A Chegada e suas surpresas



Capítulo 4
A CHEGADA E SUAS SURPRESAS
Hermione já estava pronta para partir.

Passara-se dois dias desde a conversa com Rose. Então Hermione resolveu convidá-la para irem juntas a Wish's Valley.

Rose não tinha planejado nada, além de um sol na praia local, então aceitou o convite prontamente.

Para a felicidade de Hermione as duas iriam de avião e não aparatando. Porém quando chegassem à Paris, pegariam suas vassouras e seguiriam nelas, sendo essa a parte do trajeto que Mione mais odiou.

Hermione esperava Rose no saguão do aeroporto de Londres.

Rose apareceu. Ela estava vestida com uma calça jeans preta e uma blusa sem mangas branca, das Esquisitonas, com uma máquina fotográfica à tiracolo. Hermione riu.

-Do que está rindo, Srtª Granger? -Rose perguntou sorridente, pois esta, realmente parecia feliz com a viagem que fariam.

-Pode me chamar de Hermione, ou simplesmente Mione! -Hermione disse, achando que chamá-la de Srtª Granger era formal demais para férias- Só achei engraçado te ver sem uma roupa tão formal.

-Já eu, ia te perguntar aonde era a festa? -Rose disse olhando para a roupa de Hermione, tal como ela observara a roupa de Rose. Era uma blusa azul-turquesa de fino cetim, acompanhada por uma calça do mesmo estilo.

Hermione riu novamente.

-É, acho que exagerei! -Hermione comentou fingindo-se embaraçada.

-Ah, que nada! -Rose disse fazendo um aceno de descaso com as mãos- Você está certíssima! Pense só, podemos conhecer o amor de nossa vida em uma viagem. E se ele te encontrasse descabelada? Que horror!

Hermione riu novamente. Parecia mais feliz que nunca. Realmente essas férias lhe prometiam fazer bem.

-Às vezes você exagera, Rose! -Hermione disse num sorriso enviesado, pois acabara de lembrara-se de Rony e toda a cachorrada que ele lhe fizera. Depois de tudo aquilo era mais do que improvável que se apaixonasse de novo. Ela tinha aversão a tal idéia- É mais que improvável que nós encontremos o amor de nossas vidas, principalmente porque eu não acredito em almas gêmeas.

-Quanta descrença! -Rose disse parecendo a Hermione admirada- Toda a mulher sonha com um príncipe que venha nos desposar, principalmente se estamos muito tempo sozinhas.

-Eu deixei de acreditar em príncipe encantado há muito tempo, pois queira ou não, eles simplesmente são invenções de moças românticas. -Hermione disse tentando ouvir a chamada de vôo que estava saindo. Queria acabar com aquele assunto, não gostava der falar sobre amor e relacionamento com ninguém e nem nunca gostou, já que jamais revelara coisas sobre sua vida para as garotas do dormitório, que a atormentaram bastante depois do Baile de Inverno no quarto ano. Elas eram um incomodo para qualquer um.

-Alguém deve ter te decepcionado bastante… -Rose disse complacente. E esperou que Hermione dissesse algo para matar a terrível curiosidade que a assolava, ou até mesmo responder de forma mal-educada. Porém essa apenas ignorou e puxou-a pela mão até o portão de embarque.

Hermione entregou as passagens para um homem, tentando esquecer aquela conversa. Não gostava de se sentir tão vulnerável com sentimentos que ela considerava obsoletos, já que os sentimentos sempre interferiam na vida das pessoas em geral. Não seria um grande sacrifício esquecer suas mágoas, pois aquela viagem, nada mais era que um portão de escape perfeito para os pensamentos que a atemorizavam desde a noite que encontrara as fotografias em seu apartamento. Mas o que mais odiou é que Rose não parecia estar ajudando. Ela não queria ser exposta ao passado, não gostava de parecer fraca, como um animal indefeso. Gostava da imagem que passava.

Elas embarcaram e sentaram-se em suas respectivas poltronas. Rose parecia desesperada para conversar. Hermione sorriu, ainda resignada. Precisava deixar a conversa em um campo seguro, precisava mantê-la afastada de seus sentimentos.

-Não sei se você vai gostar de Wish's Valley… -Hermione disse tentando não mostrar emoção alguma, a não ser a felicidade (quase tão falsa quanto o sorriso que ela usava) por voltar a Wish's Valley. Ela gostava de lá, mas ainda assim, preferia sua vida monótona- É um lugar simples e ermo, porém muito bonito. Sabe, não acho possível que você encontre o seu amor por lá. Mas tudo é possível em Wish's Valley…

-Por quê você diz que "em Wish's Valley tudo é possível"? -Rose perguntou com uma expressão que parecia curiosa.

-Desde pequena meu pai me contava a lenda daquele lugar… -Hermione respondeu assumindo um ar nostálgico pouco característico- Ele dizia que o fundador daquele pequeno condado, era um inglês que chegou àquele lugar maravilhoso sem nenhuma perspectiva de vida. Não tinha dinheiro algum para sobreviver em um lugar como Londres ou Paris. E com uma pequena valise em mãos, juntamente com sua coragem, ele veio parar naquele vale pequeno e desabitado. Era um lugar lindo, com um rio cortando seu meio, sua nascente sendo originada de uma floresta. A cidade vizinha era a 15 milhas daquele local, porém o jovem não precisava de nada daquele lugar. A comida podia caçar, podia improvisar toscas ferramentas para a construção de um casebre, e a madeira ele poderia retirar também da floresta, deixando um descampado perfeito para a construção de seu casebre. E ao se deitar a cada dia na gruta em que costumava repousar a noite, desejava ardentemente que pudesse terminar seu trabalho e viver em paz em sua própria casa, pois outrora, fora um homem envergonhado por não ter onde cair morto. Então, antes de ir deitar, agradecia a floresta por ter lhe fornecido tudo o que precisava e fitava a imagem perfeita dos céus, que era sempre tão claro e inspirador e pedia a maior estrela que encontrava que continuasse dando-lhe forças para trabalhar, e que a mágica daquele lugar permanecesse com ele. Pois ele sempre soubera que aquele lugar era peculiar e que possuía uma mágica especial e perfeita. Tudo parecia feito sob medida para alguém que busque uma vida boa e confortável.

