De Volta à Vida



Harry estava com a cabeça colada no vidro da janela, observando as paisagens do interior da Inglaterra passarem por ele rapidamente. Uma chuva fininha caía, mas o Sol ainda reinava absoluto, o quê permitiu a formação de um arco-íris ao longe.
O Expresso de Hogwarts estava em silêncio absoluto. Ninguém andando pelos corredores ou parados do lado de fora de suas cabines fofocando.
Estavam todos de luto. Romilda Vance finalmente tinha desistido de perturba-lo e de acordo com Hermione ela estava tendo um rolo com Anthony Goldstein, mas nada disso fazia diferença. Ele nunca mais voltaria a Hogwarts, nunca mais veria Romilda Vance.
- Nunca mais é muito tempo, Harry. – Hermione argumentara enquanto embarcavam na estação de Hogsmeade. – Quando a guerra acabar, e eu espero que seja logo, a escola deve reabrir. E nós deveremos voltar e terminar nossos estudos, e seguir as carreiras que nó planejamos.
- Mas se nós tivermos finalmente derrotado Voldemort, pra que servirão os aurores?
- Não seja bobo, Harry. Você acha mesmo que assim que Voldemort cair, todos os comensais desaparecerão? Alguns serão presos e alguns tentarão continuar o trabalho de seu mestre. E outros bruxos das trevas surgirão, tenha certeza.
Harry refletia sobre as palavras da amiga. Era quase impossível pensar em uma vida normal. Terminar Hogwarts, se tornar auror, se casar e ter uma família. Tudo parecia inalcançável e irrealista.
Rony e Gina tinham ido para casa com os pais, o que Harry tinha realmente agradecido, porquê fazer toda uma viajem de volta pra casa com Gina ao seu lado, depois que tinham concordado em se separar, seria muito doloroso. Neville também tinha sido levado pela avó logo após o enterro.
Então o grupo que normalmente viajava junto tinha se resumido a ele, Hermione e Luna. E Ernie Macmillan e Anna Abbot tinham se juntado a eles na cabine, mas ninguém estava conversando, ou sequer se encarando.
Luna estava lendo O Pasquin e Hermione tinha enfiado sua cara em um livro sobre Runas, mas depois de quase uma hora, Harry ainda não tinha visto a amiga virar a página nenhuma vez. Ela, Ernie e Anna saíam ocasionalmente para patrulhar os corredores.
- Você também vai fazer seu teste de aparatação esse verão, não é? – Ernie perguntou repentinamente. –
Harry foi pego de surpresa, tinha se esquecido do seu teste de aparatação. Ele e Ron fariam esse verão. Não estava certo de que passaria, mas certamente seria a melhor maneira de viajar, já que as redes de flú estavam sendo vigiadas. Ele teria mais liberdade para procurar os Horcruxes.
- Sim, eu e Ron faremos o teste esse verão. – ele respondeu, um pouco menos miserável. –
Tinha estado concentrado em bolar um plano para poder caçar os Horcruxes. Ele não pretendia morar mais com os Durleys, sua passada por aquela casa seria tão breve quanto fosse possível e a Sr.ª. Weasley certamente não aprovaria sua jornada em busca de pedaços da alma de Voldemort.
Se ao menos Sirius estivesse com ele... Então ele se deu conta. Estivera em sua frente o tempo todo. A casa de Sirius em Grimmauld Place era dele, ele poderia morar lá se quisesse. Ele nunca quisera e ainda achava que o lugar continha muitas lembranças tristes, mas era sua melhor opção.
Queria debater sobre o assunto sobre Hermione, mas a cabine estava cheia. Ele realmente não sabia quando poderia falar com ela ou com Rony, já que o perigo de suas corujas serem interceptadas era enorme. Então outra coisa lhe ocorreu.
O carrinho de doces parou e pela primeira vez desde que tinha ido pra Hogwarts, Harry não teve vontade de comer nada. Pensando novamente, comprou todos os sapos de chocolate do carrinho.
Eles os abria, olhava e jogava de lado. Todos ficaram olhando sem entender.
- Harry, o que você está fazendo? – Hermione perguntou finalmente. –
- Procurando a figurinha de Dumbledore. – ele respondeu meio engasgado. – Eu perdi a minha.
