Reunião de Família
Apesar de não achar realmente preciso, Draco foi até a casa de seus pais verificar como a irmã caçula estava se saindo. Ele aparatou diante do grande portão e deu a senha para entrar. O vento frio de começo de inverno não dava trégua mas, apesar disso, nos terrenos tudo estava calmo e sereno. E ele cruzou os dedos para que estivesse assim também lá dentro da casa.
De primeira ele percebeu que não haviam iluminação alguma saindo pelas janelas da frente. Ele agora começou a torcer para que ela já tivesse ido dormir e ele pudesse voltar para casa e fazer o mesmo. Bateu na porta e esperou pacientemente. Nenhuma resposta veio de dentro, o que era realmente estranho.
_ Elfos velhos e imprestáveis... Está mais do que na hora de darmos roupas para eles!
Ele bateu mais uma vez e, como nada aconteceu, abriu a porta com um feitiço. A escuridão era total lá dentro. Nem a grande lareira que permanecia acessa mesmo no verão demonstrava algum sinal de ter sido usada.
_ Por Merlim! Isto parece abandonaAAIIII!!! _ Draco tropeçou em algo e imediatamente acendeu a sua varinha e seu queixo caiu com que viu no seu círculo iluminado.
Dizer que um furacão tinha devastado a casa era o mínimo que ele podia imaginar. Nem de longe aquela parecia ser a mesma casa com que ele estava tão acostumado e que havia visto inteira semanas antes. Mas o seu horror com o que via foi logo substituído por um pensamento: onde estava Chrisbell? Desesperado, ele correu pelos cômodos do térreo chamando por ela e, sem resposta, subiu as escadas como um raio. Tanto o quarto dela como o antigo de Charlotte estava no mesmo estado que o resto da casa e em lugar nenhum havia sinal de viva alma.
_ Invadiram a casa! _ ele murmurava para si mesmo _ Invadiram a casa e raptaram a Bell e os elfos!
Ele gritou mais uma vez chamando pela irmã e dessa vez ele ouviu passos no corredor. Ele correu em direção a eles com a varinha preparada para um ataque.
_ Draco? _ perguntou Chrisbell aparecendo no corredor um tanto ofegante e descabelada, acabando de fechar o robe _ O que está fazendo aqui?
_ O QUE ACONTECEU AQUI?! QUEM DESTRUIU A CASA?!
_ Calma! Calma! Eu explico! Calma!
_ ALGUÉM INVADIU?! LEVARAM ALGUMA COISA?! MACHUCARA VOCÊ?! POR QUE NÃO PEDIU SOCORRO?! POR QUE NÃO BATEU NELES?!
_ CALMA, DRACO! _ela gritou tentando se sobrepor ao irmão _ FUI EU!
_ POR QUE NÃO... o quê? _ perguntou Draco perplexo.
_ Eu não imaginei que alguém poderia vir aqui hoje. Você não deveria estar em casa com a sua esposinha, não?
_ Chrisbell, o-que-você-fez?
_ Bom, eu... _ ela desviou o olhar dele _ Só queria fazer umas amizades novas. Vocês tem a vida de vocês e eu não queria ficar enterrada nessa casa enorme sozinha!
_ Mas... mas você não falou que iria ficar fazendo aquelas coisas que você obriga os outros a vestirem?
_ Roupas, Draco.
_ É, roupas. Você não ia ficar “criando” até começar o seu semestre em Hogwarts?_ Sim. _ afirmou ela com convicção _ E é exatamente isso que eu estou fazendo.
_ Como? _ Draco indicou em volta para a bagunça.
_ Só que eu não fico “criando” o tempo todo. Eu só chamei algumas pessoas legais, que chamaram seus amigos, que chamaram outros amigos, que por assim em diante.Draco olhou abobado para ela, sem conseguir pensar em algo para falar que dissesse o que ele queria dizer.