"Depois de muito trabalho árduo, sua morada ficara pronta, e ele teve algum trabalho para confeccionar alguns utensílios que lhe eram precisos para viver.

Sua vida era tranqüila e pacifica, só que, logo viu que era paz demais. Viu-se precisando de companhia, e com isso foi obrigado a ir a cidade vizinha. As poucas pessoas que o conheciam, pensavam que ele havia morrido, devido ao longo tempo em que ele não apareceu por lá.

Inclusive, surpreendeu-se ao ver que a filha do padeiro se importava com ele, pois nunca havia reparado no interesse da moça por sua pessoa. Foi algo recíproco, esse sentimento, e com ela se casou. O pai não tinha muito dinheiro para pagar um dote descente, então deu-lhe um cavalo, um burrinho e uma carroça.

Os dois voltaram ao vale, sendo muito felizes por lá. Passaram-se dois anos, porém sua esposa ainda não havia lhe dado filhos.

Isso o frustrou. Porém, em certa noite voltou a pedir aos céus e ao Deus do lugar que lhe desse filhos.

No dia seguinte, a esposa lhe comunicou que estava esperando um filho. Feliz, ele contou sua história a mulher, e ela confessou-lhe que desejara a mesma coisa há algum tempo atrás.

Então eles deram o nome ao lugar de Wish's Valley. E contam que se você for uma boa pessoa, ainda hoje o vale realiza seus desejos."

-Isso é muito lindo! -Rose disse demonstrando-se muito emocionada- E você, já teve seu pedido realizado?

-Eu nunca fiz um pedido, pois nunca precisei de nada. -Hermione disse sorrindo de forma nostálgica e misteriosa- Tinha minha família e muito amor.

-Eu acho que vou pedir um namorado para mim, assim que chegarmos. -Rose disse, os olhos brilhando de forma misteriosa. E Hermione não pôde deixar de rir da amiga- E você, o que pediria?

-A mesma coisa que meu tetravô… -Hermione disse fitando a janelinha do avião- Eu pediria uma vida tranqüila e um pouco de paz.

-Então o homem da história era… -Rose disse mostrando surpresa com a revelação da jovem, não conseguiu completar a frase. Hermione achou aquele espanto exagerado, haviam coisas mais importante na vida do que parentesco com alguém. O trabalho árduo e honesto era mais importante na opinião de Hermione. Sentia orgulho daquele homem, mas por ele não ter desistido de seus sonhos e não por ele ter fundado aquele lugarejo, é verdade que o nome Granger impunha respeito naquele lugar, mas Hermione achava aquilo redundante.

-É sim, um ancestral dos Granger. -Hermione disse sem emoção alguma- Seu filho foi para a cidade e tornou-se médico. O neto veio para Inglaterra e tornou-se médico como seu pai. E assim por diante… Todos foram médicos, até mesmo meu pai, apesar de sua área ser a odontologia, que não deixa de ser um ramo da medicina. E eu quebrei a tradição, pois sou bruxa, o que decepcionou meu pai um bocado, mas depois ele acabou aceitando. Ele só descobriu isso durante o meu quinto ano.

-Uau, quem diria? -Rose disse admirada com a história- A famosa Hermione Granger, diplomata, quase tornou-se médica.

-Não exatamente… -Hermione ia argumentar, pois se quisesse mesmo ser médica, teria formando-se medibruxa, mas desistiu e sorriu, pois reparou que Rose se distraíra com a Comissária de Bordo que lhe oferecia café da manhã. Não lhe contaria que tivera uma carreira rápida de auror, antes de trabalhar como diplomata.



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Gina chegara a apenas um dia casa Malfoy, e ainda recuperava-se do choque que tomara.

Agora, Gina estava sentada no seu grande laboratório, com enormes livros abertos, a procura dos melhores ingredientes com que pudesse possivelmente associar à sua primeira experiência.

O laboratório era grande e branco (na verdade, o único cômodo da casa com um tom claro), a sua mesa enraizada no meio do laboratório de mármore branco. Ao canto havia diversas gaiolas com pequenos roedores que seriam as cobaias.

E ao redor da mesa, diversos instrumentos e máquinas trouxas que Gina usava para o embasamento de suas experiências. Uma bancada com os instrumentos de vidro que ela usava estava grudada à parede a sua frente. Uma lareira com diversos caldeirões sobre seu pé e console, jaziam ao seu lado direito. Ao seu lado esquerdo, Gina tinha uma porta, que dava para o primeiro andar da casa triplex com uma vista esplêndida para o mar. Ao lado da porta havia um grande armário com diversos ingredientes para inúmeros propósitos. Aquilo parecia muito com uma sala de aula de poções de universidades bruxas, já que tinha todos os instrumentos necessários para explicar e demonstrar aos alunos.

Gina largou o livro que lia, pois de qualquer forma, não conseguia se concentrar. Então deixou seus pensamentos vagarem por um instante, sentindo-se totalmente desmotivada. Sua cabeça parecia as turbulentas águas do mar, pois os pensamentos voltavam a sua mente a todo instante, como se fosse um objeto atirado com furor ao mar, voltando a areia, como se tivesse sido colocado ali.