Depois de observá-lo por um longo e incômodo momento, Hermione pegou um monte de sapos de chocolate, jogou no seu colo e começou a abrir. Os outros, solidários, fizeram o mesmo. Harry sentiu os olhares de pesar pra ele, e se sentiu mal.
- É bom ter uma lembrança. Você mais do que ninguém deve ter ótimas lembranças dele. – Luna disse no seu tom vago de sempre. – Você o conhecia melhor que todos nós. Era mais apegado a ele. Então é normal que queira ter a figurinha.
Harry se sentiu melhor.
- Quando ninguém acreditava que Voldemort tinha voltado e Dumbledore perdeu seu cargo de Presidente da Confederação Internacional de Bruxos, foi rebaixado do cargo de Bruxo Chefe em Wizengamont, que é a Corte Suprema dos Bruxos, e estavam falando em retirar sua Ordem de Merlin, Primeira Classe, Dumbledore apenas disse que não se importava com o que eles estavam fazendo desde que não tirassem dele as figurinhas dos sapos de chocolate – Harry acrescentou com um sorriso. –
Dumbledore, apesar de sábio, sempre fora um homem um tanto excêntrico. Era o que fazia dele tão legal.
- Achei. – Anna anunciou. –
Ela entregou a Harry com um sorriso. Um silêncio constrangedor caiu sobre o vagão. Todos olhavam em volta, para a pilha de chocolates.
- Podem pegar o que quiserem. – Harry falou. –
Os outros pegaram alguns sapos, envergonhados. Mas Harry não prestou atenção, grudou os olhos na figurinha de Dumbledore e não desgrudou até o trem começar a diminuir a velocidade para parar em King Cross.
Ele se lembrou que queria falar com Hermione. Todos se levantaram e começaram a pegar seus malões e bichos de estimação. Hermione estava segurando Bichento firmemente em uma das mãos e ele pegou a gaiola de Edwiges.
Quando o trem finalmente parou, Luna, Anna e Ernie saíram da cabine, mas ele rapidamente segurou o braço de Hermione antes que ela saísse.
- Eu tenho que falar com você, Mione.
Ela voltou a se sentar e ele fechou a porta e se sentou de frente pra ela.
- Eu acho muito perigoso nós no comunicarmos por corujas, então acho melhor nós telefonarmos um pro outro.
- Bom, particularmente eu não acredito que Voldemort ou o ministério vão vigiar nossas linhas, mas como você vai me ligar, o seu tio não deixa você usar o telefone.
- Eu uso um telefone público. Eu me viro.
Hermione pegou um pedaço de pergaminho e uma pena no seu malão, rabiscou seu número rapidamente e entregou a Harry.
- Você pode me ligar a cobrar se precisar, Harry. Não tem problema.
- Obrigado.
Ele guardou o pergaminho no bolso e os dois saíram do trem. Foram os últimos a desembarcar e encontraram um grupo de pessoas preocupadas quando passaram pela barreira.
Lupin, Tonks, Olho Tonto Moody e Kingsley estavam esperando por eles. Os pais de Hermione também estavam lá.
- Nós vamos acompanhar vocês até em casa. Por segurança. – Lupin explicou quando eles se aproximaram. –
Harry ficou agradecido, não tinha avisado os Dursley sobre essa volta antecipada para casa e a presença de Olho Tonto Moody evitaria perguntas desagradáveis e maus tratos no pouco tempo em que ficaria com eles.
Se despediu de Hermione, que seguiu para sua casa escoltada por Tonks e Kingsley e deixou a estação com os aurores. Ele seguiu calado por todo o caminho. Quando finalmente chegaram, ele ficou olhando melancólico para a casa nº4 da Rua dos Alfeneiros, sem coragem de entrar.
- Avise quando você estiver pronto pra ir pra Toca. Nós viremos te buscar. – Lupin acrescentou com um olhar carinhoso. –
- Eu prometi a Dumbledore que eu iria a Grodyc’s Hollow. – ele comentou cabisbaixo. –
- Você pode ir depois do casamento. E se quiser, eu te acompanho.
Harry deu um sorriso amarelo e tocou a campainha. Tio Válter abriu e imediatamente ficou roxo de raiva quando viu Harry e Lupin.
- O que você está fazendo aqui tão cedo?
Mas quando Moody entrou no seu campo de visão, ele passou de roxo á branco.
- Não se preocupe tio, é por pouco tempo. Logo eu terei partido pra sempre.

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