_ E quando todos foram embora, eu mandei os elfos descansarem um pouco. Amanhã eles estarão revigorados e conseguirão arrumar essa...
_ Revigorados? Como eles ficaram desvigorados?
_ Bom... três dias trabalhando sem parar é meio puxado e...
_ CHRISBELL, VOCÊ É LOUCA, MENINA?!
_ NÃO SOU MAIS MENINA, DRACO! SOU MAIOR DE IDADE E POSSO FAZER O QUE EU QUERO!
_ Não, você não pode fazer! Isso é a prova de que a Charlotte estava certa desde o começo: não podemos deixar você sozinha! Não tem responsabilidade nenhuma!
_ Olha quem fala. _ ela encolheu os ombros.
Essa foi a última gota para Draco. Ele respirou fundo para controlar-se e tentou falar o mais pronunciado possível:
_ Amanhã eu vou mandar uma coruja para Hogwarts falando que você aceita ir nesse semestre para lá mesmo não tendo necessidade.
_ Não, Draco! Você não tem o direito de fazer isso!
_ Olha que fala! _ ele revidou.
Nisso, mais passos foram ouvidos no corredor. E Draco quase caiu para trás quando um rapaz apareceu e perguntou o que estava acontecendo para Chrisbell. Ela, por sua vez, não respondeu porque o irmão agora parecia estar soltando faíscas.
_ Esse é um amigo que... _ ela tentou explicar diante da reação dele.
_ Não! Não me interessa! Manda esse cara embora e limpa tudo isso até amanhã de manhã! E NÃO E ATREVA A CHAMAR OS ELFOS! _ ele pronunciou um encantamento _ E nem tente usar magia! Eu ativei a proteção que não permitia que nós usássemos magia durante as férias. Sua varinha não vai funcionar. FAÇA TUDO SOZINHA!
_ Mas... _ ela tentou dizer algo, mas ele fez sinal para que ela calasse.
_ Amanhã de manhã eu e a Charlotte viremos aqui tomar uma providencia! E é melhor isso estar brilhando!
Chrisbell cruzou os braços zangada, mas não ousou responder, enquanto o rapaz permanecia abobado com tudo o que estava presenciando. Draco pronunciou outro encantamento que iluminou toda a casa.
_ Pode começar! _ E saiu sem dizer mais nenhuma palavra.
Emily chegou cedo naquele dia ao trabalho. Não fazia questão de ficar em casa mais tempo ouvindo as lamúrias do marido contra a irmã irresponsável. Como não esperava encontrar muita gente naquela hora no caminho até a sua sala, ela irrompeu no saguão de entrada cabisbaixa e pensativa, sem prestar atenção em nada. Por isso tomou um susto quando percebeu que havia um rumor de vozes equivalentes a um campo de quadribol enchendo o local.
_ O quê?... _ ela não conseguiu formular uma pergunta e simplesmente olhou em volta pasma.
Um pessoal de uniformes negros haviam invadindo o Ministério e, juntamente com os aurors, conversavam animadamente. Pareciam estar aguardando algo, e aproveitavam esse meio tempo para um bate-papo.
_ Emily? O que faz aqui tão cedo?
_ Ah, Fred! _ ela respirou aliviada por ver alguém conhecido que poderia explicar o que estava acontecendo _ O que é isso? Não avisaram que iria ter algum evento. É uma convenção?
_ Não que eu saiba. _ disse ele olhando em volta como se considerasse essa idéia _ Recebemos ordens de esperar aqui até que o chefe nos convoque.
_ Convocar para quê?
_ Estão dizendo que é uma reunião extraordinária solicitada pelo chefe WIB.
_ E eles sabem sobre o que é? _ ela fez sinal em direção aos WIBs.
_ É o que eu queria saber, e ia perguntar quando a vi. Mas você pode...
_ AH! POR MERLIM!
