Uma Visita Inesperada



A porta se abriu com um estrondo. A pouca luz do corredor iluminou o aposento. Antes que pudesse abrir a boca para perguntar o que estava acontecendo, seu braço foi agarrado e ele foi puxado pra fora.
- Anda, Draco. – ela sussurrou aflita. –
- Mãe, o que está acontecendo? – ele perguntou sem entender. –
Eles ouviram passos apressados na escada e ela estremeceu.
- Draco, você pode aparatar daqui. Vá, fuja. Encontre um lugar seguro.
- E você?
- Eu vou ficar.
- Não. Eu não vou sem você.
Antes que ela pudesse responder, Bellatrix apareceu no topo da escada.
- Estupefaça. – ela gritou sem pensar duas vezes. –
Sem tempo para reagir, ele viu o raio vermelho vindo em sua direção. Apenas sentiu uma mão puxando-o pela capa e o tirando da direção. Sua mãe rapidamente colocou-se na sua frente e sacou uma varinha. Sua tia prosseguia com a varinha apontada para o peito dela.
- Vejo que você pegou sua varinha de volta.
- Faça o que quiser comigo, Bella, mas eu não vou deixar você machucar meu filho.
- Você está cometendo mais um erro, Cissy. Milorde já está se cansando de perdoá-la.
Mais passos na escada. Draco se apavorou.
- Estupefaça. – foi sua mãe quem gritou dessa vez. –
O raio atingiu Bellatrix no peito. A bruxa não esperava por isso. Mas Voldemort apareceu no topo da escada logo depois.
- Crucio. – ele berrou. –
Mas errou. Ele chegou para trás, enquanto sua mãe tentava mais um feitiço no Lord das Trevas, ele desviou e respondeu rápido. Só então Draco percebeu que andar pra trás tinha sido um erro. Ele tinha saído detrás do corpo da mãe e estava exposto. Voldemort mirou nele, não nela.
- Avada Kedavra.
Draco instintivamente se encolheu, o que de maneira alguma lhe ajudava. Mas mais uma vez, Narcisa se colocou na frente. O feitiço a atingiu nas costas, bem na direção do coração.
- Não!!! – ele berrou. –
Tentou alcançá-la, ela tinha que estar viva. Mas ela estava sumindo, e ele caiu no vazio. Sentiu um impacto no seu nariz e algo quente escorrendo pelo seu rosto. Ele caiu no chão duro com um baque e abriu os olhos.
- Seu desgraçado. – Fred estava em cima dele. Não tentou reagir. Sabia que merecia aquilo. –
Então ele se lembrou. Tinha aparatado para a mansão, mas sabia que era o primeiro lugar em que lhe procurariam. Então pegou sua varinha antiga e chamou o Nôitibus e fugiu pra Toca. Sempre falara mal do lugar e tratara mal os Weasley, mas foi a única idéia que lhe passou pela cabeça naquele momento de desespero.
Alguém tirou Fred de cima dele e o puxou para dentro da cozinha. Ele recuperou-se e olhou em volta. Os gêmeos, Carlinhos, o Sr. e a Sr.ª. Weasley, Gui e Fleur, Rony e Gina, e ainda Tonks e Lupin, todos pararam de tomar café da manhã e ficaram observando o garoto.
Ainda no chão, ele começou a chorar. Não conseguia parar. Vendo a família dos Weasley reunida, tudo voltou. Ele não tinha mais ninguém. E ele era o culpado pela desgraça.
Ele sentiu duas mãos o segurando pelos ombros, o levantando e fazendo-o sentar-se em uma cadeira. Quando conseguiu controlar-se, abriu os olhos e olhou em volta. Todos continuavam a observá-lo.
- O que você faz aqui, Draco? – Rony perguntou, já querendo partir pra cima do garoto, mas foi impedido a tempo por Lupin. –
- Foi o único lugar que me ocorreu.
- Draco, você dormiu aí fora a noite toda? – perguntou a Sr.ª Weasley com delicadeza. –
Ele concordou com a cabeça.
- Draco, o que aconteceu? – Sr. Weasley perguntou ternamente. –
- Ele a matou. – Draco murmurou. – Voldemort matou minha mãe.
Todos lhe olhavam com pena.