Gina voltou a um dia atrás, pois já não era mais possível evitar os pensamentos, como não se é possível evitar um furacão aterrador a menos de 2 milhas de distância. E aqueles pensamentos realmente corroíam a alma e a consciência de Gina.

"Entrou na Mercedes e adormeceu quase que imediatamente.

Viu alguém chamando-a e abriu os olhos contrariada. Deparou-se com o rosto do rapaz magro, e logo lembrou-se de que não estava em seu chalé. O que fora algo totalmente confuso.

-Srtª Weasley! -Mark disse parecendo irresoluto e constrangido. Talvez ele nunca tivesse passado por algo parecido- Nós chegamos ao porto, o iate já está pronto para nos levar.

-Ah, sim. -Gina disse levantando-se, ainda sonolenta, com um grande bocejo.

-Acompanhe-me! -O rapaz disse pegando no porta-malas do carro, a bagagem de Gina.

Gina pôde notar como o céu estava claro e azul-turquesa, sem qualquer vestígio de nuvens. O mar contrastava com esse azul. Eram tão límpidas, as águas. Podia-se ver o fundo.

Gina seguiu Mark pelo cais rudimentar, até um dos grandes iates ancorados. O iate era realmente luxuoso, era do tipo que tinha tudo mesmo. Algo tão imponente quanto se pode imaginar.

Ela entrou nele tentando esconder sua admiração, mas a verdade é que ela parecia uma criança que acabara de ganhar o brinquedo que tanta ansiara ter.

Andou por todo o iate observando cada pedacinho dele. É verdade, a decoração era fria, mas o que poderia se esperar de Draco Malfoy? Ainda assim, era bonito.

Haviam alguns quartos, com banheiras de hidromassagem e diversas ervas para banho. O vestíbulo se encontrava no quarto também. Uma cozinha pequena, porém muito bem equipada num cômodo do iate.

Decidiu depois, que observaria o mar, subindo então no convés. Ela sempre adorou o mar. Era estranha a atração que sentia por ele. Supôs que na vida anterior, ela fora um pequeno peixinho que nadava alegremente pelo oceano, sem se preocupar com seu destino, ou qualquer surpresa que a vida pudesse lhe empregar. Exatamente ao contrário do que acontecia naquele momento. Talvez isso fosse uma espécie de compensação aos Deuses ou a quem quer que seja que esteja olhando por ela.

O mar estava límpido e ela podia observar a fauna local. Era muito esplêndido. O sol brilhava na água de uma forma encantadora, mesclando o brilho dourado da superfície com a transparência e placidez.

Seu coração pareceu acalmar-se por ora, era absoluto o poder do mar sobre ela. Ela parecia-se muito com o mar. Quando calmo era mesmo uma maravilha, mas quando irritado, era revolto, pouco amigável e cruel. Era difícil ver Gina realmente irritada, mas quando isso acontecia, o recomendável era sair de perto e deixá-la pensar sozinha.

Mas a calma e tranqüilidade do mar acabou dando essa mesma sensação para Gina. Parecia transmitir tudo de bom a ela com essa mesma paz. Gina parecia ter esquecido tudo o que a aguardava por um instante. Estava mergulhada naquele mar de serenidade, sentindo-se tão bem, como não fazia a dias.

Sentiu uma mão em seus ombros e virou-se.

-Se a senhorita quiser descansar, nós temos um quarto disponível. -Mark disse gentilmente a Gina.

-Por enquanto vou ficar aqui, obrigada! -Gina disse olhando bondosamente para o rapaz.

Este logo se afastou, deixando Gina contemplar o mar.

O tempo não pareceu passar, já que Gina lembrava-se da noite na boate e perdeu-se pensando em como seria se casar com Carter. Viver com ele em um lugar tão lindo e afrodisíaco como esse. Em como Carter seria de verdade, como seria viver sob o mesmo teto com um homem tão atraente quanto aquele. Reviveu diversas vezes o beijo deles na boate e imaginou-se beijando-o ali, com o mar abençoando-os. Sorriu para o mar.

Gina ouviu uma voz rude e áspera em sua cabeça clamar: Não existe homem perfeito, só uma tola fantasia um homem perfeito sobre um homem comum, que não é nada além de um ser banal e falível.

E isso a fez cair em si. A verdade é que jamais veria Carter novamente. Jamais o beijaria e jamais seria quem fora anteriormente. Já não era mais a mesma Gina. Agora era uma mulher. Uma mulher centrada e mais feliz, pois para sua sorte descobriu que por ao menos uma noite, fora capaz de sentir algo mais forte por alguém.

Avistou ao longe uma pequena ilha, cercada de uma densa floresta, onde o verde dominava e fazia com que ela se sentisse diminuta, quanto a algo tão majestoso.

Isso a fez refletir sobre si e o mundo. Fê-la perceber que ela era apenas um alguém perdido na grande vastidão do mundo. Que era apenas um pequeno ser tentando ajudar a outro igual.

Logo se aproximaram-se de um porto, próxima a uma triplex, majestosa e imponente, como ela nunca imaginou que uma triplex pudesse ser. Parecia um pequeno palacete de pedra, totalmente negro, contrastando com o rochedo próxima a casa.

Eles ancoraram no porto. Gina tirou os calçados, pois queria sentir a fina areia sobre sua pele, sentindo-se em contato com algo tão infinito e relaxante. A areia era branca e fina. Ela podia ver a marola das águas, espumando como um véu branco e fofo sobre a areia, assemelhando-se a nuvens sobre a água límpida misturada a areia branca. As ondas quebrando docemente pouco antes da areia, o leve ruído das praias que Gina tanto amava. Os pequenos seres, como os siris, escavando suas tocas; as gaivotas sobrevoando o rochedo; alguns peixes pulando ao longe, demonstrando a abundancia de frutos do mar na região.