Fred sobressaltou-se com a exclamação dela e automaticamente tirou a varinha das vestes procurando a causa (e ele não foi o único). Mas sem explicar o que tinha acontecido, e branca como um fantasma, Emily correu pelo saguão sem ao menos se desculpar pelos empurrões que dava. Só parou quando chegou na outra extremidade e mal conseguiu balbuciar:
_ Lu-Lune?
A agente, com densos cabelos negros mesclados com castanho, a encarou com igual expressão, mas não disse nada.
_ O que está fazendo aqui, Lune? Não estava... não estava...
_ Morta? _ perguntou por fim a agente sem pestanejar _ É, eu deveria. E estava, pelo menos até você aparecer desse jeito na minha frente.
_ Emily?! _ outra agente apareceu ao lado da primeira com um imenso sorriso _ Emily Hailey?
_ Lilith? _ Emily encostou-se na parede porque suas pernas tremiam demais para sustentar seu peso _ Eu estou dormindo ainda e não acordei, não é mesmo? Eu estou sonhando com a Lune e com uma antiga namorada do meu irmão que não vejo desde o tempo de escola!
_ Bom, acho que você está muito bem acordada, Emily. _ Lilith riu _ E corre o risco de ser pisoteada por essas pessoas todas se resolver simplesmente deitar no chão e esperar que alguém a acorde.
Emily tentou rir também, mas não conseguiu grande coisa porque ainda estava espantada demais. Porém, como se fosse mágica, deixou o seu choque de lado e começou a pular de alegria.
_ Eu não acredito! Não dá para acreditar! Lune, você está aqui! Esse tempo todo em que pensávamos que...
_ Lune?! _ Fred finalmente conseguiu chegar até elas _ Mas a Lune não tinha morrido quando tirou os poderes Daquele-que-não-deve-ser-nomeado?
_ É! _ respondeu Emily sem tirar os olhos da agente que parecia estar um tanto contrariada com isso _ Mas ela está aqui!
_ Morrido? _ perguntou Lilith _ Então foi por isso que você planejou?... Muito melhor do que a minha idéia de ser deserdada por fugir de casa.
_ Eu lembro de você! Também é WIB? _ perguntou Fred impressionado.
_ Da Divisão Especial de Investigação entre os trouxas! _ informou Lilith com orgulho _ A mesma equipe responsável pela queda de Lord Voldemort... Com alguns novos integrantes, é claro.
_ Mas, Lune, seu pai não sabe que você.
_ Claro que sabe, Emily. _ disse ela como se ficar calada não iria remediar o fato de que não conseguira passar desapercebida. _ São normas. Somente os pais podem saber onde você está.
_ Como os Inomináveis? _ perguntou ela.
_ We.
_ E você também tem que desistir e se afastar dos seus relacionamentos se quiser continuar trabalhando para eles?
_ We.
_ E por isso você tinha morrido?
_ We... Ei! Eu ainda estou morta, Emily, e é bom as coisas permanecerem assim. Não quero que uma equipe de Obliviadores incompetentes estraguem a sua cabeça para que eu possa continuar com o meu trabalho!
_ EU não conto, não se preocupe... Acho que Charlotte não iria gostar muito mesmo. Mas eu posso saber o que vocês vieram fazer aqui?
Lune e Lilith trocaram olhares cheios de significado.
_ Está bem. _ disse Lune por fim _ Você logo saberia por que está envolvida com tudo.
_ Eu? Como?
_ Bom. Você deve tr ficado sabendo do ocorrido na semana passada no Hospital St. Mungus?
_ Anhm... não.
_ Mas o Fred sabe, não sabe? _ ela mais afirmou do que perguntou.
_ Da tentativa de seqüestro, ou libertação, Daquele-que-não-deve-ser-nomeado? _ ele perguntou e Lune afirmou _ Sei. _ ele disse sem jeito _ Eu estou nesse caso.
_ Está?! _ perguntou Emily surpresa _ Mas eu não fiquei sabendo disso! A Charlotte não em contou nada.
