde a senhora estava sentada, levemente maquilada e trajando um bonito vestido de crepe.
-Nossa, querida! –Carmem disse arregalando os olhos ao notá-la tão arrumada. Ela não pode deixar de notar o vestido adorável que ela trajava. Tão leve quanto o vento, tão brilhante quanto um dia de sol. Carmem reparou que o vento começou a soprar com mais suavidade na janela, incidindo especialmente nos cabelos ruivos da jovem jogando-os para trás e fazendo com que o vestido colasse com leveza ao corpo dela. Ela se lembrava de ter visto tal efeito, contudo não sabia dizer de onde- Aonde vamos tão bem vestida assim?
-A nenhum lugar interessante. –Gina respondeu um pouco embaraçada, Carmem pôde notar. Parecia mentir e tentar enganar até a si mesma- Vou apenas conseguir mais um ingrediente que falta para meus estudos.
-Sim, sei... –Carmem riu, usando-se de certa ironia para com ela. A vida fizera-a compreender exatamente a expressão de uma criança que mentia para si mesma.
-É sério, Carmem! –Ela respondeu um tanto irritada. Obviamente estava ainda tentando se convencer de uma mentira, Carmem não mais duvidava- Esse parece que o traje que aquela planta exige.
-Ah, sim! –Carmem respondeu, tornando-se um pouco mais séria por um momento. Era impossível não reconhecer a planta da qual ela falava. Suas peculiaridades lhe eram familiares. Essa planta era um perigo!- Você deve estar falando da flor Lunar. Tome cuidado, menina! Se você não agradar a planta, ela solta um veneno fatal, que ao ser inalado, mata instantaneamente.
-Porque Tobby não me disse o mais importante? –Gina respondeu levemente contrafeita.
-Talvez ele não quisesse te assustar. –Carmem falou com tranqüilidade, compreendendo o elfo- Ele confia em sua capacidade e também deseja muito ver seu mestre saudável.
-Entendo! –Gina respondeu com suavidade, foi até Carmem e deu um beijo em sua testa, como faria com a mãe- Agora tenho de ir. Espero que tenha um boa-noite!
-Vá com Deus, querida. –Carmem respondeu de forma serena. Deus sabe como queria que Draco percebesse em Gina exatamente o que ela via. Uma garota pura e determinada, esbanjando sua vivacidade e luz para todos os lados. Ela com toda certeza seria a mulher que tiraria do coração de seu Draco toda a amargura e dor que ainda restavam ali, guardado e escondido, o privando da percepção de todo o amor que o mundo o oferecia. Ela riu, ao lembrar-se de como ele parecia com o próprio avô.
Até mais do que ela poderia crer.
Ele ainda estava lá em cima se arrumando para encontrar a mulher que o fizera suspirar. Carmem não acreditava que ele realmente estivesse amando a moça, entretanto compreendia a necessidade que ele sentia em perpetuar os Malfoy. Ele estava em desespero e parecia não se importar com o seu futuro como esposo, uma vez que, ela tinha certeza que ele assim pensava, Draco tinha conhecimento absoluto de que não viveria.
Carmem lamentou. Como ela queria que Draco se acertasse com Gina, no entanto, isso parecia cada dia mais impossível, depois que começara a observar o quanto os dois se odiavam. Ou até mesmo o número de discussões que tinham. Porque os dois não podiam ver que apesar das diferenças, um era perfeito para o outro? Porque será que essa história de “os opostos se atraem” não podia deixar de ser apenas umas das leis da física?
XXX
Gina olhou mais uma vez no relógio de pulso. Eram 20:42 da noite e tudo o que ela sabia era que estava completamente perdida.
Saíra pontualmente as 20 e 15 e gastara quase trinta minutos no meio da mata fechada, em um percurso simples que já deveria ter mostrado o exato local há 10 minutos. Mas que droga! Como ela pudera errar o caminho, se até agora seguira exatamente a trilha que dava no meio da floresta, como Tobby indicara.