Um penhasco completava a paisagem surreal. Ela sorria, pois aquele lugar era perfeito.

Sentiu que havia algo estranho, pois parecia ser observada. Involuntariamente, olhou para as uma grande janela de caixilhos do segundo andar, sob o vidro escurecido, quase negro. Sua sensação se confirmou, quando viu o contorno similar a de uma cortina, ser fechada. Como se quem a observasse, tivesse percebido que ela devolvia-lhe o olhar.

Ouviu o ruído da porta sendo aberta, um ruído agudo, parecendo daqueles filmes de terror, porém teria sido quase imperceptível para Gina, se ela não estivesse tão próxima, pois as gaivotas faziam uma barulheira danada para pescar os peixes que pulavam alegremente.

-Vou levar suas malas até seu quarto, Srtª Weasley. -Mark anunciou e saiu sem esperar o consentimento dela.

Gina começou a observar o hall. Era sombrio. Tudo era escuro. As janelas estavam fechadas num belo dia, com as cortinas negras e densas afastando toda a claridade daquele dia perfeito. Os móveis pareciam ser de mogno escuro, dando ao local um ar ainda mais triste. Havia uma espécie de armadura ao lado da porta, que segurava um grande machado, que era de se assustar.

Gina afastou-se dela, sentindo-se intimidada pela aquela reles armadura, parando próxima a escada de mármore negro. Observou que a uma pequena distância da armadura negra, com o elmo de plumas vermelhas, havia diversos retratos de homens, na maioria de loiros, com os olhos de cores bastante diversificadas, variando de geração para geração. Pareciam transmitir todos o mesmo olhar: Dava a impressão de que eles olhavam para a pessoa com asco, como se ninguém merecesse respeito ou qualquer outro sentimento além do desprezo.

Por um instante ela também se intimidou por meros quadros. Pois era incrível como eles pareciam vivos. Afastou essa idéia da cabeça e começou a fitar a escada de mármore negro, à espera das boas vindas do dono da casa. Isso é, se Malfoy fosse tão cortês quanto se espera de um anfitrião.

Não demorou muito para que ouvisse passos rápidos e seguros ecoando no silêncio mortal que atingia a casa.

Por um instante, prendeu a respiração, estranhamente sentiu-se ansiando por ver Draco Malfoy. Queria ajudá-lo.

Viu um par de sapatos de couro surgindo pelo alto da escada, porém não podia discernir direito o corpo do homem devido a escuridão do andar de cima. A cada degrau decido por ele, algo era revelado a Gina. Nos dois passos seguintes, viu que ele usava uma calça negra, de um tecido que Gina não pôde identificar, mas que certamente era finíssimo e caro.

Nos dois degraus seguintes, pouco-a-pouco foi revelando o tórax largo, num movimento lento, como se fosse feito em câmera lenta. Ele vestia uma camisa negra, que colava em seu tórax, demonstrando-o todo definido… Ele não parecia estar tão doente assim… Os braços musculosos logo foram revelados. Gina percebeu que aquele corpo lhe era estranhamente familiar, já o tinha visto em algum lugar… Com toda certeza da época de Hogwarts. Porém ela lembrou-se que em Hogwarts, ele não tinha todo esse corpo, mas mesmo que tivesse, ela nunca teria reparado nele, já que um Weasley olha para um Malfoy para no máximo, trocar farpas.

Depois o queixo pontudo e anguloso foi revelado, os lábios macios, o nariz fino e reto e os olhos azul-acinzentados. Ela reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar…

Seus olhos começaram a arder intensamente. Levando as mãos a boca, devido ao assombro, Gina sentiu lágrimas incandescentes rolarem involuntariamente.

Aquele homem, Draco Malfoy, era ninguém menos que o seu 'Anjo Mau'. Sim, Malfoy era na verdade, Carter.

Ele a fitou com uma expressão de questionamento, pois obviamente, não entendera o porquê das lágrimas.

Gina não pôde deixar de notar aquele olhar, pois não perdia nenhum movimento dele, já que tinha a esperança de que ele se lembrasse dela. Porém ele pareceu levemente desconcertado como choro repentino dela.

Gina constatou decepcionada que ele não se lembrava dela como Vivian Winter. Sentiu novas ganas a chorar, pois agora se arrependia imensamente por ter passado aquela noite com ele. Ela passara a noite com DRACO MALFOY!!! Queria jogar-se do penhasco que vira, próxima a casa dele, tamanha era sua vergonha e constrangimento.

Pensando bem, era melhor que ele não a reconhecesse… Assim poderia trabalhar em paz, sem nenhum sentimento de embaraço, ou sem sentir-se retraída ao falar-lhe sobre o que faria na sua experiência.

Enxugou rapidamente as lágrimas que rolaram silenciosas e tentou sorrir. Tinha que descontrair a atmosfera tensa que se instalou, pois o silencio, de certa forma, era gritante.

-Você não me parece tão mal quanto me disseram, Malfoy! -Gina disse tentando parecer cordial, ao mesmo tempo em que sorria tentado passar o espírito brincalhão.

Pelo olhar dele, ela dissera a coisa errada. Gina xingou-se mentalmente. E seu sorriso esmaeceu-se.

-Weasley, pode ter certeza de que não estou feliz em recebê-la aqui. -Draco disse em um tom ríspido e desdenhoso, era estranho o fato dele não ter perdido aquele tom depois de tanto tempo após Hogwarts- Se você está aqui é porque infelizmente é a única profissional competente nessa área, mas eu preferia um elfo doméstico a você em minha casa. Ainda bem que meu pai não está tendo o desgosto de ver uma Weasley pobretona na casa do herdeiro dos Malfoy.