_ Isso porque ela não sabe de nada. _ disse Fred sério _ Ela decidiu esquecer tudo o que fez no passado, e não vou ser eu quem vai faze-la lembrar.
_ Tem certeza que ela quer esquecer? _ perguntou Lune misteriosamente.
_ Claro que tenho! _ afirmou Fred _ Sou o marido dela e perceberia logo de cara se ela tivesse alguma coisa a ver com aquele causo... E por que ela faria uma coisa dessas? Não tem sentido!
_ É o que vamos descobrir. _ disse Lune com desconfiança _ Sua esposa largou o trabalho que prestava ao Ministério no Departamento de Mistérios e desde então não tem outra ocupação.
_ Ela fez isso pela Selene. _ defendeu ele _ E pelos outros filhos também.
_ Ou porque não queria mais dar informações preciosas a quem invalidou seu mestre.
_ Não! Ela...
_ Fred, escuta! _ Lune o interrompe _ Ela não pode esquecer metade da vida. Ela não pode esquecer o que Lord Voldemort martelou na cabeça dela durante todos aqueles anos! E até que as investigações apontem para outro suspeito, nós...
_ Ela é suspeita?! _ Perguntou Emily que até ali se sentia posta de lado na discussão _ Quer dizer, suspeita de querer tirar Lord Voldemort do Hospital?
_ Não só disso. _ começou Lilith _ Há mais de três anos estamos investigando uma série de eventos que tem ligação em todos os cantos do mundo. Eventos que lembram muito a trajetória que Lord Voldemort fez para chegar ao poder. E eles nos trouxeram até aqui, onde esperamos acabar com isso antes que...
_ Mas a Charlotte não esteve nos quatro cantos do mundo! _ ainda tentou Fred, relutando em acreditar no que ouvia.
_ E quem disse que ela precisa estar fora de casa para comandar ações pelo mundo?
Tanto Fred quanto Emily encararam Lune espantados, mas nenhum conseguiu rebater a pergunta.
Charlotte entrou na sala segurando, Selene pela mão. Era a primeira vez que trazia a menina no hospital e não estava certa se era uma boa idéia.
_ Olá, Tom. _ ela disse parando no meio da sala _ Como vai hoje?
_ Como sempre! _ resmungou sombriamente um homem com cabelos ralos e brancos totalmente despenteados e com a barba em igual estado, olhando distraidamente pela janela.
Ele não falou mais nada, e demorou um tempo até Charlotte quebrar o silêncio:
_ Eu trouxe alguém para você conhecer.
Ele não respondeu.
_ Quem é ele, mãe? _ murmurou Selene com medo de se aproximar mais.
_ Por que não pergunta à ele? _ Charlotte sugeriu falando no mesmo tom.
A menina encolheu os ombros, mas não se atreveu a sair do lugar para perguntar:
_ Oi... como é o seu nome?
O velho lançou um rápido olhar superior para a menina e voltou a sua atenção para a janela.
_ O meu é Selene. _ ela tentou novamente.
_ Será que não é possível mostrar um mínimo de humanidade e responder a pergunta dela? _ perguntou Charlotte impaciente.
_ Ela é igual a você. _ disse ele simplesmente em tom rabugento.
_ Eu sou igual a tia Chrisbell. _ disse Selene soltando a mão da mãe e abraçando fortemente o dragão.
_ Pelo que eu saiba, coisinha, _ disse ele rispidamente _ eu estou aqui por ser louco e não cego!
_ Você é louco? _ Selene perguntou surpresa.
_ Não sou louco! Eu sou o Lord das Trevas! _ ele resmungou saindo da janela e sentando-se na cadeira da sua escrivaninha, que estava cheia de papéis rabiscados.
Sem se importar com as visitas, ele recomeçou concentradamente o seu trabalho. Selene, colocando o dragão na boca, foi até a mesa espiar o que ele estava fazendo.
_ Que legal! Você desenha! _ disse ela subindo em uma cadeira para conseguir ver.