- É tudo culpa minha. – ele acrescentou. –
- Não é culpa sua, Draco. – Lupin falou. –
- É sim!!! – ele gritou. – Ela morreu pra me proteger. Ele lançou o feitiço em min, ele queria me matar. Ela entrou na frente. Era para eu estar morto, não ela.
Todos ficaram em silêncio por um longo tempo. Nunca gostaram dos Malfoy, mas aquela era uma situação realmente horrível para um garoto de dezesseis anos estar passando.
- A minha tia foi assassinada? – Tonks murmurou. –
Todos olharam para ela surpresos, costumavam se esquecer que ela era sobrinha de Narcisa, prima de Draco, que pareceu não entender.
- Talvez a sua mãe nunca tenha de contado, mas ela e a minha mãe eram irmãs.
- Não. Ela nunca me falou.
Draco se sentiu menos sozinho, tinha uma prima e uma tia, além daquela traidora cruel que tinha tido participação no assassinato de sua mãe.
- Por que você não nos conta tudo, Draco? – Lupin pediu. – Desde que você e Snape saíram de Hogwarts.
Draco fez que sim com a cabeça, relembrou tudo rapidamente e respirou fundo.
- Nós fomos para o esconderijo do Lord das Trevas.
- Snape te levou pra Você-Sabe-Quem? – Rony perguntou exaltado –
- Rony, não interrompa. – Sr.ª. Weasley brandiu irritada. –
- Ele tinha que me levar pra lá, o Lord das Trevas tinha raptado a minha mãe uns dias antes, nós não tínhamos escolha. Na verdade, a nossa tia fez o trabalho sujo. – ele acrescentou olhando pra Tonks. – Tia Bellatrix foi até minha casa, conseguiu deixa-la inconsciente e a levou pro Lord.
Ele engoliu em seco, e processou o ódio que sentia de sua tia agora. Ele sempre a tinha idolatrado, ela até tinha lhe ensinado oclumência. Ele pensara que ela só queria ajudar.
- Logo o Lord descobriu que Snape tinha feito o trabalho no meu lugar e obviamente ele ficou irado. Ele deixou minha mãe lhe implorar por um bom tempo. Então... ele torturou a minha mãe algumas vezes. Ele não tinha que fazer aquilo, eu acho que ele só queria se divertir.
A imagem de sua mãe se debatendo no chão, agonizando, voltou a sua mente. Era algo tão horrível, ele ficou agoniado.
- Ela não gritou. – ele murmurou mais para si mesmo do que para os outros. Ela tinha sido forte e não fizera um ruído de dor sequer. – Eu implorei que ele parasse, que castigasse a min. Então ele a deixou em paz e me torturou por um tempo. Então eu prometi que faria qualquer coisa que ele quisesse pra me redimir e ele parou. Eu achei que finalmente eu poderia sair daquele inferno, mas eu ainda não tinha conhecido inferno.
Ele parou por um momento. As lágrimas temiam em descer, mas ele não perdeu tempo tentando enxugá-las.
- Eles nos fez prisioneiros. – ele acrescentou em voz baixa. –
Todos se entreolharam. Ninguém teve coragem de dizer nada. Draco continuava chorando baixinho.
- Ele confiscou nossas varinhas e nos prendeu em um quarto de onde não podíamos aparatar. Era um lugar horrível. Era gelado, imundo, escuro. Nós não vimos luz por dias. Eu já nem me importava mais comigo, eu só pensava em tirar minha mãe daquele cativeiro. Só pensava em algo que pudesse fazer pra que ele a libertasse.
Ele parou para se controlar mais uma vez. As lágrimas caíam mais rápido agora.
- Mas Tia Bellatrix estava se divertindo muito com tudo aquilo. – ele acrescentou com rancor. – Ela sempre reclamava dos anos em que minha mãe vivera com conforto enquanto ela estava em Azkaban e finalmente ela teve sua vingança. Ela adorou ver a minha dormindo no chão imundo e duro de pedra. Ver minha mãe tão fraca de fome que seria um milagre ela poder segurar uma varinha. Ver minha mãe implorando e deixando que ela a torturasse um pouco só para que ela me desse um copo de água. Ela estava se divertindo enquanto nós morríamos lentamente!! Ela estava se divertindo!!!