Talvez isso tudo fosse sua própria culpa, pois decididamente não prestava atenção no lugar para onde suas pernas a guiavam. Tudo porque sua mente não conseguia se desviar de uma verdade absoluta que carregava. Ou melhor, em uma distração absoluta, em uma traição irresoluta. Traíra a si própria e sentia-se simplesmente um lixo por isso. Desrespeitara seu próprio orgulho ao tocar naquela caixinha novamente.
Tornara-se um grande pedaço desvalorizado de carne humana quando decidira levar consigo a caixinha bem firme em sua mão esquerda. E pior ainda quando a escondera de Carmem, enganando-a, ou talvez a si mesma.
Porque não admitia abertamente que levava a caixinha consigo pois estava doida pra colocar o anel na hora marcada e ir atrás de Malfoy para saber o que aquilo significava?
-Simplesmente por que eu tenho uma dança sem-graça pra fazer, além de ter que me manter viva pra salvar o focinho dele! –Gina ousou falar um pouco mais alto do que tencionara, o que produzira um eco enorme por toda a escura floresta.
As folhas dos mais variados aspectos das árvores de grande porte, faziam uma enorme sombra sob a trilha, o que dificultava para Gina visão da trilha recoberta por folhas secas e pequenos rastros de uma vegetação rasteira que faziam cócegas em seus pés quando passava. O brilho da lua conseguia apenas ultrapassar pequenos nichos entre as folhas, fazendo uns rastros de linhas tênues de luzes azuladas na poeira levantada por seus passos atrás de si. Era um cenário assustador, contudo que não parecia lhe afetar. Não sentia qualquer medo, provavelmente porque concentrava toda sua alma na repulsa que sentia de si mesma, por trazer a esperança dentro de si de ainda encontrar-se com Draco.
-Que coisa ridícula, Gina! –Ela repreendeu-se- Você está aqui, arriscando-se a morrer envenenada e tudo em que consegue pensar é em Malfoy? Decididamente repudiante.
Seria tão fácil se livrar dessa tentação. Mais facilidade impossível. Era só fechar os olhos e atirar no mato aquilo o que causava tanta contradição.
A ruiva tentou fazê-lo, contudo o movimento irado de sue braço, parou na metade do caminho e depois caiu delicadamente, pendendo de volta em seu lugar. Seus dedos pareciam ter vontade própria, grudando-se firmemente em volta da caixinha. Era como uma mãe protetora que não saía de perto de seus filhotes por nenhum motivo. Como podia sua mente querer algo e o corpo rogar por outra coisa completamente oposta.
Não podia negar que o beijo da manhã a deixara assim. Se não o tivesse provado, sequer estaria tentada a ir até o encontro com Malfoy. Teria atirado o anel no lixo no instante em que o recebera, ainda sentindo-se desvalorizada por ter dormido com um estranho. Só que agora... Agora... Já não sabia mais se queria tanto assim não ter dormido com Malfoy, ou se realmente se negaria a fazê-lo de novo!
-Gina! Ele é um Malfoy! –Ela tornou a advertir-se- Você é uma Weasley. Tudo o que você pode querer com ele é dar outro daqueles chutes nas partes dele, que isso fique bem claro!
Gina vinha tão imersa em seus pensamentos que sequer reparou que a escuridão havia lentamente começado a se dissolver, ao que uma luz era revelada logo a sua frente, primeiro, com seus fiapos ocasionais se tornando mais freqüentes, fazendo um jogo de luzes prateadas, como seria em uma discoteca de filmes preto e branco. No entanto, estes filmes jamais seriam capazes de reproduzir a beleza exata de quando Gina passava por uma dessas nesgas. O vestido tornara-se azul estelar, pois refletia tão intensamente quanto uma estrela no céu, variando suas cores com leveza, conforme cada raio que incidisse. Os cabelos acobreados ganhavam um brilho tão intenso quanto o do fogo crepitante numa noite fria de inverno, aquecendo os amantes que neste confiam suas almas apaixonadas. Num momento como esse, não haveria um homem na face da Terra que olhasse para sua figura e ficasse indiferente. Talvez porque nessa noite, Virginia Weasley, não era apenas a pequena Gina que escolhera tornar-se medibruxa por simplesmente não querer ver pessoas sendo mortas, como escolheram Harry e Rony, e sim a bela mulher que estava ali, decidida a dar a sua vida para salvar a de outra pessoa.