Aquilo ofendeu Gina. Onde estava a porção Carter de Malfoy? Cadê o homem gentil e interessante? Gina chegou a conclusão de que Carter, não passara de um sonho de uma noite, que Carter era perfeito demais para existir. Sentia-se frustrada, pois sempre soubera que teria dificuldades em manter um relacionamento passivo com Malfoy, mas jamais esperara encontrar-se novamente com Carter, e nem sonhara em imaginar que Carter era Malfoy. Estava difícil de digerir tudo aquilo. Gina estava nervosa, sentia seu rosto queimar, num misto de raiva e vergonha de si mesma. O sangue fervilhava em suas veias. Uma leve tontura começou a rondá-la. Ele parecia esperar uma reação a altura. E era o que faria.

-Escuta aqui Malfoy, você acha que estou feliz de vim para esse confim do mundo para cuidar de você?! -Gina disse com um olhar que ela achou ser fuzilante, agora tremia de raiva, mas não sabia se era de si, ou de Malfoy. Estava irritada, mais por culpa dos seus sentimentos do que pelas palavras de Malfoy- Preferia estar testando minhas experiências em baratas, que são muito mais dóceis, bonitas e respeitosas do que você!

Aquilo pareceu uma grande ofensa para Malfoy, pois seu rosto corou de uma forma intensa, na qual parecia que ele estava prestes a explodir.

-Quem você pensa que é para entrar na minha casa e me insultar?! -Malfoy disse aparentando uma raiva que Gina jamais vira no semblante de alguém antes- Você é apenas mais uma Weasley, pobre e sem graça. Diga-me, sua família ainda mora naquele antro? Ou será que ainda estão passando fome para poder juntar dinheiro suficiente para comprar uma barraca parecida com a do guarda-caças de Hogwarts?

Gina viu manchas negras nublarem suas vistas, e logo em seguida sentiu sua cabeça rodar como jamais antes, como se estivesse em outro lugar, onde havia uma maresia inquietante. Antes que pudesse fazer algo, não viu mais nada, sentiu que caía.

A próxima coisa que viu, quando abriu os olhos novamente foi apenas o rosto preocupado de Malfoy. Piscou incrédula, e logo percebeu que o olhar não era de preocupação, e sim, um olhar de desprezo que a machucou. Soube na hora, que imaginara aquilo, já que queria tão intensamente achar em Malfoy, um sinal de Carter.

Ela levantou-se vagarosamente em uma cama que ela desconhecia, de quatro colunas, com um dossel azul escuro.

-O que aconteceu? -Gina perguntou resignada.

-Eu é que sei? -Malfoy respondeu num tom malcriado e ofensivo- Nós estávamos conversando e de repente você caiu. Então eu… Te trouxeram para o seu quarto.

-Eu não sei o que aconteceu… -Ela tentou estranhamente explicar-se, sentia que devia lhe dizer o motivo daquilo, mesmo que ela desconhecesse…

-Tire o dia de folga e trabalhe somente amanhã. -Ele disse brutalmente- Eu quero resultados e pelo que parece, hoje você não está em condições.

Em seguida ele se retirou, deixando Gina chateada consigo mesma. Como pudera desmaiar na frente dele? Sua dignidade fora para o brejo.

E mais ainda… Antes uma coisa da qual não se arrependia, agora era motivo para sua cabeça dar voltas e fazer sua alma indignar-se. Então ela passou a noite com Malfoy… Com Draco Malfoy! Ela se permitira sonhar com Draco Malfoy por um mês quase que incessantemente.

Subitamente lembrou-se de sua imaginação correndo solta, no iate quando vinha. Sonhara que estaria com Carter naquele lugar. Logo em seguida ouviu sua mãe falando algo com ela, no seu quarto, quando tinha nove anos:

'Minha filha, tenha cuidado com o que deseja, pois se for muito forte, seu desejo pode se realizar.'

-Ah, mamãe… -Gina sussurrou para o nada- Vocês estava certa, era pra mim ter tido cuidado. Agora estou enrascada.

Gina passou o dia todo no quarto. A noite, um elfo domestico chamado Tobby, entrou no quarto levando uma bandeja com comida para ela. Porém ela voltou quase que intacta, já que Gina comera muito pouco.

Logo em seguida acabou adormecendo, devido ao cansaço imposto pela viagem."

Agora Gina fitava o nada em seu laboratório, chateada consigo mesma e com sua falta de sorte. Com tantos habitantes no planeta, por que fora envolver-se justo com Draco Malfoy?

A verdade é que Gina não podia dizer o que sentia exatamente por Malfoy. Estava dividida e perdida. Suspirou, parecendo bastante nervosa e voltou a fitar o livro e viu algo que talvez lhe fosse interessante para o caso de Malfoy… Estudou aquilo com interesse…



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Hermione pousou em Paris e teve que acordar a amiga, que dormia ao seu lado.

-Ahn… Já chegamos? -Rose perguntou levemente sonolenta.

-Em Paris. -Hermione disse levantando-se, enquanto esperava a moça se recompor.

-Ah, certo! -Ela disse levantando-se num salto, parecendo ainda mais animada que no início da viagem.

-Agora nós pegaremos um táxi e iremos direto a um lugar afastado para podermos voar até Wish's Valley. -Hermione anunciou saindo do avião e sendo exposta a um leve ar fresco, da nublada Paris.

-Será que não podemos ir de trem? -Rose perguntou ao fitar o céu- Eu não quero ir voando.

-Bom, podemos ir até uma estação e perguntar se tem algum trem para Vie, que é a umas 100 milhas de Wish's Valley .

-Melhor do que voar. -Rose disse em um tom aprovativo.