Ele estava chorando violentamente agora. Tinha berrado a plenos pulmões e socado a mesa e só percebera seu descontrole quando viu os olhares horrorizados pra ele.
Ele não entendia que os olhares horrorizados não eram pelo seu comportamento, que era compreensível e sim pelas coisas terríveis que tinham acabado de ouvir. Tonks, apesar de nunca ter conhecido a tia, que ela soube pela mãe que era uma esnobe, estava com lágrimas nos olhos.
- Tia Bellatrix a tinha levado para uma seção de tortura, mas ela voltou desacompanhada. Ela tentou me fazer fugir, mas eu não iria sem ela. Tia Bellatrix nos alcançou e elas começaram a discutir e depois a duelar. Quando eu vi tia Bellatrix estava no chão e o Lord das Trevas estava no topo da escada duelando com a minha mãe. Eu saí de trás dela, sem querer. Então ele lançou um Avada Kedavra em min. Eu não pude me mexer e ela se jogou na frente. Ela morreu no meu lugar, me deu tempo pra fugir.
Ele continuou a chorar, todos pareciam estar escolhendo as palavras certas para consolá-lo.
- Eu sempre achei que ela me protegia demais. Eu fui teimoso e aceitei a missão do Lord das Trevas. Eu a coloquei em perigo.
- Não é verdade, Draco. Não é culpa sua. Se você não tivesse aceitado a missão ele teria ameaçado vocês da mesma maneira, ele teria encontrado uma maneira de obrigá-lo. – a Sr.ª. Weasley falou entre as lágrimas e os soluços. –
- É sim. Se eu tivesse sido eficiente, se eu tivesse feito as coisas a tempo... ela foi raptada por que eu deixei ele pensar que eu não conseguiria. É minha culpa ela ter se tornado refém dele e é minha culpa ela ter sido morta.
- Draco, o Lord das Trevas poderia ficar entediado uma hora, ir a sua casa e assassina-la. Ele não tem coração. E tia Bellatrix também não tem coração. Você mesmo disse que ela estava se divertindo. Ela poderia ter feito o que fez sem motivo. Só para se divertir, se vingar.
As palavras de Tonks fizeram algum efeito. Ele parecia se sentir menos culpado.
- Draco, por que você não sobe com a Tonks e o Rony? Ele vai te emprestar uma roupa, você pode tomar um banho e depois você desce para comer alguma coisa. Que tal? – Sr. Weasley sugeriu. -
Ele balançou a cabeça concordando. Tonks levantou-se, deu a volta na mesa e ajudou Draco, enquanto Rony ainda estava parado, atônito no fim da mesa. A Sr.ª. Weasley o pego pela orelha e o levantou e só então ele acordou e seguiu os dois.
- Que coisa horrível. – Fleur foi a primeira a comentar, quando os três desapareceram na escada. –
- Depois do que Bellatrix fez com Frank e Alice, eu achei que ela não conseguiria fazer nada pior a ninguém. Mas eu me enganei. – Lupin comentou. –
- Essa mulher é o demônio. – a Sr.ª. Weasley brandiu. –
- Ela não tem limites. A própria irmã? Se fosse Andrômeda, ainda seria mais fácil de acreditar, mas Narcisa? Bellatrix e Narcisa sempre foram amigas. – O Sr. Wrasley. Acrescentou -
- Isso foi antes de Bellatrix passar quinze anos em Azkaban.- Jorge observou. -
- Mesmo assim. – foi a primeira vez que Gina falou. - Mesmo vindo de uma pessoa cruel como ela, é algo terrível. Quem seqüestra e tortura a própria irmã dessa maneira?
- Bellatrix Lestrange, a comensal mais fiel de Voldemort e um monstro criado por ele. – Carlinhos respondeu, passando a mãe na cabeça da irmã. -
Enquanto tentavam digerir a idéia, eles também conversavam sobre o destino de Draco. Concordaram que era melhor que ele ficasse ali por um tempo e Arthur tentaria falar com Lúcio, para contar-lhe da morte da esposa. Então ele decidiria o destino do filho. Tonks depois sugeriu que Draco passasse um tempo com sua mãe e foi rapidamente mandar uma carta para ela.

N/A: Não está muito emocionante, a ação só começará realmente no próximo capítulo. E o romance também.

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