A expressão de insegurança que carregara no semblante nos últimos minutos, sumira por completo. Gina parecia receber uma espécie de conforto da lua, que a fez mudar tão radicalmente. Provavelmente ela era exatamente como o mar, que mudava a intensidade das marés de acordo com o brilho da lua em suas águas.
Jogou os ombros para trás, recobrando uma postura bastante segura, como só fazia quando era desafiada por Malfoy. Sorriu ainda mais confiante, com reflexos lunares incidindo em seus lábios, dando-lhe uma aparência voluptuosa.
E foi nesse exato momento que Gina soube. Ela estava preparada para encarar todo e qualquer ritual. Sendo ele de dança, canto, trompete, flauta ou caixinhas de fósforo. Ela era Virginia Weasley, a mulher que curaria definitivamente Draco Malfoy com as flores que ela mesma conseguiria.
Gina apertou seu passo em direção a luz intensa que vinha em sua frente. Uma clareira, obviamente. Com uma das mãos, interceptou a luz que vinha diretamente aos seus olhos, fazendo com que sua retina não mais capturassem imagens alguma.
Depois de um momento, sentiu que a luz não mais a cegava. Então finalmente abriu seus olhos, piscando algumas vezes, até que a seus olhos voltassem ao normal. Finalmente pode observar o lugar fascinante onde estava.
Ela estava em frente a uma bela cachoeira, era nas margens do pequeno riacho que ficavam as flores. Nunca vira coisa mais linda! As luzes brincavam com a cascata branca formada pela queda d’água, dando um aspecto tão alvo que chegava a penetrar fortemente na visão de quem se demorasse muito em admirá-la. As águas eram tão límpidas que o fundo do riacho era visto com facilidade por ela. Sorriu ao ver um peixinho nadar assustado ao notar que ela tocara a superfície da água. O barulho da queda d’água não o espantava, todavia, ele ainda era capaz de reconhecer a mão humana contra si.
Foi então que Gina virou-se para contemplá-la. Uma árvore de pequeno porte, o tronco parecia exalar um brilho peculiarmente esverdeado, como se a arvore tivesse em sua composição esmeraldas, junto com a madeira. As folhas pareciam tão finas e sensíveis, do tamanho de folha de ipê, que Gina temeu tocá-las e desfazê-las. Embora estivesse fascinada, ela não podia arriscar tocar na árvore e ganhar uma lufada de veneno em troca.
“Uma forasteira!” Uma voz extremamente aguda e calma, surgiu de repente dentro de sua cabeça. Gina não soube dizer exatamente de onde ela vinha, apenas sabia dizer que era uma voz tão doce que ela sabia que jamais poderia ofendê-la com um possível medo irracional que poderia surgir.
-Sim. –Gina respondeu olhando fixamente para as flores nos tons lavanda e rosa da flor. Seu estame era de cor laranja, e dentro dela finas linhas amarelas e marrons que iam até seu interior. Seu formato, lembrava muito o de uma orquídea- Eu venho até aqui lhe pedir humildemente que me ceda algumas de suas flores para que eu possa encontrar uma cura para o mal de meu paciente.
“Eu tenho uma noção disso!” A planta respondeu calmamente em sua cabeça, ainda transmitindo uma paz que ela nunca sentira antes. “Você veio aspirando o meu pólen pelo vento, e sua expiração era trazida de volta para mim pelo mesmo vento, juntamente de suas lembranças, pensamentos... Por que quer salvar a vida dele se você acha que este mal seja irremediável?”
-Eu quero ter a solução para essa doença de forma que consiga erradicar esse mal de todas as outras pessoas que dele sofrem. –Gina respondeu parecendo um tanto surpresa pelo prévio conhecimento que a planta tinha. Era estranho saber que ela estava falando com uma planta. Se contasse isso à comunidade científica, eles ririam de sua cara.
