Decifrando a Profecia
_ Muito bem, Emily. Está calma agora? _ perguntou Lune enquanto ajeitava uma pequena esfera em um pequeno suporte na frente da amiga.
_ Eu... estou. _ respondeu Emily sentando-se na mesa, mas não parecendo ter muita certeza se estava calma.
Elas estavam em uma sala fechado no departamento Auror. Lune, como WIB, tinha permissão para arquivar profecias, e era exatamente isso que ela estava prestes a fazer.
_ É muito simples. Tudo o que tem que fazer é se concentrar. _ ela sentou-se na mesa Coloque a mão da varinha em cima da esfera e concentre-se na profecia. Quando conseguir passa-la para cá, podemos analisar tudo o que ela diz. Está pronta?... tente.
Emily encarou a esfera na sua frente e esticou sua mão para ela, mas parou no meio do caminho:
_ Só que eu não lembro de toda a profecia!
_ Mas ouviu toda ela, não? Isso é o suficiente. Ela está aí em algum lugar da sua cabeça e a esfera é encantada para encontrá-la. Concentre-se.
Emily respirou fundo, colocou a mão sobre a esfera e fechou os olhos. Tentou trazer a imagem mais nítida possível que tinha daquele dia. Kira e ela conversando na loja, Charlotte correndo atrás de Selene e então...
A esfera começou a brilhar intensamente, mas ela não abriu os olhos e parecia não ter percebido isso. Somente Lune observava atentamente tudo o que estava acontecendo. Uma fumaça fina começou a aparecer girando dentro da esfera e logo ela ganhou mais espessura, até preencher todo o recipiente. Então a luz sumiu diminuiu até restar apenas um brilho fraco da fumaça lá dentro.
_ Perfeito! _ exclamou Lune fazendo com que Emily abrisse os olhos assustada.
_ Pronto? _ perguntou a outra surpresa, tirando a mão da esfera e olhando a fumaça que não havia antes.
_ Vamos ouvir. _ Lune tocou na esfera com a varinha e a fumaça começou a borbulhar. Ela passou pelo vidro e ergueu-se no ar, adquirindo forma. Logo uma Kira transparente como um fantasma estava diante elas e começou a falar com a voz rouca:
_ Um novo mal vem. Não tão abrangente quanto o outro, mas será se as trevas cobrirem aqueles que não acreditam. A verdade será subjugada pela duvida. O amor será rebaixado. A pior escuridão é aquela que cega nossos corações. E quando os corações ficam escuros, tempos escuros virão.
Então a fumaça voltou para dentro da esfera e recomeçou a girar tranqüilamente. Elas ficaram em silêncio por alguns instantes, então Emily repetiu:
_ Quando os corações ficam escuros, tempos escuros virão... O que ela quis dizer com isso?
_ A verdade será subjugada pela dúvida e o amor rebaixado... _ murmurou Lune pensando.
_ Verdade! _ exclamou Emily como se lembrasse de algo _ Dúvidas! Não acreditaram na Charlotte! Duvidaram de que ela estava falando a verdade e por isso a internaram. Ninguém acreditava na pessoa escura que a Selene falava que via. Não acreditaram no Fred quando o prenderam. E... o Draco não acreditava mais em mim...
_ O amor será rebaixado. _ repetiu Lune compreendendo o raciocínio da outra.
_ Nós já não estávamos mais levando em conta o amor. Nossos problemas estavam sempre na frente... Esses são os corações escuros? Os nossos?
_ Um novo mal, não tão abrangente quanto o outro, mas será se as trevas cobrirem aqueles que não acreditam... Percebe, Emily? Esse sujeito não está agindo exatamente como Lord Voldemort. Ele não está declarando-se para toda a comunidade bruxa. Não há pânico e terror como houve um dia. E nós estamos agindo exatamente como ele quer! Vocês estão desunidos e distantes, e portanto são mais fáceis de serem derrotados. Ele sabe que o grande erro de Voldemort foi deixar a Charlotte criar todos esses laços de amizade, principalmente com você.
_ Então... o que temos que fazer é nos unir?
_ Exatamente.
_ Como?
_ Vamos fazer como fizemos à dezesseis anos atrás! Vamos nos unir e encontrar as crianças!
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_ EU QUERO FALAR COM ELA AGORA! _ gritou Chrisbell furiosa.
_ Não pode entrar aqui assim, Chrisbell! _ disse Harry entre os dentes tentando impedir a garota de passar _ Tem noção de que isso aqui é o Ministério da Magia? Não posso deixa-la passar assim.