Elas pegaram um táxi na frente do aeroporto e pediram para o taxista levá-las até a estação de trem. Saltaram em uma suntuosa estação aonde perguntaram a um guarda aonde localizava-se o guichê de informações.

Conseguida a informação do guarda, Rose e Hermione perguntaram a atendente se sairia algum trem para Vie. E com muita sorte, souberam que ao meio-dia sairia um trem para lá.

Já eram onze e meia. Elas se apressaram e tomaram o trem.

Fizeram uma viagem tranqüila, pois haviam pouquíssimos passageiros, entre eles um homem muito interessante, de cabelos compridos e negros, moreno, de porte atlético, que chamou a atenção de Rose. Esta sentou-se no banco da frente com o homem e os dois foram conversando. Hermione sentiu-se aborrecida, pois agora iria toda a viajem remoendo coisas do passado. Porém, ao mesmo tempo feliz pela amiga.

Esta, ao fim da viagem pediu-lhe mil desculpas. Chegaram a cidade às cinco e quinze.

As duas andaram cerca de duas milhas para fora do pequeno lugarejo.

-E agora? -Rose perguntou parecendo meio perdida- O que faremos para chegar em Wish's Valley?

-Via vassoura. -Hermione disse abrindo sua bolsa e aumentando o tamanho de sua vassoura, pois por questão de praticidade a reduzira ao tamanho de uma chave para não chamar atenção.

-Ah, você não sabe como eu odeio vassouras. -Rose disse fazendo o mesmo com sua vassoura.

-Imagino que não odeie tanto quanto eu. -Hermione disse parecendo também irritada e montando na vassoura de forma desajeitada. Lembrou-se, subitamente, de todas as vezes que Rony dissera que não podiam namorar, durante os poucos momentos em que ficavam sozinhos, já que tinha que treinar como goleiro do time da Grifinória.

-Você tinha que ver que homem lindo, Hermione… -Rose começou a dizer enquanto montava sua vassoura, com ar sonhador- Ele disse que era jogador de quadribol há alguns anos atrás só que se aposentou, dá pra acreditar? Pena que ele disse que no momento não procurava ninguém. Ele disse que uma paixão antiga o impedia. Que fofo!

-Isso é ridículo! -Hermione disse voando vagarosamente, ao lado de Rose- Ele é muito bobo de jogar fora alguém como você, por causa de uma paixão antiga! -Hermione pensou por um instante e viu que aquilo era exatamente o que ela fazia, e acrescentou num sussurro para si mesma -O pior é que não é o único!

-Vamos nos apressar, Hermione. -Rose disse imprimindo velocidade em sua vassoura- Se não, nós não vamos chegar hoje.

-Tem razão! -Hermione anuiu, apressando sua vassoura de forma atrapalhada.

Depois de meia hora sem se falar, elas avistaram duas grandes montanhas, de cores bonitas, em tons marrons. Sobre ela uma vegetação densa e rica.

Voaram por cima dessas montanhas e avistaram o vale. Um rio plácido e de curta extensão, coisa de três metros, dividia o vale em dois. Do lado esquerdo ficava a casa que pertencia a Hermione e do lado direito, uma casa que ficara abandonada durante toda a infância de Hermione, porém nesse início de noite, ela estava com as luzes acesas e um tênue fumaça subia por sua chaminé.

Ela reconhecia aquela ponte, que unia os dois terrenos. Uma ponte de pedra rudimentar. Várias trepadeiras a adornavam dando um ar dócil e primaveril. Ela pulara de lá, para mergulhar no rio diversas vezes, quando menor.

A grama verdinha, tomava conta do lugar. E quando pousaram, Hermione sentiu-a roçar até os joelhos.

O céu ainda possuía alguns vestígios dos últimos raios de sol. Dando uma bela coloração ao vale. Sobre suas cabeças era um azul intenso, as nuvens pareciam pintadas a mão, em tons de rosa, dourado e púrpura, um azul marinho acima disso tudo, com pequenos pedaços de um verde-claro azulado. Os sol parecia já ter-se ido há alguns minutos atrás.

Hermione caminhou até sua casa e bateu na porta. Agora estava de volta aos dias mais felizes de sua vida infantil. Rose estava ao seu lado.

Um mulher loira, de cabelos enrolados, o rosto com os primeiros traços de desgaste, como rugas e pés-de-galinha, apareceu para atendê-la. Ela estava um pouco mais gordinha do que Hermione se lembrava. Os olhos muito azuis e intensos, porém eram os mesmo de sua infância. Ela era cerca de seis anos mais velha do que Hermione.

-Martha! -Hermione disse abraçando a amiga, contente por vê-la. Depois separando-se um pouco para fitar a amiga, no vestido rosa e florido, parecido com os que a Srª Weasley usava- Você mudou!

-Ah, Mione… -Martha disse segurando o braço da amiga e rodando-a em torno de si- E olha como você está linda!

-Ah, obrigada. -Hermione disse corando levemente, depois lembrando-se de Rose, ela acena para que ela entre- Essa é Rose, minha amiga que veio para ficar aqui comigo enquanto for necessário.

-Você não trouxe seu marido? -Martha perguntou olhando para fora a procura de alguém- Sabe, eu enderecei a carta com seu nome de solteira, por que eu nunca soube com quem você se casou.

-Eu não me casei, Martha! -Hermione disse fechando a cara.

-Eu não sabia! -Martha disse como se desculpasse-se.

-Oh, tudo bem! -Hermione respondeu fazendo um aceno com as mãos, parecendo imparcial.

-Sentem-se! -Martha convidou apontando o sofá- Marco, traga as crianças!