“Não seria por que você ama este homem, jovem?” A planta perguntou diretamente a ela.
-Mas é claro que não! –Gina disse em um tom ofendido- Eu jamais amaria um crápula como ele.
“Não se irrite, menina! Existem coisas das quais nem eu e nem você temos as respostas. Se você o ama ou não, só o tempo o dirá. Entretanto minha jovem, tenho certeza de que essa inimizade de vocês, não teria outro final senão o amor profundo! Vivo há muito tempo e acredite, sei o que falo ao lhe dizer que justamente por serem opostos, vocês se completam.”
-Oh, claro. E de repente as Leis da Física resolveram funcionar para com sentimentos humanos... Não é tão fácil assim. Não é porque antipatizamos com alguém que subitamente iremos amá-lo. Eu sei disso, pois o odiei por todo minha vida e nem mesmo assim o amo. –Gina redargüiu levemente contrariada, na verdade, sentia-se ofendida com tal afirmação. A planta tratava de sentimentos como se fossem pólos de um imã, que tem seus lados opostos e se atraem. Um pensamento um tanto quanto frígido, já que estavam tratando de pessoas, seres viventes e tudo mais. Como uma planta podia ter pensamentos tão antiquados.
“Talvez, menina, seja hora de fazer-te abrir seus olhos e enxergar que há um amor aí, por mais insignificante que seja. Provavelmente você ama a idéia de odiá-lo justamente para manter uma distância entre uma certa noite de inverno e o seu profissionalismo. Você se apaixonou por ele antes mesmo de saber que se tratava de seu inimigo! Qual o seu problema, criança? É tão difícil assim ignorar seu orgulho e perceber o óbvio?”
-Eu não me apaixonei por ele na noite em que nós... bem... você sabe! –Gina obtemperou indignada. Acreditava firmemente que a planta estava a dizer sandices. Coisas ridículas, sem qualquer fundamento. É claro que ela não se apaixonara por Carter! Como podia, se ele era apenas um personagem inventado por Malfoy para seduzir virgens inocentes?- Não se ama uma caricatura! Não se ama um personagem de um livro! Não se ama mentiras! Não se ama pessoas que fingem ser o que não são.
“E quem pode te garantir que Carter fosse verdadeiramente uma caricatura? Ou o príncipe encantado de uma fábula velha e colorida? Por que não acreditar que aquele pudesse ser o lado carinhoso de Malfoy, que vive suprimido pelos sentimentos de mágoa e ódio dentro de seu coração? O fato é que os humanos perdem muito tempo dando ouvidos a sentimentos idiotas como o amor-próprio e o orgulho, perdendo assim chances valiosíssimas de conhecer sentimentos bons e supremos. Você devia apagar tudo o que ocorrera no passado e começar do zero com ele.”
-Existem algumas feridas que jamais poderão se fechar por completo. –Gina respondeu indolente, com um olhar gélido, desprovido de qualquer brilho- E cicatrizes que jamais desaparecerão. Sempre advertindo-nos para que não cometamos semelhante erro ou imprudência.
“Se esta é sua última palavra sobre o assunto, digo-lhe para cuidar bem da ferida que ele abriu em ti. Faça com que a cicatriz te lembre não apenas da queda ou do abalo que você sofreu, mas também da plenitude que você sentiu momentos depois quando conseguiu se reerguer.”
-O que quer dizer com isso? -Gina perguntou levemente confusa. Ela sabia que havia começado a falar em cicatrizes, contudo, não alcançara o significado das palavras da planta- Eu jamais me senti plena ao ter de juntar os pedacinhos de mim mesma após ter sido humilhada por ser pobre.
“As cicatrizes são marcas do aprendizado. Marcas que a vida deixa em você para que não esqueça da lição valiosa que aprendeu. Algumas pessoas possuem mais que outras justamente por não terem aprendido a lição de primeira. É como andar de bicicleta. Na primeira tentativa você cai e se machuca. No entanto, você limpa a areia do joelho e tenta de novo. Você experimenta uma felicidade suprema quando vê que alcançou seu objetivo e encara sua cicatriz como uma tentativa válida que te levou ao sucesso, pois sem ela você não teria aprendido que o que lhe ajudou a conseguir foi a confiança que tem em si.”