Voldemort a olhou de relance e perguntou:
_ Você gostou?
_ Gostei. _ ela colocou o Dragão sentado do lado dos papéis _ E o Rarus gostou também.
Voldemort deu um meio sorriso e falou para Charlotte:
_ Finalmente você conseguiu fazer alguma coisa decente, Charlotte! Essa sim sabe apreciar uma arte. Não como aquela coisa de cabelos vermelhos que e aquele moleque que chutou a minha canela. _ ele voltou aos seus desenhos e resmungou _ Ela parece com você.
_ O Rarus perguntou se você faz um desenho dele. _ disse Selene deitando a cabeça na mesa para ver os desenhos de outros ângulos.
Ele lançou um olhar para o dragão e deu uma risada:
_ Ela fala com o bichinho.
Charlotte cruzou o braços suspirando aliviada. Já fazia mais de dezesseis anos que Voldemort estava confinado na ala hospitalar do St. Mungus, e ela era a única que o visitava. Mesmo tendo jurado para Fred que nunca mais veria seu antigo mestre depois que Selene nasceu, não achava justo simplesmente ignorá-lo. Sem poderes, ele era tão perigoso quanto um trouxa com uma varinha. E agora, olhando ele fazendo o desenho para a filha, sabia que tinha feito a coisa certa.
_ Igual a mãe...
A neve já começava a cair em Londres, mas dentro do Ministério o clima era muito mais acolhedor. Lune aguardava pacientemente em uma sala de reuniões, olhando pela paisagem enfeitiçada que aparecia pela janela.
Logo os convocados começaram a chegar. Os primeiros foram Emily e Fred, que logo a encheram com perguntas. Mas ela falou seriamente que eles teriam que esperara até que todos estivessem presentes. Lilith entrou depois com o chefe WIB e Chrisbell. Draco entrou assim que a garota sentara ao lado da cunhada, e ele lançou um olhar feio para a irmã e logo depois para a esposa por ver que ela estava do lado de Fred. E, para a surpresa dos já presentes, Lúcio e Narcisa Malfoy também apareceram, deixando Chrisbell assustada e lançando olhares nervosos para o irmão.
_ Pois bem! Estamos todos aqui. Pode começar, Lune _ disse o Chefe Wib.
_ Bom, o que eu vou lhes falar não é nada fácil. Fred e Emily já estão sabendo de algumas coisas, mas nada era ainda certo. _ os dois mencionados trocaram olhares interrogativos e Draco mexeu-se nervoso em sua cadeira. _ Porém os fatos mais recentes que apuramos aqui na Inglaterra infelizmente só aumentaram nossas suspeitas. Para explicar melhor, tenho que relatar, resumidamente, nossa investigação desde o seu início. Eu peço que, por favor, não se manifestem até eu terminar, we?... Há alguns anos o serviço especial WIB começou a investigar uma série de ocorrências pelo mundo. Elas datam de cinco anos atrás e continuam até hoje, todas dispersas e aparentemente sem interligações. Mas uma ocorrência recente mostrou-se muito semelhante com uma ocorrida há anos atrás, e essa semelhança nos fez descobrirmos as ligações com todas as outras. Elas mostraram-se perfeitamente planejadas e calculadas para conseguir enganar as investigações até agora. Trata-se de roubos, magias executadas ilegalmente, maldições, artefatos mágicos negros, poções proibidas, estudiosos desaparecidos e encontrados ilesos, mas com a memória pagada, artes das trevas usada para conseguir informações e facilitar caminhos. Quem são e quantos são ainda não sabemos, mas o fato mais surpreendente é que nossas investigações traçaram um mapa exato do caminho que Lord Voldemort fez para chegar ao poder. Ainda não houveram assassinatos, mas é uma questão de tempo para que eles comecem. E a tentativa de resgatar Voldemort do St. Mungus mostra que eles estão dispostos a seguir o antigo mestre. Provavelmente, como na época dos comensais, existem pessoas no mundo bruxo que estão a favor deles, mas não se manifestam diretamente em ações. Hoje, sabemos que as ordens partem desse país, e as pistas apontam para um único suspeita: a antiga aprendiz comensal.