Na sala apareceram três pessoas, um homem com seus trinta e cinco, magro, de cabelos negros e curtos, olhos azuis-escuros e um ar bondoso. Ele trazia em seu colo um bebê lindo. Tinha os olhos tão azuis quanto os de Martha. Era loiro, devia ter um ano e sorria. Parecia um bebê de comerciais.

Ao lado deles vinha um garoto com os seus dezessete ou dezoito anos, cabelos negros e físico forte e um tanto anormal para sua idade. Tinha os olhos negros também (o que era estranho já que o jovem, não se parecia em nada com Luke, o irmão de Martha) e parecia levemente irritado.

-Olá! -O homem disse timidamente.

-Oi! -Hermione respondeu com um aceno de mão.

-Hermione, esse é o meu marido Marco. -Ela disse apontando para o homem que segurava o bebê, depois apontou o jovem- Este é Juan, meu sobrinho. E esse é o meu bebê, Ulisses.

-Você tem uma bela família. -Hermione disse sorrindo para eles, Juan pareceu mostrar-se mais feliz.

-Você veio voando? -Marco disse sem se conter, fitando incrédulo as vassouras no canto. Ele fez Hermione lembrar-se do Sr. Weasley, só que de uma forma inversa. Juan revirou os olhos -Bom, Martha me contou tudo sobre você e o seu povo, então eu realmente me sinto curioso.

-Ah, sim. -Hermione confirmou com um sorriso- Eu vim voando apesar de ter podido aparatar.

-O que é aparatar? -Marco perguntou sem poder se conter.

-Sabe, sumir aqui e aparecer onde eu desejar. -Hermione disse tentando ser simpática com o homem.

-Nossa! -Marco exclamou com enorme admiração, que surpreendeu até a própria esposa.

-Não se importe com Marco. -Martha disse olhando o marido com uma expressão severa- Ele me fez várias perguntas sobre isso e parece que ainda não está satisfeito. Juan sabe muito sobre magia, só que ele não é muito de falar sobre isso.

-Deixe Marco perguntar. -Hermione disse lembrando-se de si mesma, quando descobrira que era uma bruxa. Naquela época, ela não se contentava em saber menos que um professor.

Martha sorriu, porém algo parecia passar por sua cabeça, pois ela se perturbou bastante.

-Sabe Hermione, -Ela começou assumindo um ar sombrio- você sabe que meu pai está mal, não é?

-Sim, -Hermione respondeu ostentando um novo ar de seriedade- eu lembro-me de ter lido isso em sua carta. Como ele está?

-Mal. -Martha respondeu com os olhos começando a lacrimejarem- Ele pode morrer a qualquer instante. Está com um problema sério no coração. Se sofrer uma grande emoção, ele… Ele pode… -Martha começou a chorar e o marido veio abraçá-la, buscando consolá-la.

Por um instante, Hermione sentiu inveja da amiga, não pelo problema do pai, pois Hermione também sofrera com o acidente de carro que sofreram os seus. Mas pelo fato de que Martha tinha alguém para ampará-la em momentos difíceis como esse.

Passado algum tempo, Martha se recompôs e olhou novamente para Hermione.

-Nós recebemos uma carta de Paris hoje de manhã. -Martha disse fungando, com sua expressão séria- E as notícias não eram boas. Mesmo que você não chegasse hoje, nós partiríamos amanhã cedo. Deixaríamos Juan cuidando das coisas. Em pensar que tudo começou por causa de um susto que papai levou…

-Então vocês partem amanhã cedo. -Hermione disse como para si mesma. Hermione pensou um pouco e se questionou: "Será que eles vão levar o filho? Não terão tempo para cuidar dessa criança!" Pensou por um instante. "É, talvez eu pudesse fazer isso… Porque não? Seria uma experiência totalmente nova." -Vocês não preferem deixar o bebê comigo, enquanto viajam?

Martha e Marco se entreolharam pensativos.

-Não sei se seria certo! -Martha disse primeiro.

-Nós não podemos deixar todas as nossas responsabilidades em suas mãos. -Marco completou cauteloso.

-Tenho certeza de que querem deixar eles conosco. -Rose disse em um sorriso, ela ainda não tinha falado uma única palavra até esse instante, o que era bastante estranho em se tratando da Rose- Vocês não teriam tempo para ver as necessidades dele, para ver os momentos únicos que um bebê proporciona. Infelizmente meus pais ficaram relapsos comigo, e cresci sem carinho. Confiem em nós. Cuidaremos bem dele.

Hermione olhou com um misto de estranhamento e surpresa. Então finalmente lhe ocorreu, que em todos esses anos de convivência com todos os seus funcionários, por seu distanciamento, ela não sabia absolutamente nada sobre a vida particular deles. E agora via que Rose, em algum momento do passado precisara de um amigo. Apesar de Rose estar há um ano como sua secretária, somente agora Hermione viu-a como um ser humano comum, com seus problemas e sofrimentos. Sentiu-se mal por ter carregado toda essa dor por todos esses anos, por não ter tido um amigo com que pudesse partilhar isso tudo. Gostaria de ter ouvido os problemas dos outros também, pois assim saberia que não era a única que fora castigada pela vida injustamente. Talvez já tivesse superado tudo, talvez já pudesse olhar um velho álbum de fotos sem derramar uma única lágrima, se tivesse contado com a ajuda de um amigo antes.

Hermione podia perceber que nesse momento, uma barreira dentro de seu coração estava ruindo, pouco-a-pouco, sumindo. É claro, que sempre ficariam vestígios, uma ferida muito profunda sempre deixa uma cicatriz. Se um dia estivesse na rua e visse Harry ou Rony, não passaria para a calçada oposta, como faria antes. Mas daria um educado "Oi!".

Era a hora de deixar todas as mágoas antigas para trás. Chegara o momento de se reciclar, rever os conceitos de sua vida.