-Desculpe-me, mas não sei o que isso pode ter em comum com minha história com Malfoy. –Gina disse levemente envergonhada por admitir que não compreendia.
“Não esperava que entendesse!” A planta riu melodiosamente. “O importante é que trate com carinho o presente que ele te deu e que jamais esqueça que um dia teve a chance de escolha em suas mãos. Sua felicidade só depende de você. Jamais esqueça disso!”
-C-Certo! –Gina respondeu hesitante. Sabia que não compreendia e isso era algo que ela temia. A incompreensão. A ignorância que normalmente gerava conseqüências catastróficas, como gerara consigo e com Malfoy. Ela não deveria ter ignorado a real identidade dele naquele dia. Isso teria lhe feito dormir melhor e deixado sua consciência limpa.
“Agora vamos aos negócios, criança!” A planta disse com espantoso calma. Como se eles sequer tivessem tocado em um assunto que não fosse referente as suas flores. “Sei da sua necessidade pela parte mais nobre de mim e sei também que apenas veio aqui devido as suas boas intenções. Obviamente não posso lhe oferecer de mãos beijadas as minhas maiores riquezas.”
-Isso quer dizer que terei apenas uma única chance para lhe provar que sou digna? –Gina perguntou temerosa. Pela primeira vez desde que chegara, sentia medo por sua vida.
“Eu apenas quero que me prove que há uma força que mora em seu coração que realmente lhe dê o direito a ter minhas flores e expresse-a através de uma dança. A dança que está dentro de você e só se revelará quando sua alma, razão e coração estiverem unidos em uma só missão. Seu tempo se esgotará no momento em que o último raio lunar tocar-me.”
Gina anuiu com um gesto forte de sua cabeça.
-Agradeço por sua bondade. –A ruiva mal terminou de pronunciar tais palavras quando ouviu a planta falar com sua mente novamente.
“Se você ainda pretende manter seu disfarce de Vivian, aconselho que se esconda, pois olhe quem está vindo aí...”
Gina apenas voltou sua cabeça para trás, pelo caminho pelo qual viera, quando viu um homem de pele muito alva caminhando em sua direção. Ele trajava uma calça preta, num tecido semelhante ao linho, se não o fosse, e uma camisa de linha na cor índigo, como um oceano sob a luz das estrelas. Seus cabelos estavam lindos dançando conforme o tempo da música que o tempo assobiava, por mais que estes fossem até seus olhos cinzentos como o céu em um belo dia de chuva, fazendo que ele os semicerrasse para que pudesse avistar o lugar.
A ruiva sentiu suas pernas tremerem, como se, de repente, elas nada fossem além de gravetos numa grande vertente onde ventos fortes incidiam.
Gina quis gritar. O quê??? Como podia? Malfoy estava ali??? Meu Deus! Se ele a visse, descobriria que ela era Vivian Winter! Todo o seu segredo estaria perdido! O que ele estava fazendo ali? Era para ele estar plantado em algum lugar longe dali, esperando pela Vivian! Isso era decididamente alarmante! Será que ele desistira do encontro e resolvera xeretar por ali para vê-la realizar a dança para a planta? O que raio Malfoy estaria a fazer ali? Para quê? Por quê?
Tomou ciência de que seu coração simplesmente acelerara, como se o sangue tivesse pressa em chegar ao seu cérebro com oxigênio o suficiente para que ele desse alguma ordem rápida para que ela se movesse, fizesse alguma coisa, mas que pelo que é mais sagrado, saísse da vista de Malfoy.
A planta riu, enquanto moveu seus galhos vagarosamente para que ela entrasse e pudesse se esconder.
“Virginia Weasley, você não contava com essa, não é mesmo? Notável ironia do destino!”
-O que quer dizer? –Gina sussurrou para a planta.