Houve um espanto geral pela sala, mas antes que o falatório começasse, Lune foi mais rápida:
_ Por favor! Ainda não terminei! Calma, eu vou explicar! Vocês foram chamados aqui por que convivem com ela e merecem saber da situação. Primeiro: não chegamos a essa conclusão simplesmente pelo passado acusador da Charlotte. Segundo: ela parou de trabalhar no Ministério quando isso começou. Terceiro: eu, como vocês, convivi com ela e não creio que ela faria isso em sã consciência. Mas ela continua visitando Voldemort no hospital e,pelo que Fred nos contou, ela começou a ver vultos pela casa e induziu a filha menor a dizer que vê também. E isso pode ser um indício de que ela talvez esteja com problemas.
_ A senhorita está querendo dizer que a minha filha desistiu de tudo o que ela construiu até agora para voltar a vida de comensal? – perguntou Lúcio Malfoy em um misto de nervosismo e impaciência _ Impossível! Ela tem uma família agora e eles são tudo na vida dela!_ Nós sabemos disso, senhor Malfoy. Por favor, não estamos dizendo que a sua filha é culpada, mas sim que ela é suspeita. E é isso que nós queremos descobrir! Vocês têm que entender que ela ficou muito exposta as artes das trevas na infância, e isso, nós querendo ou não, a marcou para sempre. Ela pode ter um trauma reprimido, um desvio de personalidade retardado ou qualquer coisa que a fez agir assim. E se realmente for isso, ela precisa de ajuda.
“Levando em conta tudo o que eu disse até agora, chego ao ponto essencial dessa reunião. Nós temos duas soluções: ou interna-la no centro de terapia intensiva do St. Mungus onde ficará em observação ou prende-la em Azkabam até que as investigações acabem. Vocês tem que entender que trabalhamos para a comunidade bruxa e que não podemos deixar que alguém provoque o mesmo terror que já assolou o nosso mundo uma vez. _ ela percorreu o olhar por todos os rostos apreensíveis _ Esta decisão depende de vocês. O que decidem?Diante do silêncio e visível perturbação de todos, Lune acrescentou:
_ Eu só quero ressaltar que essa decisão deve ser tomada aqui e agora. Não podemos nos dar ao luxo de perdermos mais tempo.
_ E este o que é?
_ Um bandinho. _ respondeu Selene olhando distraídamente para a figura animada que a mãe apontava.
_ E o que ele faz?
_ Come sujeira mágica, mas podem comer a casa inteira também.
_ Muito bem. E este?
_ Um amasso!
_ Isso mesmo _ Charlotte fechou o livro contente _ Sua irmã levou bem mais tempo para perceber que um amasso não era um alagatus sem asas.
_ Podemos ver dragões agora, mãe? _ ela ficou de pé do sofá agarrando o dragãozinho contra o peito _ Eu gosto de dragões! Os dragões são legais!... Por que o Rarus não solta fogo como os dragões legais, mãe?
_ Por que menininhas não são capazes de cuidar de um dragão de verdade. _ disse Charlotte levantando-se do sofá para guardar o livro na estante.
_ Mas eu ensino ele a ser bonzinho, mãe. _ Selene colocou o dragão na cabeça.
_ E ele iria botar fogo no seu quarto assim que você virasse as costas.
_ Não por que ele vai dormir no quarto do Gareth... O tio Carlinhos cuida de dragões de verdade, o papai contou. E quando eu for grande igual ao tio Carlinhos eu vou cuidar de dragões também... Mãe, por que nós não vamos lá ver os dragões do tio Carlinhos?
_ O tio Carlinhos mora muito longe, filha.