_ Nem se você fosse o próprio Ministro da magia me impediria, Potter! Preciso alar com a sua irmã imediatamente!
Vários bruxos que estavam no hall de entrada do Ministério pararam para ver o que estavam acontecendo.
_ Então me diga o que você quer que eu... O que ele está fazendo aqui?! _ perguntou Harry apontando para o alagatus branco atrás da garota que começou a rosnar ameaçadoramente para ele.
_ Vai me deixar passar ou não? _ perguntou ela em um tom nada amigável sacando a varinha e apontando para o nariz dele.
_ Você é louca, Chrisbell? _ perguntou Harry chocado ao mesmo tempo em que vários aurors também sacaram suas varinhas e cercaram a garota.
Ela respirou furiosa ao ver que estava a ponto de ser presa e abaixou a varinha.
_ Harry? O que foi?
_ EMILY! _ Chrisbell esqueceu-se completamente dos aurors altamente treinados que a cercavam por ter ameaçado um superior deles e correu até a cunhada.
_ O que faz aqui, Bell?
_ Problemas. _ disse ela _ Problemas sérios com a tampinha.
Emily ficou feliz em perceber que Chrisbell, apesar de ser um pouco chamativa, sabia agir com cautela na hora de falar. Tampinha era como Draco chamava a irmã mais velha quando queria deixa-la irritada.
_ Aqui, olha. Acho que ela andou caçando gnomos de novo.
Entendendo o jogo dela, Emily agachou-se junto com a garota e agiu como se estivessem analisando a pata do alagatus.
_ O que foi? _ sussurrou ela perguntando.
_ Ela mandou um recado pelo Lumus. Descobriu onde eles estão.
Emily levantou-se e dirigiu-se ao irmão.
_ Harry, vamos ter que sair. Chrisbell, Lune e eu. _ e acrescentou discretamente _ Temos uma pista. Fique atento e não deixe que os aurors e WIBs nos sigam.
_ Emily, espera. Antes eu preciso que a Lune venha comigo. Ela logo encontrará vocês.
_ Não demore, por favor.
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_ Como ela conseguiu chamar o Lumus? _ perguntou Emily baixo e olhando para os lados assim que elas saíram pela cabine telefônica seguidas pelo alagatus.
_ Lumus tem um elo mágico com a dona, assim como a Obliviate tinha. A devoção dos animais mágicos também passam de pais para filhos, como os elfos.
_ Hum... vamos nos afastar daqui. Alguém pode sair e nos ouvir falando.
Elas foram para a esquina e ficaram protegidas por uma caçamba cheia de lixo.
_ Aqui. _ Chrisbell tirou um pedaço de pergaminho todo amassado do bolso _ Está meio babado porque ela deu ordens para ele esconder bem.
Emily pegou o pergaminho e leu o que estava escrito com letras escarlates.
_ Uma grande fogueira a aprendiz deve fazer. Só que dessa vez, de dentro da casa ninguém irá correr. _ e embaixo havia algo rabiscado às pressas _ Você fugiu daquela vez, Emily. Temos que ir até onde Voldemort pensou que tinha te matado... A casa onde meus pais e esconderam! _ exclamou Emily _ É claro! Ele está imitando os passos de Voldemort, mas não quer cometer os mesmos erros... as quem será a aprendiz?
_ A Selene. _ disse uma voz atrás delas.
Emily quase pulou com o susto e virou-se já segurando firmemente a varinha no bolso do casaco. Mas respirou aliviada assim que viu quem era:
_ Fred! Está livre!
_ Eu não conseguiria levar a Selene para junto dos outro estando preso. O Harry conseguiu com que me libertassem. Só que minhas ordens são ajudar a Lune a encontrar a Charlotte o mais rápido possível.
_ E é isso que vamos fazer. Então, o que conseguiu, Emily? _ perguntou Lune que estava logo atrás dele.
_ Charlotte nos enviou isso. _ ela entregou o pergaminho para a agente.
_ E... você sabe onde fica esse lugar? _ perguntou ela assim que terminou de ler.
_ Não bem ao certo. É afastado, mas com certeza a Charlotte estará por perto e o Lumus saberá encontrá-la.
_ Então vamos. Chrisbell será a nossa ponte de ligação com os outros agentes. Assim que encontrarmos o esconderijo, mandamos o alagatus de volta para mostrar o caminho.
_ Eu quero ir junto! Quero ajudar! Todos os meus sobrinhos estão lá!
_ Chrisbell, você vai nos ajudar e muito se ficar. Qualquer coisa avise o Harry, está bem?