“Você não consegue ver claramente porque não quer acreditar. Junte um mais um. Não é difícil!” A planta zombou dela, enquanto ela olhava através de frestas Malfoy se aproximar de um ponto próximo a queda d’água e começar a conjurar uma mesinha. “Malfoy está aqui exatamente na hora que marcou com Vivian. Conjurando uma mesa de jantar para dois. Este é o lugar mais belo da ilha.”
Gina balançou veementemente a cabeça em uma negativa. Seus olhos viam, seus ouvidos ouviam, seu coração titubeava devido àquela presença marcante a qual nem a planta podia ignorar, contudo seu cérebro parecia não conseguir juntar as peças. Mal viam a toalha de veludo verde que ele conjurara por cima da mesa, mal ouvia os primeiros acordes de uma música melódica vindo de alguma coisa que ele conjurara, tudo o que ela via era a si mesma em uma grande enrascada. Era tudo no que ela podia pensar.
Se ela saísse e aparecesse ali, colocaria seu disfarce em risco. O rosto, as feições, o andar. Tudo era o mesmo. Ela era exatamente a mesma Vivian, a mesma Virgínia. Ela realmente não sabia como ele ainda não a reconhecera. Talvez por nunca ter reparado nela.
Só que dessa vez, Gina não estava de calça jeans branca, jaleco luvas ou máscaras brancas. Ela estava do jeito que ele a conhecera. Sem tantas roupas que a deixasse feia ou estranha de alguma forma, sem roupas que a protegessem de olhares ousados, despida das roupas que a davam segurança e força pra continuar com uma meia verdade. Sim, pois ela sabia que as roupas que ela vestia ou mesmo seu modo tão introspectivo ou tímido, jamais dariam margem para que Malfoy pensasse que a cientista que trabalhava pra ele, era a mesma cientista da boate, que usava e abusava de sensualidade, emanava ousadia, cheirava a perigo.
Contudo... Agora ela não parecia ousada, mas também não deixava de parecer uma bela dama. Não parecia tão confiante quanto a Vivian, entretanto também não achava sua vida como Gina uma completa perda de tempo. Era estranho dizer isso, no entanto, era extremamente bom ter uma sensação como essa. Ela achava que finalmente encontrara um certo equilíbrio dentro de si.
Naquela noite da boate, ela certamente não sabia o que era aquele sentimento de inquietação, contudo sentia que era um vazio. A rotina a sufocara e tornara-a insensível ao que acontecia ao seu redor. Incapaz de sentir-se novamente como uma adolescente que saíra na calada da noite para as cozinhas, com medo de ser pega por Filch ou Madame Nor-r-ra. Todavia, era exatamente assim que se sentia agora. Não sabia o quanto teria mudado dentro de si de dois meses até aqui, não sabia o que exatamente teria feito essa mudança, entretanto sentia que gostava. Gostava de se sentir novamente Virginia Weasley.
E talvez, por ser Virginia Weasley, era hora de se transformar novamente em Vivian e acabar de uma vez com esta babaquice toda de ter de se esconder perante Malfoy. Não que ela estivesse pensando em se revelar... Isso nunca! Doeria muito em seu ego. Seria um mal a si própria estragar seu orgulho próprio. Ela estava pensando em acabar o que pudesse estar para acontecer e pronto. Em segundos seria apenas ela mesma e mais ninguém.
E sem que se esquecesse, ainda teria de dançar pra bendita planta! Tudo isso em uma noite! Céus! Ela tinha muito trabalho! Contudo, não desistiria! Caso contrário, não seria uma Weasley.
Gina pegou a varinha e com ela começou a transfiguração de sua pessoa. Não se lembrava muito bem do que havia feito para ser menos ela e mais Vivian naquela noite, contudo tinha certeza de que se revelara loira. Não se lembrava se tivera os olhos claros. Se tivera, isso já não importaria, pois tinha certeza de que ele sequer se recordaria. Nem mesmo uma boa memória podia gravar as feições de uma pessoa que Malfoy vira em uma noite há meses atrás. Bem a menos que...