_ Mas a gente vai com a moto do tio Harry e manda uma coruja depois avisando o papai que nós saímos! Ah, vamos, mãe! O papai vai deixar.
_ Se você quer ir passear por que não escolhe um tio mais perto? Que tal o tio Draco?
_ Ah, não. _ ela afundou-se no sofá _ Tio Draco não tem dragões e fala que eu só quebro as coisas.
_ Mas e você não quebra? _ ela estendeu os braços para puxar a filha do sofá e pegá-la no colo _ Vamos, está na hora de você tomar banho.
_ Eu não quebro as coisas! _ disse ela indignada já no colo da mãe _ Elas pulam da minha mão! Não tenho culpa se elas querem cair e se quebrar...
Charlotte riu e começou a subir as escadas.
_ E também ele... Não abre a porta mãe! _ disse a menina de repente assustada e Charlotte parou nos degraus.
_ O que? _ ela perguntou e no mesmo instante a sineta da porta tocou.
Selene olhou para a porta e colocou o dragãozinho na boca dizendo:
_ Papai.
Charlotte pestanejou olhando para a porta e perguntou para a filha:
_ Como você sabe quem é Selene?
Mas a menina não respondeu. Apenas se soltou do abraço da mãe e subiu as escadas o mais rápido que pode, assim que a sineta tocou novamente.
_ Sue pai entraria, não ficaria esperando alguém ir abrir a aporta, Selene. _ disse ela para a filha que espiava escondida atrás da parede do andar de cima.
_ Mas ele nunca entra quando está lá fora. _ ela disse tirando o dragão da boca e correndo para o seu quarto.
Charlotte abanou a cabeça negativamente e a sineta tocou de novo. Ela foi abrir e espiou primeiro antes de deixar a passagem livre para quem quer que fosse. Mas assim que ela percebeu que conhecia aquele rosto que a encarava, ela esqueceu do que a filha dissera.
_ Lupim? _ ela perguntou perplexa _ Lune Lupim?
_ Olá, monitora... Há quanto tempo. _ respondeu ela séria.
Logo atrás dela estavam mais três bruxos com o mesmo uniforme que ela usava, uma mulher e dois homens. E ainda mais atrás, tentando não ser visto, estava Fred.
_ O que aconteceu? _ Charlotte perguntou assim que registrou todas as impassíveis expressões.
_ Sra. Weasley, _ disse Lune lhe mostrando um pergaminho oficial do Ministério, departamento especial WIB _ A senhora está temporariamente detida sobre a suspeita de praticar atos mágicos ilegais, formação de um movimento anti-trouxa e por praticar maldições imperdoáveis e magia negra avançada. A senhora deverá nos acompanhar agora até o ministério de onde será encaminhada para uma ala especial no St. Mungus.
_ O que?! _ ela tentou ler o que o pergaminho dizia _ Mas, eu... Fred! O que está acontecendo?
_ Não foi uma decisão minha. _ ele disse engolindo em seco _ Escuta, Charlotte, é melhor você ir.
_ Mãe! _ Selene surgiu de dentro de casa e agarrou-se a ela _ Não vai, mãe! Você não pode ir! Não vai, mãe!
Charlotte a pegou no colo e ela agarrou-se ao seu pescoço.
_ Nós iremos providenciar alguém para cuidar dela até que seu marido seja dispensado das investigações. Por favor, sr. Weasley.
Fred, sem encarar a esposa, falou com a filha a pegando da mãe:
_ Não se preocupe Selene, a mamãe já vai voltar. Ela só precisa ir a um lugar conversar com algumas pessoas. Logo ela volta para casa. _ e ele acrescentou mais para Charlotte do que para a menina _ Ela só precisa ir até lá esclarecer algumas coisas e depois poderá voltar para casa, eu prometo.
Lilith, a outra agente, conjurou uma algema que ligava o seu braço com o da detida e Lune acrescentou:
_ Talvez não tão logo assim...
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