Ela suspirou derrotada e disse:
_ Mas eu vou junto com ele!... _ então passou a mão pela cabeça do alagatus que ronronou como se fosse um gatinho _ Tragam todos de volta, por favor. Eu não sei o que faria se algo acontecesse com aqueles pestinhas.
_ Pode deixar, Bell. _ disse Fred _ Esse cara já foi longe demais. Não vamos deixar barato!
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Charlotte pisou cautelosamente na neve e se escondeu atrás de uma árvore, o que não garantia que ela já tivesse sido vista. Era exatamente aquele o lugar que ela lembrava. Lá estava ainda a queimada e parcialmente inteira casa onde Emily se escondera com a sua babá durante algum tempo.
Em toda aquela região não havia uma viva alma, tanto trouxa quanto bruxa. Mas ela sentia que havia magia naquele lugar. Uma sensação forte, assim como a que se tinha quando se entra nos terrenos de Hogwarts ou no Beco Diagonal.
Não havia dúvidas, ela teria que entrar lá. Mesmo sabendo que ser uma armadilha, ela também sabia que esse seria o único meio de saber quem estava por trás de tudo isso.
Um ruído veio de trás dela e Charlotte virou-se rapidamente já com a varinha em punho e deparou-se com Emily.
_ Sabia que encontraria esse lugar. _ disse ela baixando a varinha.
_ É. _ Emily olhou em volta com uma expressão de quem não estava nada contente em estar onde estava _ Eu só lembrava dele dos meus sonhos... e não eram bons sonhos.
_ Viu algo? _ perguntou Lune aparecendo logo em seguida.
_ Charlotte! _ Fred apareceu também e correu até a esposa a abraçando _ Você está bem? Não aconteceu nada? Não se machucou?
_ Calma, Fred! Eu fui uma comensal! Não quebro assim tão fácil.
_ Eu sei, mas... _ ele pensou melhor no que dizer e continuou _ Tome cuidado, por favor.
_ Aqueles WIBs imbecis prenderam você também? _ perguntou ela estranhando a reação do marido.
_ Também adoro ex-comensais, Charlotte. _ disse Lune sarcástica _ Mas vamos deixar essas brigas antigas para depois. Conte o que sabe.
Charlotte contou sobre a fogueira misteriosa que lhe entregou a pista e Emily contou sobre a profecia.
_ Então vamos fazer logo o que ele quer. _ Charlotte encarou Lune por um instante e perguntou a contra gosto _ Avisamos os WIBs ou resolvemos tudo sozinhos?
E resposta, Lune chamou o alagatus que estava atrás deles e disse:
_ Volte para a Chrisbell e a traga até aqui.
Lumus abriu as grandes assas e decolou em um vôo silencioso.
_ Vamos. _ continuou ela tomando a frente e rumando ao casebre.
Aparentemente, da antiga construção sobrara apenas paredes parcialmente destruídas por um fogo suspeito. Não havia uma porta na entrada e o teto tinha desabado quase por inteiro.O chão estava repleto de neve e entulhos.
_ Ali. _ Emily apontou para uma porta a esquerda deles _ Era o quarto.
Fred, com a varinha em punho, chutou a porta, arrancado-a das dobradiças podres e a fazendo cair com um estrondo no chão. Não havia nada lá dentro também.
_ Não tem nada aqui. _ disse Emily entrando junto com os outro para poder ver melhor _ Eles não estão aqui!
_ Calma, Emily. _ disse Charlotte _ Escuta...
Nesse instante, o chão começou a tremer.
_ Fiquem juntos! _ alertou Lune.
Mas já era tarde demais. O Chão sumiu por debaixo de seus pés e os quatro caíram na escuridão.
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Charlotte abriu os olhos devagar e se deparou com um teto de pedra escura, como o de uma caverna. Ela levantou-se com cautela e olhou em volta. O lugar estava escuro, mas não deixava dúvidas de que era algum lugar subterrâneo. As paredes eram de pedras escuras encaixadas desalinhadamente umas nas outras. Haviam duas velas com chamas vermelhas que flutuavam cada uma em um canto, mas que não ajudavam muita coisa.
Fred, Emily e Lune haviam desaparecido assim que o chão desaparecera por debaixo de seus pés. Não havia sinal algum de que eles poderiam estar ali também.
Um barulho de passos veio de um dos cantos escuros e Charlotte percebeu que ali tinha uma passagem, a única daquele lugar. Ela segurou a varinha firmemente na mão e preparou-se, mas não poderia atacar sem saber antes quem era:
_ Quem está aí?
Um vulto avançou a passos lentos para a luz fraca e Charlotte viu com alívio quem era:
_ Meggy!
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