Fora necessário estar a milhares de milhas de casa para poder ver o quão errado estavam todos esses sentimentos. E agora sabia que Wish's Valley era o lugar que a ajudaria a se livrar de tudo isso…

-Hermione… -Rose a chamava gentilmente, tirando-a de seus pensamentos.

-Oh, desculpem-me! -Hermione disse aprumando-se no sofá- Acabei me distraindo em meio a pensamentos.

-Eu estava dizendo que nós poderíamos cuidar do Ulisses sem problema algum. -Ela disse a Hermione com uma expressão de extrema paciência.

-Claro que podemos. -Hermione respondeu num sorriso encorajador- Vamos dar o melhor de nós, para cuidar dele.

-Estamos acostumadas a situações de emergência. -Rose garantiu- Enfrentamos crises piores. Apesar de eu não estar lá na época do Você-Sabe-Quem, também já nos confrontamos com crises semelhantes.

Rose parecia ter dito a coisa errada, pois a simples menção de Você-Sabe-Quem, Martha e Marco ficaram vermelhos, parecendo bem aflitos com aquilo.

-Fiquem tranqüilos! -Hermione disse tentando acalmá-los- Nós cuidaremos bem dele. Espero que fiquem sossegados, pois Ulisses será muito bem tratado. Dou-lhes a minha palavra.

-Sendo assim, eu o deixarei! -Martha anunciou finalmente- Esta noite escreverei uma lista de instruções e amanhã passarei a vocês.

-Eu ficarei feliz em ajudar no que precisar. -Juan anunciou com um sorriso gentil e muito bonito, voltado para Hermione pelo que ela percebeu.

-Toda a ajuda será bem-vinda, Juan. -Hermione disse retribuindo um sorriso gentil.

-Porquê vocês não sobem e tomam um banho antes do jantar ficar pronto? -Martha sugeriu as duas.

-Ótima idéia! -Hermione disse levantando-se.

-Eu arrumei o seu antigo quarto hoje de manhã. -Martha disse suavemente- Mas não mexi em seu pertences. Ninguém mexe neles há muitos anos.

-Ah, obrigada Martha! -Hermione disse num sorriso.

-Rose, siga Hermione, o seu quarto é em frente ao dela. -Martha disse enquanto entrava na cozinha.

-Obrigada! -Agradeceu Rose.

Hermione e Rose subiram para seus respectivos quartos. Rose fora tagarelando até o corredor sobre como seria bom cuidar dos meninos.

Hermione apenas dizia "Ah,sim!" "Ah han!" e coisas tão vagas quanto essas.

Entrou rapidamente em seu quarto, dizendo a Rose que realmente precisava tomar banho.

O quarto estava exatamente como deixara há mais de doze anos atrás. A cama de quatro colunas de casal, estava com uma colcha de rendas rosa, com um desenho de uma menininha com um cesto cheio de flores no meio, os criados mudos sustentando um abajur cada, ainda estavam lá, em perfeitas condições. Isso tudo estava em frente a janela. O dossel fora retirado, por algum motivo que Hermione desconhecia.

A escrivaninha estava próxima a porta, colada na parede, em cima dessa ficava uma estantes de livros improvisadas, cheias de livros sobre contos infantis e coisas do gênero, apesar de muitos livros serem sobre matemática, já que Hermione sempre fora muito curiosa.

O pequeno banheiro ficava numa porta próxima ao lado direito de sua cama. Tendo facilitado muitas vezes durante a noite a corrida de Hermione até o banheiro, quando pequena.

Do lado esquerdo da cama ficava uma porta que dava até uma sacada, nos fundos da casa. Por noites infindáveis, ela ficara ali admirando as estrelas e sonhando com um príncipe encantado, que entrava em seu quarto pela sacada. Hermione riu-se daquele sonho bobo de menina, mas no fundo de seu coração esse desejo ainda jazia escondido pela razão, que fazia questão de desacreditá-la desses sonhos de menina.

Na parede da porta da sacada, ficava também o grande armário de roupas. Ela abriu-o e viu o vazio, a não ser por alguns caderninhos, que foram totalmente escritos por ela. Denominados diários.

Ela pegou o último deles e admirou-o por um instante. Depois levou-o até sua cama e deixou-o lá, para relê-los antes de dormir. Pegou sua pequena bolsa e tirou uma mala de viagem do tamanho de agenda. Aumentou-a de tamanho e abriu-a sobre a cama. Pegou a varinha e começou a arrumar seu armário com as roupas. Deixou apenas uma muda: o vestido cor de água que usara a muitos anos atrás na noite de Natal, quando Harry fora a seu apartamento. Era hora, de superar, o vestido ainda estava em bom estado, pois depois daquele dia, jamais o usara novamente.

Dessa noite em diante, Hermione seria o que ela realmente era. Nada mais de atitudes medidas, não iria mais esconder suas emoções. Era hora de voltar a ser a antiga Hermione Granger, era hora de ter sua identidade de volta.


Fighter: Obrigada, aos leitores. Feliz ano novo.
Escrevam para [email protected], infelizmente alguém já usa o e-mail Freedom Fighter, então coloquei no nome daquela coisa. Enviem opiniões, sugestões, criticas em geral. Ah, os próximos capítulos serão mais voltados para Mione e os seguintes a esses serão voltados para Gina, ok? Mas não deixem de ler os capítulos seguintes, pois as dicas do desfecho final já aparecem. Inclusive nesse capítulo… Esperem qualquer coisa dessa minha mente louca. Obrigada.

Cláu: oi gnt felix 2006... A fighter ké me mata mais td bein... Só pra avisa agnt vai faze uma fic juntas huahuaha vai tah mto pira a fic please comentem...

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