Não! Somente a menção de que Malfoy estivesse se apaixonado por Vivian a fazia rir. Uma pessoa não poderia se apaixonar por um personagem inventado por outra! Não em sã consciência. E ela sabia que a doença não o deixava são.
“Vai, menina!” A planta a incentivou. “Não pense que o cavalheiro vai lhe esperar pra sempre!”
-Acho que terei de colocar o anel no dedo, não é? –Gina perguntou um pouco desanimada com a perspectiva de ir até ele, com apenas a cara e a coragem- Quer dizer, ele se sentiria ofendido se eu não o fizesse.
“Sim, ponha-o e vá!” A planta disse um tanto misteriosa.
Gina abriu a caixinha de veludo e prendeu a respiração. A visão do anel, de certa forma, fazia seu estômago dar voltas, porque ela sabia o que aquilo significava. Sabia exatamente o que teria de recusar, no entanto, não tinha certeza se sua vontade era realmente fazê-lo. Passar o resto da vida como Vivian, conhecendo um Malfoy de braços abertos, sensual e totalmente seu, não lhe parecia uma idéia tão ruim quanto seu cérebro gritava. Acordar todos os dias envolta pelos braços dele, acordar com ele brincando com mechas do seu cabelo, com beijos carinhosos no pescoço... Tudo perfeito! Perfeito demais para ser real... Era um doce e belo devaneio! Bonito, totalmente romântico, mas no fim, nada além de irreal. Nada mais que uma utopia.
Fechou os olhos, na esperança de quebrar o efeito hipnotizante que recaía sobre si ao que seus olhos percorriam o anel. Tomou fôlego, antes de por o anel no dedo, como se esperasse que seus irmãos a acordassem com gritos n’A Toca e que ela ainda fosse uma adolescente insegura.
Como se já sentisse que não poderia mais adiar o momento do encontro, pôs de uma vez o anel em seu dedo, preparada para sentir o puxão característico de uma chave de portal. Fora isso que ele dissera, não? Que quando ela colocasse o anel no dedo, iria até ele. Só esperava conseguir tirá-lo dali antes que a Lua se fosse, de forma que ela pudesse dançar sossegada.
Abriu seus olhos novamente exatamente quando sentiu que suas pernas batiam em algo sólido. Deparou-se com Malfoy fixando seus olhos azul-cinzentos nela, com um sorriso brilhantemente másculo, de forma que se formassem pequenas e adoráveis covinhas, sentado exatamente a sua frente, na mesa.
Ela riu. Ele era genial, isso era inegável! Executara com perfeição o feitiço de destino da chave de portal, de forma que esse fosse exatamente na cadeira de mogno reservada a ela.
-Então, minha dama, resolveu aceitar meu convite?
N/P: Gnte desculpa demora pra posta mais é q as minhas aulas começaram e eu to mto sem tempo, eu tenhu o estagio, o colégio, os treinos de boxe, muay thay e jui-jitsu... intão to mto ocupada bjux
N/A: Acabou!!!!!!! Acabou!!!!! Huahuahuahua.
Fairy: Credo! Você está muito má!
Fighter: Bem, o capítulo havia sido escrito com pelo menos 35 folhas, mas a Sini leu e me mandou parar aqui, sem contar o desfecho ainda (torçam o pescoço dela e não o meu!). O encerramento da noite dos dois só no capítulo 10, já que o nove será o da Mione, por questões meio óbvias, uma vez que ela está há dois capítulos sem aparecer...
Como perceberam, pra variar um pouquinho, coloquei outra lendinha básica que eu mesma inventei. Isso que é ser enjoada! Eu invento de tudo! Coloquei também termos técnicos, qualquer coisa me perguntem que eu respondo...
Tivemos também Malfoy do jeitinho que a gente gosta! Ele apareceu bastante, vocês não têm do que reclamar. Só que vai acabar assim... E só eu e a Sini temos a mínima noção de como isso acaba... Ás vezes eu me acho tão cruel (Fairy- Sem dúvidas! Principalmente quando me tranca no guarda-roupas pra mim não sair pegando os gatinhos!)!
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